O jogo das contas de vidro

O jogo das contas de vidro Hermann Hesse




Resenhas - O Jogo das Contas de Vidro


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Paulo 01/05/2024

Nem todos podem, a vida inteira, respirar, comer e beber abstrações
Por volta de 2200 há no mundo duas instituições que sobreviveram: a Igreja Católica e a Castália, uma espécie de associação de sábios.

Em Castália não há mulheres, não há religião, nem capitalismo. Há o culto da erudição, da meditação, da música clássica e da matemática. Há renúncia aos bens materiais. Há celibato. O ápice dessa sociedade erudita e alheia ao mundo real é o “jogo das contas de vidro” ou “jogo dos avelórios”, que pretende sintetizar, em símbolos, todo o conhecimento humano universal, da música ao acasalamento das baratas. O autor não explica exatamente como esse jogo funciona, mas isso não afeta o desenrolar do romance.

As pessoas que integram a Ordem de Castália submetem-se à estrita hierarquia que aniquila completamente o individualismo. Lá não se produzem obras de arte, apenas produz-se um intelectualismo estéril.

Acompanhamos a história de José Servo, órfão que foi adotado pela Direção de Ensino de Castália. Em sua trajetória, Servo encontra mestres que lhe inspiraram, com destaque para o padre beneditino Jacobus, historiador, que lhe ensinou que “nem todos podem, a vida inteira, respirar, comer e beber abstrações”. Na juventude, Servo enfrentou acalorados debates com seu amigo Plínio, o qual defendia o mundo real e concreto frente ao artificialismo erudito de Castália. Estudou I-Ching com o Irmão Mais Velho, um eremita especializado na cultura chinesa.

Muito inteligente e perspicaz, Servo subiu rápida e naturalmente na hierarquia da Ordem, chegando ao posto máximo de Mestre do Jogo. Era ele a autoridade máxima que administrava tudo que se relacionava ao “jogo das contas de vidro”, o maior orgulho da Ordem.

Mas ele tinha uma inquietação, um aperto no peito, uma irresignação com sua posição. Não se sentia realizado com suas funções administrativas. Por outro lado, apenas se satisfazia quando tinha a oportunidade de lecionar para os mais jovens.

Após chegar ao cargo máximo, José Servo percebeu que não poderia mais contribuir efetivamente com suas funções na Ordem - decidiu largar tudo e partir para o mundo real.

José Servo teve seu “despertar”, viveu um processo de transcendência. Resolveu começar do zero e abandonar a segurança e estabilidade de sua posição. Abriu mão de reconhecimento pessoal, status, vaidade, para ir atrás do que realmente acreditava. Ele percebeu que a alma precisa do corpo, que a erudição abstrata encontra-se dissociada do mundo. Que Castália era apenas uma pequena parte do mundo. Que não há como fugir da realidade, onde o homem convive com prazer e glória, sofrimentos, decepções e dor.

Trata-se inequivocamente de um romance de formação, mas é muito mais do que isso: uma crítica feroz à sociedade do pós-guerra, ao cientificismo, ao intelectualismo, à completa perda de referências do homem desde o fim da Idade Média. De uma certa forma, o autor reconhece no cristianismo, por meio do padre Jacobus, como a última fronteira de salvação do espírito do homem ocidental.

Após a biografia de José Servo, o livro traz uma parte intitulada “Obras póstumas de José Servo”, com poesias e três contos. Todos abordam a relação mestre-discípulo, a formação dos protagonistas e o descobrimento da vocação. Todos muito bem escritos e interessantes.

Provavelmente, o melhor livro que lerei este ano. Daqueles livros que fazem refletir por meses após a leitura. Livro que promove crescimento intelectual.
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3.0.3 01/02/2024

Que o teu eco ressoe em ti
“Sonhava-se com um novo alfabeto, com uma nova linguagem figurada em que fosse possível fixar e transmitir as novas vivências espirituais.”

Ambientado no ano 2200, século XXIII, O jogo das contas de vidro (1943), de Hermann Hesse (1877-1962), se desenrola na sociedade de Castália, onde reside uma comunidade de intelectuais que abdicou da vida mundana. Fundindo as sabedorias ocidental e oriental, a obra guia os leitores a uma jornada surpreendente que se baseia nos ensinamentos de diversos sábios.

