Heitordealmeida 05/11/2012Conan, como deveria ser "E, no fundo das montanhas assombradas, os perdidos deuses negros acordam;
Mãos mortas tateiam nas sombras, e estrelas ficam pálidas de medo,
Pois esta é a Hora do Dragão, o triunfo do Medo e da Noite."
Antes de tudo, vamos esclarecer uma coisa. Conan de verdade só tem um! É o Schwarzza, o Governator, o cara que enfiou a porrada no Fred Mercury, sacou? Conan não usa maquiagem nos olhos, entendido Momoa? Agora monte no seu cavalo Dothraki e volte cavalgando para o lugar que é seu.
Como bem diz o artigo sobre o cara naquela enciclopédia eletrônica, criado por Robert E. Howard, Conan é o maior personagem da literatura de fantasia heróica — ou "espada & feitiçaria" (Sword and Sorcery) - e ajudou a definir o formato da fantasia heróica como subgênero da fantasia. Publicado originalmente na revista "Weird Tales", o trabalho de Robert E. Howard originou uma serie de imitadores, fazendo dele um dos grandes influenciadores no gênero da fantasia, apenas rivalizando com J.R.R. Tolkien.
Você acha que é mentira? Pois é... Eu também achava... Se você ainda tem dúvidas, tente ao menos ler o artigo sobre o homem na tal enciclopédia e você verá que além de praticamente definir um gênero literário, ele ainda escreveu contos de Horror, Suspense e SciFi. Ele criou um mundo único, interligando suas histórias de S&S (Sword and Sorcery) e garantindo a continuidade delas de forma que comece lá na pré-história e termine (de certa forma) "nos dias de hoje" de 1920-1930.
Robert E. Howard também era muito amigo de um outro senhorzinho muito estranho de nome H.P. Lovecraft, onde um contribuiu bastante para o trabalho do outro, sendo que algumas das criações de Howard até mesmo fazem parte dos Mythos de Cthulhu.
Mas vamos a Conan, o Cimério.
Acho que a melhor maneira de descrever Conan é usar o termo "Cara-Foda" ou se quiser "Badass Mothafucker". Conan é o cara. Guerreiro fodão, que enfrenta monstros, demônios, magos maniacos e tudo o mais somente com sua espada. Conan era contra a hipocrisia e a fraqueza da civilização. Ele dominava através da força e da coragem e, apesar de selvagem, era "razoavelmente" bom e justo.
Sobre o livro: A Editora Évora, aproveitando o lançamento daquela vergonha de filme lançou este livro contendo uma das histórias mais aclamadas do Cimério, "A Hora do Dragão".
Na trama, Conan, já rei da Aquilônia tenta recuperar seu trono, depois de ser traiçoeiramente "depostos" por um conluio composto po Amalric, barão de Tor, Tarascus irmão mais velho do rei da Nemédia, reino vizinho que está em guerra com a Aquilônia e apoiado pelo Valerius, "herdeiro legitimo" do reino onde Conan é rei.
Parecia simples, Valerius apoia rei da Nemédia, inimigo de Conan, ambos o destronam, Valerius assume a Aquilônia novamente. Ele, Almaric e Tarascus fazem um acordo, se juntam e dividem o resto. Fácil não? Mas tem um problema ai, percebeu? E o problema chama Conan. E se ninguém tem coragem e capacidade de enfrentar o cara na mão, o que fazer então? Recorrer a magia negra, claro!
Surge assim o plano mais non-sense da história: Usar uma jóia mistica de nome "Coração de Ahriman" e trazer de volta a vida o mago Xaltotum de Acheron para derrotar Conan. Mas é claro que, Xaltotum, depois de 3000 anos morto, não tem muita intenção de permanecer como pau-mandando de um monte de Zés-ninguéns.
Vejamos: Joia mistica: Confere.
Ressuscitar Mago do Mal fodão: Confere.
Dominar o tal mago: Hmm... Ainda em andamento.
Matar Conan: É... Não confere.
Já viu, né? Conan é deposto e supostamente dado como morto. Valerius assume o poder e ele, Almaric e Tarascus tentam controlar Xaltotum, que não está nem ai pra eles e só quer o Coração de Ahriman de volta, enquanto Conan, dando uma sorte tremenda, escapa e começa sua jornada para obter seu trono de volta.
E o filhadamãe é bom! Não só porque ele é um guerreiro imbatível, mas porque em muitos casos ele junta sua força e selvageria barbara com o uso de inteligencia, estratégia e instinto para vencer.
A narrativa é rápida e sem muita enrolação com muitas sequencias de ação. É uma história de fantasia com tudo o que se tem direito, guerras, magia, lutas de espada, mulheres em trajes mínimos e etc, digna do bárbaro mais famoso da história.
Ao fim de "Hora do Dragão", seguem outros três contos inéditos contando outras aventuras de Conan “Além do Rio Negro”, “As negras noites de Zamboula” e “Os profetas do Círculo Negro”. Todos seguem o mesmo ritmo e o mesmo estilo de narrativa o que facilita a leitura, já que mantém todo clima heróico do livro
A edição da Évora, embora tenha a capa do filme, está bastante boa. Houve um ou outro erro de impressão mas nada que prejudique demais a leitura. Uma coisa que muitos sentiram falta é de um mapa da Era Hiboriana para acompanhar os reinos e a viagem de Conan no decorrer das histórias. Há algumas fotos em alta resolução do filme no meio do livro e pra quem gosta até que ficou legal (embora o filme seja... passável).
E a conclusão que chegamos no fim é: Se pra derrotar um cara, você precisa apelar pra feitiçaria profana e ressuscitar um mago que morreu a 3000 anos, então é porque o cara é foda e seria melhor deixar pra lá...