Bruna Fernández 11/09/2013Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.brA cada volume de A Sétima Torre que eu leio, acabo me interessando mais e mais pela escrita de Garth Nix. Sempre vejo títulos do autor pelas livrarias que passo, mas sempre fiquei com o pé atrás por não conhecer o estilo de escrita dele. Chegando agora no meio dessa série, acredito que todos os livros dele devam ser bons e se você gosta de livros de fantasia e aventura, pode comprar sem medo. Mas vamos ao que interessa: Aenir, o terceiro livro de A Sétima Torre.
O enredo começa (quase) exatamente onde ele terminou no volume passado, com Tal e Milla em Aenir. Porém, antes de voltar para o impasse em que os dois heróis se encontravam desde a cena final de O Castelo junto aos Pastores de Tempestades, nós somos apresentados a um objeto/personagem e acabamos por conhecer melhor seu mecanismo e a sua história. Foi um início inusitado e que me agradou muito, pois já prepara o leitor para o que vem por aí no enredo. Nesse volume, além desse começo diferente, temos uma quebra no padrão de como a narrativa se desenvolve pois, depois de alguns impasses e problemas (que não serão revelados nessa resenha porque eu considero a info um spoiler!), Tal e Milla acabam se separando um do outro em Aenir. E como o autor nos relembra em vários momentos, Aenir é um lugar de muita magia e, por isso, um lugar muito perigoso para se estar, ainda mais sozinho.
Ao contrário do que eu imaginava, e do que geralmente ocorre, o autor já começa a dar algumas respostas para algumas das maiores perguntas/dúvidas que foram levantadas até aqui. Descobrimos mais informações sobre o Códex, muitas delas contadas pelo próprio objeto que narra sua chegada, vivência e releva até mesmo localidade e quem o levou para Aenir. Descobrimos também mais sobre a criação do Véu, o Esquecimento e conhecemos também uma base de histórica dos ancentrais de Milla – e de Tal. Não é muito, que nos leva a desvendar toda a trama da série, mas é o suficiente para impulsionar a curiosidade e a imaginação do leitor para dar continuidade à leitura da saga. São reveladas também as localidades dos parentes “sumidos” de Tal: seu pai e seu irmão Gref.
Diferentemente também dos volumes anteriores, a narrativa vai alternando entre as aventuras de Tal e Milla, sempre deixando o leitor louco da vida pois quanto mais perto de algum perigo ou perto de decifrar algo o personagem está, Garth Nix muda o foco para o outro personagem segurando o leitor e sua curiosidade. Entretanto não há o sentimento de desníveis na narrativa por causa dessas alternações pois o ritmo da aventura não diminue ao mudar o foco de Tal para Milla ou vice-versa, pelo contrário. Ficamos com a impressão de que estamos “correndo” com a história, devorando as páginas para saciar logo a curiosidade e saber se os dois improváveis heróis vão conseguir se livrar de suas enrrascadas pessoais, se reencontrar, resgatar o Códex de Aenir e ainda retornar para o Castelo.
Apesar de nunca desistirem de sua missão, os personagens revelam uma certa desconfiança constante e, mesmo separados, ambos em algum momento da jornada se questionam: “estamos/estou fazendo a coisa certa?”. A separação dos dois durante uma parte do enredo acaba se mostrando completamente fundamental para que as personagens tenham tempo de digerir o que aconteceu e os leitores também. Ao se reencontrarem, fica difícil escolher um lado para defender pois ambos apresentam claramente seus motivos para estarem irritados, chateados e até mesmo decepcionados um com o outro e é possível compreender a ambos – nenhum dos dois está errado. Tal sabe que errou e Milla entende o motivo que o levou a esse erro. Porém uma barreira invisível fica entre os personagens de modo que, apesar de ambos desejarem quebrar essa barreira pois fica claro que um vínculo muito forte já foi criado entre eles, nenhum deles sabe como dar o primeiro passo.
Achei muito interessante a forma como Nix mostra esses personagens que ao mesmo tempo são tão diferentes, possuem culturas e crenças em pontos extremos e que ainda assim conseguem colaborar entre si, mostrando um respeito mútuo e que se esforçam até mesmo em não questionar o ponto de vista um do outro. Isso tudo sem desviar a leitura de seu curso fantástico e sem deixar os personagens chatos e planos.
Só deixo aqui um aviso: o livro não tem um desfecho redondo, deixando um enorme gancho para a continuação. Portanto se você é daqueles sem paciência que não se aguenta de curiosidade, já tenha em mãos o quarto livro da série, Acima do Véu, antes de ler o capítulo final de Aenir e engate uma leitura na outra – assim como eu fiz! ;)