A narrativa acompanha a vida de José Servo, que explora diferentes caminhos em sua busca do autoconhecimento. No cargo de Magister Ludi, que é o mestre do jogo das contas de vidro (ou o Jogo de Avelórios), ele embarca em uma viagem que desvenda o profundo significado da história, e isso o leva a questionar as estruturas da própria existência e, em última análise, acaba provocando uma grande mudança interior. O livro termina com a história de Tito, seu último discípulo, e a conclusão sombria, que nos causa profundas reflexões.

Em Castália – sociedade que se assemelha a uma comunidade monástica –, os intelectuais vivem isolados em uma cidade cuja estrutura é dividida em vários grupos, cada um dedicado ao estudo de uma disciplina específica. Há, no entanto, o grupo dos jogadores de Avelórios, que funciona como força unificadora, abrangendo todas as áreas do conhecimento. O verdadeiro significado do jogo reside na sua capacidade de integrar com perfeição os múltiplos campos do intelecto, permitindo, por exemplo, a experiência dos saberes matemáticos por meio de estruturas musicais.

No entanto, é crucial reconhecer que a apresentação do mundo castálico funciona apenas como pano de fundo da obra, pois a verdadeira essência do livro está na narrativa de José Servo, o habilidoso mestre do Jogo de Avelórios. Sua vida serve de reflexão para os leitores, levando-os a pensar sobre suas próprias vidas. Embora seja um homem sereno, o percurso de José Servo rumo à transcendência é marcado por momentos de incerteza, pois o protagonista faz da dúvida um catalisador da fé.

Um aspecto fascinante do livro é como José Servo vivencia momentos de alegria e de tristeza ao longo da narrativa. Ao invés de o protagonista se concentrar na busca de sua felicidade, o seu caminho rumo à transcendência o leva a procurar a serenidade e a harmonia, que são menos vulneráveis ​​ao impacto da tristeza. O que mais nos intriga durante a leitura é que essas emoções não são alcançadas por meio da entrega aos prazeres, mas por meio do ato de contemplação de uma música, de um poema, da beleza da natureza ou da vastidão do universo. Nesse sentido, José Servo se realiza na contemplação da amizade, do amor e das artes.

O percurso do Magister e a sua insatisfação com os privilégios que observa é verdadeiramente notável. Ele é um personagem de grande complexidade, característica frequentemente encontrada nas obras de Hermann Hesse. No livro, o autor explora fortes amizades, como a entre José Servo e Fritz Tegularius, grande jogador de Avelórios. A relação que Servo cria com Plínio Designori oscila entre a amizade e o confronto ideológico e funciona como catalisador para as decisões transformadoras do personagem. Embora a narrativa se desenrole de forma lenta, ela é consistente.

“O mundo estava cheio de devir, cheio de história, cheio de tentativas e de um começo eternamente novo. Talvez caótico, mas era a pátria onde nascem e o solo onde germinam todos os destinos, todos os enaltecimentos, todas as artes, toda a humanidade.”

Sem ação, a obra sustenta mais um sentido de contemplação e de introspecção. Até mesmo os conflitos centrais são lutas internas do protagonista. Mesmo assim, a obra não deixa de criticar a sociedade utópica e aquela que vigorava em sua época. Enquanto Castália se abstém de interferências políticas no mundo, o livro denuncia os intelectuais do seu tempo pela sua falta de envolvimento político e critica aqueles que esquecem o quão importante é a história, a ilusão de liberdade que o liberalismo vende e a natureza opressiva que existe em regimes marcados pelo totalitarismo e pela hierarquização.

O trabalho literário deixado por José Servo é fabuloso. Mesmo depois de uma leitura longa, continua a ser um desafio mergulhar nos domínios metafísicos e envolver-se com as “Três Existências”. Essas narrativas cativam pela sua potência, seu fluxo rítmico e suas mudanças repentinas de circunstância. Nessas obras, vislumbramos José Servo como se a sua consciência se manifestasse a cada linha. É evidente que Hermann Hesse, no auge de sua maturidade, procurou criar contos que atestassem as suas afinidades com as crenças hindu.

O capítulo “O Conjurador de Chuva” explora a ideia de que, embora os primeiros humanos não possuíssem a sofisticação da racionalidade, os seus sentidos e a sua intuição eram altamente avançados. Investiga o significado do medo que eles sentiam em relação à natureza, aos elementos, aos animais e às doenças, e como isso contribuiu para o seu crescimento espiritual. Em contraste, na nossa era moderna marcada pelo excesso tecnológico, a humanidade perdeu de vista o propósito e o significado da vida.

