O Mundo de Rocannon

O Mundo de Rocannon Ursula K. Le Guin
Ursula K. Le Guin




Resenhas - O Mundo de Rocannon


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Michelle Alves 28/06/2017

“NA ESCURIDÃO, A INCERTEZA E OS ABSURDOS SE EXPANDEM COMO ERVA DANINHA.”
O primeiro livro publicado, em 1966, por Ursula K. Le Guin é o terceiro no do Ciclo de Hainish (série de ficção científica) e apresenta a característica mais notória de mesclar a ficção científica com a fantasia.
Num mundo onde há os elementos das histórias de fantasia (lendas, canções, profecias e sociedades organizadas em sistemas feudais) mesclados com viagens interestelares e telepatia, a magia pode ser justificada pela ciência, explicando a criação de mitos.
O próprio protagonista da história acaba por torna-se um mito em um mundo ainda pouco conhecido. E é nesse mundo que ele irá fazer a sua longa viagem, descobrindo espécies e culturas, fazendo amizades e correndo perigos que jamais imaginou, mesmo sendo um etnólogo experiente com 43 anos.

A curiosidade fica pelo termo “waybread” utilizado na obra. Na versão em inglês ela aparece, por exemplo, no trecho da página 187:

“Os animais e homens ficaram todos juntos, aproveitando o calor dos corpos. Partilharam um pouco de água e o que restava do pão dos Fiia.”
No original:
"The windsteeds and the men huddled together for mutual warmth, and shared a little water and Fian waybread."


Na versão brasileira a palavra utilizada foi “pão”. Waybread é um termo inglês para “lembas” – vocábulo que foi empregado por Tolkien em “O Senhor dos Anéis” – que é um alimento especial para viagem produzido pelos elfos e que foi ofertado aos membros da Sociedade do Anel em sua jornada pela Terra Média.

O ansível, desenvolvido em “Os Despossuídos”, aparece aqui como a comunicação interespacial instantânea que Rocannon busca para ajudar aquele mundo a se livrar de uma ameaça iminente. É possível notar um deslumbre de temas que a autora viria a trabalhar de forma mais marcante em suas futuras obras publicadas, como a exploração de uma cultura de um local.

Finalizo justamente escrevendo sobre o início da narrativa, que marca o tom de toda a história: o colar de Semley. Esse conto foi publicado em 1964 e lembra bastante a um conto de fadas. Com os gêneros de fantasia e de ficção científica combinados, é uma história bela e trágica.
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LeGuin, Ursula K. Os Despossuídos. Círculo do Livro, 1986.
Tolkien, J. R. R. O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. WMF Martins Fontes Ltda, 2000.
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Davenir - Diário de Anarres 25/02/2016

Uma mistura de FC com Fantasia
O Mundo de Rocannon (The Rocannon's World) é o primeiro livro de Ursula K. Le Guin. Nesta obra ela consegue em poucas páginas trazer uma história rica onde aborda os mitos e a etnografia de forma profunda sem ser pedante. Esta é uma de suas características mais cativantes, com uma escrita habilidosa, trazer temas complexos de forma prazerosa ao leitor. O livro também é o primeiro do que viria a se tornar o "Ciclo de Hainnish" junto com mais seis livros, incluindo seu mais notório "A mão Esquerda da Escuridão".

A história: Rocannon é um etnógrafo espacial que faz parte da "Liga de todos os Mundos" sediada no planeta Hain. Ele está em missão num planeta desconhecido não cartografado, que orbita a estrela Formalhaut. O planeta possui várias espécies inteligentes, algumas divididas em senhores e servos e outras em tribos coletivistas. A nave de Rocannon é destruída, por uma força rival a Liga, junto de toda sua tripulação e ele é o único sobrevivente. Começa um jornada para conseguir enviar um pedido de socorro para a liga. Rocannon parte com uma expedição junto com os senhores de Harlam, seus aliados.

Ficção Científica ou Fantasia?: Durante a jornada é fácil achar que estamos em meio a uma aventura de Fantasia, pelos personagens que vivem em um sistema parecido com o feudal uma visão particular que eles tem do viajante espacial. É nesta relação que Le Guin brinca com os mitos que se formam entorno de Rocannon. Existe a justificativa cientifica, pois quando Rocannon está em sua nave FTL ("mais rápida que a luz") no espaço o tempo passa mais devagar, e suas primeiras visitas ao planeta o fizeram conhecer gerações diferentes dos habitantes do planeta. Existe a explicação mitológica para a existência de Rocannon, o "Olhor", "senhor das estrelas" aquele que guarda uma joia sagrada/amaldiçoada para o povo de Haram, um amigo e aliado de Rocannon.
Nesta primeira obra já temos uma ideia de como a escrita de Le Guin consegue fazer uma simples aventura se destacar das demais do gênero. Sem exibicionismo em relação a ciência, nem a Fantasia. Um romance rápido de e sem excessos. Contudo é difícil de encontrar, mas a leitura compensa.

site: http://www.wilburdcontos.blogspot.com.br/2015/12/resenha-o-mundo-de-rocannon-ursula-k-le.html
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Virginia Barros 17/01/2015

Vale muito a pena!
Esse livro me enganou direitinho... No início da introdução pensei que fosse uma história de fantasia, apesar de ter uma aura de ficção científica. Aliás, a introdução é tão perfeita que aparece na antologia "Magos, os mundos mágicos da fantasia", com o título "O Colar de Semley". Mas antes mesmo do primeiro capítulo já fica claro que a história é mais complexa. De um lado, os Angya, uma nobreza decadente que vive em castelos e voa em felinos gigantes. Do outro, Rocannon com suas naves mais rápidas que a luz (FTL), e inimigos capazes de explodir áreas inteiras com bombas que formam cogumelos... Tudo isso em um planeta sem nome, perdido em um universo que os cientistas se esforçam por catalogar... Mas quem quiser desvendar seus segredos, precisa enfrentar seus perigos, que são muitos... É o que garante a emoção que transborda dessa linda obra de linguagem leve e poética (principalmente a introdução), marca da autora que já transparece em seu primeiro livro publicado.
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