Dhiego Morais 15/09/2017Império da PrataGêngis Khan está morto. O ano é 1230 D.C. e o império mongol precisa de um novo líder, um cã dos cãs. O sucessor escolhido por Gêngis antes de sua morte é o seu terceiro filho, Ogedai. Para ascender como líder supremo, Ogedai Khan deverá lutar batalhas mais difíceis do que imagina: a inveja e o desejo se infiltram entre os mais próximos ao herdeiro elegido e ameaçam frustrar a expansão mongol pelo mundo conhecido.
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O quarto livro da série O Conquistador vem com toda a expectativa que Os Ossos das Colinas deixou ao ser finalizado. No entanto, ainda que esteja recheado de batalhas que atribuem movimento e ação à trama, o livro desaquece um pouco e acaba por centrar-se em tramas políticas que giram em torno da sucessão do Cã dos Cãs e à manutenção do mesmo e seu canato.
“[...] Isso não é vingança, Chagatai. É por meu filho. Não sou mais o homem que deixou você viver. Devido à minha mão ser capaz de golpear longe, você não será cã [...].”
De saúde frágil, Ogedai Khan teme por sua vida e decide para legitimar o seu poder trabalhar em seu legado, em sua cidade-capital, Karakorum. O empreendimento que desagradaria a Gêngis Khan consome dois anos e dá margem para que tentativas de assassinatos e desentendimentos entre os tumans.
Império da Prata poderia ser descrito como o livro de Tsubodai e de Sorhatani. É neste volume que compreendemos melhor ambas as personagens e que percebemos a real complexidade de suas ações e de seus raciocínios. Na medida em que as páginas avançam, torna-se difícil não admirar ou não se fascinar pela trajetória que essas personagens tão diferentes marcaram na história das nações.
Em um momento estritamente delicado, a rivalidade entre Chagatai e Ogedai cresce. Com Jochi morto por Tsubodai, o segundo filho de Gêngis acredita ser a escolha ideal para a sucessão e fará de tudo para conseguir o que deseja.
“— Família é tudo, Suntai, nunca pense que me esqueci disso... — Ele parou de falar, olhando durante um tempo para as lembranças. — Mas eu era a escolha de meu pai para sucedê-lo. Houve um tempo em que meu destino estava escrito em pedra, gravado fundo. Agora deve fazê-lo eu mesmo, mas não é nada mais do que realizar os sonhos do velho.”
Batu é um bastardo de Jochi. Elevado por Ogedai no exército mongol, ele estabelecerá um período de rivalidade doloroso com Tsubodai, o maior dos generais do antigo cã.
Conn Iggulden leva os leitores às terras frias e mortais da Rússia, da Hungria, Bulgária, e Polônia, ilustrando entre batalhas primorosas e estratégias sedutoras o avanço da Horda Dourada — como ficou conhecido o exército mongol de expansão — pelas terras a oeste, chegando até mesmo às fronteiras austríacas. Iggulden explica em suas notas históricas como o futuro da história mundial esteve a um passo de ser reescrito pelo bater do coração de Ogedai.
Sorhatani cresce como personagem vital e elabora estratagemas para aproximar os filhos do centro de poder mongol. Enquanto Mongke é enviado com Tsubodai para o oeste, Kublai permanece em Karakorum, assimilando culturas e conhecimentos importantes para os planos futuros.
O livro entra em seu ápice com as batalhas nos principados russos e, principalmente, durante a Batalha do Rio Sajo, onde Tsubodai demonstra a razão de ser chamado Bahadur — valente — e o de ser o maior dos generais de sua época, um dos responsáveis na construção do vasto império mongol.
“[...] Seu estômago se revirou com o fedor de tripas e morte misturado com pólvora negra queimada, uma combinação amarga que ele desejou nunca mais encontrar.”
Enquanto isso, de maneira paralela, Xuan, o Imperador Jin ainda sobrevive. Fugindo da horda mongol, resta apenas uma última saída: refugiar-se no Império Sung, ao sul, onde Lizong governa intocável. A hipótese de que Xuan seja menosprezado e ignorado existe, porém Xuan deverá correr esse risco se quiser escapar da fúria do povo de prata.
Muitas mortes acompanham o passar das páginas; mortes que exercem extrema influência na manutenção das terras do grande conquistador. Entre elas, tramas se desenrolam e amadurecem, guiando o leitor por um caminho cheio de perigos.
Focado em tramas políticas e cheio de diálogos muito bem desenvolvidos, Império de Prata encerra com um final cheio de significados e digno de suspiros. Iggulden reescreve com maestria uma história absolutamente incrível, e entrega o destino das nações às mãos de personagens insuperáveis.
“Estou sozinho numa cidade que espera para ser destruída.”
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