A Caminho de Wigan

A Caminho de Wigan George Orwell




Resenhas - A Caminho de Wigan


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Fayetsho 16/05/2019

Tirando da zona de conforto
Parece que li dois livros: o primeiro sendo esta exposição sobre a situação dos mineradores de carvão do norte da Inglaterra, e como é trágica a situação deles. O autor descreve de forma bem nua e crua, com manchetes e registro de gastos, a vida desses trabalhadores, que iam a minas em condições super insalubres, jornadas de trabalho longas, e ainda voltavam pra suas casas também em nada adequadas. (Muito interessante que a edição da Companhia das Letras tem fotos).
O "outro livro", que é a parte 2, é uma discussão sobre o capitalismo, imperialismo e o futuro. Eu achei o escritor um tanto extremista na visão de que o caminho era ou socialismo ou fascismo. Mas, não vou cair em anacronismos, principalmente porque ele critica a atitude de esquerdistas da época, e também lembrar que o fascismo realmente floresceu.
Em suma, vejo que é um livro que vale muito a pena mais pela escrita do que pelo tema, Orwell faz o leitor questionar algumas coisas o passado e mesmo que chegue na mesma opinião, recomendo pra quem já leu outras obras dele.
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Nilo 09/03/2019

Um livro que se devora rapidamente. Dividido em duas partes, a primeira nos leva ao um retrato cheio de pessoalidade e ataques de fúria sobre a condição da classe operária inglesa com destaque as dores e aflições cotidiana do "precariado". O toque do autor em descrever detalhes de forma direta e sem pudor nos leva a vários socos no estômago "a classe trabalhadora fede" e por aí vai. Não tome isso como repulsa ou aversão. Pelo contrário o autor demonstra uma solidariedade ativa ancorada numa forma de "dever moral".
A segunda parte do livro é mais um combo de socos no estômago. Numa prosa ainda mais pessoal críticas ferozes e igualmente despudoradas ao movimento socialista inglês e mundial são desferidas no leitor. Que não se diga que são ataques "da direita" é uma visão de quem quer "justiça e liberdade" mas não encontra credo nas organizações políticas de esquerda.
Que se diga ,na prática, sim serve aos interesses da direita. Deve ser lido de forma bastante crítica trechos que beiram o apolitismo que ao fim e a cabo joga água no moinho do conservadorismo e reacionário.
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Fabiano 29/12/2018

Pobreza e divagação
Orwell divide essa obra em duas partes, na primeira ele retrata a situação lastimável que viviam os mineiros inglesês e suas famílias, o desemprego pós primeira guerra e outras mazelas que atingiam as populações mais pobres. Na segunda, ele "divaga" sobre capitalismo, socialismo e "soluções politicas" para as questões apresentadas na primeira parte. Essa divagação e um tanto quanto difícil de ler, já que Orwell cita diversos personagens e autores da época aos quais não estou tanto familiarizado. O livro é bom, mas sem duvida a primeira parte é bem mais interessante.
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eriksonsr 13/01/2018

Pra variar, mas um ótimo livro do George Orwell.

Apesar de não ser adepto da ideologia do Orwell, é sempre bom ler os livros dele, pois assim como ele segue uma via criticando e demonstrando algumas das coisas erradas do industrialismo e do imperialismo, ele também consegue seguir uma via contrária e criticar e demonstras algumas coisas erradas nos socialistas e no socialismo.

Nessa obra, a primeira parte do livro ele mostra as dificuldades dos mineiros durante a primeira metade do século XX na Inglaterra, mostrando o quão duro era o trabalho e as péssimas condições em que viviam. Já a segunda parte do livro é uma critica aos socialistas de sua época, que criticavam as diferentes castas existentes na sua época, mas que não eram capazes de viver sem benefícios da sua casta, além de falar sobre desserviço que estes socialistas/comunistas prestam a causa com sua arrogância e falta de empatia para com pessoas de ideias contrárias.

Um ponto que achei bem interessante foi quando ele fala sobre o avanço do fascismo e como a esquerda estava falhando miseravelmente nisso, ao não conseguir compreender o que leva as pessoas a seguirem por esse caminho, em como não entender como a religião e os costumes são importantes para as pessoas estava prejudicando a causa e etc.


