A casa das belas adormecidas

A casa das belas adormecidas Yasunari Kawabata




Resenhas - A Casa das Belas Adormecidas


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GiSB 23/04/2024

Velhos safados, safados velhos
Uma casa de prostituição para clientes de avançada idade masculinos.

A tara é ter meninas jovens, virgens e adormecidas. Tudo a gosto da freguesia.

Os decrépitos velhos querem apenas adormecer junto a um corpo jovem e quente.

Mas entremeado com uma filosofia sobre a velhice , o livro permeia desejos sexuais, final de vida, ambição por juventude, prazer, descanso, privacidade.

Enfim, não dá nem pra dizer se gostei, mas não consegui odiar. Talvez sinta pena. A angústia permeia os visitantes daquela casa. Eles já não vivem, vegetam e vivem de um passado que já não existe mais.

Em resumo decadência moral, vital e espiritual.
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Sofia Meneghel 18/04/2024

Um livro estranho
Esse é o tipo de livro que o leitor precisa estar preparado para lidar com o bizarro e, principalmente, o desconfortável.

No geral, gostei bastante da melancolia do narrador, e a prosa do Kawabata é belíssima.
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Camilla.Conti 18/04/2024

Desconfortável
Foi esse o sentimento que tive ao longo de toda a leitura desse livro. Li a sinopse previamente, sabia do que se tratava, mas eu senti muita repulsa lendo o livro pela forma como as mulheres (tanto as meninas da casa, quanto as demais mulheres) são descritas.

As reflexões do livro se apagavam devido ao nojo que eu estava sentindo.

Terminei porque o livro era curto e, curiosamente, me prendeu.
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Marc 13/04/2024

Kawabata é um escritor que fala muito do tempo. Em alguns de seus livros, o passado retorna, porque deixou mágoas e dúvidas, imensos desertos de dor e solidão nos personagens e o reencontro traz um gosto amargo — mesmo que alguns esperem poder retomar e criar uma nova vida a partir daí. É difícil descrever, porque a escrita é muito complexa, sendo sutil e rica, muitas vezes sugerindo ao invés de apontar e quando percebemos, é como uma porta que se abre para um imenso pátio, mas que nada no restante da construção sugeria existir. Assim como o tempo aquieta as paixões, afasta os amantes, também parece ter a qualidade de reavivar os ressentimentos. É como se eles não passassem, apenas ficassem suspensos aguardando o momento de retornar com toda a força. Gosto muito de uma frase do filme “Magnólia”, que se encaixa muito bem aqui: nós superamos o passado, mas ele não nos supera.

Mas a vida não deixa apenas ressentimentos. E aqui, embora exista um amargor ao olhar a vida, ou melhor, ao sentir que a vida já não tem o mesmo colorido (o que causa tristeza), o tempo é sentido como aquele que tira, que afasta. Já não se é mais como antes e mesmo que a perda da virilidade seja sentida, é sobre o futuro que a preocupação de Eguchi se projeta. O passado serve como contraponto ao futuro, surgindo cada vez mais luminoso à medida que ele só enxerga trevas diante de si. E não são trevas comuns de não se saber o que tem pela frente, são trevas porque não lhe restam esperanças. É o tempo que lhe diz que está acabando, que suas forças jamais retornarão.

Incrível que não se note a referência ao conto de fadas da Bela Adormecida. Enquanto este último coloca a realização do amor através da força que o masculino desperta na mulher, literalmente tirando-a do sono, trazendo-a à vida concreta, aqui elas não são modificadas pela velhice, pois ela não tem mais a virilidade e o vigor. É como se aquilo que os homens tem a oferecer, toda a força que protege a mulher, que a retira do torpor de uma vida que não é plena, não pudesse ser satisfeito e não se realizasse. As mulheres, mesmo belas, não conseguem ser amadas e desejadas, pois essa fase da vida já passou para os homens que frequentam aquele lugar. Elas ficam ali, esperando eternamente, uma beleza que não pode ser plena, que não pode fazer aquilo que as mulheres podem fazer e os homens não. Literalmente, essas jovens não podem ser mães, pois os homens que as tocam não sentem real desejo e não são mais capazes de engravida-las. Por um lado, o desejo de retomar — mas sem sucesso — o poder da juventude e, por outro, a beleza que jamais leva à realização plena do feminino. Aquela casa encena possibilidades, mas elas jamais se realizam.

No conto de fadas, a Bela Adormecida se torna fértil, se torna mulher e cai na armadilha da bruxa (talvez seja um resquício dessa história a mulher que cuida da recepção para os homens velhos e adormece as jovens que ficam no quarto esperando, inconscientes). O que a bruxa deseja é que ela jamais acorde, perca seu período de fertilidade e se torne como ela, ressentida em relação à vida. Mas, numa leitura mais simbólica, é como se as mulheres estivessem durante sua adolescência, num período de latência, projetando o que virá mais tarde e será a realização de sua vida, que é a gravidez e o cuidado dos filhos. Mas somente um homem pode levar a esse estágio. Sem o casamento, a mulher jamais vai ser completa. É isso que o conto de fadas mostra, o simples ciclo da vida de uma mulher.

