maarisampaio 31/05/2024
E não vai ter happy end.
Luísa? o que falar dessa quase história de amor que revela tanta dor? Luísa é uma personagem ausente, mas sentida em cada palavra, descrita por muitas óticas daqueles mais próximos de seu convívio.
Luísa é instigante e provocante, mas foi somente no capítulo de Marga que eu pude conhecer a Luísa frágil, castigada pela dor do quase amor de Paulo, o qual nunca foi alcançado. A sombra dele que a acompanha por toda a vida, e, vez ou outra faz Magra ser engolida pelo passado.
Luísa é fatal. Única. Ocupa uma grande parcela na vida daqueles que a rodeiam, e mesmo depois de não estar mais no convívio de muitos deles, Luísa ainda assim é como uma fantasma no presente movida pelas questões e interrogações deixadas por ela em um passado. Enquanto lia sobre ela, eu queria cada vez mais conhecê-la, saber de Luísa através da sua própria voz e escrita.
Num enredo atravessado pela ditadura e pelo sonho revolucionário, Luísa e suas paixões são tecidas. Eu poderia dizer que ela é uma mulher criada por Chico Buarque, alvo de alguma de suas canções. Pelo menos para mim, essa é a impressão que fica.
Como Caio Fernando Abreu escreve ainda no prefácio, Luísa é movida pelas fantasias. Por meio desses momentos, ela encontra pequenas doses de felicidade para seguir em frente e se desligar um pouco das marcas do seu passado, e principalmente, se desligar de Paulo e a sequela deixada quanto ao medo de não ser suficientemente amada. Gostaria também de pontuar as marcas negativas de Luísa na vida de algumas pessoas, em alguns momentos, suas provocações intencionadas são desmedidas de consequências, e assim é possível ver também uma Luísa despreocupada em como os seus atos atingem os outros.
Luísa repete muitos ciclos em busca de um final como o de Paulette Goddard e Carlitos. E no final das contas, elas já conhece os passos da estrada, sabe que não vai dar em nada e os caminhos reconhece de cor.