Adriana 10/01/2012Sinceramente, ainda não sei o que pensar sobre este livro. Escrito por Kiko Nogueira, que já escreveu para a revista Viagens & Turismo e para o Guia Quatro Rodas, em Confissões de um turista profissional conhecemos 37 crônicas do pseudônimo do autor, chamado Jota Pinto.
A obra não foi o que eu esperava, porque achei que se tratariam de crônicas divertidas sobre os problemas enfrentados em uma viagem, micos que podemos pagar, lugares ou situações que devemos evitar, etc. Realmente esperava o que o subtítulo prometeu: tudo que você queria saber sobre viagens e que os guias jamais vão contar.
Pois é, não é que não haja crônicas falando sobre alguns micos, lugares que Jota Pinto detestou como Orlando, que eu sinceramente não concordo com a opinião do autor sobre o lugar, mas não existem dicas que eu esperava, do tipo: o que fazer se eu for roubado em uma viagem, como se comportar e a quem recorrer caso eu me perca, minha bagagem seja extraviada e outras situações realmente relevantes e objetivas de uma viagem.
O livro todo são crônicas, cuja metade eu discordei fervorosamente, falando apenas de algumas impressões do autor de lugares e pessoas que ele encontrou, qual o tipo de turista que os hotéis preferem, como eles se comportam, etc.
Eu não sou a maior fã de livros de crônicas porque gosto de linearidade nos pensamentos, uma sequência de ações. E, compilando vários textos extraídos de revistas, a obra se tornou meio inverossímil em alguns pontos.
Um exemplo: uma das crônicas fala sobre como o autor foi mal atendido nos Estados Unidos, onde ele expressa sua revolta com os EUA por se apoderar do Continente Americano todo (nós os chamamos de americanos, quando, na verdade, também somos). Na crônica seguinte, ele fala sobre como existem muitos turistas que não gostam dos americanos e vão aos EUA reclamar do atendimento que recebem! Perceberam a falta de lógica? Num texto o autor expressa uma opinião que condena tal coisa, no próximo ele condena quem tem aquela opinião que ele mesmo expressou anteriormente. Isso me deixou muito confusa e irritada em certos momentos.
Outra coisa que detestei foi a forma como o autor falou mal muito mal de Oscar Niemeyer. Jota Pinto esculachou as obras do arquiteto de maior prestígio brasileiro, que trabalhou ao lado do gênio Le Corbusier e do qual qualquer estudante de arquitetura é grande fã. Falando francamente, quase abandonei o livro de raiva depois de ler uma dessas crônicas.
Gente, eu estudo muito para, um dia, ser uma arquiteta com um décimo do talento destes caras! Sem entrar em méritos de inspirações, formas e arquitetura moderna (cujo pai foi Le Corbusier, só para vocês saberem), alguém escrever um texto falando mal de algo que não conhece e não entende me revolta muito. Tudo bem que cada um tem seu gosto. Eu posso não gostar de todos os livros que li e vou criticar aqui como faço agora, mas é preciso ter respeito e consideração na hora de expressar suas ideias, principalmente com grandes nomes como o de Niemeyer. Não gosto quando tentam fazer humor deste tipo.
Portanto, como deu pra perceber, grande parte da minha revolta com o livro foi de inspiração puramente pessoal. Não quer dizer que você lerá e não achará o máximo, um livro divertido e engraçado.
Só não leiam esperando saber tudo que é preciso sobre viagens, o máximo que vão conseguir são as opiniões de uma pessoa, experiente na área, sobre algumas situações e lugares.
Outra coisa, se você já foi Orlando e gostou, com certeza não vai curtir a negatividade que Jota Pinto colocou em cima do lugar sério, ele falou muuuuito mal de lá também!
Pois bem, chega de falar deste livro porque já me estendi demais. Não sei bem se recomendo a obra ou não. Acho que é uma experiência válida para quem curte viagens, mas não é um livro que irá mudar sua vida ou forma de encarar as coisas, muito menos que irá lhe ajudar na hora de escolher um destino.
Resenha em http://mundodaleitura.wordpress.com/2012/01/05/kiko-nogueira-confissoes-de-um-turista-profissional/