Glaubinho 16/02/2024
A Peste - Albert Camus
Não irei focar na narrativa em si, mas no que a perpassa, ora história por história todas tem um pouco do mesmo.
Hoje, 2024, posso afirmar que os nossos portões foram abertos, portões outrora fechados pelo covid-19 e por este motivo o sentimento e sensações presentes a narrativa não me são completamente estranhos, talvez alheios. Nesta é possível distinguir diversos personagens de outras obras de Camus, o suicida frente ao condenado a morte, a esperança, a derrota da vida frente a morte, o absurdo, a revolta frente a aceitação, quiçá uma versão singela de Sísifo.
Diante das inúmeras perdas citadas, uma me foi dolorosa, o nosso "santo", sofrerá por sempre condenar a morte alguém, mas tivera paz em morrer vivenciando a sua resistência final frente ao flagelo, revolta. Outro em especial me surpreendeu, invés de negá-la como o anterior este se rendeu para não perder a sua fé, aceitação. O suicida ficara feliz, pois agora todos sentiam o peso que ele sempre sentira, mas ao saírem desta situação tornou-se condenado e teve o peso realocado, o nosso escritor perfeccionista nem sequer observou o absurdo e voltara ao automatismo.
O narrador, vienciara o precipício do absurdo e tentou com afinco ficar ali, entendeu que não havia razão ou sequer significado objetivo para aquilo, seguiria a curar e rolar a sua pedra dia a dia, não diria que sorriu, mas aceitou a derrota da vida diante a morte sem então desistir desta.