FLemos 25/02/2023
Livros mudam vidas!
Até hoje ninguém sabe muito bem explicar porque eu sou o que mais gosta de ler em casa. Todos os irmãos tiveram basicamente a mesma educação, mesmas influências, e mesmas notas na escola, mas eu me sobressaía nessa questão. Este livro talvez seja parte da resposta. Lembro de ser uns dos primeiros livros que li, e o meu preferido do primário.
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Juvenal, o Botina Velha, tinha paixão pelos estudos e pela leitura, garoto muito inteligente, o primeiro da turma e chamado pela professora Mariângela de "o escritor da classe".
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Porém, a vida muito pobre de roça, a ponto de ter somente uma botina remendada pra usar (daí o apelido), fazia seu pai valorizar mais suas pequenas mãos no arado do que seu esforço para terminar o primário. Muitas vezes sendo tirado da escola por seu pai em tempos de colheita de algodão, nunca conseguindo comparecer todos os dias da semana às aulas e frequentemente trabalhando aos domingos, a vida não era fácil para Juvenal e seus 5 irmãos.
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A luta interna de Juvenal, seu grande respeito pelas necessidades da casa e pelo pai, sua esperança muitas vezes oscilante, mas acima de tudo sua paixão por aprender geram angústia e emocionam.
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Contrastando com seus colegas de turma que não queriam estudar, e nem trabalhar precisavam, a mensagem principal, a "moral da história", digamos assim, que talvez ficou marcada na minha memória é bem simples, como o próprio narrador descreve:
"Era uma coisa que a vida tinha armado erradamente no destino do menino Juvenal. Queria e não podia. Muitos podiam e não queriam" (p. 54).
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Leitura muito recomendada para todas as idades! Correndo o risco de ser emotivamente tendencioso: 98 páginas de ouro puro.
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