Lu 13/09/2012
Memórias de Rubem Alves
Termino de ler um exemplar de Rubem Alves que adquiri na última ida a Campinas. Sofri ao vê-lo por um tempo, pois gastei mais de dez reais do preço que poderia ter encontrado pela Internet. Até comentei com meus alunos, que deram risada. Mas não suporto perder dinheiro... Por isso que as vendas por esse meio aumentaram, já que os sites são confiáveis, conseguimos parcelar a compra e temos o conforto de receber em casa, pagando um preço muita vezes muito inferior em relação ao da loja.
Pensando bem há tantas vantagens... Podemos analisar o quanto queremos o livro, não há um atendente querendo nos empurrar um exemplar com seu conhecimento superficial da obra, ou simplesmente pessoas lançando-nos olhares.
Por outro lado, nada substitui minha alegria de entrar numa livraria, tocar os livros, observar inúmeros romances novos, dos mais variados tipos. Sou apaixonada por esse universo a ponto de perder, eu diria, na verdade, ganhar horas em companhia dos livros...
Deixo aqui minha lamentação por não ter ido à Bienal este ano! Há dois anos, voltei apenas com um livro nas mãos, mas com todo encanto do lugar, dividindo o espaço com milhares de apaixonados como eu... Vale dizer que também era um exemplar de Rubem Alves.
Conheci Rubem Alves por meio de uma professora na época da escola ainda, que me presenteara com um livro dele: "Concerto para o corpo e alma". Foi assim que o descobri e me apaixonei. No decorrer dos tempos, pude vê-lo em muitas palestras, assisti a vídeos de entrevistas, ouvi um audiolivro e tudo isso só aumentou minha admiração, além de permitir carregar comigo sua voz. Sim, quando leio, posso ouvi-lo dizendo as mesmas palavras.....
"O sapo que queria ser príncipe" é um título poético, e como tudo que evoca beleza, carrega também, em suas entrelinhas, tristeza. Ele tinha vontade de ser príncipe, mas não era. Em suas memórias, ouvimos o coaxar desse sapo menino, passagens marcantes e marcadas de sua vida.
Eu me divirto com os pontos em comum que estabeleço entre eu e Rubem Alves: nesse exemplar ele conta de um professor que queria que ele subisse na corda... e ele nunca conseguiu. Somos dois... Gostar de caipirinha é outro. Além do modo como se refere às verdades incontestáveis da religião. Somos crentes meio descrentes em algumas coisas... Isso sem contar o amor por Campinas, pelas belezas da vida, pelo amor, paixão, pecados......
Termino com um trecho que diz tudo sobre Rubem Alves, sobre "nosso relacionamento" entre livros:
"Um jovem desconhecido, sem se apresentar, fez-me uma pergunta brusca: Quem lhe deu permissão para entrar dentro da minha alma? (...) Respondi: Nunca entrei dentro da sua alma. Entrei dentro da minha alma e a sua estava lá"