Douglas 09/10/2013
Um rosto no computador
Quando comecei a ler "Um rosto no computador", percebi que o Marcos Rey usou várias situações que já apareceram em outros livros.
Destacando:
* O trio de investigadores: Leo, Ângela e Gino, auxiliados por Guima, que aparecem em vários outros livros.
* O Quarto 222 do Emperor Hotel cenário de "Mistério do 5 estrelas".
* Bandeira e Viviam personagens de "Sozinha no mundo".
Aí eu logo pensei: "Puxa, será que Marcos Rey vai reciclar histórias para fazer este livro?".
Mas lendo o livro, percebe-se que, apesar de semelhanças com outros livros, "Um rosto no computador" traça seu próprio caminho, não sendo, em nada, parecido com os demais livros deste autor. Claro, temos o corre-corre e o mistério dos outros livros, mas estamos diante de um "suspense" inédito do Marcos Rey.
Uma coisa que eu achei estranho neste livro, foi a velocidade "exagerada" que os fatos foram narrados. Não sei se o Marcos Rey tinha um número de páginas máximo que ele deveria seguir, ou se queria cumprir algum prazo, não sei, mas fiquei com a sensação que o autor "acelerou" os fatos. Temos fatos que se sucedem muito rápidos, dando ao leitor, pelo menos na minha opinião, a sensação que o livro ficaria melhor se o autor fizesse uma narrativa mais "lenta", com um número maior de páginas, detalhando melhor as situações. Teríamos um livro ainda melhor, se o autor tivesse feito isso.
Quanto ao título, o qual, muitas pessoas dizem que "não tem nada a ver com o livro".
Eu concordo que o título induz ao leitor achar que teríamos um suspense que envolve computadores, o que, de fato, não acontece.
Mas, temos que ter em mente, que este livro foi lançado em 1993, época que os computadores estavam se "popularizando" no nosso país.
Quem acompanhou o surgimento dos primeiros computadores, lembra que, quando recém lançados, essas máquinas eram, somente, um misto de máquina de escrever com calculadora. Não serviam para mais nada, além de digitação e cálculos. Claro, tínhamos alguns jogos em disquete (puxa, disquete!, muitos computadores novos nem tem mais as entradas para disquete). Como retratado no livro, o enxadrista Gino, usa um jogo em disquete, para jogar xadrez contra seu computador.
Então, meus amigos, não sejam muito exigentes com o título, tendo em vista que o Marcos Rey detalhou bem como eram os computadores naquela época. Para nós, hoje, pode parecer absurdo que o mistério não envolva computadores, mas para a realidade da época, o Marcos retratou bem o que eles faziam. Sim, o computador do Gino era o "bisavô" dos computadores atuais, mas não fazia nada mais que o retratado no livro. Para a época, eu imagino, os leitores devem ter achado fantástico o Gino ter um computador, tendo em vista que eles eram raros e extremamente caros (lembro-me que um computador chegava a custar 30 salários mínimos, quase o preço do um carro popular).
Este texto é somente para explicar o porque do Marcos Rey ter citado o computador em sua história.
Bom, mas não desejo me alongar, quero somente deixar aqui minha admiração a este grande autor, que faleceu em 1999. Se ele ainda estivesse entre nós, com certeza, ainda estaria nos presenteando com belos livros, como este aqui.
Um abraço e meu respeito a todos.