Máquina de Pinball

Máquina de Pinball Clara Averbuck




Resenhas - Máquina de Pinball


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Lady Murphy 13/05/2010

De ruim a péssimo.
Quando li pela primeira vez o livro de Clarah Averbuck, me encantei imediatamente. A leitura me cativou de um modo que eu nem sabia explicar. Fiquei apaixonada e virei fã. Eu tinha 16 anos, vá lá. Acompanhava diariamente o seu blog e achava esta moça o máximo. Na verdade, foi mais ou menos nessa faixa de idade que peguei gosto pela leitura. E a Clarah era de fácil digestão, tinha um certo ritmo, tinha a fórmula de colocá-lo dentro da narrativa pois nunca saía da primeira pessoa, era moderno e liberal. Acho que foi exatamente aí que me impressionei com escrita dela: a liberdade sexual. Para mim, uma adolescente vinda do interior, e talvez para a minha avó, aquele tipo de escrita causava impacto.

Seis ou sete anos mais tarde, reli o Máquina de Pinball. Depois de tudo quanto havia lido neste período e tudo quanto havia vivido, pude chegar a seguinte constatação: Clarah Averbuck tenta recriar um texto beat, com descrições medíocres de experiências vividas por uma garota mimada com pretensões artísticas. Uma burguesinha metida a pobre, que diz passar fome, mas contraditoriamente vai para festivais de música em Londres. Onde está a coerência nisso? Clarah força ao tentar ser "a versão feminina de Bukowski". Mas não tem a mesma sensibilidade. Não sabe de verdade o que é a sarjeta, pois trata-se de uma patricinha. Chega a gerar até mesmo um certo tédio e cansaço nessa tentativa de uma literatura que parece querer nos levar a um choque, mas que nada surpreende a faixa de leitores brasileiros a qual o livro está voltado.

"Querido diário, hoje eu saí para uma festa e bebi pra caralho e dormi com um cara" aparentemente muito interessante, não fosse clichè, pois nos tempos atuais, não é raro encontrar esse tipo de relato, inclusive de pessoas que conhecemos ou até de nós mesmos.

Esse é o estilo da escritora -digo, blogueira, que insiste em dizer que escritor não é blogueiro e blogueiro não é escritor, mesmo tendo, depois de adquirir um domínio, feito dele uma Revista Caras de si mesma e, convenhamos, publicação por publicação, a Bruna Surfistinha também tem livros no mercado- mas se esquece que o que impressionava há trinta anos atrás, hoje não causa sequer incômodo.

Clarah chegou a criticar a peça baseada no próprio livro, pois não concordou com a visão que o Abujamra teve da obra dela, que é, mais ou menos a que tenho agora: a protagonista era uma roqueira adolescente que viajava para a Europa com as taxas de embarque pagas pelo pai.

Vinícius 19/04/2016minha estante
Se eu tivesse lido essa resenha antes, nem escrevia a minha. Assino embaixo.




GCV 23/03/2009

Muito barulho por pouco
Dizer "muito barulho por nada" seria demasiado duro com uma primeira obra escrita aos 22 anos; mas classificá-la como mais que regular é usar de muita boa vontade.

A própria autora parece ter ciência de sua limitação estilística; ou então, é presunçosa demais nesse mesmo quesito. Seja para mais ou para menos, o fato é que sua escrita acaba se casando bem com o ar ultra-sincero da obra. Aos 22 anos, Averbuck parece nos oferecer seu cartão de visita para não haver ilusões. Essa honestidade confere um caráter bem humano ao livro, o que colabora para que, mesmo entre arroubos estilísticos, não haja uma personagem artificial ali, mas um pedacinho humano.

Em contrapartida, Averbuck é sincera ao ponto de mostrar que não é escritora ainda, que é limitada, mas que gosta do que faz. Há um ponto em que ela compara a parte legal de seu trabalho a "Alta Fidelidade": digamos também que a parte chata do livro é quando ela tenta fazer um "Alta Infidelidade" à paulistana, com vários clichês de idolatria musical inseridos aqui e acolá na obra. Simplesmente, o problema é que não funciona, opondo o hiper-fake ao seu "ultra-sincerismo". Um bom primeiro passo, humilde opinião, mas que necessida de uma botinada com mais força no próximo.
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Serena 23/11/2009

moderninho demais, com idéias soltas que não se entrelaçam, a lista de cantores e bandas preferidas jogadas deliberadamente no meio das mesmas idéias.
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Robson Souza 02/06/2011

