Dois rios

Dois rios Tatiana Salém Levy




Resenhas - Dois Rios


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Tulio.Gama 31/03/2024

Adoro o jeito simples e eficaz que a Tatiana tem de escrever. É como ser direta com gentileza, ou se fazer entender sem perder a poesia. Este é o terceiro romance que leio dela. É uma autora que guia minha atenção.
Sobre este romance, no entanto, tenho algumas ressalvas. Nada graves, ainda é uma ótimo livro. A primeira metade, narração de uma das personagens, é cativante; há uma certa torcida para que as coisas se ajeitem. Já a segunda metade, quando muda de ponto de vista para outro personagem, é bem arrastado e cansativo (pouco salpicado de cenas e memórias reveladoras e interessantes). Consigo percebe a intenção disso, a experiência do personagem passa ao leitor, mas não deixa de ser uma parte que abaixa a vontade de ler. Pessoalmente, tive dificuldades.
Mas é recompensador. Vale o esforço.
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ogatoleu 23/02/2024

"Porque a gente só busca o sentido quando ele deixa de existir."
/ um rio /

A vila de Dois Rios, no Rio de Janeiro, possui um rio chamado Dois Rios. Como se isso aí já não fosse aguado o suficiente, existe ainda mais um fato curioso sobre o rio Dois Rios: ele desagua no mar. A autora Tatiana Salem, sabendo disso tudo, constrói a partir daí a trama de seu livro. É uma premissa do simbolismo que permeia todas as páginas, e saborear essas alegorias foi a minha parte favorita do livro.

Joana e Antônio são irmãos gêmeos que carregam em si uma grande ambivalência. Assim como o rio Dois Rios contém em si um rio e dois ao mesmo tempo, Joana e Antônio ecoam essa contradição. São unha e carne, e mesmo quando se desunem estão irremediavelmente ligados. O livro se divide em duas parte, uma para cada gêmeo.

Em "Joana", Marie-Ange decide viajar da França para o Brasil, onde Joana a conhece e se apaixona por ela. Em "Antônio", Marie-Ange fica na França, onde se envolve com Antônio. As duas histórias acontecem em realidades paralelas, mas como os dois rios que correm num rio só, possuem pontos de confluência.

Marie-Ange é como o mar, inconstante e cheia de vida. Vai separando as histórias dos irmãos como o mar os separa em continentes, mas assim como o mar, também é um elemento de ligação. Gera fascínio, mas é preciso cuidado para não ir fundo demais nesse deslumbramento.

/ dois rios /

Agora, um ponto de vista bem particular: "Dois rios" é um bom livro, mas não me marcou muito. Não é bem o tipo de leitura que lembrarei por meses a fio.

A parte "Joana" nos introduz vários novos fatos. Nele conhecemos a mãe de Joana e suas lutas diárias com o TOC, a relação conturbada entre irmãos, o passado da família (incluindo aí uma breve discussão sobre a ditadura militar), a personalidade de Marie-Ange...

Na parte "Antônio"... bem, é basicamente tudo de novo. Um ou outro fato novo surge, mas nada além do esperado.

Talvez a minha maior queixa com "Dois rios" seja justamente sobre essa simetria entre as duas metades. O simbolismo disso tudo fica bem redondo com a proposta do livro, e eu aprecio isso. O problema é que, em termos de enredo, da leitura na prática, a segunda parte fica bem arrastada e repetitiva.

site: instagram.com/ogatoleu
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Juh 17/09/2023

"Desde que você partiu, Marie-Ange, todos os dias são os dias que você partiu."

Duas perspectivas de uma mesma história, que tem como elo um grande amor - Marie-Ange.

O que mais me tocou foi a forma como a solidão e a culpa assolam os dois irmãos gêmeos, Joana e Antônio. Cada um, a sua maneira, vive o isolamento, a tristeza e a depressão provocados pelo luto do pai e pela responsabilização, até certo ponto infantil, de si mesmos, por esse evento trágico.

Joana fica e carrega consigo toda a mágoa dos que abrem mão de quase tudo para cuidar de alguém que ama muito. No seu caso, a mãe.

Antônio parte e leva consigo todos os fantasmas de uma vida passada, uma vida que abandonou. Leva também a culpa pelo amor incestuoso pela irmã e pela morte do pai.

