A peste

A peste Albert Camus




Resenhas - A Peste


440 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Bookster Pedro Pacifico 18/08/2020

A peste, de Albert Camus - Nota 9/10
Acho que não preciso explicar o motivo de ter escolhido essa leitura para o momento… Confesso que no começo da quarentena não fiquei com vontade de iniciar a leitura. Até porque, não bastasse o assunto da pandemia estar sendo falado por todos os lados, achei que a hora da leitura poderia ser uma “fuga”. E pela simples sinopse você já percebe as semelhanças com o momento atual que vivemos: a cidade de Orã, na Argélia, é tristemente surpreendida por uma doença que passa a vitimar a população. ⁣

Mas, com o tempo, acabei ficando curioso principalmente para entender de que forma o autor teria abordado o comportamento da sociedade em uma situação como a que estamos vivendo. Seria possível “antecipar” todo esse caos, angústia e incerteza? ⁣

Para a minha grande surpresa, há inúmeros paralelos entre a dinâmica da disseminação da doença em Orã e o alastramento da COVID pelo mundo. Já começa pela própria descrença de muitos com a seriedade da doença logo após os primeiros casos. Ninguém sabia o que estava acontecendo e a intenção inicial era evitar um pânico da população. No entanto, com o desenvolvimento da peste, medidas mais sérias tiveram que ser tomadas e a cidade de Orã se vê fechada para o resto do mundo. O leitor acompanha toda essa situação a partir da perspectiva de um médico, Dr. Bernard Rieux, e de outros personagens que estão de alguma forma relacionados com Rieux.⁣

Não vou me debruçar mais sobre o enredo, porque acho interessante que o leitor vá entendend as consequências que a doença traz para aquela cidade de acordo com o ritmo proposto pelo autor. Mas já adianto que, apesar da temática, a leitura não é tão fluida - até porque a densidade dos textos é uma característica de Camus. Por isso, leia aos poucos, sem pressa e sabendo que a peste - como doença é - é utilizada pelo autor como a porta de entrada de diversas outras discussões e reflexões que a obra desperta. Inclusive, há quem afirme que “A peste”, publicada em 1946, seria uma alegoria da atrocidade da ocupação nazista. Recomendo!⁣

site: http://instagram.com/book.ster
Juliana 12/09/2020minha estante
Também li esse livro na quarentena. Eu levei um bom tempo para terminar justamente por a leitura não ser tão fluida, como eu prefiro, mas de maneira alguma, isso diminui a escrita brilhante e tão cheia de ensinamentos e significados. Eu queria sair grifando o livro todo.


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
o livro não tem um único personagem feminino que preste


Bruna Guimarães 16/10/2020minha estante
Achei a leitura difícil, um ótimo potencial, porém chato de ler


Ferreira.Souza 16/10/2020minha estante
as mulheres são tão secundárias na obra desse autor que me desestimula


Orochi Fábio 05/05/2022minha estante
Acabo de ler: é excelente!!!!




Victor Dantas 19/01/2021

“A Peste” em tempos de Corona Vírus. #36
Quando a realidade escreve a ficção.
Já dizia Milton Santos, que para compreender qualquer fato social é necessário, sobretudo, considerar a totalidade, sendo esta marcada e expressada em tempos e espaços distintos, e produzida a partir do sistema de objetos, técnicas e ações.

Dito isso, ao se deparar com a realidade do ano de 2020, em que eclodiu a pandemia Covid-19, muito se discutiu além dos efeitos e consequências, os valores humanos, individuais ou coletivos, que foram colocados em cheque diante da realidade atual. Uma das vertentes que foram utilizadas para fazer a leitura desse momento, foi a Arte. A arte como um todo.

Sendo assim, a arte literária, foi uma das mais utilizadas, principalmente a ficção, em destaque para as obras de ficção científica e as obras distópicas. Nós recorremos a José Saramago, com “O Ensaio sobre Cegueira”, nós recorremos a Gabriel García Marquez, com “O Amor nos tempos do Cólera”, ao Albert Camus, com “A Peste”, e dentre obras que trataram de discutir sobre flagelos e a crise da humanidade.

Eu, particularmente, recorri a obra de Albert Camus. Tomo agora a liberdade de fazer uma análise não só da obra em si, mas tentar a partir dela fazer uma leitura (pessoal) da realidade, em qual eu também estou vivenciando.

Publicada em 1947, “A Peste”, trata-se de uma obra alegórica onde o Albert Camus discute, metaforiza e associa a invasão das tropas alemãs na França, durante o período nazista, com uma epidemia que assola a cidade de Orã na Argélia, sendo este o enredo principal da obra.

A filosofia aqui inserida é a do absurdo. Pensamento central do Camus que inicia em “O Estrangeiro” (1942), e está presente em toda sua obra. No entanto, em “A Peste”, o Albert Camus insere uma nova ideia: o absurdo é universal.

