Memórias da casa dos mortos

Memórias da casa dos mortos Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Memórias Da Casa Dos Mortos


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Monique @librioteca 02/11/2019

Dostoiévski estava no auge da juventude e colhia frutos do seu sucesso quando foi preso e julgado pelo seu envolvimento político com ideias socialistas diante de uma Rússia Imperial truculenta. O autor, então, cumpriu 4 anos de sentença na prisão conhecida como Casa dos Mortos. Essa experiência conferiu autenticidade nas descrições das circunstâncias da vida dentro do sistema prisional, bem como, na retratação do caráter dos condenados que nelas viviam. Embora esse livro seja um romance, trata-se de fato de um relato documental que revela o sofrimento diante de um cárcere física e mentalmente degradante, principalmente no que diz respeito à anulação das individualidades, e ao mesmo tempo crítica um sistema que foca na punição e falha totalmente na regeneração do cidadão para a sociedade. O livro é bom no geral, porém levei um tempo maior para completar a leitura, embora estivesse interessada em chegar ao final, pois achei o seu desenvolvimento um tanto monótono. Mesmo sabendo que o estilo de Dostoiévski é mais intimista e leva à um olhar mais profundo, faltou algo que me cativasse nessa história. Pessoalmente, em relação à retratação do ser humano diante do cárcere, eu prefiro outras leituras como: Carandiru, de Drauzio Varella ou É isto um homem, de Primo Levi.
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@pedro.h1709 20/10/2019

Memória da Casa dos Mortos
O livro "Memória da Casa dos Mortos", da autoria de Fiódor Dostoiévski, e que possui um título muito chamativo por sinal,  contém as experiências pessoais do autor durante o período em que esteve detido por quatro anos em uma prisão na Sibéria.

A realidade do presídio russo descrita pelo autor é chocante, mas parece mostrar como o ser humano é adaptável ao meio em que se encontra, devido ao seu instinto de sobrevivência e mesmo à vaga esperança que os condenados nutriam por liberdade; fazendo-os suportar as jornadas de trabalho forçado, os castigos físicos e até mesmo se empenhando, durante os horários de descanso, em pequenos serviços ou artimanhas que lhes renderiam alguns copecks (unidade monetária russa).

O autor não encara os detentos como pessoas incompreendidas, apesar de fazer parte daquele grupo no momento (mesmo que de maneira deslocada por sua origem fidalga), mas também não julga o mérito de cada um por ter sido condenado a um futuro de degradação; ainda assim, ele busca observar e compreender o valor de cada indivíduo.

Os períodos mais significativos da narrativa, em minha opinião, são:

Primeiro, a amizade de Fiódor Dostoievski com um cão que vivia por entre as casernas do presídio; além da descrição dos outros animais que habitavam o lado de dentro dos muros como demais cachorros, uma águia ferida e um cavalo para auxiliar nos trabalhos internos;

Segundo, a dificuldade em despir-se para poder se lavar devido aos grilhões que usavam, e de mover-se dentre a grande quantidade de presos que se amontoavam e disputavam qualquer espaço dentro das salas de banho, evento que ocorria uma vez por ano;

Terceiro, a grande dedicação e preparo dos detentos que integravam o teatro carcerário de final de ano, que era assistido até mesmo pelos guardas;

Quarto, e por último, uma tentativa de fuga que deixou todos os detentos empolgados em saber mais notícias sobre aqueles que teriam conseguido realizar tamanha façanha, além de deixá-los a conjecturar se outros seriam capazes de fazer o mesmo ou sobre quanto tempo levaria até que os fugitivos fossem recapturados.

Pessoalmente, demorei bastante para completar a leitura do livro, apesar deste não possuir grande número de páginas... não pelo livro ser desinteressante, certamente não o é, mas por ter considerado o desenvolvimento um tanto monótono, de maneira que não havia para mim um encorajamento nem ansiedade de seguir virando páginas sem parar. No entanto, ainda mantenho a vontade de voltar à literatura de Dostoiévski em livros como "Crime e castigo" ou "Humilhados e ofendidos" em um futuro próximo.
Aline Teodosio @leituras.da.aline 20/10/2019minha estante
Os livros de Dostoievski são mesmo: introspectivos e reflexivos. Esperar reviravoltas e movimentos é certamente um passo para a frustração. O que ele faz mesmo é nos induzir a um mergulho na alma humana, desvendando suas diversas nuances e facetas.




