jusousan 02/02/2024
O estrangeiro Camus
Fleumático. É assim que eu descreveria o personagem principal, Mersault. No mais, passivo quanto a tudo e a todos. Nos poucos livros que já li, ainda não tinha me deparado com um enredo igual.
O autor Albert Camus brinca com o leitor e nos oferece reflexões baseadas principalmente na ética filosófica de vida que nos incomodam e, ao mesmo tempo, nos estimulam. Dualidade sensacional.
Mersault se mostra um forasteiro diante da sociedade. Ao mesmo tempo que o protagonista sente-se liberto das convenções sociais, talvez, para a sociedade, o mesmo esteja preso na sua própria caverna de Platão.
Mersault vive sua vida. De acordo com o seu próprio entendimento. É algo tão ruim assim?
No decorrer da história nos deparamos com o adentro do outro, de pouco em pouco, na vida do protagonista. É perceptível, entretanto, que quanto mais o outro se espreme para adentrar o mundo de Mersault, temos a falsa percepção que o personagem esteja, enfim, compreendendo a sua própria existência, a dos outros e, além disso, libertando-se da sua própria ignorância. Porém, o que vemos é seu próprio declínio.
A partir disso, temos o começo do ápice da história. O protagonista é obrigado a conformidades e emoções forjadas para o agrado social. E o final fica ao seu critério. Mersault sai mesmo, afinal, da sua caverna interior?