Gabrieli Gudniak 12/10/2016"Venha e alivie a minha virilia dessa dor, grande Julian da Macedônia."Julian é um antigo general espartano, aprisionado em um livro e amaldiçoado a ser um escravo sexual a qualquer mulher que o evocar. Ele era um grande guerreiro, respeitado e temido, mas após cometer uma grande ofensa a um deus, foi condenado, esquecendo-se aos poucos de quem era e tornando-se não mais que um animal, um brinquedo nas mãos daquelas que possuem o livro. Grace é uma terapeuta sexual com os próprios (grandes) problemas sexuais. Ela leva uma vida monótona e não deixa ninguém se aproximar, cética, apenas o evoca quando está bêbada para satisfazer uma amiga que quer ajudá-la. Amante da Fantasia é o primeiro livro da série Dark Hunter, uma saga com dezenas de livros, e nossa história começa a partir dessa premissa.
Começando pelos personagens, Julian é o arquétipo de "Pintudo Smith". Ele é forte, viril, extremamente musculoso, o homem mais belo ever, olhos azuis, beijos estonteantes, tem um passado sombrio, é poderoso, ele faz todas as mulheres ao redor dele pensarem na forma mais fácil e rápida de levá-lo para suas camas. Grace é a mocinha inocente e indefesa. Ela não é como as outras mulheres, é insegura, perdeu seus pais em um acidente de carro, não consegue superar o passado, nunca teve um orgasmo aos quase trinta anos, já ouviu todo tipo de experiência sexual de seus pacientes mas não consegue nem dizer a palavra "sexo".
A história gira ao redor de Grace tentando libertar Julian de sua maldição — e, não, isso não é um spoiler. O desenvolvimento é risível. A história está cheia de buracos, muito mal desenvolvida, o deus ex machina é usado pelo menos cinco vezes, no sentido mais literal da coisa, de deuses descendo dos céus e ajudando os pobres protagonistas em situações que eles não conseguiriam vencer sozinhos. Eu me pergunto se a autora conheço o conceito de "deus ex machina", acho que não, se conhecesse, não teria usado esse recurso tantas vezes, já que apenas uma já tira grande parte do crédito da obra.
Os diálogos não tem nada de especial, foram feitos para serem engraçados, mas não têm profundidade. A escrita da autora é assim durante todo o texto, é aceitável, sem nada de especial. Ela subestima o leitor, explicando a mesma coisa várias vezes de modos diferentes, sempre explicando, e quando nos mostra algo é com tanta sutileza que parece que ela está esfregando aquilo na cara do pobre leitor. Tudo o que acontece no livro é previsível, foi até divertido adivinhar as coisas antes delas aconteceram e depois ver que eu estava certa.
As palavras "sexo", "pênis", "vagina", "masturbar", "sexo oral", "gemer", "arquejar", "vulva", "lábio maiores", "clítoris", "ereção", "excitado", ou qualquer coisa mais impactante que "acariciar", "desejar", "tocar", "roçar", "deslizar" NUNCA são usadas. Essa não é uma história para pessoas inocentes, pois elas talvez não percebessem que o casal de protagonistas está de fato fazendo sexo. É surpreendente quantos eufemismos a autora achou para não usar nenhuma dessas palavras nas cenas eróticas.
E ainda existe o crime que Sherrilyn Kenyon cometeu contra a mitologia grega. Que o Tártaro congele. Sequer tenho palavras para expressar o meu choque e incredulidade com o que ela fez com tal mitologia. Não vou nem tentar, é melhor assim, basta dizer que a única coisa que não iria esquecer desse livro é a forma ridícula como os deuses foram usados.
Amante da Fantasia é um livro rápido de se ler e mais fácil ainda de ser esquecido. A premissa da história pode parecer original, mas é algo que se vê aos montes. Se você gosta desse tipo de romance erótico pode gostar, mas não é um livro que eu recomendaria para alguém. Existem tantos livros maravilhosos, não faz sentido perder tempo em um assim.