Sexo, drogas e rock 'n roll de batom
Antes de ler esse livro, eu havia lido algumas coisas sobre a autora: Clarah Averbuck, e fiquei curioso. Diziam que ela escrevia muito bem e que tinha um estilo bem autoral. Como o livro é bem curto (80 páginas), baixei e li numa tacada só.
Gostei muito! Não é o tipo de literatura que se vê normalmente nos livros. Extremamente informal e não linear. Sente-se uma urgência tremenda em tudo o que ela diz. Como se tivessem limitado o espaço e ela quisesse contar o máximo de coisas possível. Talvez por ser seu primeiro livro e ela tivesse tudo isso na cabeça, esperando pra colocar pra fora. Ou quem sabe é como ela vive e enxerga o mundo. De qualquer forma, me lembrou o estilo "fluxo de consciência" do Jack Kerouac.
Quanto à história, é uma jornada bem pessoal da personagem, entre vários relacionamentos, crises de identidade, porres, e muitas referências musicais. Não há uma linearidade exata. Às vezes ela narra acontecimentos, em outras são pensamentos e conjecturas. O clima boêmio existencialista lembra um pouco Bukowski, de quem ela é fã assumida.
Acredito que não deve agradar a todos pela sua mistura sexo, drogas & rock 'n roll. Mas vale a pena conhecer! Eu curti um monte!

Mais em robsonbatt.blogspot.com
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Cami 16/06/2010

Letras e letras e letras ao som de The Strokes
A narrativa bem humorada da dura vida de Camila Chirivino, uma jovem que sai de sua cidade natal no sul do país para tentar a vida na alucinada e crua São Paulo. As citações musicais ao início de cada capítulo, quase todas de rock no estilo The Strokes, dão tom perfeito ao texto simples e acelerado e levam o leitor para dentro da estória. Um livro que envolve sem dar tempo nem para respirar.
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Fabiola 18/01/2013

Pífio
Mais uma autora que tenta parecer 'muderna' imitando a escrita de Bukowsky e Fante, soando apenas artificial e forçada.
Camila 18/01/2013minha estante
hahahaha comecei a ler o blog dela e não tive interesse nenhum em ler o livro, pelo mesmo motivo: estilo demais denota a falta dele. E viva Adélia Prado!


Fabiola 20/01/2013minha estante
minina, não engulo essa clarah. e nunca li adélia prado, taí uma boa dica!


Bruno Oliveira 10/09/2014minha estante
Nossa, no final eu já tava tonto de ter que aguentar esse livro, aí ele acabou num repente e eu achei que eu tinha perdido alguma coisa. Depois reli e vi que era isso mesmo, uma droga.




Maga 17/11/2015

Teimosia...
Não posso dizer que ninguém me avisou. Uma amiga já havia falado mal do livro de estreia de Clarah Averbuck e aqui no Skoob as opiniões sobre Máquina de Pinball também não são das mais elogiosas. Mas minha teimosia falou mais alto, além do que o livro é curtinho e não me ocupou muito tempo.

Como eu gosto de personagens que costumam gerar antipatia nas demais pessoas, pensei que pudesse ficar do lado da autora. Infelizmente, a magia não aconteceu, ao contrário.

Não consegui encontrar um traço de ironia redentora na história, como aconteceu num outro livro que li recentemente (Abandonado, de Vinicius PInheiro). A pobre realmente pensa que é o novo Bukowski, e não uma patricinha que mal sabe o que é a vida.

Assim, as aventuras de sexo, drogas e rock and roll (clichês, aqui vamos nós...) não levam o leitor a lugar algum. Mas talvez eu esteja sendo um pouco dura demais. Se o livro fez um certo sucesso na época do lançamento e até virou filme (que eu não vi), deve ter alguma qualidade oculta. Neste caso, tão oculta que ninguém consegue ver.
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alpha 30/04/2021

Um Bukowski de saia
Depois de ler vários dos autores que são referências literárias da Clarah fica fácil de perceber que esse livro é apenas um chavão de qualquer conto do velho Hank. Falta a Clarah o mesmo bom humor e o caráter soturno dos personagens biográficos do Chinaski. Também não chega nem próximo da grandiosidade de Fante. Pelo menos é curto o suficiente para não ser muito enfadonho.
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Bruno Oliveira 18/09/2014

