spoiler visualizarDouglas Mello 01/02/2022
De "O meu pé de laranja lima" para "Vamos aquecer o sol"
Em "O meu pé de laranja lima", Zezé vive em Bangu, Rio de Janeiro, coma sua família, perde seu único amigo Manoel Valadares, o Portuga, que foi atropelado por um trem, e xururuca, seu pé de laranja lima, que precisa ser arrancado para asfaltar a rua.
Em "Vamos aquecer o sol", a família de Zezé permite que ele seja criado pela família se seu padrinho rico que o adota e, por isso, ele se muda para Natal, Rio Grande do Norte. Zezé, então, conhece Adão, um sapo-cururu imaginário, que passa a morar em seu coração e ser seu confidente. Apesar de tudo, Zezé continua o mesmo: esperto, travesso e muito imaginativo.
Embora continue o mesmo menino sonhador de "O meu pé de laranja lima", Zezé passa a ser uma criança muito triste porque a dor das perdas que sofreu muito cedo na sua vida pesa demais nele. Apesar de tudo isso, ele nunca esquece o Portuga e sua família que continua no Rio de Janeiro.
A nostalgia acompanha Zezé. O diálogo com a imaginação como tática de sobrevivência, também. O menino fantasia a existência de um sapo-cururu, chamado Adão, com o qual dialoga e desabafa e cria a imagem ideal de um pai, superposta à imagem cinematográfica do ator Maurice Chevalier, com quem conversa em sonhos e por quem se sente amado como um filho.
Por fim, as perdas também o acompanham, mas Zezé agora parece não as encarar mais como castigo por suas falhas. Ele finalmente, e com serenidade, se despede do sapo-cururu, de Monsieur Chevalier, do Irmão Fayolle. Na verdade, despede-se de Zezé. Assim como os demais amigos, também o menino de O Meu Pé de Laranja Lima e Vamos Aquecer o Sol toma o rumo da ?Pátria da Saudade?.
"O tempo não existe, nós é que passamos."
"A felicidade é como o tempo: fica parada e a gente passa."
"Nascer é partir. Partir desde a primeira hora começada. Desde o primeiro momento respirado. E você não pode lutar contra a dura realidade da vida."