Alguns trechos que achei interessante:
"Já notei que as pessoas que alugam quartos quase sempre odeiam seus inquilinos. Elas querem o dinheiro, mas os consideram intrusos, e tem uma atitude curiosa, sempre alerta e chei de ciúmes, que no fundo é a determinação de não deixar o inquiline se sentir muito à vontade em casa. É o resultado inevitável de um mau sistema, que obriga o inquilino a viver na casa de outra pessoa, sem ser da família.";

"O fato é que existem dezenas delas, centenas de milhares; são um dos subprodutos típicos do mundo moderno. Não se pode desconsiderá-las, se aceitarmos a civilização que as produziu. Pois isso também é parte do que o industrialismo fez por nós. Colombo atravessou o Atlântico, as primeiras locomotivas a vapor entraram em movimento, os ingleses resistiram firmes sob as espingardas francesas em Waterloo, os salafrários de um olho só do século XIX louvavam a Deus e enchiam o bolso; e, assim, tudo aquilo veio dar nisto, nestas favelas labirínticas, com cozinhas escuras lá no fundo e gente velha e doente rondando como um bando de besouros negros. É uma espécie de dever ir a esses lugares, vê-los e cheirá-los de vem quando, especialmente sentir o cheiro deles, para não nos esquecermos de que existem; embora talvez seja melhor não nos demorarmos muito tmepo por lá."

"Veja, por exemplo, a questão da superlotação. Com muita frequência há oito ou mesmo dez pessoas morando em uma casa de três cômodos. Um deles é uma sala de estar com cerca de 3,50 metros de lado, que contém, além do fogão e da pia, uma mesa, algumas cadeiras e uma cômoda; ali não há lugar para uma cama. Assim, há oitro ou dez pessoas dormindo em dois quartinhos, provavelmente em quatro camas no máximo. Se algumas delas são adultos e têm que trabalhar, pior ainda. Lembro-me de uma casa onde três moças dormiam na mesma cama e cada uma trabalhava em horários diferentes, perturbando as outras quando se levantava ou voltava do trabalho."

"Ao longo das margens do canal lamacento de Wigan, há terrenos baldios onde esses carroções foram despejados como lixo jogado de um balde. Alguns são realmente carroções de ciganos, mas muito velhos e em mau estado. A maioria é de velhos ônibus de um andar (os ônibus menores, de dez anos atrás) sem as rodas, apoiados em vigas de maderia. Alguns são simplesmente carroças com aros semicirculares em cima, sobre os quais se estende uma lona, de modo que os moradores não têm nada além de uma lona separando-os do ar gelado lá fora."

"A água vem de um único hidrante para toda a colônia, de modo que alguns moradores dos carroções têm que caminhar de 150 a duzentos metros para cada balde de água. Não há instalações sanitárias de espécie de alguma. A maioria das pessoas constrói uma cabaninha para servir de banheiro no minúsculo terreno em volta do seu carroção, e uma vez por semana cavam um buraco profundo para enterrar os dejetos."

"Mas vale a pena notar que os moradores dos carroções nem sequer economizam dinheiro morando ali, pois pagam mais ou menos o mesmo aluguel que pagariam por uma casa. Não fiquei sabendo de nehum aluguel inferior a cinco xelins por semana (cinco xelins por cinco metros cúbicos de espaço!), e há casos em que o aluguel chega a dez xelins. Alguém deve estar fazendo ótimos negócios com esses carroções! Mas não há dúvida que sua continuada existência se deve à falta de moradias, e não diretamente à pobreza."

"Uma coisa que me impressiona, e que não consigo compreender, é que tantas cidades do Norte achem correto construir edifícios públicos imensos e luxuosos, ao mesmo tempo que precisam desesperadamente de imóveis para moradia."

"Quanto ao comércio, depois da guerra precisou se adaptar para satisfazer à demanda das pessoas mal pagas e subnutridas, e o resultado é que hoje um luxo é quase sempre mais barato do que uma necessidade. Um par de sapatos simples e resistentes custa o mesmo que dois pares de sapatos chiques. Pelo preço de uma refeição decente se pode compar um quilo de doces baratos. Não se pode comprar muita carne por três pence, mas dá para comprar várias porções de fish and chips. O leite custa três pence e mesmo uma cerveja mais fraca custa quatro, mas as aspírinas custam sete por um pêni, e é possível fazer quarenta xícaras de chá com um pacote de cem gramas. E, acima de tudo, há os jogos de azar, o mais barato de todos os luxos. Mesmo quem está morrendo à míngua pode comprar alguns dias de esperança. Vinte milhões de pessoas estão subnutridas, mas praticmaente todo mundo na Inglattera tem acesso a um rádio. O que perdemos em comida ganhamos em eletricidade. Fatias inteiras da classe operária que foram saqueadas e roubas de tudo de que realmente necessitam estão sendo compensadas, em parte, pelo luxos baratos que vêm mitigar a superfície da vida."