Literatura não-massificada não-literária
Quando soube do livro de Clara Averbuck me pareceu interessante que ele alcançasse certa notoriedade sem que fosse pelos meios que eu conhecia. A meu ver, existiriam alguns modos específicos pelos quais um livro poderia ser reconhecido: ele poderia ter um grande mérito literário e se tornar uma referência cultural duradoura, ganhando sucessivas reedições; ele poderia participar de uma grande estratégia publicitária e ser comprado e massa pelo público; finalmente, por qualquer motivo que fosse, ele também poderia adentrar no sistema formal de ensino, sendo comprado e distribuído entre muitos estudantes. Máquina de pinball, entretanto, faz parte de um outro grupo de livros, que sem ser motivado pela grande publicidade ou pelo sistema educacional, também não ganha destaque em função da literatura que contém: ninguém lê Clara Averbuck esperando encontrar uma grande escritora ou um grande livro. O inquietante, no entanto, é que isso não o torne menos atrativo ao público.

Com isso, senti necessidade de responder algumas questões: para quem o livro foi escrito? Como ele atrai o público sem depender da propaganda e da literatura? Tais questões cativaram por algum tempo e será especificamente delas que tratarei nesta resenha, mais que do próprio livro como objeto de fruição. Vejamos no que dará.


Narrativa e trama

Máquina de pinball é narrada por Camila, moça de vinte e poucos anos saída do controle dos pais, que passa a viver ociosamente nas grandes cidades enquanto busca divertimento e sonha em ser reconhecida como escritora.

Sua narrativa é frenética e tenta levar o leitor constantemente ao choque. Somos apresentados a cada página a uma nova estripulia juvenil, uma nova bebedeira, uma nova transa, sempre acompanhadas de certa necessidade (um tanto infantil, aliás) de justificar tais ações como parte de um estilo de vida. Diz Camila: preciso de novidade constante e durante todo o livro há uma busca por vivenciar emoções extremas, por uma forma literária repleta de violência, palavrões e expressões em língua inglesa que atinja com força o leitor.

Uma consequência do choque é que os parágrafos são dispostos como unidades que buscam cativar e atingir o leitor, mas que não contribuem necessariamente para a trama, com efeito, a trajetória de Camila obedece apenas a ordem de seus monólogos e não ganha ritmo nem significado ao longo da obra, apenas acontece conforme convém ao pensamento.

Uma segunda consequência é que a necessidade constante de apresentar algo novo se torna repetitiva tanto do ponto de vista da técnica literária, que se resume a pouquíssimos recursos que logo enfadam (como o uso abusivo de apostos e de conjunções substituindo vírgulas), quanto do ponto de vista da própria vida de Camila que, embora seja apresentada como pretensamente interessante, apenas imita, reiteradas vezes, aquela de milhares jovens e adultos do mundo que fazem sexo heterossexual, consumem drogas baratas e apreciam música pop estadunidense.

Seja do ponto de vista narrativo, seja do ponto de vista da própria história da personagem, o choque limita a personagem a uma experiência superficial presa à determinações externas as quais ela estará repetidamente suscetível. Camila não percebe que a interioridade que orgulhosamente apresenta ao leitor não é somente representada pelas bobagens de sua idade (por suas bandas, por seus amores), mas é igualmente delimitada por tais coisas, e que quanto mais cita suas preferências por crer que estaria expressando seu eu interior, mais assume também uma ideia de individualidade que não vem de si mas de forças que a constituíram de fora: produtos, movimentos, modas, etc. Mesmo figuras como a do jovem rebelde, do escritor da sarjeta, do adolescente beberão não são meramente estilos de vida, mas também símbolos usados por marcas que fazem dinheiro em cima daqueles que acreditam nelas.

Depois de terminar o livro soube que ele foi adaptado para o cinema e para o teatro, então pensei no quanto Máquina de pinball favorece releituras dada a sua forma. Como o livro explora superficialmente a literatura como mídia e há bem pouca distância entre a escrita da autora e da narradora, fica simples repensá-lo em outro formato; diferentemente de outros livros que exploram de maneira mais complexa essa distância e tornam difícil repensar o conteúdo em separado do formato. Uma vez que o livro de Clara Averbuck não vai ao fundo da literatura fincar suas raízes lá, ele conserva raízes superficiais que podem ser facilmente realocadas em outros solos tais como o do cinema e do teatro.


