Otávio - @vendavaldelivros 16/04/2024
“Nessa hora, Sidarta percebeu claramente com maior nitidez do que nunca, que toda a vida é indestrutível, e cada instante, eterno.”
Você já refletiu ou reflete sobre o sentido da vida? Mais do que sobre o sentido, sobre a vida em si, sua existência, seu lugar no espaço-tempo e no universo. No fluxo atual da sociedade, somos empurrados para rotinas de preenchimento, sejam elas de trabalho incessante para a sobrevivência ou de momentos de “desligamento”. Uma parte significativa de nós passa pela vida. Come, compra, trabalha, dorme, ama, odeia, morre e talvez nunca faça a si mesmo a pergunta “o que é a vida?”.
Publicado em 1922 e inspirado na viagem que o autor alemão Herman Hesse havia feito à Índia em 1910, o livro narra a vida e a busca pela própria vida do jovem Sidarta, homônimo e contemporâneo de Sidarta Gautama, o Buda. Rico, amado, filho de um brâmane, Sidarta tinha o mundo a seus pés, quando resolve abandonar tudo e seguir uma vida de privações, como um samana, buscando atingir a iluminação e a compreensão de tudo.
Com o tempo, Sidarta percebe que mesmo a vida de expiação dos samanas não era suficiente, ela não permitia viver todas as possibilidades, conhecer todos os caminhos, então o jovem, que em certo momento da história conhece e fala com aquele que viria a ser o Buda, segue uma trajetória diferente, que vai ter o amor, as posses e a vaidade também como companheiras.
Confesso que não imaginava que iria me impactar tanto com esse livro como aconteceu. Sidarta é uma jornada, que nos ajuda a ampliar percepções da nossa própria experiência de vida. Particularmente, acho muito difícil explicar como esse livro me marcou porque, assim como é dito por Sidarta a Buda “À pessoa alguma poderás comunicar contigo na hora da tua iluminação”.
E talvez seja isso, precisamos entrar na obra e descobrir por nós mesmos onde ela nos toca e em que ponto da vida ela nos encontra. A filosofia e o entendimento do que é a vida e o universo que encontrei aqui tiveram terreno fértil nas minhas próprias ideias. Muito longe da iluminação, obviamente, mas uma janela, uma porta que se abre em meio à nossas loucas rotinas, pra dizer que a existência “É”.