O núcleo principal de personagens é formado por: Rieux, o médico; Tarrou e Rambert, os jornalistas; Joseph Grand, funcionário público.

Narrado em 3ª pessoa, e aqui destaco o quão perspicaz é o narrador dessa história, somos apresentados inicialmente, a cidade litorânea de Orã na Argélia, que segundo o narrador é “uma cidade comum e não passa de uma prefeitura francesa na costa argelina” (pg. 9).

É importante lembrarmos que a Argélia foi colônia francesa durante décadas, e só teve sua independência declarada no ano 1962, tendo sido antecedida pela Guerra Argelina (1954-1962).

A partir daí, acompanhamos o cotidiano do médico Rieux, que tem uma rotina comum a todo profissional de saúde. Um dia, ao sair do seu apartamento em direção ao hospital, Rieux se depara no corredor com um rato morto.

Esse acontecimento, causa uma inquietação no médico, quando ele percebe que nas ruas da cidade, as pessoas começam a comentar sobre a incidência repentina de vários ratos mortos, tanto dentro de casa quanto nas calçadas.

Os ratos tomam a cidade. A situação se torna alarmante quando, em uma semana mais de 6 mil ratos são encontrados mortos, e incinerados pela a vigilância sanitária da cidade, mas a coisa não para por aí.
Dias depois, começam a se manifestar na cidade casos de febres, vômitos, furúnculos e manchas no corpo.

Como toda epidemia é precedida de dúvidas, ceticismo, tanto por parte dos governantes quanto da população, os casos vão aumentando gradativamente até que se instaura na cidade o estado de pânico entre a população.

O pânico se torna uma realidade. Os casos se tornam uma epidemia.
Declara-se estado de Peste. Quarentena.

E é partir disso que a história se desenrola, e tudo acontece. Entramos em contato com o caos, a crise, o medo, o egoísmo, a morte... o absurdo.

A cada página que eu virava eu me deparava não só com a sociedade de Orã, mas com a sociedade do mundo, do Brasil. Eu me deparava não só com a Peste de 1947, mas com a pandemia Covid-19 de 2020.

É assustador e ao mesmo tempo incrível, como a arte consegue capturar e externalizar a realidade de uma forma muito palpável, sensitivo, a ponto de fazer com que a gente confunda, ou melhor, una a arte e realidade, em uma dimensão “transliteral”.

Muitos disseram que o Albert Camus foi visionário, e talvez tenha sido realmente, no entanto, ao meu ver, ele foi visionário não por prever uma peste, afinal, estamos falando de uma obra alegórica, mas visionário por compreender e criticar uma sociedade regida pelos interesses individuais, pelo fetiche do poder, pelo darwinismo social, e ao final, fazer uma síntese de que em tempos de crise e falência da humanidade a peste é social, muito mais que sanitária.

“Havia os sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a colocar em primeiro lugar as preocupações pessoais. Ninguém aceitara ainda verdadeiramente a doença. A Maior parte era sobretudo sensível ao que perturbava os seus hábitos ou atingia seus interesses. Impacientavam-se, irritavam-se e esses não são sentimentos que se possa contrapor à peste. A primeira reação, por exemplo, era culpar as autoridades” (pg. 77).

Ao ler essa obra em janeiro de 2021, no meio de uma pandemia que já completa 1 ano, inserida em uma sociedade higienista, materialista, excludente e individualista, em qual debate central tem sido “salvar vidas ou salvar a economia?”, pude perceber que ideia do Albert Camus ao dizer que “O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância...” (pg. 125), é mais que verídica. É expressiva. Vivida.

Por fim, finalizo com uma citação dentre as inúmeras que essa obra possuí, e que nos leva a reflexão:
“O que é natural é o micróbio. O resto – a saúde, a integridade, a pureza, se quiser – é um efeito da vontade, de uma vontade que não deve jamais se deter” (pg. 236).

Leia. Confronte-se.

Playlist inspirada no livro:
We Never Change - Coldplay
Epiphany - Taylor Swift
To Be Human - Marina and Diamonds
Chained to the Rhythm - Katy Perry
Hard Times - Paramore
When the World Was At War We Kepting Dancing - Lana Del Rey

Thales 19/01/2021minha estante
Dois craques, Camus e você! O diálogo de certas obras, como essa, com o momento atual é um assombro mas mostra que a humanidade insiste nos mesmos erros reiteradamente. Será que um dia a gente aprende? ?


Alexandra.Sophia 19/01/2021minha estante
?????


Victor Dantas 19/01/2021minha estante
Thales, pois é, exatamente isso! Kkrying.


Aline Michele 20/01/2021minha estante
Uau que resenha magnífica, adorei!