Individualidade e identificação

Uma característica importante em Máquina de pinball é a construção da individualidade de Camila através de sua ligação com produtos da cultura tais como certas bebidas, bandas de rock e assim por diante, como se tal individualidade pretendesse se expressar através daquilo com o qual se associa. O raciocínio é o seguinte: eu Camila gosto de coisas legais como x, y e caso você goste delas vai transferir o afeto que tem por elas para mim.

A obra está repleta de citações que dialogam com a cultura do leitor e criam certa familiaridade entre ele e a personagem por meio de referências que são conhecidas mas que ninguém esperaria encontrar num livro. As próprias tomadas de posição da personagens e desejos que ela expressa causam isso, sendo que certa sensação de: Ah, eu também é a mais comum sentida com a obra.

A partir disso, surgem pitadas de feminismo aqui e ali, pitacos sobre relacionamentos, divagações sobre o que é ser mulher, certo antiacademicismo e outras coisas que, quase sempre, aparecem de uma maneira mais simbólica que teórica, quer dizer, não é que Camila seja profunda, talentosa ou interessante, mas que ela (e o leitor) se identifica com símbolos que fazem com que se sinta como tal.

Para esse processo de identificação e de formação de individualidade funcionar, no entanto, é necessário que ele seja superficial, uma vez que a própria personagem não tem muito escondido debaixo desses símbolos e que, ademais, ele não apareça como tal, porém esconda do leitor sua opacidade, e apareça de uma maneira mais visceral e cativante, como uma filosofia de vida. Nesse sentido, Camila reafirma constantemente que aquilo que ela é e que escolhe ser todos os dias é fruto de seu modo singular de viver e da experiência consequente dele, consequentemente, quando a personagem aborda seus gostos e preferências ela o faz ressaltando neles aquilo que convém com seu próprio modo de ser e viver, uma ação que serve tanto de elogio daquilo que ela gosta quanto de elogio de si mesma, apreciadora daquelas coisas. Do mesmo modo, quando Camila reclama de determinada normalidade da qual acredita não participar, essa reclamação nunca constitui uma crítica ponderada ao modo de viver dos outros, porém um autoelogio disfarçado ao seu próprio modo de vida que seria diferente e mais interessante que aquele criticado.

Em função disso a personagem busca constantemente se convencer e nos convencer de certa ideia que tem de si mesma, fazendo com que a narrativa fique tão ensimesmada que, às vezes, é difícil acreditar na narradora. Como ela nunca demonstra interesse por outras pessoas senão no sentido passageiro de transar com elas, além disso, como as falas de outros personagens tem pouco peso no livro e servem somente para ilustrar a própria ideia que a protagonista tem deles, fica difícil, por exemplo, acreditar que ela tenha quaisquer amigos. Cabe perguntar: Camila repara em alguém mais além de si mesma e dos amantes que mantém? Tenho a impressão que não. Também é pouco convincente sonho da personagem de se tornar escritora já que a literatura parece apenas outro símbolo com o qual ela se representa, e igualmente porque o único assunto que ocupa recorrentemente o mundo interior da personagem é ela mesma. Camila escreverá um livro sobre sobre o quê? Sobre si mesma então? Não é preciso responder.


Livro aberto ao público

Faz pouco tempo que a editora Rocco montou um reality show em que o espectador pôde acompanhar online o processo de escrita do livro de Vinícius Campos. Todo o palco estava lá: câmeras, o prazo de um mês, um objetivo, um escritor que é também apresentador de TV conhecido do público e assim por diante.

A partir disso, coloco a seguinte questão: o que atrairia o público ao programa? Arrisco responder que certamente não seriam os méritos literários de Vinícius ou a qualidade daquele livro em particular que ainda seria escrito, entretanto certo aspecto externo, algo que não estaria no livro enquanto considerado separadamente da circunstância que o suscitou.

Particularmente, desconheço a matemática envolvida no caso, porém duvido que o livro de Vinícius tenha vendido em quantidades absurdas ou mesmo em números insignificantes. Acredito que ele ganhou sua notoriedade sem se tornar o novo Crepúsculo mesmo porque, conquanto tivesse em torno de si toda uma rede que o divulgasse, não contou porém com uma gigantesca estratégia publicitária que inflasse suas vendas. Tratava-se de algo mais modesto: atingir um público em particular o qual, tendo acesso a certos meios e adorando certos símbolos envolvidos na obra, desejou adquiri-la por se reconhecer nela independentemente dos méritos literários pudesse ter. Nesse sentido tal livro é não-literário por princípio.