“O Confessor” centra-se na segunda manifestação de José Servo, especificamente na forma do arrependido Josephus Famulus. Este capítulo investiga o tema do serviço altruísta, um princípio cristão fundamental que permeia toda a narrativa. Dion Pugil transmite sabedorias a Josefo Famulus, enfatizando a importância de não tentar converter pagãos satisfeitos, mas focar naqueles que são infelizes e que precisam de assistência. Pugil observa astutamente que, mais cedo ou mais tarde, a natureza passageira de sua felicidade os levará a buscar consolo em Deus.

“A Encarnação Hindu” enfatiza a prática da ioga, especificamente da disciplina seguida pelos iogues ascéticos. Aqui, o autor mergulha no reino da filosofia e da espiritualidade orientais, inspirando-se no taoísmo e no budismo, para apresentar uma narrativa cativante da vida de Dasa e um retrato vívido da natureza ilusória da existência, conhecida como maia.

O jogo das contas de vidro é uma ode ao indivíduo, enfatizando a importância da autodeterminação, do serviço e da busca por um espírito nobre. Aqueles que aspiram ao crescimento pessoal contribuem positivamente para o mundo ao seu redor. Por meio da vida de José Servo, assistimos a um percurso caracterizado por momentos de incerteza, mas também por momentos de profundo crescimento e iluminação. Assim como São Cristóvão, José dedicou-se a servir quem ocupava posições de poder, buscando transcender as próprias limitações e despertar para novas possibilidades. Nesse sentido, o livro investiga o conceito de uma aristocracia espiritual, que tem o poder de elevar um indivíduo comum a um nobre em uma única vida.

As seções do livro se entrelaçam, e cada parte ilumina as outras. Este é um livro que necessita de um consumo lento, apreciando sua complexidade e beleza. O jogo das contas de vidro está longe de ser uma leitura simples e certamente é uma obra que não tem como objetivo entreter; em vez disso, Hermann Hesse investiga domínios mais profundos. Nesse sentido, a vida de José Servo espelha grandes transformações, e aquele que decidir enfrentar a obra não passará indiferente ao poderoso universo criado por Hermann Hesse, universo que é ao mesmo tempo sereno e harmônico, agressivo e caótico.

“E logo em seguida se despertava de novo, devia-se deixar penetrar de novo no coração as torrentes da vida, e nos olhos o terrível, belo e atroz fluxo de imagens sem fim, inelutável, até ao próximo desfalecer, até à próxima morte. A morte era talvez uma pausa, um curto e ínfimo repouso, o tempo de se retomar alento, mas depois tudo continuava, e éramos de novo uma das milhares de figuras na dança selvagem, embriagante e desesperada da vida. Ah! Não havia extinção, não havia fim.”
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Paulo.Victor 06/01/2024

Magnífica construção de metaverso
Muito incrível acompanhar toda a trajetória de José Servo e sua aparente descontentamento com todas as regalias, por mais que as encare com expertise e respeito. Realmente ele é um personagem com muita profundidade. Como marca das narrativas hessianas, o autor apresenta fortes relações de amizade, sendo uma com um Fritz Tegularius, exímio no Jogo de Avelórios, porém não tão bem-quisto dentro da Ordem. O outro com quem Servo tem relações ora amistosas, ora de confronto ideológico, Plínio Designori. Esta relação se apresenta muito frutífera no cerne que move o nosso protanista a novas decisões. É uma leitura que precisa de imersão, pois por horas nos é apresentada uma narrativa lenta, mas em constante movimento. Uma pena o livro não se focar vez ou outra a narrar partidas do Jogo de Avelórios tal qual como ele é, faz apenas citações, conceituação histórica e algumas tendências estilísticas, mas pouco se expõe sobre o ato de jogar. Fico imaginando que este jogo seria uma espécie de "batalha de rima" porém com um tempo mais longo de duração e tempo para escrever suas respostas. As obras póstumas de José Servo é um deleite literário, chegando até a ser difícil após uma leitura tão extensa e sob uma mesma ótica naturalista, entrar em planos metafísicos, discutindo essas três histórias das "Três existências" com tamanha voracidade, ritmo e mudanças súbitas de situação. Vemos o reflexo do nosso protagonista nessas obras que seriam frutos de sua consciência. Vemos um Hesse maduro e com sede de criar narrativas que sustentam e exemplificam sua inclinação às crenças Hindus e seu negacionismo ao cristianismo. José servo já previra o ataque às universidades que existe no século XXI, a descrença do "mundo" com a produção do conhecimento, julgando-o puramente teórico e pouco aplicável à prática.

