Anderson Tiago
13/06/2016Representa bem a franquia [INTOCADOS]Star Trek: Portal do Tempo não é uma novidade para os fãs da série e leitores brasileiros de sci-fi de longa data. O livro já havia sido publicado por aqui em 1991, pela própria Editora Aleph, junto a outros títulos da franquia, facilmente encontrados em sebos hoje em dia. No entanto, a melhor série de ficção científica de todos os tempos merecia muito mais que isso.
Acredito que, impulsionada pelo reboot dirigido pela mente brilhante de J.J. Abrams e pelo sucesso dos livros de Star Wars, a Aleph resolveu republicar Portal do Tempo no seu atual padrão de qualidade, com um trabalho gráfico excelente; um prefácio assinado pelo criador do site TrekBrasilis, Salvador Nogueira; e um glossário com os termos mais característicos da série, ótimo para quem ainda está adentrando no universo trekker.
Embora não possua um Universo Expandido tão bem desenvolvido e organizado quanto Star Wars, o livro da autora A.C. Crispin tem conexões diretas com dois episódios da série clássica de Star Trek, além de citar acontecimentos de vários outros em seu desenvolver. Esses episódios que inspiraram à escrita de Portal do Tempo são: “Cidade à Beira da Eternidade”, considerado um dos melhores episódios de toda a franquia e, principalmente, “Todos os Nossos Ontens”.
No primeiro, Kirk e Spock viajam no tempo, através de um misterioso portal consciente conhecido como Guardião da Eternidade. Eles precisam retornar à Terra no século XX para salvar o futuro das intervenções catastróficas causadas pelo Dr. McCoy que, vítima de um acidente com um medicamento que o torna paranoico e violento, havia retornado antes ao passado e acabando por modificá-lo de maneira desastrosa.
Em “Todos os Nossos Ontens”, Kirk, Spock e McCoy vão ao planeta Sarpeidon, prestes a se tornar uma supernova, para resgatar a sua população. Contudo, eles são surpreendidos com o fato de o planeta estar vazio. O trio acaba descobrindo que os habitantes haviam se transportado para o passado utilizando uma máquina chamada de atavachron. Um acidente acontece, transportando Spock e McCoy em 5 mil anos no passado, durante uma era glacial. Nesse meio tempo, Spock começa a agir de forma estranha, retrocedendo ao comportamento dos vulcanos primitivos. Ele, inclusive, conhece Zarabeth, uma habitante exilada do planeta, e se apaixona perdidamente por ela. Enquanto isso tudo acontece, Kirk vai parar um período medieval de Sarpeidon.
“Acidentalmente, McCoy e eu fomos transportados para o passado, para a era glacial de Sarpeidon. Estávamos morrendo de frio, quando uma mulher apareceu e nos deu abrigo. Seu nome era Zarabeth. Ela fora exilada sozinha, no passado, pela ação de um inimigo. Ficou presa lá, por um processo especial de condicionamento. Fui... afetado pela viagem. Voltei ao que nossos ancestrais eram 5 mil anos atrás. Um bárbaro: eu comia carne. E gerei um filho com Zarabeth. Eu não sabia disso, até há alguns dias.”
A história de Portal do Tempo se desenvolve quando Spock descobre, a partir de indícios arqueológicos, que o seu romance com Zarabeth resultou em uma criança. Decidido a salvar seu filho, Spock busca autorização para usar o Guardião da Eternidade e voltar no tempo para Sarpeidon. Ao retornar à era glacial daquele planeta, na companhia de Kirk e McCoy, Spock perceberá que ter um filho não será algo tão fácil assim. Embora seja um rapaz bem-educado, Zar terá que se acostumar com as novas tecnologias de 5 mil anos no futuro, além de se adaptar aos rígidos costumes vulcanos.
E foi justamente isso a única coisa que me incomodou durante a leitura. A facilidade e a velocidade com que Zar se adapta a um mundo totalmente diferente do seu, capaz inclusive de realizar cálculos avançados em um curto espaço de tempo, passa uma sensação de irrealidade. No entanto, entendo que isso faz parte do espírito da própria franquia e que não poderia esperar algo mais desenvolvido em um livro tão curto.
A situação da tripulação da Enterprise se agrava quando recebem o pedido de auxílio de uma outra nave da Federação. Uma esquadra de naves romulanas se aproxima de Gateway, o planeta que abriga o Guardião da Eternidade, uma arma terrível se cair em mãos erradas. A sua nova missão é proteger o Guardião e impedir que os romulanos desvendem o segredo das viagens no tempo. Tudo isso acontece enquanto a tensão se intensifica entre pai e filho.
“Os costumes de Vulcano são antigos e rigorosos. Filhos como eu são chamados de “krenath”, quer dizer “filhos da vergonha”. Os humanos também têm uma palavra para isso: “bastardo”. ”
Star Trek: Portal do Tempo entrega justamente aquilo que promete. Uma aventura cativante, divertida e emocionante, digna de fazer parte dessa franquia fenomenal. Acredito que a sua história daria um filme muito melhor do que alguns que acabaram sendo produzidos. Fico feliz que Portal do Tempo tenha sido republicado, alcançando uma parcela nova de fãs, eu incluso.
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