Aqui, no entanto, isso não pode se realizar. Ou melhor, seria uma espécie de brecha na vida dessas jovens, onde elas não apenas não esperam por ninguém, como não esperam que possa aparecer um homem naquele local que as retire desse período. As jovens que ficam adormecidas nos quartos não podem reagir, não sabem quem são os homens que estiveram com elas durante a noite e não sabem o que aconteceu. Tudo que lhes interessa, Eguchi pensa, é o dinheiro. Seria uma maneira de dizer que em qualquer estágio da vida é fácil se perder. Isso é tão verdadeiro que Eguchi começa a lembrar de mulheres do passado e o amor parece estar ausente de todas as situações. Mesmo ao lembrar dos momentos finais com a mãe, ainda parece ausente o amor. Essa lembrança o incomoda, porque ao pensar nas mulheres de sua vida, a mãe aparece como a primeira. Não porque tenha feito sexo com ela, mas porque foi a primeira vez que tomou conhecimento de uma mulher em sua vida.

Todas as lembranças parecem falhas sob esse ponto de vista. Eguchi, por sua vez, não parece atentar para isso. É como se ele estivesse distante em todos os momentos, compelido por aquilo que se esperava dele, não por sua personalidade. Olhar o passado sem se reconhecer, sem conseguir se emocionar. Nunca houve real envolvimento naqueles momentos que vai lembrando. E nem existe aqui, evidentemente. Pois não há como, mesmo que ele toque a garota, a beije, nada do que faça poderá gerar envolvimento. Assim, no passado — onde ele podia fazer sexo com as mulheres —, ou hoje, o distanciamento em relação a todas as mulheres continua. Essa é a ironia da situação em que ele está agora. E o final do livro, que me desagradou bastante, é uma prova dessa falta de relação, de laços.

Às vezes, esse tempo que transforma ou reaviva sentimentos, traz ainda o esclarecimento. Não podemos dizer que seja o caso. Eguchi não parece ter compreensão do que realmente foi sua vida. Mas está lá, basta prestar um pouco de atenção em cada lembrança para chegar a essa conclusão. De modo que o livro deixa um sentimento bem ruim, não apenas pelo final, mas porque descobrimos que o tempo não o modificou, que a esperada maturidade, a sabedoria que deveria vir com o tempo e que seria alcançada na velhice, jamais chegará. Ele é apenas um homem que lamenta não ter mais o vigor do passado, não poder mais ter a mulher que desejar e nada do que viveu lhe ensinou coisa alguma. O homem que um dia retirou uma mulher, mãe de suas filhas, do período de latência da juventude e a levou à plenitude de sua vida, simplesmente não acompanhou o processo, não o fez com objetivo algum, apenas buscava satisfação imediata de seus desejos, nada mais.

O pior que poderia acontecer a uma pessoa ao chegar à velhice seria não ter aprendido nada, não ter sabedoria sobre a vida, não ter sido modificado pelas incontáveis situações que passou ao longo dos anos. Ainda desejar ser um adolescente só para poder sentir prazer.
Leticia 13/04/2024minha estante
Eu li esse livro e fiquei com alguns questionamentos sobre ele e achei que sua resenha me respondeu alguns? obrigada


Marc 13/04/2024minha estante
Agradeço a leitura e o comentário, Letícia. Escreva sobre seus questionamentos em relação ao livro. É sempre bom para quem escreve e para quem vai ler, pois pode ajudar a compreender melhor.




mdslf 04/04/2024

Estranho, belo e angustiante.
O protagonista ser de terceira idade e lidar ao tempo todo com a juventude e a perda iminente de sua "masculinidade" abre os olhos do leitor para o novo e transporta o mesmo a mundos diversos e (por enquanto) desconhecidos. Abre um espaço que a mídia atual, saturada de beleza e juventude não propicia.
A forma como Kawabata descreve meticulosamente as profundezas da alma feminina e das sutilezas do corpo feminino de maneira esplendorosa faz com que você se sinta familiarizado com as mulheres que fazem parte da história.
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Sabrina 29/03/2024

Contemplativo, reflexivo e incômodo
Se eu pudesse definir em 3 palavras seriam essas do título da resenha. O protagonista faz uma auto análise o tempo todo, racionaliza situações vividas, se questiona sobre outras e coloca a visão sobre o envelhecimento humano em evidência. É difícil sentir algo de positivo pelo Sr. Eguchi, visto que ele tomou decisões que fogem a ética e aos valores humanos. Só o fato de estar em uma "casa de mulheres adormecidas" já abre a possibilidade de julgamento negativo pelo leitor. Entretanto, temos diversas passagens que tentam construir algum tipo de empatia pelo personagem, relatando sua paternidade enquanto o mesmo auto bloqueia seus ímpetos pra que não "passe do ponto" com a garota adormecida ao seu lado. Como mulher me senti incomodada, é uma situação bem esquisita, a casa funciona somente com jovens mulheres totalmente dopadas e virgens, apesar do livro frisar que a relação nunca chega a acontecer é perturbadora essa situação. Contudo, a escrita é contemplativa e nos coloca na posição de questionador. A literatura japonesa é realmente diferenciada e vale a experiência!
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Vanessa.Raffo 22/03/2024

Achei mais ou menos
?A Casa das Belas Adormecidas? foi escrito por Yasunari Kawabata e explora temas como a velhice, sexualidade, desejo, poder, insegurança, exploração e objetificação.

