Luan.NietzsChe 12/06/2024
O conhecimento pode ser difundido, mas nunca a sabedoria.
O budismo é, de longe, uma filosofia maravilhosa, seria fantástica se não fosse tão científica... E falo aqui do budismo como filosofia, mesmo, não como uma religião. Assim ele é considerado: como uma religião! Talvez, para ser diminuído, como o ocidente sempre fez com o oriente. Suas ideias principais, que colocam em questão o sofrimento, a felicidade, a morte, a vida, foram distorcidas pelo incrivelmente monstruoso mundo ocidental. E Hermann livro foi maravilhosamente perfeito ao tratar desse assunto. Creio que comecei muito bem com o autor.
Aqui, Sidarta não é o Sidarta Gautama, não é um príncipe, como todos que o conhecem sabem. Hermann fez algo diferente, transformou a sua biografia. Tanto que, na estória, há um outro Gotama, o Buda, o homem que alcançou o nirvana, com quem o Sidarta tem uma interessante conversa, e é aí que podemos enxergar a possível intenção do autor: pôr em ordem os pensamentos budistas, transpassar as verdadeiras ideias da filosofia sobre as adulterações sofridas fora do oriente.
Sidarta renasce por diversas vezes, para tanto, necessitou passar por desgraças... Sidarta percebeu que não há necessidade de doutrinas para chegar a ser um Buda, ou melhor, para se ter paz consigo mesmo; ele percebeu que não precisava seguir mestre algum. Afinal, as palavras deturpam o verdadeiro sentido de tudo, o Om... De fronte às palavras, há uma fumaça que altera a Verdade. Assim, perfeitamente, pensava Sidarta, diferente de Gotama, o considerado Buda, que passava para seus seguidores palavras, jogava-lhes a fórmula mágica do não-sofrer.
Havendo essa separação de Sidarta e Gotama, é possível imaginar que Sidarta seja o próprio budismo oriental, original, onde a missão não seja extinguir o sofrimento, mas sim ter controle sobre ele, entender que cada sofrer tratar-se de um eterno episódio necessário da vida, e que, onde anda o sofrimento, a felicidade está de mãos dadas com ele, pois tudo é unidade, tudo é Om, está no mais perfeito equilíbrio; enquanto Gotama, seria a expressão do budismo ocidental, mudado radicalmente, onde crê que a filosofia irá extinguir totalmente o sofrimento, onde crêem que é necessário seguir doutrinas de "mestres", enquanto "mestre" e "Buda" não passam de palavras...
Estou extremamente satisfeito com essa obra e jamais vi nada igual, beira a perfeição.