"É claro que esse fato novo dos luxos do pós-guerra é algo muito favorável para nossos governantes. É bem provável que o fish and chips, as meias de seda sintética, o salmão em lata, o chocolate barato (cinco barras de cinquenta gramas por seis pence), o cinema o rádio, o chá forte, a loteria esportiva, tudo isso, em conjunto, já tenha evitado a revolução. Portanto, ás vezes nos dizem quq tudo isso é uma manobra astuta da classe governante, uma espécie de "pão e circo" para controlar e subjugar os desempregados. O que já vi da nosssa classe governante não me convence de que eles tenham tanta inteligência assim. A coisa aconteceu, mas por um proncesso inconsciente, a interção natural entre a necessidade dos fabricantes de ter mercado e a necessidade dos famintos de ter paliativos baratos."

"Mas até mesmo Wigan é bela se comparada com Sheffield. Creio que Sheffield pode reinvidicar o título de cidade mais feia do Velho Mundo; creio que seus habitante, que querem que ela se destaque em tudo, devem afirmar isso mesmo. Possui uma população de meio milhão de habitantes, mas contém menos casas decentes do que um vilarejo médio do Sudeste do país com quinhentos habitantes. E o fedor! Se em raros momentos você para de sentir o cheiro de enxofre, é porque começou a sentir cheiro de gás. Até o rio que corta a cidade é de um amarelo-vivo, por causa desse ou daquele produtos químico. Certa vez parei na rua para contar quantas chaminés de fábrica eu conseguia ver; contei 33, mas teria visto muito mais se o ar não estivesse tão escuro de fumaça."

"Quando o nacionalismo começou a se tornar uma religião, o inglês olhou para o mapa e, notando que sua ilha fica bem ao norte no Hemisfério Norte, criou a agradável teoria e que quanto mais ao norte você vive, mais virtuoso se torna. As histórias que me contavam quando eu era pequena em geral começavam explicando, da maneira mais ingênua que o clima frio torna as pessoas cheias de energia, enquanto o clima quente as torna preguiçosas, e vem daí a derrota da Invencível Armada. Esses absurdos sobre energia superior dos ingleses."

"Se o ódio de classe parece estar diminuindo, é porque hoje ele raramente se expressa por escrito, em parte devido à hipocrisia reinante, em parte porque os jornais de hoje, e até os livros, precisam atrair o publico de classe operária."

"Segundo Saintsbur, o seguro-desemprego era simplesmente "contribuir... para manutenção dos vaganundos", e todo o movimento sindical não passava de uma espécie de mendicância organizada."

"No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição, um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme. A alternativa é jogar fora o Império e reduzir a Inglatera a uma pequena ilha gélida e sem importância, onde todos teríamos que trabalahr muito duro e sobreviver, basicamente, à base de arenque com batatas. Essa é a última coisa que qualquer esquerdista deseja. E, contudo, o esquerdista continua sentindo que não tem nenhuma responsabilidade moral pelo imperialismo."

"O fato que precisa ser encarado é que abolir as divisões de classe significa abolir uma parte de você mesmo. Aqui estou eu, um membro típico da classe média. Para mim é fácil dizer que desejo que as disntições de classe desapareçam, mas quase tudo que penso e faço é resultado das distinções de classe. Todas as minhas ideias, meus conceitos sobre o bem e o mal, o agradável e o desagradável, o engraçado e o sério, o feito e o bonito, são essencialmente, conceitos de classe média; meu gosto para livros, comida, roupas, meu senso de honra, minhas boas maneiras à mesa, as expressões que uso ao falar, meu sotque, até mesmo os movimentos característicos do meu corpo, são produtos de certo tipo de educação e de certo nicho que fica mais ou menos na metade da hierarquia social. Quando meu dou conta disso, percebo que não adianta dar tapinahs nas costas de um proletário e dizer que ele é um bom homem, tanto quanto eu; se eu desejar ter contato real com ele, tenho que fazer um esforço para o qual, muitos provavelmente, estou despreparado. Pois para sair do esquema de classes eu teria que suprimir não apenas meu esnobismo particular, mas tmabém a maior parte dos meus demais gostos e preconceitos. Tenho que modificar a mim mesmo tão completamente que no fim mal serei reconhecido como a mesma pessoa. O que está implícito aí não é simplesmente melhorar as condições da classe proletária nem evitar as formas mais estúpidas de esnobismo, esim abandonar por compelto as atitudes da classe superior e da classe média em relação à vida."