Ana P. Luz 26/01/2019

Dostoiévski nunca decepciona
Este livro é bem diferente das demais obras do autor, ainda sim, nota-se a genialidade de Dostoiévski na descrição dos demais detentos, nas observações do dia a dia e na precariedade das condições em que viviam.

Me emocionei, senti repulsa, tristeza, etc. ao longo da leitura. Livro interessantíssimo. Recomendo fortemente a sua leitura!
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Lucas 01/10/2018

Sentindo na pele a realidade desesperançosa de um presídio: Um relato do "homem", não do autor
Nenhuma experiência é realmente compreendida se não for sentida na pele. Este é um fato secular, compactuado pelo eterno Fiódor Dostoiévski (1821-1881) por meio de Memórias da Casa dos Mortos, sua obra de 1862 que é um dos maiores símbolos das chamadas memórias carcerárias da literatura.

Dostoiévski era e ainda é tido na Rússia como um escritor que acima de tudo olhava para o povo mais humilde, desprendendo seu olhar da questão mais óbvia de uma boa narrativa (montar uma trama que faça o leitor ter apego ao texto). Boa parte dessa sua característica popular pode ter advindo de um experiência terrível, que o aproximou de si mesmo e de uma parcela importante da miséria de seu país. Sob acusação de subversão, o já popular escritor (havia publicado quatro romances até então) foi preso, em 1849. Sua prisão e posterior condenação foi cercada do bizarro e do imponderável: o czar Nicolau I condenou ele e boa parte de seus companheiros de discussão literária (o chamado Círculo Petrashevski) à pena de morte por fuzilamento. A sentença seria aplicada no final daquele mesmo ano, mas quando já estava para ser fuzilado na prisão, surgiu a informação de que a pena seria convertida em trabalhos forçados e posterior serviço militar. Tal fato (a conversão da pena) tinha sido decidido com bastante antecedência, mas foi mantida em segredo propositalmente. Por muito pouco, portanto, a humanidade seria privada de um dos seus maiores escritores por uma simples leitura pública de material contrário ao Império Russo.

O autor foi, então, levado à Sibéria para cumprir seus anos de trabalho forçado, em prisões paupérrimas, ainda mais se for levado em conta o imenso frio que lá faz no inverno. O tempo total de reclusão de Dostoiévski foi de quase dez anos, mas, ao contrário do que se pensa, o regime de trabalhos forçados durou até o começo de 1854. A partir daí, a pena se baseou num serviço militar, inicialmente por tempo indeterminado.

Independente do tempo, a prisão atuou fortemente no então jovem Dostoiévski (tinha apenas 28 anos quando foi preso), não só no aspecto físico (foi lá que ele desenvolveu a epilepsia, que o acompanhou até o fim da vida) e pessoal (foi durante o serviço militar que ele casou-se pela primeira vez, com Maria Dmitriévna, falecida em 1864), mas também e principalmente no seu estilo de escrever. O desespero, a loucura, os surtos psicóticos e o niilismo, todos tão presentes no meio carcerário, acabaram formando a tônica de suas obras no período pós-prisão, as quais são, indiscutivelmente, os maiores símbolos de sua carreira literária. Esta mudança se faz perceptível em Memórias da Casa dos Mortos, a obra dedicada a este período de grande dificuldade de sua vida. Sem parecer literal (é genial o estratagema que conduz a isso e que é construído no primeiro capítulo do livro), Dostoiévski monta uma narrativa em primeira pessoa repleta de crueza, dor e desesperança, marcas registradas do seu tempo de cárcere.

Tal narrativa tem tudo isso e o que é de mais simbólico em se tratando do autor. Diante ainda da realidade carcerária que serve de pano de fundo, há também espaço para reflexões de validade secular, capazes de desconstruir paradigmas legais que servem de discussão ainda hoje. A percepção das penas, por exemplo, é algo vago e muito íntimo de cada preso. Um ano de reclusão não são 365 dias de cerceamento de liberdade para todos os reclusos: por características próprias de cada um, sejam relacionadas à influência social ou ao delito em si, o tempo de pena pode ser encarado até com displicência, dependendo do elemento. Outro ponto muito comentado é a subjetividade oculta que há na punição por prisão. Afinal, a reclusão é um processo corretivo de homens que infringiram a lei? Ela é uma simples ferramenta que serve para privar a sociedade da convivência com estes "elementos subversivos", que hoje em dia teriam outros nomes, ou nem uma nem outra coisa?