Não pretendo defender que ele seja inócuo, mas apontar que não cabe pensá-lo separadamente dos símbolos com os quais dialoga e que seus leitores procurarão e projetarão nele, ademais, que não cabe pensá-lo sem considerar a imagem que o autor representa diante do público. Vinícius é um apresentador de televisão de programas juvenis, consequentemente, seu livro deve tocar a juventude porque ela é vivida pelo público e, principalmente, porque ela representa um valor para tal público. Por isso, seu livro pôde alcançar alguma notoriedade mesmo sem estar ligado a uma vultuosa estratégia de marketing, e ao mesmo tempo sem ter um mérito literário significativo, bastando que represente os símbolos que são valores para determinado público e, é claro, que seja notado por ele a partir da imagem que o autor representa. Assim é possível escrever uma literatura não-literária e ao mesmo tempo não-massificada, digamos assim, alcançado notoriedade com ela.

Como vocês já devem imaginar, creio que tal circunstancia seja análoga a de Máquina de pinball.

A respeito do aspecto externo da obra, convém dizer que ainda que Clara Averbuck nunca tenha tido acesso a uma editora que promovesse seu livro ou a um programa em que pudesse atingir um público e ser reconhecida por ele, ela sempre escreveu na internet de uma maneira geral e foi notada por isso, ganhando assim uma identidade pública. E é essa identidade que a permite escrever um livro cuja notoriedade independa de uma grande iniciativa comercial, um livro não-massificado.

Já sobre o aspecto interno da obra, retomo que grande parte daquilo que a protagonista expressa serve como uma espécie de simbologia que pretende se articular com a identidade do leitor, consequentemente, o feminismo que puder ser encontrado em Camila não constituirá uma posição teórica ou política mas um símbolo que expressa liberdade sexual, o rock não será meramente um estilo musical amado pela protagonista mas a expressão de uma atitude crítica em relação ao mundo e assim por diante. São esses vários símbolos espalhados pela obra que, fazendo parte do imaginário do leitor, constróem sua identificação com o leitor de Máquina de pinball assim como a temática teen do livro de Vinícius Campos fazia o mesmo com seus espectadores. Tais fatores independem da qualidade literária dos livros e permitem que eles pratiquem uma espécie de literatura não-literária não massificada.

A partir disso posso retomar as questões iniciais desta resenha: afinal, quem é o público de Clara Averbuck? A quem este livro está aberto?

Considerando que Clara é uma escritora e não uma publicitária, suponho que ela só tivesse uma ideia geral do assunto ao escrever, então, terei apenas uma resposta geral para oferecer: o público de Máquina de pinball é aquele identificado com o que é jovem, isto é, com a busca de expressões definitivas de sua individualidade, e que vê nos símbolos usados pela autora uma maneira de encontrar (talvez até realizar) isso.


Que concluir da obra?

Pessoalmente, o livro de Clara Averbuck não me agradou; considero-o comum e amador. Por mais que sua escrita seja simples e direta, produzindo momentos de humanidade e franqueza, a narradora não vê o quanto aquilo que faz (na vida e na literatura) é repetitivo e entediante, algo que torna o livro cada vez mais difícil de aguentar apesar das poucas páginas.

Creio que talvez por nunca ter sido capaz de ler de outro modo que não fosse procurando pela literatura no livro, é que me pareceu interessante pensar Máquina de pinball considerando a relação entre o livro e o leitor, em vez de analisar os méritos literários do livro dos quais, aliás, duvido. Foi o que tentei fazer aqui. Julguem o resultado pelo conteúdo, por favor.

site: http://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
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Gustota 12/08/2019

