Leitora Viciada 29/04/2012A capa é uma das mais incríveis que já vi no mercado nacional. Desde a primeira vez em que a vi, chamou minha atenção ao livro como um imã.
Li a sinopse e fiquei bastante curiosa sobre a teoria do autor, sempre me interesso por teorias de conspiração de qualquer tipo. Sempre estou aberta às mais loucas filosofias.
Nunca tinha lido nenhum livro do Allan Pitz (apenas seu conto O Último Trem Para Plêiades em Time Out, Os Viajantes do Tempo), mas já imaginava um livro leve e divertido.
Como eu poderia resumir as características do livro? É uma leitura ágil, rápida e inconstante, mas que deixa o leitor com perguntas e reflexões ao terminá-lo. Você termina o livro em poucas horas, mas pensa no assunto por dias.
A narrativa é em primeira pessoa. Allan Pitz fala com você diretamente, sem a responsabilidade de agradar e sem seguir fórmula ou planejamento algum. Ele é extremamente sarcástico e sem censura. Embora reflita e viaje em pensamentos diversos, ele é direto e simples.
É um livro totalmente filosófico, pessoal, do tipo que parece ter sido escrito como um desabafo. E com esse ar descontraído e despojado, o autor analisa a sociedade atual ocidental.
O livro não possui uma história, nem personagens. Apenas o autor e você. No máximo você vai ler algumas situações inusitadas que Allan diz ter vivenciado e outras inventadas para ilustrar sua teoria.
Ele permanece o livro todo pensando em como nos deixamos levar pela corrente social, seja rotulando tudo e todos ou consumindo e aceitando o que nos mandam, seja com roupas, alimentos, música, etc... sem jamais pensarmos que o estilo de vida que vivemos nem sempre é o escolhido por nós.
Ele grita no seu ouvido que seu pensamento, seu senso crítico e sua opinião é a coisa mais importante que você possui, e não seus bens materiais ou aparência.
O livro poderia até mesmo ser catalogado como autoajuda. Ajudando o leitor a sair do seu lugar comum, convidando-o a largar coisas imprestáveis, a não julgar as pessoas pela aparência e a parar de consumir e gastar dinheiro feito um idiota perdido.
Um livro que usa humor negro, expressões simples e engraçadas e uma teoria original para fazer você jogar fora qualquer preconceito e abrir a mente para sair dessa sociedade robótica e pobre em opinião e começar a tecer as suas próprias; a perceber o que realmente é importante, fazer o que quer e gosta, e não porque está na moda ou a mídia quer que você faça.
Ou o livro pode ser consumido como uma "autodejajuda", se você for do tipo que gosta de estar sendo controlado pelo governo e pela mídia, sentindo-se satisfeito em viver no seu quadrado igual ao de todos. Para quem gosta de viver sem grandes pretensões filosóficas nem perde tempo refletindo sobre fatos importantes na sociedade, se você assiste televisão ou acessa a internet e aceita tudo que lhe é transmitido, da forma como é transmitido... então o livro talvez lhe cause apatia, indigestão ou desinteresse. Você não vai gostar do livro nem rir das piadas do autor. Você provavelmente pensará que é um livro babaca e nem vai compreender a ferramenta sarcástica escolhida pelo autor para falar de um assunto tão sério de forma tão cômica e com ares de teoria nerd.
De qualquer forma, o livro não é um guia e o autor nem possui como meta agradar ao leitor. E é com essa estratégia ousada e diferente que faz com que você não consiga parar de ler.
Logo nas primeiras páginas, Allan se torna um amigo (ou inimigo) seu, louco, porém íntimo e sincero, sem vergonha de dizer o que pensa, mesmo que te ofenda de alguma forma. Através do humor e conversa direta, sem pretensão alguma de fazer o livro parecer um livro, ele te prende até a última página. Mesmo quando te convida a largar o livro.
Quanto a algumas teorias comentadas por ele, como Illuminatis modernos e Matrix, ele não perde tempo te explicando. Afinal, ele escreveu este livro para te fazer raciocinar; então pense, pesquise, reflita, procure, debata, concorde, discorde... Se desconhece essas coisas, dê uma pausa na leitura, pesquise na internet, pegue um bom vinho e volte ao livro.
Quem sabe você não aprende a Arte da Invisibilidade? Ou jogue o livro fora. Depende de que tipo de pessoa é você: sem preconceito e liberal com seus pensamentos ou um consumista que prefere que pensem e decidam por você.
ps.: Na parte de rótulos, o autor esqueceu de um sofrido por mim desde os 10 anos de idade: "loura burra", (que entrou na moda após um música do Gabriel O Pensador que foi erroneamente interpretada por quase todos os brasileiros) mesmo estando sempre com um livro debaixo do braço e tendo ótimas notas na escola.
Trechos:
"A arte da invisibilidade é o homem pensando sem a idéia pronta de outros homens do passado e do presente, e assim evoluindo não apenas dentro dos padrões evolutivos da sociedade que ele mesmo criou."
"Os invisíveis são os condenados que ainda conseguem enxergar longe da grade ilusória, enxergam além dessa imensa matrix social programada, além do que exigem da nossa visão cansada, embaçada; além do que tentam nos anexar, a ferro em brasa, ao centro operacional do entendimento confuso."
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