Victor Dantas 20/01/2021minha estante
Oi Ale, obrigado :)




alice 04/09/2023

? Então ? disse ele ? estou perdendo a partida.
Em A Peste, Camus traz um relato minucioso de todas as fases da epidemia e as reações dos moradores de Orã diante da morte iminente.

O narrador ? que conhecemos apenas no final ? relata o sentimento de incredulidade do início da Peste, a ignorância das pessoas e depois o medo quando os primeiros infectados surgem, a dor diante da morte transforma a cidade antes iluminada, em algo sombrio e desprovido de qualquer esperança. O narrador passeia pelo cotidiano de alguns moradores de Orã ? todos ligados de alguma forma ao combate da Peste ?, temos um padre, que no início faz um discurso fervoroso de que a Peste é necessária e que foi algo enviado por Deus para trazer seus filhos até sua casa. Muitos se agarram à religião em momentos de desespero e buscam uma explicação para o flagelo infligido, no auge da praga e depois de acompanhar a morte lenta de uma criança, o padre antes tão fervoroso em sua fé, hesita diante da crueldade e as certezas se tornam dúvidas.

"Era necessário escolher entre odiar a Deus e amá-lo. E quem ousaria escolher o ódio a Deus?"

O padre, Tarrou e Rieux foram os personagens que mais me impactaram na narrativa.

Os relatos em A Peste falam também sobre o egoísmo que advém do alívio quando a morte bate na porta de um desconhecido e não na nossa, sobre a ignorância diante daquilo que desconhecemos, a sensação de impotência, a solidão e até mesmo a união diante da desgraça. Existem até aqueles que sentem que a doença é melhor do que o futuro que os aguarda após o seu fim. Mas, além de tudo, a Peste também fala sobre o amor, sobre amizades que surgem no caos, sobre a fragilidade da humanidade e ao mesmo tempo a força para lidar diante da dor. E no final, A Peste fala sobre esperança e o narrador faz um lembrete de que por mais feliz que estejamos, não devemos esquecer do mal que nos afligiu.

"Sabiam agora que, se há uma coisa que se pode desejar sempre e obter algumas vezes, é a ternura humana."

Não foi uma leitura fácil, a escrita de Camus é densa e foi impossível não lembrar e fazer comparações com a pandemia de covid. Camus relata o ser humano em todas as suas nuances, de forma real e visceral. É um livro que vai além da Peste, que fala também sobre as doenças da alma.
luuandra 04/09/2023minha estante
Só pela sua resenha eu já quero ler


Gleidson 04/09/2023minha estante
Parabéns pela resenha, Alice! Eu estou ensaiando pra ler este livro faz tempo. Acho que chegou a hora.


alice 04/09/2023minha estante
É um livraço Gleidson! Torcendo para que goste da leitura.


Gleidson 04/09/2023minha estante
Será minha próxima leitura. Acho que vou gostar. Camus me impactou bastante com O Estrangeiro.




Thales 13/04/2021

Parem
Imediatamente tudo o que vocês estão fazendo e tirem esse livro pra dançar. A sua vivência da pandemia vai ser completamente ressignificada depois da leitura.
Carolina.Gomes 14/04/2021minha estante
N li pq fiquei c medo, mas estou tão envolvida pela narrativa se Camus q vou ler.


Thales 14/04/2021minha estante
Acho que sua experiência vai ser ainda melhor por ter lido o Mito de Sísifo antes, Carol


Carolina.Gomes 14/04/2021minha estante
Já vou emendar kkkk


Thales 14/04/2021minha estante
Aproveitar o embalo kkkkk




Antonio Maluco 25/05/2020

Atualidade
O livro mostra histórias de uma pandemia mundial igual a que estamos vivendo
Renata 30/05/2020minha estante
Vc gostou? Fiquei curiosa devido a nossa situação atual