Como toda abordagem que convida a reflexão, mas que jamais esgota o tema, Dostoiévski também expõe o lado "menos humano" dos presos, destacando seus erros e condutas que os conduziram a tal estado. A questão do cárcere em si volta à cena trazendo consigo o "código moral" próprio dos presos, que levavam muito em conta aspectos externos (que teoricamente não fariam diferença alguma na reclusão) dos seus colegas de cela, em essência a origem de cada um (diga-se, realidade financeira).

O cárcere por trabalhos forçados, ainda presente em muitos países do globo (não em termos oficiais, óbvio), é fonte das maiores e mais indiscutíveis reflexões trazidas pelo narrador. As falhas da justiça são capazes de conduzir indivíduos inocentes a destinos irremediáveis: por mais que tais equívocos não sejam frutos da justiça em si, o verdadeiro ponto de discussão é a prevenção a estes erros, quer seja por meio de princípios universais (o direito à legítima defesa, com tempestividade) ou por estruturas jurídicas mais confiáveis, que se situem no meio-termo entre celeridade e efetividade. Como já citado, por um triz o mundo perderia um dos seus grandes literatos por uma mera divergência política, que não se associa diretamente ao raciocínio exposto, mas que ilustra bem o impacto que um erro jurídico pode causar, seja no aspecto social ou humano.

Memórias da Casa dos Mortos não é um livro "central" na carreira literária de Dostoiévski. Nem é, aliás, o seu primeiro trabalho após a saída da prisão (Humilhados e Ofendidos ocupa esse posto, lançado em 1861). Sua validade, todavia, está em ser um símbolo escrito do "homem" Dostoiévski, antes mesmo do "escritor". Ao ter nas mãos a bela edição da editora Martin Claret (traduzida direto do russo por Oleg Almeida), o futuro leitor deve estar ciente de tudo que está em suas páginas reconhece o valor da liberdade e os efeitos cáusticos que a sua restrição é capaz de causar aos mais diversos tipos de indivíduos.
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Lismar 07/09/2018

Outra Obra-Prima de Dostoiévski.
Vou te contar, só sendo mesmo um gênio da literatura para criar uma obra, cujo elemento predominante nesta é a monotonia, e transformá-la em um ato que consegue prender a atenção do leitor do início ao fim.
É muito difícil querer falar sobre Memórias da Casa dos Mortos, sem revelar alguns pontos chave. Por ser um livro curto, 333 páginas, Dostoiévski foi bem lacônico, se comparado a suas outras criações - tais como Crime e Castigo e Os Demônios, por exemplo - até porque, como ele mesmo afirma em sua escrita, seria inviável abordar o dia-a-dia do presídio, durante 10 anos, sem cansar o leitor. Pois, como eu disse anteriormente, o tédio impera em sua obra. De um constante incômodo nos primeiros meses de carceragem, evoluindo para o completo desespero com o passar dos anos. Cabendo aos encarcerados encontrar maneiras de superá-lo para não sucumbirem à loucura ou ao suicídio. A emoção quando certo preso consegue ter em mãos um livro, após anos sem ler nada, é emocionante. Uma pequena fuga, um escape, mesmo momentâneo, de sua sofrida realidade é agarrada com lágrimas e felicidade.
Além de narrar esse quotidiano melancólico, Dostoiévski não poderia deixar de mergulhar na mente dos inquilinos do presídio. Tal como um médico legista, ele disseca a psique dos camaradas do protagonista e as expõe em digressões, explicando seus comportamentos e humores. Aliás, essa deveria ser uma obra obrigatória aos responsáveis à frente das instalações carcerárias para entenderem o que se passa na mente dos detentos: suas revoltas, medos e expectativas. O que com certeza acarretaria em bem menos amotinações.
O livro recebeu um tratamento primoroso pela Martin Claret, com capa dura, uma arte muito bonita na capa e em seu interior, além de uma fita para marcar a página.
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Alan Martins 13/03/2018

Livro antigo, mas uma leitura muito atual
“A sangrenta realidade de um presídio russo do século XIX”

Título: Memórias da casa dos mortos
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Martin Claret
Ano: 2016
Páginas: 334
Tradução: Oleg Almeida
Veja o livro no site da editora: http://martinclaret.com.br/livro/memorias-da-casa-dos-mortos/

“Qualquer pessoa, seja ela quem for e por mais humilhada que esteja, vem a exigir, embora por mero instinto, embora inconscientemente, que respeitem sua dignidade humana.” (DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias da casa dos mortos. Martin Claret, 2016, p. 136)

Baseando-se em experiências pessoais, Dostoiévski apresentou ao mundo como funcionava o sistema carcerário do Império Russo durante boa parte do século XIX, neste livro narrado pela perspectiva de um ex-detento.