Marie-Ange liga as duas histórias e, na verdade, a sua viagem ao Brasil ou a sua decisão de ficar na França poderá modificar/modifica a vida de cada um desses irmãos. A vida/morte de Batistine, sua avó, parece ser um ponto crucial nessa história. Antônio traria uma tragédia para a sua casa? Joana traria a paz e a vida longa? Marie-Ange permanece com algum deles? Saímos sem respostas, com muitas possibilidades.
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Stella F.. 23/01/2023

Duas visões
Dois rios
Tatiana Salem Levy - 2011 / 224 páginas – Record

Da mesma autora do excelente “A Chave de Casa” que li em 2011 e do livro “Vista Chinesa” que estava na primeira lista de finalistas do Prêmio Jabuti de 2022.

O livro vai nos mostrar a convivência de dois irmãos gêmeos que se adoram, Joana e Antônio, e aos poucos vai nos apresentando a história de seus pais, Aparecida e Jorge e sua relação com Dois Rios, vilarejo na Ilha Grande , RJ.

Dividido em duas partes: parte I, Joana e parte II, Antônio.

Joana conhece Marie-Ange na praia de Copacabana, uma francesa. Joana é irmã gêmea de Antônio, que depois da morte do pai se afasta da irmã, depois de muita amizade, e a culpa pela morte do pai. A mãe, Aparecida, possui um tipo de demência, uma obsessão em repetir determinados movimentos, principalmente nas pedras do calçadão de Copacabana, preto - branco, branco-preto. Joana cuida da mãe e se sente culpada por algo que não sabe definir. Não conseguiu sair de casa, abandonar a mãe, como fez seu irmão que largou tudo e visita a mãe esporadicamente, sem comprometimento.

Entre pequenos capítulos intercalados entre o namoro de Joana e Marie-Ange e o histórico familiar, conhecemos a história do casal Aparecida e Jorge.

Jorge visitava seu irmão, Eduardo, junto com sua mãe todos os finais de semana na Colônia Penal, em Dois Rios, Ilha Grande, Rio de Janeiro. Era época da ditadura e seu irmão foi preso por ser de esquerda. Jorge também era de esquerda, mas não se metia muito em política, tinha outros sonhos, ser médico. Em uma das visitas, conheceu Aparecida em Mangaratiba e foi atrás dela, até começarem a namorar e casar. E esse envolvimento fez com que os irmãos brigassem e não se falassem mais, porque o pai de Aparecida era um policial da Colônia Penal.

Aparecida e Jorge são de mundos diferentes e logo aparecem as insatisfações. Ele sempre intelectual, entre amigos e ela meio ressabiada, até desenvolver as suas obsessões. Um dia, enquanto as crianças passavam férias na casa dos avós maternos, em Dois Rios, o pai sofre um infarte e morre. As crianças se sentem culpadas, porque estavam tão felizes no dia que o pai morreu. Eles eram muito colados, viviam de mãos dadas, e prometendo um ao outro, não se abandonarem. Mas, logo depois da morte do pai, começam a se afastar e parece que tem algo no ar, um tipo de desejo por parte de Antônio.

Em paralelo, vemos Joana cada vez mais envolvida com Marie-Ange, querendo viver esse amor, e atribuindo a ela sua liberdade, que não havia sentido até então. E resolve, depois de muitas dúvidas, seguir com ela para a Córsega, para o vilarejo de Nonza, o que é estranhado pela mãe e pelo próprio Antônio, que apareceu de visita sem avisar. Ele espera sempre que ela cuide da mãe, e ele só participe das partes mais fáceis. Mas essa é a visão da Joana.

“Então, senti a maior liberdade que eu jamais experimentara: a liberdade de saber que não existe apenas o inferno, e que as histórias podem ser recontadas.” (pg. 11)

Vamos conhecer agora a do Antônio.

Devido ao que “ouvi” da Joana, comecei a segunda parte com um certo “preconceito” porque já achava o Antônio bastante egoísta. E acho que não deixei de achar após a leitura, mas tudo tem dois lados e vamos a eles.

Ele conhece Marie-Ange quando ela desiste de ir ao Brasil, como havia pensado, e resolve voltar à Córsega, para ver sua avó Batistine que está doente. Ele fica apaixonada de cara, e ela o convida para conhecer sua casa e família. Vivem por um tempo um grande amor, que parece que vai durar para sempre. Mas ela sai de barco, um dia sozinha, e não com o pai, como todas as manhãs. Ele sente algo no ar, pensa que ela não irá voltar, e fica sem saber o que fazer. Antônio pensa em Marie-Ange, e a descreve exatamente do mesmo jeito que a irmã Joana, dando ênfase as mesmas características físicas (recurso muito interessante usado pela autora).

