ghost cookies 08/09/2023
"In a heartbeat. Or the absence of one."
"Life changes fast.
Life changes in the instant.
You sit down to dinner and life as you know it ends.
The question of self-pity."
Que livro sensível e incrível de tantas formas! Em The Year of Magical Thinking, Joan Didion, em uma tentativa de entender e racionalizar o ano mais desafiador da sua vida, escreve sobre os meses que se seguem após a morte do seu marido de décadas, John, e seus pensamentos "mágicos" de esperança de que ele voltaria e que ela poderia reverter todo o caos que sucedeu ao inverno de 2003. Assim como ocorre com alguém em um processo de luto, a narrativa vai e volta, presa entre passado e presente, com Didion repetindo as mesmas frases que insistem em voltar a sua mente e persegui-la, enquanto ela tenta, sozinha, apenas acompanhada pela escrita, processar todos os seus sentimentos, seu luto, sua vida, agora solitária. Perpetuamente retornando ao dia em que ele morreu ou a algum dia exatamente um ano atrás ou décadas antes, enquanto ela ainda o tinha, Joan é incapaz de esquecer, de deixar ir: ela continua voltando naquele instante onde tudo mudou. E é assim, revivendo o mesmo momento, selecionando e remoendo cada informação, que Joan Didion reconstrói para o leitor tudo o que aconteceu e pinta um retrato de amor, dor, casamento, vida e morte, enquanto ela própria tenta subjugar o luto e digerir todo o seu sofrimento e pesar.
"All year I have been keeping time by last year?s calendar: what were we doing on this day last year, where did we have dinner, is it the day a year ago we flew to Honolulu after Quintana?s wedding, is it the day a year ago we flew back from Paris, is it the day. I realized today for the first time that my memory of this day a year ago is a memory that does not involve John. This day a year ago was December 31, 2003. John did not see this day a year ago. John was dead."