QUANDO O MUNDO QUASE PERDEU UM GRANDE AUTOR
Com apenas vinte e sete anos de idade, Dostoiévski estava vivendo um sonho. Suas obras ‘Gente pobre’ e ‘Noites brancas’ faziam um grande sucesso na Rússia, recebendo inúmeros elogios por parte dos críticos; o jovem autor era apontado como o futuro nome da literatura de seu país. Porém, com a mesma velocidade que o sucesso veio, uma situação aterradora apresentou-se.

Dostoiévski participava de um grêmio vinculado à ideais socialistas, que exercia uma forte oposição ao governo do Czar Nicolau I. Totalitário como era, o imperador não permitia oposição; todos os membros desse grêmio foram presos durante uma reunião. Muitos companheiros de Dostoiévski morreram fuzilados. Ele mesmo teria sido, mas Nicolau I mostrou que possuía “compaixão” e sentenciou o autor a quatro anos de trabalhos forçados, em um presídio na Sibéria, pelo seu crime de ler uma carta proibida em público.

Foram os piores anos de sua vida, muitos acreditavam que o jovem Dostoiévski não sobreviveria à vida em cárcere. Para a felicidade do mundo ele sobreviveu e, alguns anos após recuperar sua liberdade, escreveu uma obra clássica, inspirada no tempo em que passou na Casa dos Mortos.

“Há quem diga (ouvi falar e li a respeito disso) que o maior amor pelo próximo é, ao mesmo tempo, o maior egoísmo.” p. 105

CRÍTICA SOCIAL
As obras mais aclamadas de Dostoiévski são conhecidas por possuírem grande profundidade psicológica, trata-se de um autor que gostava de explorar o íntimo da personalidade de suas personagens. Todavia, podemos dizer que essa foi uma segunda fase de sua carreira literária.

Seus primeiros livros possuíam um grande teor social, ele gostava de mostrar como a sociedade russa de sua época era excludente, altamente desigual e elitista. Talvez ‘Memórias da casa dos mortos’ esteja entre essa transição de fases, pois possui características psicológicas, algumas explorações sobre o comportamento dos presidiários, mas o forte dessa narrativa é sua crítica social, explicitando as crueldades que existiam dentro das prisões e como o sistema carcerário era falho ao extremo.

O autor misturou realidade e ficção para compor esse “romance”. A narrativa é uma espécie de diário fictício, escrito por Alexandr Petróvitch, fidalgo condenado à prisão após assassinar sua esposa. Ele narra como foram seus anos na Casa dos Mortos, o que viu por lá, como eram seus habitantes, como o sistema funcionava e seus sofrimentos ao adaptar-se à nova realidade de trabalhos forçados. Prepare-se para conhecer autoridades cruéis e um sistema carcerário punitivo, onde castigos, como chibatadas, eram constantes e constitucionais.

“Há pessoas que, sem terem matado ninguém, são mais pavorosas que o autor de seis homicídios.” p. 131

FAZENDO UMA PONTE COM O PRESENTE
Falando de Brasil, nosso sistema prisional é justo? Todos são tratados da mesma forma, independente de origem, de situação socioeconômica?

Vemos, durante a leitura dessa obra, como os fidalgos condenados são tratados, pelos soldados e demais funcionários do presídio, de forma menos violenta do que aqueles presos de origem camponesa. A Rússia tratava o povo mais pobre como animais, eram pessoas com vidas sofridas. O contraste social era enorme, principalmente quando fosse para punir alguém com um castigo; os mais pobres sempre recebiam as piores formas de tortura. E havia certa inimizade entre camponeses e fidalgos, não se misturavam, como água e óleo, apesar de existir certo respeito mútuo.

