z..... 22/05/2019
Simpatizei com o título e imaginei obra divertida, com humor e aventura. Minha expectativa no inicio da leitura...
Surpresas! Boa leitura, de fato, mas por outros motivos.
O conto faz parte da obra 'Sagarana', de Guimarães Rosa, e o direcionamento é ilustração da vida dos vaqueiros em Minas Gerais, com dramas desse contexto, apontados como reais nas informações do livro.
Em linhas gerais, acompanhamos o transporte de uma boiada, onde são contadas histórias testemunhadas pelos vaqueiros, como a do boi Calandu (brabo que só! chegando a enfrentar onça e causar desgraça ao filho de um fazendeiro) e do menino triste na boiada (onde ocorre a sensibilização do boi no entendimento do vaqueiro, desenrolando-se em... como potencializam as tristezas).
E o burrinho? Ah, está acompanhando essa boiada também, no seu 'ínfimo papel de simples mortal'... O leitor fica sabendo que há uma rusga entre dois vaqueiros, coisa de disputa por mulher, caminhando para insidioso acerto de contas. É aí que o Sete-de-Ouros, o singelo burrinho, projeta-se nessa história, como parte do plano (em expectativa ao trágico), mas se transforma em metáfora à experiência, ao traquejo, à sabedoria na vida, às melhores escolhas, em momento em que tinha sido subestimado e o trágico previsto se transforma num perigo a todos.
Acredito que essa é a principal impressão provocada por Guimarães Rosa.
E eu julgando já pela capa, o burrinho e o livro...
Enfim, obra que você pode ver essas coisas, ou também não curtir e passar em branco...