Sobre a edição que peguei (Best Bolso), esta apresenta alguns erros gramaticais e de impressão que me incomodaram. Pretendo posteriormente adquirir outra.
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Pedróviz 10/11/2023

O Jogo das Contas de Vidro
O livro O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, não é uma leitura fácil. O autor parece chamar atenção para isso no trecho em que descreve um livro que José Servo examina: "Por fim, puxou um volume encadernado, já um pouco desbotado, cujo título, Sabedoria de um brâmane, o atraiu. Primeiro em pé, logo depois sentado, folheou o livro que continha centenas de poesias didáticas, uma curiosa miscelânea de verbosidade oca e de verdadeira sabedoria, de filistinismo e autêntico estro poético. Não faltava esoterismo a esse livro estranho e tocante, assim quis lhe parecer, mas essa doutrina arcana vinha envolta numa casca grosseira, de fabricação caseira."
De fato, por vezes a leitura é monótona e prolixa, de uma narrativa densa mas vazia de significado. Este não é um livro para entreter, longe disso. O autor buscou algo mais, de modo que não, não é nada fácil este livro. Das poucas resenhas que li deste livro, todas foram muito superficiais e8 parece que ou o livro foi lido às pressas ou não se compreendeu a mensagem.
O jogo das contas de vidro foi o ponto culminante da carreira do escritor, já idoso, e lhe valeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1946.
O livro é dividido em três partes.
A primeira, dividida em 12 capítulos, é uma biografia do protagonista.
A segunda parte é um conjunto de poemas escritos por José Servo.
Na terceira parte são narradas três "existências" do protagonista, que são exercícios propostos a ele como parte de suas atividades em Castália.
*****
Iniciei a releitura a partir da terceira parte do livro, que narra as três encarnações anteriores de José Servo. Acabei de ler o capítulo intitulado "O Conjurador da Chuva". Simplesmente magnífico, tanto pelo enredo como pelo conteúdo. Nada melhor que uma releitura passados tantos anos da primeira imersão neste livro. É como se agora eu compreendesse o que na primeira ocasião não percebia.
Neste capítulo aborda-se o fato de, apesar do homem primitivo não ter sido dotado do refinamento da razão, seus sentidos e intuição eram mais desenvolvidos. Aborda-se o papel que o medo da natureza, dos elementos, das feras e doenças teve na espiritualização do homem primitivo. Hoje, com a hybris científica, o homem perde inclusive o sentido da vida.
A segunda encarnação de José Servo é o tema de "O Confessor". Neste capítulo, trata-se da encarnação de José Servo na pessoa do penitente Josephus Famulus. Um elemento presente ao longo de toda a obra é o conceito de servir ao próximo, um conceito essencialmente cristão. Näo é acaso o nome do protagonista. Um capítulo dos mais emocionantes do livro.
Um momento que chamou de modo especial minha atenção foi quando Dion Pugil falou a Josephus Famulus que o cristão não deve tentar converter os pagãos felizes, mas sim aos infelizes que buscam ajuda e que mais cedo ou mais tarde algo acontece com aquela volátil felicidade e acabam por buscar a Deus. Enquanto em "O conjurador da chuva" a ênfase foi o animismo, nos dois seguintes, "O confessor" e "A encarnação hindu" tem-se respectivamente o cristianismo e a filosofia hindu.
O capítulo "A encarnação hindu" é uma belíssima narrativa da vida de Dasa e uma ilustração sobre maia, a natureza ilusória da existência. Neste livro e nos livros Siddhartha e O Lobo da Estepe o autor demonstra influência da filosofia e da espiritualidade orientais, mais notadamente o budismo e o taoismo. Neste capítulo é dada grande ênfase para a ioga, isto é, a praticada pelos ascetas iogues.
*****
O livro é um grande tributo ao indivíduo, à autodeterminação, ao serviço e, sim, à busca da nobreza de espírito. O livro narra a vida de José Servo, cuja trajetória  foi marcada por dúvidas, mas também pela transcendência e pelo despertar. A caminhada do protagonista foi marcada pelo serviço ao modo de São  Cristóvão,  que visava sempre servir aos senhores mais poderosos (para um cristão não há outra coisa que se possa fazer que não seja servir ao maior Senhor, já que toda obra é feita para Sua glória). José queria que sua vida fosse um transcender, um progredir, um despertar ao final de cada etapa da vida, quando o ânimo e as possibilidades parecem se esgotar. Pode parecer algo egoísta, mas é falsa aparência. Quem faz o bem visando seu crescimento somente pode fazer bem ao mundo. Outro aspecto explorado é uma aristocracia do espírito, capaz de transmutar, no período de uma vida, um mero plebeu num verdadeiro nobre. Mas a impressão que tive é que o livro fala muito mais do que está escrito.  Toda a vida de José Servo, a constante mudança dos meios na busca de uma transcendência e, finalmente, seu último discípulo, Tito,  e o triste desfecho do livro, me fizeram pensar. Havia pensado sobre o tom orientalista do livro, e se talvez Hermann Hesse quisesse expressar, desse modo, maia. Sim, as partes do livro estão interligadas, uma parte explica a outra.  Confesso que nesta segunda leitura compreendi muito melhor a obra, mas este é o tipo de leitura para se digerir lentamente com o tempo. É uma obra monumental pela sua complexidade e beleza e o autor faz jus ao Nobel recebido em 1946.
*****
Um lado negativo no livro é a ênfase dada à filosofia e religião orientais. O cristianismo tem um pequeno lugar na obra. A moda orientalista vigorava nos tempos do autor. Como diz Jeffrey Nyquist em "O Tolo e seu Inimigo": cui bono?
Linharesmaia 06/12/2023minha estante
Excelente resenha.
Me esquiviei algumas vezes da obra, mas suas palavras dão um novo colorido - acho que vale mais uma chance.