Punir um preso o torna apto a viver em sociedade novamente, após cumprir sua sentença? Desde a época de Dostoiévski podemos observar que um sistema punitivo e violento não melhora a conduta de ninguém, ao contrário, cria-se mais problemas. Não seria um sistema educacional muito mais eficaz para proporcionar maiores oportunidades de reinserção social? A leitura de ‘Memórias da casa dos mortos’ está aí como um documento histórico para levantar e apoiar esse debate. Sua leitura mostra como um preso, privado de seus direitos, de sua liberdade, acaba perdendo sua identidade, com sua dignidade é esmagada, acaba sentindo-se como algo que não um humano (questões psicológicas muito interessantes abordadas pelo autor).

Ademais, governos totalitários e violentos, que retiram a liberdade individual, são grandes atrasos para a humanidade. A Rússia e sua história são exemplos disso. Os governos czaristas foram excludentes, elitistas, totalitários e violentos. Houve as revoluções, os governos socialistas subiram ao poder. A situação continuou a mesma. Esse país gigante em dimensões territoriais poderia ser gigantes em outros sentidos também, mas teve muito azar com seus governantes. Essa é uma questão importante desse livro: como a liberdade é essencial para o ser humano.

“O homem não consegue viver sem trabalho real, privado de propriedade legítima e normal: ele se degrada, transforma-se num animal.” p. 34

SOBRE A EDIÇÃO
Realizando um grande trabalho com as obras de Fiódor Dostoiévski, esta é mais uma bela edição publicada pela Martin Claret. Capa dura, miolo em papel off-white (é bem parecido com o Pólen Soft, no livro essa informação não consta com precisão), ótima diagramação e margens de muito bom tamanho, facilitando a leitura e a abertura do livro, além de um lindo projeto gráfico. Para aqueles que gostam, a edição vem com uma fitinha para marcar as páginas.

Oleg Almeida, poeta e tradutor titular das obras russas publicadas pela editora, mais uma vez entrega uma excelente tradução. Escolhas de palavras que buscam manter o estilo corrido, estranho e, às vezes, coloquial de Dostoiévski, com muitas notas de rodapé que ajudam o leitor a situar-se na Rússia do século XIX. Um tradutor com grande conhecimento naquilo que faz, ainda mais por possuir o russo como um idioma materno. São traduções muito boas para conhecer a literatura russa de maneira mais fiel.

Minha edição foi cedida pelo próprio Oleg que, com muita gentileza, a enviou para mim, assim como algumas de suas obras autorais, que em breve aparecerão no blog. Recentemente ele me concedeu uma entrevista, que, por sinal, ficou muito bacana. Você pode visualizá-la clicando AQUI.

“[…] se, desde o primeiro encontro, a risada de alguém totalmente desconhecido for de seu agrado, não se acanhem em dizer que é uma pessoa boa.” p. 58

CONCLUSÃO
Experiência interessante para conhecer o lado de crítico social desse grande autor que foi Fiódor Dostoiévski (e continua sendo). O sistema prisional russo foi um dos mais sangrentos da história e o autor retrata isso com propriedade, em uma narrativa bastante descritiva, com poucos diálogos. E essa característica descritiva não deixa a leitura enfadonha, muito menos cansativa. É um livro onde você irá virar as páginas com muita velocidade e vontade, pois o fator histórico aguça a curiosidade. Apesar de antiga, a obra mostra-se bastante atual, pois aborda um tema recorrente, uma discussão ainda muito presente em nossa sociedade. Afinal, um presídio deve punir o condenado, ou buscar formas de reinseri-lo na sociedade. Formas estas que não usem de violência, mas talvez formas baseadas em educação, pois está mais do que provado que a violência não melhora a conduta de ninguém.

