Bandoleiros

Bandoleiros João Gilberto Noll




Resenhas - Bandoleiros


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Lilian 28/09/2023

Confuso
A narrativa é confusa, o texto tem muitas variações de cenário e datas, achei chato e não recomendo a leitura
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Ana :) 01/12/2016

O problema sou eu, não você
Bandoleiros é um bom livro, com uma narrativa bem construída, enredo sem pontas soltas, que ganha ritmo conforme a história avança.
Meu problema com ele é que o protagonista (assim como a maioria dos personagens) é do tipo que não se importa com nada, não tem sonhos nem rancores, não se apega, não se enraivece...em suma, um personagem apático.
Não há nada de errado nisso e o autor o constrói muito bem dentro dessa proposta. Mas eu prefiro personagens mais ativos, que sintam, que questionem.
Portanto, minhas 3 estrelas não são para a qualidade da obra (que é inegável). São baseadas na minha experiência de leitura, que não foi arrebatadora justamente porque esse tipo de personagem não me cativa.
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Renato Medeiros 25/09/2010

Um escritor talentoso com abordagens infelizes

Bandoleiros me fez chegar à seguinte conclusão: João Gilberto Noll é um bom escritor. Afinal, é difícil fazer o leitor ficar preso ao seu livro e não querer deixá-lo de lado até o término da última página. Porém, ele é também uma figura no mínimo curiosa, pois consegue reter a atenção de seus leitores mesmo que suas tramas sejam fracas, cheias de problemas que vão desde as abordagens à elaboração de personagens.

Não costumo escrever resenhas imprimindo um tom pessoal aos textos, mas não encontrei melhor maneira para exprimir a conclusão a que cheguei ao ler esse romance de 1985, que ganhou nova edição ano passado pela Record. Todavia, antes da conclusão veio a constatação. Meu primeiro contato com esse escritor gaúcho foi em 2007, quando li, em apenas dois dias, outro de seus romances, intitulado O quieto animal da esquina (1991). A leitura fluiu de forma tão rápida, direta e espontânea que me causou surpresa, afinal, não se tratava de uma obra, digamos, empolgante. Constatei então que era o caso de um grande escritor, mas com abordagens infelizes.

Agora, ao ler Bandoleiros, cheguei à conclusão de que estou certo, a começar pelo título. O leitor percorre todas as 159 páginas tentando achar os bandoleiros e apenas encontra um grupo de crianças que jogam morro abaixo o corpo de uma das principais personagens do livro. Pois não dá para dizer que as demais personagens do romance mereçam o título de bandoleiros, afinal, elas demonstram serem mais vítimas do que malfeitoras. A não ser que passemos a considerar as constantes rasteiras que essas possíveis vítimas dão umas nas outras. Mesmo assim, isso apenas caracteriza mais essas vítimas: seres fracos, que não conseguem vencer suas limitações de naturezas diversas e apelam à sucção da pouca força de outros seres fracos.

A trama se passa nas cidades de Porto Alegre e Boston. O narrador é também o protagonista e relata os acontecimentos dos últimos meses, quando passou uma temporada nos Estados Unidos, ao lado de sua mulher. Ada, que até então era sua esposa, ganhara uma bolsa de estudos na Boston University para pesquisar as Sociedades Minimais. Porém, horas antes de ele voltar sozinho para o Brasil, encontra Steve, com quem passa horas estranhas e angustiantes.

Contudo, a história não é contada dessa forma, a ordem dos acontecimentos sofre variações. Começa pelo fim, depois vai para o meio, passa pelo começo, volta para o meio e finalmente volta para o começo, mas nunca mais retoma o fim da história, deixado lá atrás. Embora essa ordem, ou desordem, talvez possa provocar confusões na cabeça do leitor, ela é feita de forma bastante inteligente e remete à construção de filmes. Característica que, aliás, tem muito a ver com as tendências pós-modernas, já que a cada dia se intensifica a utilização da fusão de linguagens como recurso estético.

Há um fato que me deixou curioso e não posso deixar de mencionar: no começo do livro, o leitor recebe a informação de que o protagonista conheceu Steve no Brasil, depois de chegar dos Estados Unidos; porém, já quando a leitura se encontra bastante avançada, o leitor toma conhecimento de que o primeiro encontro se deu no aeroporto americano. Mas afinal, foi no Brasil ou nos Estados Unidos? É aí que parece morar uma possível inverossimilhança, pois se o que o autor de Bandoleiros usou foi o recurso do flashback, mostrando primeiro o reencontro entre os dois para só mais adiante mostrar como eles se conheceram, não faz sentido que no reencontro nenhum dos dois se reconheçam e se tratem como estranhos, já que o contado no aeroporto se deu apenas meses antes. E convenhamos que uma tarde tão esquisita como a que os dois passaram nos Estados Unidos não é tão fácil de esquecer.

Fora isso, as personagens são bem construídas – mas algumas, pouco trabalhadas, mesmo tendo um potencial literário elevado. Exemplo disso é o jovem poeta do início do romance, interessante personagem que desaparece logo após ser usado por Ada para tentar provocar ciúme no personagem-narrador. O mesmo acontece com Jill, mulher de Steve, que aparece só no fim e renova o interesse do leitor pelo romance, mas acaba sem desfecho. Outra boa personagem é João, amigo do protagonista, que aparece logo na primeira frase e reaparece na última e que tem apenas uma função no romance: recepcionar o amigo no aeroporto brasileiro para logo após morrer na casa do protagonista. É como se elas só tivessem sido criadas para justificar as ações e razões de Steve e do narrador-personagem; o problema é que esses pontos de articulação acabam ficando sem consistência, pois são frágeis como a própria personalidade dessas personagens.

Uma das passagens mais interessantes é quando se tenta explicar sobre a Sociedade Minimal, filosofia de vida seguida por Ada e suas companheiras de apartamento, Alicia e Mary. Essa sociedade seria “um núcleo comunitário mínimo, que fosse capaz de produzir suas próprias fontes de consumo, sem a necessidade de interferência externa”. Mas o curioso é a forma com que o assunto é tratado, mesmo que em tom pejorativo, afinal, a Sociedade Minimal é apenas levada a sério pelas três personagens citadas, que são consideradas lunáticas por isso.

De certa forma, a presença dessa concepção filosófica no romance parece se configurar como uma alegoria ou metáfora às ideologias que são seguidas sem limites, de forma arriscada e fanática. O desfecho para as três moças – elas sim têm um bastante definido – não é muito animador, mas faz pensar que para o autor a natureza humana é mais relevante do que essas idéias que promovem agrupamentos isolados e excludentes, mais concentrados em achar formas de distinção do que preocupados com o que é geral na vida humana.

Das duas umas: ou João Gilberto Noll é um escritor incompreendido, talvez apenas por mim, ou não consegue se fazer compreender. O fato é que Bandoleiros pode estar longe de ser um bom livro, mas não dá para negar que sua leitura é prazerosa e seu autor, talentoso.
Andinho 02/08/2013minha estante
Bela resenha! fez me voltar a ler mais Noll. Um escritor interessante.




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