Black Hawk Down

Black Hawk Down Mark Bowden




Resenhas - Black Hawk Down


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Sarja 22/11/2022

Simplesmente um dos melhores livros que já li. O livro é extremamente envolvente, a maneira que é narrado o combate através de diversas entrevistas e depoimentos colhidos pelo autor deixam o livro a todo momento com o senso de urgência que se sentia no momento. Outro ponto positivo é a diversidade de entrevistas realizadas que mostram o combate não apenas pela ótica dos soldados envolvidos mas também dos Somalis que participaram do confronto.
O livro é muito fiel aos acontecimentos, extremamente ético e conta os fatos de uma forma extremamente detalhada e alucinante. Cinco estrelas para esse livro.
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Diogo 26/04/2020

A batalha do Mar Negro, em fatos e emoções
“Black Hawk Down: A Story of Modern War” é o livro que serviu de base para a produção do filme “Black Hawk Down” de 2001. O livro é um compilado de reportagens escritas pelo jornalista Mark Bowden e relata os acontecimentos da Batalha do Mar Negro (ou Batalha de Mogadíscio), ocorrida na capital da Somália em outubro 1993.
O contexto da batalha se encontrava na recente história do país, que tinha o governo como aliado da China (comunista) durante a guerra fria e vivia sob uma ditadura. Sendo esta, desafiada por clãs das diferentes regiões do país, que passaram a se articular e a se armar. A luta na capital somaliana se deu durante a 2º missão oficial da ONU no país, de um total de 3 realizadas para mediar uma guerra civil naquele território.
Aproximadamente 4 grupos armados distintos disputavam o poder. A principal milícia era controlada por Mohamed Farrah Aidid, na capital, que continha o principal porto da cidade, por isso sua milícia era muito bem armada.
Apesar de toda a ajuda enviada por operações internacionais, os mantimentos eram confiscados e usados como moeda política pela milícia. As missões da ONU tinham como objetivo tentar proteger a ajuda humanitária. A milícia de Aidid detonou uma bomba de controle remoto contra um “Humvee” (veículo de transporte de pessoal) americano, matando 4 soldados e duas semanas depois, outra bomba feriu mais 7.
Foi então que os EUA decidiram formar um grupo de Operações Especiais para capturar os líderes da facção de Aidid. A batalha estava inserida no contexto da operação “Gothic Serpent”, coalizão de 5 países que mobilizou cerca de 30000 soldados com o propósito de ser uma grande ofensiva que enfraquecesse a facção instalada na capital Mogadíscio.
A espinha dorsal da operação era a “Task Force Ranger” formada por cerca de 400 militares do “75th Ranger Regiment”, “SEALs”, “Delta Force” e “24th Special Tactics Squadron da USAF” (“United States Air Force” – Força Aérea Americana), mais 16 helicópteros e suas respectivas tripulações e equipes de manutenção.
Os helicópteros, bem como suas tripulações, já eram preparados e equipados para operações com óculos de visão noturna (enorme vantagem dos americanos na operação durante sua presença na Somália, visto que as milícias locais não dispunham de tal tecnologia e a noite tornava-se uma excelente aliada das operações). Eram de 2 modelos, MH-6 “Little Bird” (AH-6) e o UH-60A “Black Hawk”.
A missão inicial tratada no livro era a captura de 2 líderes da facção de Aidid e deveria durar 1 hora. Porém, devido à doutrina aeromóvel aplicada pelo exército americano na época e aliada ao enorme efetivo bem armado da milícia da cidade, a operação tornou-se um pesadelo e um fracasso.
Inicialmente, partiram para a posição central da cidade 160 soldados americanos em 12 veículos (9 “Humvees” e 3 caminhões M939 5-ton) e 19 aeronaves, sendo 16 helicópteros (8 “Black Hawks” e 8 “Little Birds”, divididos em helicópteros de reconhecimento e ataque, escolta, CSAR – “Combat Search and Rescue” – transporte de tropas e comando e controle).
O planejamento inicial consistia em tropas dos “Rangers” (oriundos do “75th Ranger Regiment”) realizarem um cerco em uma instalação localizada próximo ao centro da cidade, enquanto as tropas dos Delta Force iriam adentrar tal instalação e realizar a captura dos respectivos líderes. A captura foi bem sucedida, porém no momento de iniciar a exfiltração das tropas, um dos UH-60ª americanos foi alvejado por uma granada lançada de um RPG (“Rocket Propelled Granade” – lançador de granadas), vindo a colidir contra o solo.
Enquanto a situação no centro de comando e controle estava caótica, tentando planejar um resgaste que empregasse as tropas já dispostas no terreno, um segundo UH-60ª foi alvejado (também por um RPG), vindo a colidir contra o solo em local relativamente próximo ao da primeira queda.