“O homem é um ser que se acostuma a tudo, e essa é, a meu ver, sua melhor definição.” p. 26

Minha nota (de 0 a 5): 4,5

Alan Martins

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site: https://anatomiadapalavra.wordpress.com/2018/03/13/minhas-leituras-57-memorias-da-casa-dos-mortos-fiodor-dostoievski/
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alex 14/01/2018

Memórias da casa dos mortos
Pode ser que me faltem elementos para apreciar de verdade o livro. Mas o achei um relato superficial demais. Gostei não.
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su fern@ndes 29/09/2017

Muito se fala sobre Dostoiévski. Tanto que já até temos intimidade suficiente para chamá-lo de Dostô. Suas obras são fartamente discutidas e analisadas. Mas de Memórias da Casa dos Mortos eu nunca tinha visto nada, o que agora, depois da leitura, me deixa tentando entender o porquê.
Nosso amigo russo estava todo pleno, aos 27 anos, já colhendo os frutos de suas primeiras obras publicadas, Gente Pobre e Noites Brancas. Enquanto isso, também participava ativamente das reuniões de um grêmio socialista. E as coisas deram errado pra todos os envolvidos nesses reuniões, cujo assunto principal era a reconstrução do Império Russo. Dostoiévski foi preso e condenado a passar vários anos em presídios siberianos. Antes de começar a cumprir sua triste sentença, ainda sofreu tortura psicológica, tendo sido colocado na fila dos que iriam ser fuzilados. Pra nossa sorte, ele sobreviveu a tal gracinha e também a todos os horrores que presenciou na chamada Casa dos Mortos, presídio que recebeu esse nome porque seus "habitantes" deixavam de existir quando ali chegavam.
Mas claro que o homem que saiu de lá, tempos depois, não era mais o mesmo. E esse novo homem foi quem escreveu várias das maiores obras da literatura russa. Com tudo isso, fica fácil entender que seus admiradores precisam conhecer essa espécie de reportagem sobre o inferno vivido por Dostoiévski. O horror que, com certeza, foi fator determinante na formação da escrita do pai de Crime e Castigo e Irmãos Karamázov, entres tantos outros. Leitura mais do que recomendada.
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Rodiney 27/08/2017

Os grilhões caíram!
Poderia resumir esta obra em dois momentos: "O homem é um ser que se acostuma a tudo, e essa é, a meu ver, sua melhor definição." (p.26) e "Os grilhões caíram." (p.332).

Dostoiévski experimenta na prática essa máxima com que inicia suas memórias. Ele e seus companheiros encarcerados se adaptaram às circunstâncias mais caóticas.

A obra é riquíssima em estilos literários: carta, conto, parábolas, ironias, linguagem teatral, linguagem musical, etc.

Pode -se encontrar a influência do pensamento religioso do autor, seus diversos paralelos com a bíblia cristã (o Novo Testamento) e sempre paralelos irônicos e paradoxais.

As suas longas narrativas são primores artísticos raríssimos de serem encontrados. Narrativas longas que seguem um estilo único. O autor parte do simples para chegar-se ao complexo, ao que é essencial da natureza humana.

Sua crítica é afiadíssima. E um momento alto dessa crítica é quando indica a inépcia de intelectuais reunidos discutindo o destino dos homens sem terem nunca uma relação verdadeira com a realidade desses homens. Na página 136, ele diz: "Há quem ache, por exemplo, que basta o detento ser, de acordo com a lei, bem alimentado e mantido em boas condições para que tudo dê certo. Esse também é um equívoco. Qualquer pessoa, seja ela quem for e por mais humilhada que esteja, vem a exigir, embora por mero instinto, embora inconscientemente, que respeitem a sua dignidade humana. O presidiário sabe, por si só, que é um presidiário, um excluído, e bem conhece o seu lugar perante o comandante; porém, não existem ferretes nem grilhões capazes de fazê-lo esquecer que é um homem." Eis um paradoxo revelador que nos revela que o homem mesmo bem alimentado e em boas condições que tem sua dignidade humana, a sua humanidade desrespeitada provocará consequências desastrosas. Muito além de comida e bem-estar os homens precisam ser respeitados por serem homens.

Poderia falar muito mais sobre essa obra fundamental na vida de Dostoiévski, mas espero que essas poucas palavras já sejam suficientes para convidar a todos a mergulharem nessa mente grandiosa, nesse espírito atormentado e maravilhoso.

