Juliana 23/01/2014Intenso, dramático e excelenteA história do livro se passa no mesmo ambiente que as trilogias anteriores da autora: Guerras do Mundo Emerso e Crônicas do Mundo Emerso, porém em um tempo diferente, com 50 anos passados desde os eventos ocorridos no primeiro e 100 anos após o segundo (o primeiro e o segundo citados, não a primeira e segunda trilogia, Crônicas do Mundo Emerso vem antes). Sendo assim, o livro é uma espécie de continuação, com alguns personagens de outras trilogias, agora em idade avançada, aparecendo nesta nova série. Para os que ainda não leram, sugiro que comecem a leitura pelas Crônicas do Mundo Emerso, em seguida leiam as Guerras do Mundo Emerso, para só então ler as Lendas do Mundo Emerso. Faz tempo que li as séries anteriores, mas posso adiantar que gostei bastante de todos os livros.
Para quem não sabe, o Mundo Emerso é um mundo habitado por Humanos, Ninfas, Gnomos e Dragões, sendo o últimos, parte da famosa ordem dos Cavaleiros de Dragão, defensores da paz e da justiça. O Mundo é dividido em oito reinos: Terra do Vento, Terra da Água, Terra do Mar, Terra do Sol, Terra dos Dias, Terra da Noite, Terra dos Rochedos, Terra do Fogo e a Grande Terra, território neutro entre os reinos. Cada uma dessas Terras tem suas particularidades que são explicadas com mais detalhes na primeira trilogia.
Bem, passando essa breve introdução, vamos à história propriamente dita. O livro narra a história de Adhara, uma jovem que acorda sobre um gramado sem nenhuma memória sobre si, não conseguindo se lembrar nem mesmo de seu rosto ou de seu nome. Ela segue suas andanças, movida por seus instintos, enquanto busca descobrir quem ela é e como foi parar naquele lugar onde acordou. Em suas andanças ela conhece Amhal, um jovem Cavaleiro de Dragão que tenta ajudá-la em sua busca pelo passado.
Durante as viagens de Adhara e Amhal, percebe-se o aparecimento de uma nova e mortal doença, que ameaça se espalhar por todo o Mundo Emerso, preocupando regentes de todos os reinos, e levando a população a um estado de selvageria provocado pelo pânico.
Logo no início da narrativa, também somos apresentados a personagens um tanto obscuros, definidos como Kriss e O Homem de Preto. Pelo tom das conversas, pode-se adivinhar que esses personagens seriam os antagonistas da narrativa, mas muito pouco é revelado sobre eles. Também participam do livro personagens já conhecidos por quem já leu as outras obras da autora, como Dubhe, Learco, San e Theana.
O livro é bastante interessante, a história tem um ritmo bem rápido e faz com que o leitor não consiga parar de ler, em sua curiosidade de saber o que acontecerá em seguida. A narrativa segue bastante agradável até quase a metade, quando acompanhamos os personagens em suas descobertas. Porém, a partir dai, a trama começa a se complicar cada vez mais, deixando os leitores angustiados a medida que a situação do Mundo parece se complicar cada vez mais, com cada vez menos esperanças de melhoria.
Posso dizer que o livro me afetou sobremaneira, foi o primeiro livro que me fez molhar os olhos. Não cheguei a chorar, acho que nunca li um livro ou filme que tenha me feito chorar. Não falo isso com intenção de me gabar, apenas procuro ressaltar o quanto a história me afetou a ponto de me fazer chegar a esse estado. O motivo disso, além da decadência prolongada do mundo onde a história se passa, está em três fatores, que geralmente são as coisas que mais me provocam raiva em uma história, e nesse livro as três coisas ocorrem, de forma combinada, me levando a um estado de frustração que eu nunca havia sentido. Tive vontade, muitas vezes, de interferir na história, de pegar os personagens e sacudí-los até vê-los voltar à razão.
Apesar dos pesares eu gostei muito do livro, e recomendo àqueles que gostam de aventura, com presença de magias e objetos mágicos, uma boa dose de drama e uma pitada bem colocada de romance. Os personagens, assim como o Mundo onde a trama é ambientada, são bem desenvolvidos, com a dose certa de profundidade e complexidade. O livro é excelente, consegue envolver o leitor, fazendo-o rejubilar-se com as vitórias dos personagens e entristecer-se com suas perdas, que não são poucas.
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