André Ortelan 03/12/2021
Não comece a obra de mestre Jorge por aqui.
O meu conselho se dá pelo medo de você começar por este, decepcionar-se e nunca se deliciar com "Gabriela, Cravo e Canela", "Capitães da Areia", entre outros. Palavras de um verdadeiro fã que é este que vos escreve.
Honestamente, a história mostra potencial para ser, de fato, interessante e envolvente, mas não. Realmente não a achei nada disso.
Fora o desfecho surpreendente, Jorge Amado parece ter feito escavações rasas no enredo principal, que é a disputa por uma cadeira vaga na glamourosa e disputada Academia Brasileira de Letras entre dois candidatos "peculiares".
Além disso, o abundância de aparecimentos de personagens, com seus nomes, apelidos e sobrenomes completos, tendo cada um os fios de suas histórias pessoais puxados à exaustão, torna a leitura confusa, com excesso de informações dispensáveis (acima de todos, o falecido poeta que desocupou a cadeira, parecendo ser ele em si o tema principal do livro).
Afinal, apesar de tudo, podemos tirar conclusões pertinentes a respeito de temas sensíveis. Jogos de poder, a ética (ou falta dela) entre cidadãos ditos ilustres, ideologias radicais, entre outras análises melhores encaradas, quando lidas com nossos próprios olhos e valores.
Por conseguinte, concluo: não gostei, não indico, mas não me arrependo de ter lido.