Nosso protagonista Eguchi, um homem de 67 anos, visita uma casa onde homens idosos podem passar a noite ao lado de jovens mulheres adormecidas sob o efeito de narcóticos. A casa promete uma experiência de rejuvenescimento e reflexão, mas também levanta questões morais bem complexas.

No livro fica muito claro o comportamento de objetificação da mulher. Fora isso o protagonista se confronta com suas próprias inseguranças, preconceitos e a realidade sobre o envelhecimento, como algo inevitável, há não ser que você morra antes.

?A Casa das Belas Adormecidas? não é apenas uma história sobre a busca por significado na velhice, mas também um olhar crítico sobre as dinâmicas de poder entre gêneros e as maneiras pelas quais a sociedade lida com o envelhecimento e a sexualidade.

Confesso que achei a escrita de Kawabata bem complexa e não achei uma leitura tão fluida. Você consegue ver que a literatura te provoca para reflexão, mas ao mesmo tempo é um leitura cansativa. Não é um livro que você fica vidrado na leitura.
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Lya 05/03/2024

Desconfortável
Enquanto mulher é muito difícil sentir empatia pelo personagem principal, fiquei o tempo todo desconfortável pela situação em que as garotas se encontram.

Como eu já conhecia a sinopse, comecei a ler sabendo mais ou menos o que esperar, mas ainda assim senti muito incômodo, principalmente porque as "prostitutas" sao todas menores de idade e o personagem principal fica o tempo todo pensando nas filhas ou na mãe enquanto está lá na tal casa das belas adormecidas, estranho pra dizer o mínimo.
Camilla.Conti 18/04/2024minha estante
me senti exatamente assim




Lucas1429 03/03/2024

Escrita bela, reflexões interessantes
Kawabata é um autor verdadeiramente formidável. Creio que neste trabalho, encontrou uma maneira bastante perspicaz de trabalhar o erotismo, o corpo feminino e a morte, seus temas prediletos, de forma muito concisa, ao experimentá-los a partir dos desejos e afetos de um homem velho, solitário, um tanto deprimido.
Sua escrita é sempre carregada de muita qualidade, lirismo e descrições impressionadas que a mim são muito agradáveis. A questão do erotismo com as prostitutas, inclusive uma personagem muito jovem, podem gerar profundo desconforto em alguns leitores, mas consegui passar por isso sem retirar a qualidade da obra, pois considero parte da mesma e não a avalio como um caderno de códigos morais, mas um diário angustiado para um velho que gostaria de sentir os cheiros e sabores que um dia fizeram da sua vida algo interessante novamente.
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Agatha.Judy 25/02/2024

Que...
Do início ao fim eu fiquei um busca de encontrar algum sentido na história, em vão, é apenas uma história sem pé e nem cabeça, apenas constando e fatos, a morte está por vir a qualquer momento, a mulher retratada como objeto sexual, sem mais explicações, e o machismo estampado, sem tramas e suspenses, é apenas uma história chula, tinha tudo pra ser muito bom, .... mas acabou da mesma forma que começou, sem graça
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Lourany.Andrade 16/01/2024

Esse livro me fez questionar a moral do personagem principal várias vezes. O que tornou a leitura um desafio maravilhoso.
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RaquelSales17 29/12/2023

Aterrador
Que história horrível.
Que personagem asqueroso.
É o supra sumo do usa da figura feminina de forma degradante.
Não estudei para saber se é só ficção, contudo prefiro nem saber se uma coisa terrível dessa exista.
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dosesdeliteratura_ 13/12/2023

Forte e Perigoso!
Foi meu primeiro contato com a literatura japonesa, e confesso que amei a forma que esse autor escreve!

Neste livro, muitas camadas são trabalhas, em centralidade a questão do trabalho feminino em bordeis!
As belas, são adormecidas para servir de consolo para seus clientes; clientes esses que muitas vezes são idosos em busca da mínima atenção feminina, que é o caso do protagonista da história.

É uma obra que nos faz refletir de fato em qual sociedade vivíamos e em qual sociedade vivemos.

Digo que é uma obra perigosa para quem tem problemas com gatilhos de abuso sexual ou estupro, já que em algumas interpretações pode se entender que as meninas naquela casa eram estupradas.

Essencial, para todos!
Recomendo
Rafael Nini 14/12/2023minha estante
Obrigado por mais uma bela resenha!




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