"Nenhum argumento pode ser rebatido se não tiver a justa oportunidade de ser ouvido. Portanto, de forma um tanto paradoxal, para defender o socialismo é necessário começar por atacá-lo"

"Tal como acontece com a religião cristã, a pior propagando para o socialismo são seus adeptos."

"Pois é preciso acrescentar o fato muito desegradável de que a maioria dos socialsitas de classe média, embora em teoria almeje uma sociedade sem classes, se agarra como cola-tudo aos seus miseráveis fragmentos de prestígio social."

"A verdade é que para muita gente que se definde como socialista, a revolução não significa um movimento de massa ao qual eles esperam se associar; significa um conjunto de reformas que "nós", os inteligentes, vamos impor a "eles", a sordens inferiores."

"Mas neste momento estou pesnado no efeito de um livro como esse sobre o público inglês. O que se vê é um literato de origem aristocrática, um homem que provalvmente jamais na vida havia falado com um operário de igual para igual, nem de longe, gritando calúnias venesoas contra seus colegas "burgueses". E por quê? Aparentemente, por puro espírito maligno. Ele está lutando contra a inteligentsia britânica, mas está lutando a favor de quê? No livro não há nenhuma indicação. Por aí se vê que o efeito de livros assim é dar a quem está de fora a impressão de que não há nada no comunismo senão ódio."

"A pessoa decente normal, que tem simpatia pelos objetivos essenciais do socialismo, fica com a impressão de que não há lugar para um teipo como o seu em nenuum partido socialista sério."

"... marxistas não costumam ser muito bons quando se trata de ler os pensamentos de seus adversários; "

"E o que dizer dos milhões de pessoas que não são capitalistas, que no sentido material não têm nada a ganhar com o fascismo, e muitas vezes têm consciência disso, e mesmo assim são fascistas? É óbvio que elas se aproximaram puramente pela linha ideológica. Só foi possível empurrá-las para o fascismo porque o comunismo atacava, ou parecia atacar, certas coisas (patriotismo, religião, etc) que ficam numa camada mais profunda do que o motivo econômico; e nesse sentido é a mais pura verdade que o comunismo leva ao fascismo."

"A primeira coisa a se notar é que a ideia do socialismo está ligada, de forma mais ou menos inextrincável, à ideia de produção mecanizada. O socialismo é essencialmente um credo urbano. Ele cresceu de maneira mais ou menos simultânea com o industrialismo, sempre teve raízes no proletariado da cidade e no intelectual da cidade, e é duvidoso que pudesse ter surgido em qualquer sociedade que não fosse uma sociedade industrial. Uma vez admitido o industrialismo, a ideia do socialismo se apresenta naturalmente, pois a propriedade privada só é tolerável quando cada indivíduo (ou família, ou alguma outra unidade) é autossuficiente, pelo menos em grau moderado; mas o efeito do industrialismo é tornar impossível para qualquer pessoa sustentar a si mesma, ainda que apenas por um momento."

"Com certeza se poderia instalar alguma geringonça de aço e borracha nos ombros, e deixar os braços definharem até virar sacos de pele e osso. E o mesmo com todos os órgãos e todas as faculdade. Realmente não há razão para o ser humano fazer mais do que comer, beber, dormir, respirar e procriar ; tudo o mais poderia ser feito em seu lugar pelas máquinas. Assim, o fim lógico do progresso mecânico é reduzir o ser humano a algo parecido com um cérebro dentro de uma garrafa. Esse é o objetivo para o qual já estamos caminhando, embora, é claro, não tenhamos a menor intenção de chegar lá."

"Em uma civilização mecanizada, o processo de invenção e melhorias sempre vai continuar, enquanto a tendência do capitalismo é retardálo, pois no capitalismo qualquer invenção que não prometa lucros mais ou menos imediatos é negligenciada; e, aliás, algumas que ameaçam reduzir os luvros são suprimidas de maneira tão implacável como o vidro flexível mencionado por Petrônio. Mas basta estabelecer o socialismo, eliminar o princípio do lucro, e o inventor terá carta branca. A mecanização do mundo, que já é bastante rápida, poderia ser enormemente acelerada."

"O fascismo conseguiu se apresentar como o sustentáculo da tradição europeia e apelar às crenças cristãs, ao patriotismo e às virtudes militares."