Antonio Maluco 11/06/2020minha estante
Gostei muito do livro em questão


Renata 11/06/2020minha estante
Assim que tiver oportunidade quero ler




DIRCE 16/01/2015

Assassino de almas
Iniciei a leitura do "A Peste" acreditando que Camus não conseguiria mais me surpreender, porém, já no primeiro capitulo, antevi que eu tinha nas mãos uma obra genial que iria me tirar do embotamento de pensamentos e que, mais uma vez, seria levada a refletir.
Os habitantes da fictícia, da sem atrativos Orã -cidade ancorada na costa argelina - viviam o marasmo de uma vida rotineira ( meu entendimento: eles viviam suas vidas como viviam os habitantes de qualquer cidade real) até que no ano de 194... a morte chegou por meio dos ratos mortos e dá- se início uma luta inglória: a morte vencendo a vida.
Dentre as análises existentes sobre A Peste, uma delas é de que o livro seria uma metáfora à ocupação da França pelas tropas de Hitler – como eu disse: uma delas. Sim, porque a riqueza do texto permite várias leituras.
Temas recorrentes nos livros de Camus como a pena de morte, a guerra, a crença, a solidão, o suicídio, a busca pela felicidade são tratados no A" Peste", mas o que nele sobressai é a importância da solidariedade. O Dr. Rieux deixa de lado seus problemas pessoais para socorrer os moribundos. Penso que é na reação do Dr. Rieux frente à epidemia que repousa as reflexões de Camus sobre o Absurdo.
Os números de mortos crescem e medidas são necessárias: é formado um mutirão para enterrar os mortos, socorrer as vítimas,encaminhá-las à quarentena . A cidade é isolada ( um muro invisível se ergue: do Absurdo – a rotina ,previamente estabelecida, foi quebrada pela epidemia e as pessoas são levadas às reflexões) .Um dos integrantes do mutirão é o jornalista Rambert que ansiava em deixar à cidade e ir ao encontro da sua felicidade, e foi ele o responsável pelas palavras mais contundes e emocionante que, até então, eu me deparara: rebatendo a afirmativa do Dr. Reux de que não era vergonha escolher a felicidade ele diz (pag. 198): “ - Sim, mas pode haver vergonha em ser feliz sozinho.” ( que sacudida!!!)
Mas...em se tratando de Camus é impossível ser sacudida somente por meio de um diálogo. O livro tem o impacto de um atentado terrorista. Hein? Atentado terrorista? Ah, trata –se somente da confirmação do que eu previ no início da leitura: que eu seria levada às reflexões. Rieux fez uma profecia. De fato, o bacilo somente ficou adormecido por dezenas de anos para despertar no ano século XXI, não sob a forma de um bacilo mortal, mas na forma de um vírus que se propaga não somente em um cidade feliz, pois ele sofreu mutação e se transformou em um vírus impiedoso capaz de romper fronteiras e de contaminar as pessoas. Um vírus que corrompe, que provoca a intolerância, o desrespeito, o radicalismo , torna as pessoas violentas – matam com frieza e crueldade quer seja por uma pedra de craque, quer seja em nome de Deus. Um vírus que surge na forma de propina, na forma do medo, na forma do descaso, na forma do que tudo pode em nome da liberdade de expressão e na forma do terrorismo. O bacilo despertou e, hoje, ele mata a ALMA do homem.
Mesmo diante desse cenário, não vamos nos deixar abater pela angústia. Vamos dar um crédito às palavras de Reux - afinal, sua profecia se confirmou-: “ há no homem mais coisas a admirar que a desprezar” .
Sabe aquele livro que depois de um tempo está novíssimo, com a aparência de que nunca foi manuseado? Minha profecia: com certeza meu exemplar do “A Peste” não se encontrará assim, já que ele permanecerá ao meu lado por muito tempo: na minha cabeceira, na minha bolsa, enfim: um livro que irei reler, reler, ... e reler. Será muito manuseado, portanto.

Ricardo 01/05/2016minha estante
Uau! Acho quer nunca vi uma resenha tão bem escrita na vida! :O


Ewerton 18/10/2017minha estante
Precisava ler esta resenha. Peguei emprestado "A Peste". Sua resenha me deixou mais instigado a ler este livro e a conhecer a obra de Camus.


Lucas 10/11/2018minha estante
Bela resenha. Se tiver oportunidade, lerei "A Peste" novamente também.




Nicolle 29/02/2020

Uma metáfora esplêndida
Passagens encantadoras que merecem um suspiro profundo e reflexões pessoais. A natureza do homem de forma mais crua.
Mary 02/03/2020minha estante
Tive que parar em alguns momentos para "ruminar" o que eu estava lendo. Uma das partes mais impactantes (pra mim) foi aquele dilema do padre. Pra quem tem uma fé, sabe exatamente o que que quer dizer esse dilema.


Nicolle 03/03/2020minha estante
Camus é esplêndido.




@PinkLemonade 11/07/2020

Não gostei
Achei o livro bem parado e monótono.
Basicamente ele trata inteiramente do estado mental das pessoas isoladas em uma cidade assolada pela peste.
Me senti sufocada rsrs
Definitivamente prefiro "o estrangeiro"
caio.lobo. 11/07/2020minha estante
Então deve ser um livro muito bom, conseguir transmitir esse sufocamento que o isolamento cauda é coisa de mestre. A monotonia deve ser para trazer a sensação real ou então às vezes estamos mal acostumados por cauda de literatura moderna busca ação a todo nomento e ativar os sentidos, mas na realidade a linha de pensamento precisa de monotonia para exercer bem seus processos.


