Christiane 10/06/2014
Li este livro duas vezes. A primeira leitura teve um interesse mais psicológico, de como se processa o luto de uma mãe. A segunda leitura ocorreu após eu mesma perder a minha mãe. Neste momento a leitura foi como um reconhecer-se num processo doloroso de luto.
Barthes sempre viveu próximo a sua mãe, e tinha um grande amor por ela. Quando de sua morte ele passou a viver um luto intenso, e começou a anotar em fichas o dia a dia do processo. É uma vivência real, não é um recontar, ou um livro que se escreve depois sobre um processo de luto, e por isto foi tão fundamental lê-lo quando eu passava pelo mesmo processo. Quando nos ocupamos de uma mãe, ou pai, cônjuge, filho, e de repente não temos mais que fazê-lo, notamos o quanto nossa vida se direcionou para isto, e tinha sentido nisto, e então ficamos com dificuldade de aceitar a liberdade que nos vêm desta morte, pois é como se o preço disto fosse muito alto. As dores, a raiva, a falta, o não saber o que fazer de si, o ritual, as homenagens. É o dia a dia do luto.
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