Carlos Nunes 16/11/2018
"Vistas daqui, as ideias do Rosa têm outra coloração, se ampliam, alargam, incomensuráveis."
Não considero esse livro uma decepção pela sua escrita. A linguagem de Bruna é muito poética, há diversas poesias espalhadas pelo livro, muitas reflexões que vieram à tona durante três meses de vida em um local - até então - sem água quente ou luz elétrica, em condições extremas de desconforto e sob uma rotina pesada de gravações. A então estrela em ascensão Bruna Lombardi abriu mão de sua imagem sofisticada para viver Diadorim, e o fez com tal entrega que chegou a "enganar" até mesmo a população local. Uma atuação tão perfeita que alçou a atriz ao status de estrela. Porém, o que eu esperava encontra no livro não está lá, exceto em uma ou outra rápida menção. Esperava um diário de filmagens, relatos das vivências e acontecimentos de bastidores, mas o que ela relata aqui é muito mais íntimo, as impressões que o sertão, os animais, o povo, as necessidades mais básicas do ser humano deixaram em seu coração e sua alma. Reflexões sobre o medo, sobre o que é ser mulher, consumismo, valores, ecologia, solidão, amizade e muitos, muitos outros assuntos, tudo de forma muito bonita, permeado de citações não só da obra de Guimarães, mas também de outros livros, filmes, pinturas - um grande apanhado da grande bagagem cultural da atriz. Em suma, um livro bem diferente do que eu imaginava, mas mesmo assim, uma bela e agradável leitura.