@PinkLemonade 11/07/2020minha estante
Perspicaz, Caio.
Pode ser isso.
Creio que eu realmente prefiro ver algum tipo de "progresso" nas narrativas




jota 05/12/2020

MUITO BOM (incríveis semelhanças entre uma ficção de 1947 e a real pandemia de 2020)
Em vez de quatro estrelas, veja quatro estrelas e meia, avaliação que só pode ser feita no celular, mas já tentou escrever um comentário por meio do aparelho?

Bem, o que mais impressiona em A Peste (1947), o clássico que Albert Camus (1913-1960) escreveu há mais de sete décadas, é que ele dialoga fortemente com os dias de hoje: são inúmeras as coincidências entre as situações vividas pelos personagens da fictícia tragédia trazida pela peste bubônica aos habitantes de Orã, cidade portuária argelina, e aquelas que o mundo todo vem enfrentado desde o início de 2020 com a real pandemia do coronavírus.

Pode-se dizer que é a vida, mais uma vez, imitando a arte, só que agora são os meios de comunicação que fazem a crônica da tragédia, do mesmo modo que o médico Bernard Rieux nos conta, através da alegoria de Camus, o que se passou naquele longínquo ano de 194... em sua cidade natal, então sob o domínio francês, como toda a Argélia (a independência deu-se somente em 1962).

Camus, premiado com o Nobel de literatura em 1957, cuja obra mais conhecida é, certamente, O Estrangeiro (1942), além de ficção também escreveu ensaios, destacando-se nesse gênero com títulos como O Mito de Sísifo (1941) e O Homem Revoltado (1951). Desse modo, seus romances trazem reflexões sobre questões profundas como a existência humana, o que o aproximou, durante certo tempo, do filósofo e romancista Jean-Paul Sartre, o fundador do existencialismo.

Assim é, que durante a crônica da peste em Orã, fechada para o resto do mundo, o Dr. Rieux nos mostra como os seres humanos se comportam diante de uma tragédia, revelando suas angústias, medos, individualismo, mas também solidariedade, compaixão e esperança. O romance de Camus remete para situações de opressão e resistência, vividas tanto durante a ocupação nazista da França quanto do colonialismo por ela exercido em largas porções da África e Oriente. Nas entrelinhas da ficção corre um bocado de história real.

Finalizando: aproveito para recomendar não apenas a leitura de A Peste, mas também a de outro romance nele inspirado, e que mesmo sem a densidade que Camus imprimiu a sua ficção, consegue manter o leitor interessado o tempo todo. Trata-se de O Último Povoado da Terra, de Thomas Mullen, publicado pela Landscape em 2007. Inspirado no livro de Camus e baseado em fatos reais ocorridos durante a epidemia da gripe espanhola nos EUA no início do século XX, o romance de Mullen não é nenhuma obra-prima como a do escritor franco-argelino, mas é suficientemente bem escrito e envolvente que o faz ir além de um exemplar de simples literatura de entretenimento. Seguramente, é muito mais do que isso.

Lido entre 20/11 e 04/12/2020.
Natalie Lagedo 05/12/2020minha estante
Li A Peste no início do ano, e quantos coisa aconteceu de lá pra cá... A vida realmente imitou a arte.


jota 05/12/2020minha estante
Verdade: aqui a vida imitou a arte de um modo assustador. O que diria Camus se estivesse vivo? Acho que ficaria tão perplexo quanto nós. Ou, pelo seu conhecimento do mundo e do ser humano, pode ser que não, se lermos A Peste como uma metáfora de acontecimentos passados, como o nazismo, o colaboracionismo francês, o colonialismo etc.




AleixoItalo 14/04/2020

Em períodos como esses que passamos não é incomum procurarmos nas artes obras que refletem a realidade, e não é surpresa que A Peste de Albert Camus, tenha voltado a ficar no topo dos livros mais vendidos do mundo.
?????????
A trama narra a história de uma cidade fictícia que começa a ser assolada pela tão lendária Peste, e a partir de então os cidadãos passam a lutar pelas suas próprias vidas enquanto são isolados do resto do mundo. O livro é narrado por uma das testemunhas oculares da doença, e mostra médicos, clérigos, jornalistas entre outros personagens tentando sobreviver nesse dia a dia de terror.
?????????
"A Peste é o pior livro de Camus" é com essas palavras que outro Nobel , Mario Vargas Llosa, lamenta que justo esse livro "mediocre" tenha alcançado tal fama repentina. Sem conhecer o autor não cabe a mim fazer tal comparação, mas é fato que A Peste é raso. ?????????
O estabelecimento da doença na cidade, tem os moldes de um bom thriller, com as coisas se colapsando, até que a obra entra num terreno neutro, um "mormaço" onde os personagens ficam vivendo suas vidas e morrendo, enquanto filosofam no processo. A própria doença parece perceber que a história não se interessa por ela, e vai ficando de lado, se tornando uma coadjuvante boba até sumir como se tivesse cansado dali.
?????????
Outro motivo que dá fama ao livro, é a associação com a guerra, onde a doença seria uma metáfora para a invasão nazista, mas passados muitos anos (e sem ter vivido algo assim) até essa associação necessita de um esforço mental muito grande, que deveria ser mais natural na época do que hoje.
?????????
Enfim, um livro legal, mas existem obras mais populares se o interesse é esse colapso apocalíptico. E mesmo que o interesse seja conhecer a obra de Camus, mesmo sem experiência, eu confiaria em Llosa e procuraria algum título mais expressivo!
Felipe_K 27/07/2020minha estante
A cidade não é fictícia. Ela existe e fica na Argélia.