Cristiana 20/03/2023

Bom mas não pra mim
Sei e entendo a relevância da obra pra literatura de utopias e distopias
Mas não gostei
Extremamente longo e cansativo
Parece um terno looping a vida do protagonista
A maneira que a história é narrada podia ser contada de outra forma
Uma pena pois adoro distopia e queria amar esse livro
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Thiago 23/09/2020

Um livro cheio de sutilezas
Este foi um livro muito diferente de tudo que já li. Você não encontrará um clímax, reviravoltas, ou nenhuma grande tragédia.

Ainda assim, apesar de um pouco monótono, a todo momento somos convidados a refletir. São refloxões densas e, por vezes, bastante complexas. É um livro a ser degustado, com tempo e paciência.

Valeu a leitura!
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Locimar 01/09/2020

Um longo caminho...
...rumo ao conhecimento de mim mesmo. "Quando o mundo está em paz, quando todas as coisas estão em calma, obedecendo em suas transformações ao seu superior, então a música pode atingir a perfeição. Quando os desejos e paixões não se encaminham por falsas vias, então a música pode aperfeiçoar-se. A música perfeita tem suas causas. Ela se originou do sentido cósmico. Por isso só se pode falar sobre música com um homem que tenha reconhecido o sentido cósmico. A música baseia-se na harmonia entre o céu e a terra, na concordância do sombrio e do luminoso."
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Whermeson 27/02/2020

?Assim como as flores murchas e a juventude
Dão lugar à velhice, assim floresce
Cada período de vida, e a sabedoria e a virtude,
Cada um a seu tempo, pois não podem
Durar eternamente. O coração
A cada chamado da vida deve estar
Pronto para a partida e um novo início,
Para corajosamente e sem tristeza
Entregar-se a outros, novos compromissos.
EM TODO COMEÇO RESIDE UM ENCANTO
QUE NOS PROTEGE E AJUDA A VIVER."

Livro 05 ? 2020

O Jogo das Contas de Vidro ? Hermann Hesse

http://www.patriciatenorio.com.br/?p=3281
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Paloma 24/02/2018minha estante
Pior que é...pensei a mesma coisa quando li essa parte.


leticia cordis 04/04/2021minha estante
É o famoso assassinato do personalismo kkkk




Guy 14/08/2015

O jogo da vida e compartilhar conhecimento
Tal qual a música clássica a qual significa conhecimento da tragédia da humanidade, afirmação do destino humano, coragem e alegria, tais vibrações devem ressoar também no Jogo de Avelórios e em toda a nossa vida, atos e sofrimentos. Neste contexto passa-se a biografia de Jose Servo principal divulgador dos Jogos de Avelórios. Tal qual um vidro pode refletir ou refratar muita luz, a música e o conhecimento também poderá refletir, refratar ou ser absorvido e o desafio está em compartilhar tal conhecimento para o bem.
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Lucas 29/01/2015