Clara Averbuck antecipou os hipsters de rede social
Acredito que o grande sucesso desse livro de pouco mais de 60 páginas esteja no puro e simples fato dela ser uma voz feminina falando sobre sexo livre nos anos 2000, quando ninguém falava. Fora o fato dela ser uma pessoa com personalidade. Isso parece pouco, mas num país onde a grande maioria dos escritores é composta de brancos de meia idade e sem-graça, ter personalidade conta muito.
Agora o livro em si é um textão de Facebook com 15 anos de antecedência. Hoje todos os textos de Facebook, todos os livros "boêmios" e "marginais" são exatamente assim, um bando de hipster subempregado fazendo cosplay de pobre, usando droga barata, fazendo sexo ruim e achando que está num livro do Bukowski. Esse estilinho autoindulgente faz brotar toda semana uma Clara Averbuck. Ponto pra Clara é que ela fez esse texto aos 22, tem gente que tá com 28, 30, 35 e ainda manda esse mesmo papinho furado em forma de livro pretensioso.
David Atenas 31/01/2022minha estante
Um bando de escritor branco de meia-idade, sem graça e com uma vida sem graça, e se metem a fazer "roman à clef", sendo que não têm o que mostrar, justamente pela vida ser sem graça. A grande maioria se aplica a isso, e nessa incluo especialmente os mais jovens, como Daniel Galera.




Vinícius 19/04/2016

Dá pra dar meia estrela?
Cristo sereno, que livro difícil. Setenta páginas de muita pose e pouca história ou conteúdo. Essa coisa "sexo, drogas, rock n roll, wuhuw!" é tão batida e clichê que o livro acaba sendo bem, mas bem bobo mesmo.

Se for enumerar os clichês, a quantidade vai produzir um texto maior que o próprio livro.

Ela tenta bancar um negócio meio beat, meio Bukowski mas falha feio. Boêmia forçada e bancada pelos pais é boêmia no fim das contas?

Pelas minhas contas, ela tinha 23/24 anos quando escreveu (e é claro que o conteúdo é autobiográfico, beira o óbvio isso) mas durante toda a leitura eu tive a impressão de estar lendo algo escrito por uma adolescente bem chata de 15 anos.

E a parte musical da coisa, que seria algo que poderia prender um leitor (como eu) que ama música e cresceu ouvindo as bandas da época em que a história se passa, é cheia de inconsistências (ex. "BRMC é o JAMC dos 90 sendo que BRMC não é dos 90 e falar que parece com JAMC é o tipo de coisa que alguém repete depois de ler uma resenha sem ouvir nem BRMC nem JAMC), mas isso incomoda mais os nerds musicais que nem eu e num compromete.

Num sei se to pegando pesado mas é facilmente uma das coisas mais chatas que li no últimos anos.
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Felipe Tavares 22/05/2016

Hilariamente ruim
Máquina de Pinball é uma homenagem de Clara Averbuck a si mesma. Um obelisco narcisista à sua própria (falta de) personalidade e seu hedonismo tedioso e ultrapassado. Não traz nada de interessante e entretém somente com a falsa noção que tem de ser mais profundo do que é. É como assistir a um chimpanzé operando um computador: ele não sabe o que está fazendo, mas é engraçadinho de observar.

Declaradamente autobiográfico, o texto não passa de um diário onde a autora (ou a personagem principal, se você preferir) orgulhosamente detalha seus gostos musicais, suas preferências para parceiros românticos ou sexuais, sua total falta de responsabilidade e respeito para com os relacionamentos que lista, e seu talento para auto-sabotagem financeira. Todo e qualquer personagem mencionado não passa de uma ferramenta para a construção da boêmia de araque que é Camila. Isto por si só diz mais sobre ela do que suas extensas descrições de si mesma.

Citando incontáveis vezes seus autores favoritos, Camila – e consequentemente a autora – demonstra necessidade de equiparar-se a eles, valorizando o estilo muito acima do conteúdo, que é risível. Eu literalmente gargalhei ao deparar-me com um trecho onde ela repudia o estilo de vida das 'pessoas normais' que, ao contrário dela, não têm respaldo econômico de seus pais e precisam acordar cedo para trabalhar em vez de satisfazer caprichos vazios tais como buscar o drink perfeito (que consiste em vodca e o refrigerante que estiver mais acessível). Uma rebeldia adolescente que ela não foi a primeira, nem a última a expressar; faltou somente nomeá-los 'conformistas' ou 'escravos do sistema'.

Em resumo, Máquina de Pinball tenta fortemente ser revolucionário, contraventor e chocante, mas não é.
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carol 01/11/2021

infelizmente nao gostei, achei uma cópia de bukowski mas totalmente falhada e me deu vergonha alheia em muitas e muitas páginas..
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