AleixoItalo 27/07/2020minha estante
Q massa, não sabia




spoiler visualizar
Pat 16/05/2018minha estante
sua resenha revela na primeira frase algo que o autor so revela aos leitores nas paginas finais do livro. fiquei decepcionada por ter estragado surpresa quando li esse spoiler. ?


mardem michael 18/05/2018minha estante
Não tinha me dado conta disso. Obrigado pela contribuição. Ainda assim não considero que isso vá estragar sua experiência de leitura.




Caio380 29/02/2016

A esperança na morte feliz
Acabei de fazer a releitura do livro e confesso que foi difícil termina-la. “A peste” foi o primeiro livro que li do Camus. Na primeira vez que o livro chegou até mim fiz uma leitura rápida e superficial. Só consegui chegar a essa conclusão após terminar a segunda leitura que acabou sendo extremamente prazerosa e desafiadora. Ocorreu algo especial: dessa vez foi o livro que me leu. Quem já passou por isso pode compreender como isso é mágico, ter a oportunidade de ser lido pelo livro e vice-versa.
Acredito que o momento que passo na minha vida contribui para isso fosse possível. Um momento de questionamentos e incertezas em relação futuro tal como os habitantes da cidade de Orã contaminada por uma epidemia que faz com sejam isolados do mundo, e passam a confrontar o anjo da peste que abençoa com a mão direita e amaldiçoa com a mão esquerda fazendo aumentar o número de mortos semana após semana de contaminação. Colocando a cidade num estado de urgência.
“A Peste” é um livro que fala de uma sociedade que vai aos poucos perdendo a sua humanidade já que durante o momento de isolamento, ela passa a ter a sua história suspensa temporariamente, e sem história as pessoas também deixam de construir e compartilhar memórias e o mais difícil acontece, elas deixam de amar. Uma vez que a esperança de viver está ameaçada pelo flagelo da peste. Por outro lado, essa desgraça narrada por Camus é um convite a autoanalise da sua existência, obrigando você a olhar internamente, o colocando diante da sua própria “peste”. Isso é uma experiência prazerosamente lamentável porque você terá que lutar contra seus demônios. E não necessariamente você tem a obrigação de vencê-los. Albert Camus ensina que antes disso é preciso compreendê-los. E compreender de forma alguma é aceitar. É preciso vencer a peste? Sem dúvida! Mas a peste tem cura? Acredito que não.
Antes de ser uma praga, a peste é um estado de espírito que circula pela história. Ela vem e vai embora. Volta para aterrorizar e para não deixar as pessoas esqueceram a sua humanidade, isto é, a sua capacidade de amar e ter esperança de que a morte pode ser feliz.
Luis 15/05/2017minha estante
undefined


Adriana do O 09/09/2017minha estante
Eu preciso fazer uma releitura urgente dessa obra. Quando li, vi apensas uma historia de uma cidade e nada mais. Não conseguir vê a dimensão de tudo. Muito boa a sua resenha. Relerei em breve!




Juliete Marçal 24/04/2020

A peste acorda os seus ratos.
"Na nossa pequena cidade, talvez por efeito do clima, tudo se faz ao mesmo tempo, com o mesmo ar frenético e distante."

O livro conta a história de uma epidemia à cidade argelina de Orã. Temos como personagem principal o médico Rieux, que combate a doença até o momento em que ela se dissipa, depois de muitas mortes. O narrador da história descreve como a população reage, indo da apatia à ação, e como alguns se expõem a risco para enfrentar a disseminação da peste.

"É a peste, tivemos peste."

O leitor é apresentado à uma cidade normal e tranquila que se vê obrigada a sair da zona de conforto e a lidar com um imprevisto no mínimo devastador. A partir disso, o autor nos descreve diversas situações que são provocadas pela epidemia: a hesitação das autoridades em tornar pública a doença, a desinformação, o aprisionamento (a quarentena e o fechamento das portas da cidade), a falta de comunicação, o alto preço dos alimentos, os aproveitadores que lucram com o comércio paralelo, a histeria, a apatia, a morte e as pessoas comum tentando sobreviver à peste.