Esta magistral utopia propõe a realização do sempiterno desejo de integração do indivíduo no Todo, da união mística com o Uno, a fim de atingir o centro Absoluto de toda a variedade e diversidade da cultura humana. A música, aqui, é a mais sublime das experiências - e Bach soa quase como um redentor da humanidade. Entre muitas coisas, me chamou a atenção a semelhança com os livros do místico cristão Thomas Merton, seja no valor da contemplação e da meditação, seja no desejo de conciliar as tradições religiosas e filosóficas do Oriente e do Ocidente, seja no dilema de vivenciar a História e o século no âmbito monástico, seja pela riqueza da experiência da solidão do deserto. No meu entendimento, é obra de um verdadeiro mestre, cuja sabedoria teve o mérito de ser reconhecida pelo prêmio Nobel. O que não sei dizer é se a leitura em massa de Hesse feita pela geração da contracultura, na virada dos 1960-70, teve real proveito, no sentido de que a sabedoria do autor parece ter sido relegada a um mero diletantismo de pessoas pouco maduras.
Esley 27/05/2018minha estante
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do subsolo 20/01/2014

O jogo das contas de vidro
Hermann Hesse

De inicio complicado, e extenso.
Ao final entendi que se trata de uma sociedade que prioriza o conhecimento o espírito, e que há um jogo, que da nome ao livro, que é usado como uma ferramenta para chegar em algum conhecimento especifico que ira ficar arquivado. Esse jogo é totalmente surreal, Hesse explicou sua função e objetivo, mas não explicou de uma maneira direta como acontece na pratica esse jogo. Mas imagino, e algumas passagens demonstravam isso, que esse conhecimento era direcionado através de alguma teoria musical, e usando as contas de vidro (espécie de bolas de gude), e a partir dai ia tomando rumo e decifrando qualquer assunto. Algo parecido com matemática, que dizem (não nesse livro) que explica qualquer coisa, ate mesmo a existência de deus, tem um maluco que fez cálculos diz ter conseguido, que para mim é algo meio bizarro, não a existência de deus, mas os cálculos matemáticos. E a matemática também tem um papel fundamental na física quântica, que é bem fascinante por sinal, mas qualquer um fica encucado se estudado a fundo.
O tal jogo também une diversos conhecimentos de diversas áreas, arte, historia, matemática, etc.. E leva a uma resposta valida para ambas, mostra a relação, a essência em unidade que é composto o assunto entre eles, como se fosse um átomo comum a diversos tipos de materiais diferentes. E tudo isso, ao invés da matemática, é usado a musica como ciência. É o Hesse viajou legal, mesmo eu sabendo se tratar de uma ficção, vez por outra eu tentava imaginar como através da musica transcorresse tal jogo, com o escasso conhecimento meu em uma empreitada curta que tive em uma época de minha vida em estudar teoria musical.
E tudo isso dentro de uma sociedade aristocrática e isolada do mundo, que viviam em função destas coisas, tendo a musica como a maior ciência.
.

Logo de inicio me agradou a ênfase a musica como algo que eleve o espírito. Eu vivencio isso, não como um estudioso ou prático da teoria musical, mas pela apreciação, principalmente de instrumentais e percussões. Na pratica meu contato com a musica, o fazer musica, é só na capoeira mesmo.
Esse livro me acompanhou em um momento em minha vida, que muitas discussões nele vieram bem a calhar.
Me agradou muito o personagem decano da musica, é um senhor que irradia paz, serenidade, e através disso, já no final da vida, não usava palavras para se comunicar, somente o olhar e a presença. Ele foi se preparando para deixar a vida na terra, se isolando das pessoas, usando cada vez menos palavras, e vivendo em um mundo de sensações e contemplação. Assim como Hesse, se isolou em sua casa, colocou uma placa para não ter visitantes, não como um ato de amargura, mas por ter esses dias finais mais dedicados a si, e passou a cultivar rosas. E este foi seu ultimo romance.
Sempre presente, como em todas outros livros que o li, doses de abandono, dualidade, evolução, veneração a natureza.
Castalia era um "mundo" perfeito, que da atenção ao espírito, ao conhecimento, a musica. E ignora e exila todos que ponha essa organização em risco, todos que vão contra ela. Servo no mais alto grau de sabedoria em castalia faz algo radical, abandona castalia e vai para o mundo, pois para ele castalia estava em declínio, e ele queria experimentar esta dualidade.
O final também foi bem interessante, só lendo.
Com esse livro peguei o habito de le-lo em padarias, depois de um expresso, o café me ajuda a assimilar o que leio e aumenta minha atenção.
Pensei que não voltaria le-lo, mas com certeza irei ler novamente

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