Walney 28/09/2021
Solitária, porém acompanhada
João W. Nery conta suas memórias e desafios depois de trinta anos sendo o homem que queria ser, sua transição, seus amores e dores e uma dose de grande coragem são a tônica das primeiras páginas deste livro. Com uma sensibilidade e coerência que trás a dor e a beleza de ser quem é, como diz a canção.
Viagem solitária é um primor de descobrimentos João W. Nery se abre, se expõe, se sente e faz sentir em cada página, seus amores e dilemas, não são poucos, felizmente a bondade de muitos, a compreensão de alguns abre as portas para que sua dor seja sanada, depois de muito correr atrás, finalmente a cirurgia foi feita e isso faz com que cada momento lendo o livro seja ímpar. E me faz perguntar isso nos faz mais humanos ou, mas complacentes? O livro narrado como um recorte de lembranças é uma viagem solitária dentro de nós mesmos, de questionamentos de como enfrentaríamos estas ou aquelas situações estando em seu lugar? Teríamos a sanidade e a maturidade tão importantes e necessárias para tal?
Nery realmente faz com que nos apaixonemos por cada momento vivido por ele, faz fluir sua história como um córrego, que desce pela colina abaixo, seu texto é realmente um presente em um assunto tão sério e delicado. Ao falar de seu filho e de seus amores, encontros e desencontros, nos faz pensa sobre tolerância e empatia, respeito e compreensão, que temos algum privilégio por não termos um drama ao precisar fazer uso de um simples banheiro, por exemplo, ou mesmo comprar roupas, ir à praia ou ao médico e ser reconhecidos por quem somos, sem reprimendas ou julgamentos. Amei cada página. E recomendo fortemente a todos, pois a dor de um é a dor de todos nós.