"Mas se havia exílio, na maior parte dos casos era o exílio em casa."

A narrativa deixa evidente o sofrimento que a população passa desde as mortes até o momento que ocorre a quarentena. As descrições do hospital e dos enterros são impactantes. Em cada página é possível perceber que o autor tem a intenção de mostrar as coisas como são de fato. A maneira como algumas das mortes são descritas pelo narrador, nos faz senti-las de uma forma mais direta e forte, como por exemplo, a morte extremamente sofrida de uma criança.

A todo momento, o livro, sugere reflexões e nos faz questionar acerca de como nos colocamos diante dos outros, principalmente quando esses estão em situação de risco. Ele nos faz pensar na ideia do coletivo. Nesse sentido, independente das diferenças de classe, os problemas que nos atingem como sociedade passam a ser de todos.

" E, afinal, ve-se que ninguém é realmente capaz de pensar em ninguém, ainda que seja na pior das desgraças."

Penso que cabe destacar também que a peste promove uma morte da empatia: algumas pessoas começam a perder os sentimentos. Elas desenvolvem uma certa desconfiança dos próprios parentes em relação à peste. As mesmas, fazem planos para quando a peste acabar, mas se esquecem o porquê de estarem fazendo planos.

Para terminar, teve momentos em que a leitura foi cansativa. Mas quando começa a ficar cansativo, você se dá conta da genialidade de Camus. Esse livro sabe segurar o leitor pela mão! Sem contar, o último parágrafo que é de matar e de nos fazer pensar sobre o momento político que vivemos e, também sobre o atual cenário de epidemia que nos encontramos.

Leitura inesquecível!

"Julgavam-se livres, e nunca alguém será livre enquanto houver flagelos."

^^
Juliana Rodrigues 24/04/2020minha estante
Nossa

Amei sua resenha!

Fiquei com vontade de ler esse livro ?


Juliete Marçal 24/04/2020minha estante
Obrigada! :)
Eu super recomendo!

Algumas passagens são um pouco cansativas, talvez pq envolvem algumas reflexões filosóficas, como os sermões do padre, e a tentativa de fuga de um dos personagens tbm soa um pouco repetitiva. Mas esses detalhes não afetaram a minha vontade de continuar a leitura e de querer saber mais.




ReiFi 08/04/2014

A Peste - o homem é bom é preciso acreditar nisso (?)
Por José Reinaldo do Nascimento Filho

Não demorou muito, Artur. Eu disse que iria ler após o término de Crime e Castigo, de Dostoievski, mas como você parecia estar esperando e querendo que mais alguém conhecido lesse, adiantei a leitura e terminei-o neste domingo. Era você num retiro para jovens católicos e eu no meu quarto lendo A Peste, de Albert Camus. E Posso dizer que minha experiência, assim como a sua, na medida do possível – e da comparação, claro – fez-me uma pessoa melhor (pelo menos por enquanto).
A história do livro é simples: uma “cidade vulgar”, Orão, é atacada por ratos agonizantes e em seguida pela Peste. Um número gigantesco de ratos morre todos os dias. Pessoas começam a adoecer. A Peste toma proporções incomensuráveis. Seria esse o fim? Pois bem, vejamos algumas coisinhas:
O primeiro ponto a salientar, e a enaltecer, foi a escolha brilhante do autor em contar a sua historieta através de um narrador, alguém que se diz à parte de tudo e que procurou simplesmente colher informações, documentos e testemunhos de quem experienciou aqueles dias de tormento, ele mesmo um sobrevivente; dessa forma, tudo pareceu muito real, verossímil, tangível. Em suma, poucas vezes estive diante de uma escrita tão honesta, sensata. Ah, outro detalhe. Nunca lera nada de Camus e, por algum motivo que não sei dizer, pensei que a escrita dele fosse rebuscada, difícil, amarrada, enfim. Mas não foi nada disso. A leitura flui maravilhosamente bem. Não parece um romance, com toda a estrutura que conhecemos, mas uma deliciosa crônica. Mas claro, há muitos belos momentos. Cito um em especial:

“Ele sabia o que a mãe pensava e que nesse momento ela o amava. Mas sabia também que não é grande coisa amar um ser, ou que, pelo menos, um amor nunca é bastante forte para encontrar a sua própria expressão. Assim, sua mãe e ele se amariam sempre em silêncio. E ela morreria por sua vez – ou ele – sem que, durante toda a vida, tivessem conseguido ir mais longe na confissão de sua ternura”. (Caramba, pensei na hora: UMA CRIATURA DÓCIL!!!*)