Durant, um dos pilotos que sobreviveu à queda de sua aeronave, foi capturado e passou 11 dias em cativeiro. A intenção de Aidid era utilizá-lo como moeda de troca para libertar seus líderes capturados.
Durante a operação de resgate das tripulações derrubadas e das tropas detidas no terreno no interior da cidade, mais 2 helicópteros UH-60A seriam alvejados de maneira tal que, mesmo tendo conseguido retornar à base, ficaram na condição de indisponíveis para o voo devido ao tamanho das avarias.
Algo que dificultou e atrasou em quase 24 horas o resgate das tropas detidas na cidade foi o fato de que o comboio terrestre que deveria servir de apoio para a exfiltração se perdeu por diversas vezes. Tal fato se deu devido à arquitetura caótica e desorganizada da cidade e à crença dos americanos de que a missão seria rápida e fácil demais (o que inclusive levou às tropas de terra a não levar os equipamentos de visão noturna para a operação, algo que se provou fatal).
Um segundo comboio foi organizado para realizar o resgate das tropas na manhã do dia seguinte, sendo composto por 3000 soldados da ONU (maioria paquistaneses e malaios). O resgate encontrou feroz resistência e levou horas para chegar aos locais de exfiltração.
Imagens vazaram na mídia mundial dos soldados americanos mortos sendo arrastados nas ruas da capital somaliana. Isso causou enorme comoção nacional nos EUA, o que acarretou em enorme pressão da população no governo. O livro ainda conta relatos das esposas dos militares, que acompanhavam tais imagens do outro lado do globo e buscavam desesperadamente notícias de seus maridos. Notícias essas que se mostravam escassas devido ao momento político, tendo um enfoque muito maior em ações políticas Russas e Americanas, reflexos da Guerra Fria.
Pela má repercussão da batalha, a ONU retirou sua ajuda humanitária da Somália, confirmando o fracasso total da parte política e manchando a imagem militar americana, mesmo tendo esta, tecnicamente, vencido a batalha.
As baixas foram consideradas inaceitáveis de ambos os lados: 19 americanos mortos, 1 capturado, 70 feridos. Também morrem em combate 1 malaio e 1 paquistanês e foram feridos outros 10 combatentes outros países que participavam da coalisão. Também se contabilizou a morte de 400 somales e mais de 1000 feridos. Os números foram tratados como inaceitáveis visto que o mandato da missão visava estabilizar o país e realizar operações militares que evitassem ao máximo causar mortes.
No livro, no início da operação, ainda é possível notar o fogo seletivo dos americanos a fim de evitar baixas civis, mas isso mostrou-se ineficaz, uma vez que os milicianos se protegiam em meio à população, usando mulheres com crianças no colo e armadas para atacar os americanos. Cogitou-se usar um C-130 “Gunship” (uma aeronave de combate fortemente armada, cuja principal função é dar apoio a tropas terrestres. Este avião carrega uma série de potentes armas ligadas a sofisticados sensores e sistemas de mira, controle e navegação) para dar suporte aéreo e criar um corredor de fogo para que a troca exfiltrasse a pé, o que descartado pelo efeito colateral que poderia causar na área.
Bill Clinton, presidente americano na época dos fatos, pronunciou que retiraria suas tropas da Somália, o que fortalece a imagem de Aidid, tendo sido este tomado como o líder que derrotou os EUA. O general William Garrison, comandante da operação, assumiu responsabilidade pelo fracasso da operação e se retirou do exército.
O livro serviu para concluir que é extremamente positiva a ação dos helicópteros como ferramenta de dissuasão e apoio ao comando e controle ao combate, tendo sido seu emprego fator crucial na manutenção das vidas e da moral dos combatentes que ficaram detidos nas posições urbanas, como, por exemplo, o uso efetivo dos “Little Birds” como fogo de cobertura para manter somalis afastados das posições onde a tropa estava detida. Conclui-se também que mesmo a tropa mais bem equipada e preparada do mundo está sujeita às adversidades do complexo cenário das batalhas urbanas (principalmente a de guerra irregular). O desconhecimento da cultura local e geografia local aliados ao excesso de confiança mostraram-se mortais para as tropas americanas no ocorrido. Percebeu-se também uma enorme mudança da doutrina do emprego de aeronaves em combate por parte da aviação do exército americano, oferecendo mudanças no emprego e preparo de suas tripulações de modo a se evitar tamanhas baixas de pessoal e material por sobrevoar áreas de perigo.
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