tbbrgs 18/10/2022
Eu não poderia ter dito melhor: leiam literatura de cordel
"A literatura de cordel nordestina tem suas origens em diversas formas de poesia popular impressa que havia na Europa a partir do século 17. Em Portugal, esses livrinhos de histórias em versos eram chamados 'literatura de cegos'.
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Os folhetos de cordel nordestinos geralmente são classificados por ciclos: há o ciclo de histórias sobre cangaceiros (como Lampião e Antonio Silvino); o ciclo das pelejas ou desafios de repentistas; o ciclo das vidas de santos (como o Padre Cícero ou Frei Damião); o ciclo dos folhetos jornalísticos, comentando fatos da atualidade; e muitos outros. Um dos ciclos mais populares é o dos 'romances' que contam histórias fantásticas, ou maravilhosas.
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Os temas do maravilhoso no cordel são parecidos com os da literatura infantil no meio urbano. Na cultura das grandes cidades, existe uma separação entre a literatura 'realista' dos adultos e a literatura 'fantasiosa' das crianças; mas, no sertão, as crianças, os velhos e os adultos envolvem-se com o mesmo grau de intensidade com as histórias fantásticas narradas nos folhetos de cordel.
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O autor de cordel, mesmo sendo em geral um indivíduo bem informado, usa os nomes de lugares e de pessoas pela sonoridade ou exotismo, sem se preocupar em fazer com que eles correspondam ao local ou à época onde se passa sua história. O leitor não deve estranhar se, num desses folhetos, o autor disser que num palácio do Oriente come-se macaxeira, ou então que no casamento da princesa os músicos tocam sanfona. O escritor de cordel mistura, sem a menor cerimônia, seu próprio mundo e o mundo de seus personagens" (Bráulio Tavares).