E o livro foi ganhando peso. A trama foi se desenrolando. E mais do que um romance, uma crônica, podemos aqui chamá-lo de estudo, ensaio, como o também mundialmente conhecido, Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago. Uma situação extrema em que vemos humanos sendo enclausurados (há aquele momento de A Peste em que é preciso fechar a cidade: ninguém sai, ninguém entra: engulam-se) e nessa clausura eles terão de aprender a conviver. Daí as personagens vão ganhando forma e peso. Daí cada um deles vai apresentando as suas características e peculiaridades. Daí é que percebemos o quão complexo é o ser humano (algo muito óbvio, claro). Não quero aqui apontar as personagens, falar sobre elas, mas nelas você encontrará de tudo: desde aquele que desacredita em tudo àquele que mantém a sua fé inabalável; desde os aproveitadores aos mais humanos; desde o sempre trabalhador, perseverante…

A minha nota foi 4 de 5 estrelas, e me aproveito desse ponto para explicar o motivo disso: eu não me surpreendi em nenhum momento com a história. Explico. Vejamos, o livro é sobre pessoas, sobre comportamento, vivência, fé, caos, medo, angustias. O livro pega uma situação extrema e trabalha justamente esses pontos e, não sei se vou conseguir ser claro, apresenta aquilo que eu já tinha visto noutras leituras. Leitor, para exemplificar: você já leu ou assistiu Ensaio sobre a Cegueria, já viu Lost, e a série House? Para uma pessoa um pouco mais ligada, percebe, obviamente, que o foco dali não é a doença que deixou todos cegos, os mistérios da Ilha, ou mesmo os casos de doenças raras, mas as atitudes que o ser humano toma (ou a que se entrega) a depender das situações da vida. Enfim, parece meio estranho dizer isso mas o homem se repete. Se eu não tivesse lido ou visto nada parecido com isso, teria dado nota 5 para A Peste. Parece ser bem, bem injusto. Isso não é motivo, você leitor poderia dizer. Mas, novamente, mesmo que o livro seja espetacular, ele continua sendo um livro, e uma das coisas que espero sentir ao término ou no decorrer de uma leitura é aquele “nó na garganta”, ou mesmo aquela coisa que nos deixa “irrequietos”, “coçando por dentro”, “supresos”…

Enfim. Espero que vocês me entendam. Ótimo livro. Leiam e gostem :D porque mais do que um relato, para mim, foi meio que um tapa na cara (apesar de eu ainda não acreditar e não ter sido forte o suficiente), ao afirmar que “há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar”.

* “Sou mestre na arte de falar em silêncio, passei minha vida toda conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo.” Dostoievski.
antonio.ugalde 14/04/2014minha estante
Se você considerar que o livro foi publicado primeiramente em 1947, verá que ele não perde em originalidade. A não ser, que mesmo um obra-prima possa perder a força com o passar dos anos, analogias, referências e imitações.


ReiFi 02/05/2014minha estante
Vejo que você, assim como um colega meu e meu irmão (este última entendeu a minha colocação após ler o comentário que vou colocar logo abaixo, entendeu-me de uma maneira que eu não esperava :-) no comentário desse meu colocar e ele diz que fui "anacrônico", como se eu estivesse afirmando que a obra perdeu a originalidade em virtude de obras posteriores, mas não foi isso. Leia o comentário e diga se vc concorda:

"A respeito do ?anacronismo?, discordo completamente. Eu e Leonardo estávamos a discutir isso agora. O meu texto, antes de qualquer coisa, é sobre impressões, sensações. É IMPOSSÍVEL (pelo menos para mim que leu outras coisas, viu etc etc) sentir, surpreender-me com a obra. Vamos pegar outro livro, Madame Bovary. O que as pessoas que leram aquilo na época em que foi lançado não sentiu em comparação com a gente que lê isso hoje. Nós nunca saberemos. Nunca passaremos por essas experiências tão fantásticas. Sem dúvida, polêmico, genial. Mas eu não fechei os olhos, não chamei a pobre de safada, adultera. Eu NÃO SENTI ISSO!! Eu não senti o livro A Peste como ?deveria? ter sentido porque eu já lera ou vira trabalhos que beberam daquele texto. Vá Artur ler Ensaio sobre a Cegueira, será que ele vai sentir a mesma coisa após ter lido A Peste? Não, não é anacronismo. É constatação. Vamos agora para outras mídias. Hoje quando algo vai ser lançado, se a gente não correr das imagens, trailers, textos, chamadas em Facebooks, você, simplesmente, passará pela experiência do filme pela metade. Agora, agora, para quem assistiu e gostou: como não foi inesquecível a sensação de não saber o que era a ?MATRIX?. O filme é de 99? What?s is The Matrix???

Enfim, hoje, e isso é um problema que você colocou, para variar, perfeitamente bem, a indústria cultural vai arremessando as coisas nas nossas caras. Hoje, a gente sabe de tudo e nem sabe que sabe e quando vai ver a coisa, já sabe."




440 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR