Thamys 24/03/2023
A história poderia ser muito melhor
Redemptoris - A saga do Cristo desaparecido é um livro que tinha tudo para ser extremamente interessante. Porém, com a escolha do autor em escrever cerca de 352 páginas, foi pra mim, algo que deixou a história mais pobre. Claro, a premissa que o Cristo Redentor - uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno - desaparece as vésperas da eleição municipal, é instigante demais. Após uma semana em que uma incomum chuva deixa o Corcovado atrás das nuvens, puff, o monumento símbolo do Brasil desaparece.
A história ela começa muito boa. Com ótimas doses de ironia sobre o que é ser carioca e como é viver nesse estado que vive as maravilhas de sua natureza e gente, assim como, as mazelas da violência. E também com um povo que fica perdido ao se ver sem o Monumento, e pior, ver políticos que não possuem o mínimo interesse em ver a população se desenvolver, trocando farpas e o que mais for preciso para conseguir votos. Assim, o maior problema para mim é o protagonista Jamie Trent. Em primeiro lugar, não gostei que o cara principal tenha nome gringo - por mais que tenha uma explicação -, porque parece que o autor ao nomeá-lo dessa maneira, o induz a parecer superior entre os demais.
Outro ponto é o romance incrivelmente chato entre ele e uma outra personagem, que ele atribui o fato dela saber francês e, novamente, o lance dela saber falar um idioma estrangeiro como se fosse algo quase que superior. Para fugir de possíveis estereótipos.
Quando, claramente, a história poderia se passar com dois personagens brasileiros, (o que ele tenta mais a frente, mas abandona a ideia logo em seguida) tomando a dianteira. Afinal, a história se passa no Brasil, não há necessidade de estrangeirismos ou seja o que for, para fazê-la interessante. Me incomoda também alguns retratos que o autor dá a personagens secundários - e brasileiros - como, se só o papel de malandro coubesse neles, sabe? Foi algo que me desagradou.
Como falei lá em cima, a trama inicialmente é interessante. Mas com o passar das páginas, ela caminha para algo completamente nonsense, e o modo como o livro termina, fica mais estranho ainda. Acredito que o autor ao criar algo gigante para a história, não soube terminar, então, com isso, a trama sofreu bastante do meado até o fim.
Porém, nem tudo são tragédias, ver a descrição de alguns locais foi algo bacana. Demonstra que o autor conhece bem as paisagens, mesmo com a visão estereotipada do habitante da Cidade Maravilhosa. Por fim, Redemptoris poderia ser um livro fantástico, pois, a sua premissa é sensacional. Mas o autor se enrola tanto para finalizar a história, que fica um gosto levemente amargo. E é isso.