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Nomadigor 28/01/2017

Uma perfeita descrição de figuras humanas únicas, más e boas no mesmo caráter, iguais em diferentes aspectos. Dia-a-dia de uma rotina maçante que acompanhava os condenados por muitos anos e que pra cada um tinha um aspecto singular. Um realismo impressionante e desafiante no detalhamento, tanto físico quanto mental, dos personagens, dos lugares e dos rituais diários. Um dos preferidos romances meus.
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Cláudia 31/01/2016

Memorias da Casa dos Mortos é quase uma auto-briografia, na qual Dostoievki reúne muitas de suas próprias experiências do seu tempo de presidiário na Sibéria, através do fictício personagem Alieksandr Pietróvitch. A quem desconhece, Dostoievski foi condenado à pela de morte pelo governo russo em 1849, por conta de suas ideias revolucionarias, ou seja, por criticar o regime politico vigente no país à sua época. Entretanto, quando já se encontrava no pelotão de fuzilamento, recebeu foi perdoado e sua vida poupado, sendo sua sentencia convertida a quatro de trabalhos forçados em uma prisão na Sibéria.
Em seu livro, o autor não só relata a rotina, os hábitos e costumes na prisão, como também faz um exame psicológico de seus companheiros de cela. O livro traduz com maestria toda a angustia, aflição, monotonia e tédio de uma pessoa privada de sua liberdade, além de levantar importantes questionamentos acerca do sistema penitenciário, da psique e do caráter do ser humano.
Ao final, um trecho em especial: “Quanta juventude não se sepultou inutilmente atrás destas paredes, quantas grandes energias não se perderam aqui sem proveito! E, para dizer tudo: essa gente era uma gente extraordinária! (...) Mas foi debalde que sucumbiram energias poderosas, sucumbiram de uma maneira anormal, ilegal, irreparável. E quem tem culpa disso? Sim, esse é o ponto, de quem é a culpa?” Quase duzentos anos depois, ainda não temos resposta para esta, e outras tantas perguntas levantadas pelo autor, direta ou indiretamente, durante sua obra.
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Matheus Cunha 17/04/2014

O Mestre.
Só tenho uma coisa para dizer a respeito dessa obra maravilhosa.
Se tu tens depressão, não leia, se tu tens melancolia, bipolaridade ou qualquer tipo de distúrbio de humor NÃO LEIA ESSE LIVRO!
É uma obra excelente por excelência - eu sei pleonasmo - mas extremamente angustiante, mostra o pior da raça humana e destrói o pouco que há de bom.
ruannsr 10/09/2017minha estante
Por favor...


Frank.Seno 19/07/2020minha estante
Bem quem leu os livros de Dostoiévski antes da sua prisão e depois vai entende a importância destes livro.




jhimy Office-bo 15/05/2013

Memórias da Casa dos mortos, Uma prisão, literalmente!

O livro trata das impressões acerca do período em que Dostoiévski esteve no cativeiro na Sibéria, acusado de debater ideias revolucionárias, ficou preso 4 anos, período este, que marcou profundamente o autor. Bem, no cômputo geral, gostei do livro, apesar de ser uma leitura densa, pois Dostô (carinhosamente apelidado), exagera nas descrições, tantos dos diversos personagens que conviveram com ele na prisão siberiana, como nas descrições acerca das atitudes dos prisioneiros e de festas que, há muito custo, os presos organizavam, como no capítulo do espetáculo de teatro, a meu ver, desnecessário para o andamento de uma boa narrativa. Dostô analisa os diversos tipos de comportamentos humanos existentes neste recinto e as relações entre si, traçando um verdadeiro perfil psicológico dos prisioneiros. Confesso que gostei mais, do livro “Notas de Subsolo”, pois acredito ser mais sintético e objetivo que este, portanto, não aconselho este livro para quem esteja começando a ler Dostoiévski, pois repito, a leitura é muito densa, e parece que o leitor está preso ao livro, a leitura não avança, talvez seja essa mesma a intenção do autor, pois parece que estamos presos, tal como os prisioneiros da trama dostoiévskiana.
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Raquel Lima 05/04/2012

Dor
Ao terminar de ler este livro, o sentimento que temos é de angústia, solidão...Apesar da liberdade alcançada pelo autor, sentimo-nos como se não houvesse uma liberdade, com o significado de livre, sem amarras, sem correntes. Estamos presos há muitas coisas subjetivas em nossa vida que não nos fazem livres. A angústia de ter que estar com os que nos são próximos, mesma classe, mesmos gostos; nos deixam presos a barreiras sociais dificies de ultrapassar. Sofri muito em vários momentos com esta metáfora do autor da vida em sociedade, tendo como pano de fundo uma prisão, porque no fundo a cadeia era o mundo e nós eternos presos e soldados, com varas e linguas que cortam até mais a carne e a alma.
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