"Cada pessoa que conehce o significado da pobreza, cada um que tenha um ódio genuíno pela tirania e pela gerra está, potencialmente, do lado socialista."

"Quem sabe poderíamos falar um pouco menos sobre "capitalistas" e "proletários" e um pouco mais sobre os que roubam e os que são roubados."

"George Orwell. Ele defendeu até 1943, que birmaneses e indianos não tinham condições de se governar sozinhos."

"... ainda que Engels tivesse um contato triplo com a classe operária: como pensador, líder político e patrão. Ele colaborou com Marx na elaboração da teoria comunista. Participou do movimento que criou a Internacional. E era filho de um industrial alemão que montou uma fábrica em Manchester, na Inglaterra, administrada por Engels durante décadas."

"Orwell defendeu: "Você consegue sentir afeto por um assassino ou um sodomita, porém não consegue sentir afeto por um homem de hálito pestilento", o que coloca assassinos e homossexuais numa mesma categoria, a de criminosos, e é pura homofobia."
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Jeff80 19/05/2014

Sem palavras...
Jorjão ficou profundamente impressionado com o que viu, e eu também. Suas descrições da miséria, do cheiro e das condições de vida dos mineradores e das suas famílias atingem em cheio o leitor. Orwell simplesmente não observou essa realidade, ele pegou sua mala, lápis e papel e realmente viveu entre esses mineiros, ele entrou em diversas minas para fazer da sua obra autentica e verdadeira, ele fez o jornalismo verdadeiro e escreveu com a alma, coisa bem diferente do que vemos hoje, com repórteres explorando o sofrimento das pessoas ao mesmo tempo em que estão preocupados em como estão se saindo diante da câmera. A segunda parte é uma dura crítica em tom confessional sobre a estrutura social da Inglaterra e o preconceito de classes. Também faz críticas com uma boa dose de ironia aos socialistas ingleses cada vez mais distantes dos trabalhadores . O livro conta com boas ilustrações que melhoram ainda mais a obra. Para se tornar fã de Jorjão basta apenas ler uma única página desse grande autor.


site: alicenascorrentes.blogspot.com.br
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Paulo Silas 27/01/2014

Dividido em duas partes, o livro traz uma análise do autor sobre os aspectos sociais em consequência de uma economia capitalista.

Na primeira parte, que foi encomendada por um editor socialista para integrar uma publicação voltada para tal público, o autor narra a sua experiência de convívio com os mineradores de carvão, vez que passou algumas semanas vivendo em casas e pensões de favelas, visitando minas de carvão e dialogando com "o proletariado" para enriquecer a sua experiência e narrar na obra.
Pobreza extrema, trabalho sofrido e desgastante, maus hábitos dos "favelados" e outras particularidades desta experiência são narradas pelo autor sob um viés político, pavimentando o caminho para a análise mais pessoal da segunda parte do livro.

E é justamente na outra metade da obra que George Orwell esmiúça sua análise e crítica num ensaio jornalístico cobre o socialismo.
Crítico feroz e sarcástico algoz, George Orwell faz a defesa por meio de um ataque ao socialismo, argumentando as razões pelas quais entende que o socialismo estaria fadado ao fracasso se a luta por tal ideologia permanecesse nos mesmos trilhas que se encontravam. Por exemplo, com a crítica dirigida também ao próprio autor, escarnece os "socialistas da elite", os quais defendem seus ideais somente com base em "textos chavões" de Marx, mas que não possuem o conhecimento da causa na pele. Em contrapartida, os trabalhadores "oprimidos" possuiriam o verdadeiro espírito para a luta de tal ideal, porém, lhes faltaria o fator "inteligência".

Mesmo eu sendo avesso à ideologia defendida pelo autor, Orwell merece aplausos pelo modo que defende o socialismo, reconhecendo fatores intransponíveis e propondo mudanças que, no seu ver, possibilitariam o sucesso de tal sistema.

Recomendo!
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Leonardo Robert 08/03/2009

Vale a leitura...
Agora traduzido por 'O caminho de Wigan Pier', o livro está bem longe de ser um '1984'; entretanto, é também um livro de cunho político. A narrativa fala dos carvoeiros e proletários de uma Inglaterra pobre. Muito tempo depois de ler esse livro, vi em Billy Elliot o cenário daqueles conjuntos habitacionais paupérrimos descritos no livro. Em suma, é um belo livro, mas certamente um clássico típico de um bom livro na sombra de uma obra-prima do mesmo autor. Comparações são inevitáveis.
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