Antônio continua em Nonza esperando Marie-Ange e aos poucos vamos conhecendo a versão dele dos fatos sobre a morte do pai, a vida conjugal dos pais e o porquê do afastamento dele da irmã, Joana.
Após esperar Marie-Ange por muito tempo, resolve descontar sua raiva na família dela, e por incrível que pareça, a partir disso eles acreditam nos seus sentimentos, e convivem melhor por um tempo. Antônio e Vincent (pai de Marie-Ange), passam a ir de barco pescar, sem anzol, peixes voadores. E Batistine, avó de Marie-Ange morre e ocorre um ritual de despedida característico da ilha.

Antônio resolve que deve voltar ao Brasil, e se dá conta, que por algum motivo, a namorada, e sua ausência sem explicações, o fez trazer à tona todos seus sentimentos em relação à família, sentimentos apenas colocados para baixo do tapete, mas que sempre estiveram lá, presentes. Uma escolha que fez, para não enlouquecer junto com elas, mas que teve um preço a ser pago. A solidão disfarçada de ocupação. Retorna ao Brasil para tentar se acertar com a irmã e com a mãe, mas para sua surpresa, Joana havia viajado. E o final do livro é nesse momento.

“Joana só me soltou quando estremeci, e da minha boca saiu um gemido leve, envergonhado. Ela me empurrou e pulou para trás, assustada, e foi se refugiar na água doce e fria. Não falamos nada, nem ela, nem eu, mas por dentro era só estranheza, pavor, culpa, estupefação, e era amor.” (pg. 167)

Mas sabemos pelo relato de Joana, que ela retorna de Dois Rios e o encontra em casa, e ele ao ver Marie-Ange fica surpreso e ao mesmo tempo dá a impressão de já conhecê-la. E nesse ponto, Joana vai para a Córsega com ela, e tudo leva a crer que se repete exatamente como com Antônio. O barco sai sem aviso, e não se sabe se vai voltar.

Marie-Ange seria um elo entre os irmãos que estavam presos em sua história triste: um ficou preso em casa e o outro saiu, mas estava preso à casa e as lembranças, mesmo achando que não.

Marie-Ange seria a liberdade deles, uma mulher sem amarras, que já havia até trocado de coração, feito um transplante, e vivia cada momento com intensidade.

Achei interessante o uso de alguns parágrafos exatamente iguais para os dois irmãos, seus sentimentos em relação à Marie-Ange, com algumas passagens muito poéticas.

Mas será que Joana não saiu de casa por covardia? Ou realmente só porque tinha que cuidar da mãe?
As escolhas são assim. Nem sempre sabemos por que as fazemos.



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Karen 08/05/2022

Bem escrito e só
1 fato, dois pontos de vista. Ótima premissa, mas, tudo que podia dar certo dá MUITO errado.
Que livro RUIM!
Dei 1 estela porque era o mínimo, o real seria 1/8 de estrela.
Até a página 100 é necessária várias suspensões da descrença até que vem a parte 2 e vc pensa "agora vai!" ... Não.
Toda a história de afunda de vez.
Realmente chocada em o quanto o livro é RUIM!
QUE PERDA DO MEU TEMPO!
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leiturasdabiaprado 06/04/2022

Dois Rios, duas vidas...
Duas vidas interligadas, irmãos gêmeos unidos na infância que se afastam no início da adolescência com a morte repentina do pai!
Duas vidas que seguem rumos diferentes, antagônicos e isoladas uma da outra...
Joana fica em casa, assume o papel de cuidadora da mãe que sofre com graves episódios de TOC...
Antônio ganha o mundo, vira fotógrafo, vive a própria vida sem se importar com a assistência familiar!
Uma francesa aparece e muda completamente a vida dos dois...
O livro é narrado em duas partes, cada uma sob a ótica de um dos irmãos!
Mais uma excelente obra da Tatiana Salem Levy, que certamente é um dos melhores nomes da literatura brasileira atual!
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Fanny 02/07/2020

As histórias se confundem
Tem um momento que ?os rios? se encontram é o mais bacana do livro!
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Stefânea 09/02/2020

Literatura nacional contemporânea mostrando a que veio
"Desde que você partiu, todos os dias são o dia em que você partiu"
Apesar de ter um romance como plano de fundo, o livro vai muito além disso. Fala de família, de morte, de erro, de trauma e de perdão.
O foco dividido na narração da irmã e depois do irmão fez toda diferença. A representatividade LGBT tanbém não faltou.
Achei uma obra genial, apesar do final aberto
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Biblioteca Álvaro Guerra 13/06/2018

"A partir de viagens abruptas ou interrompidas, Tatiana Salem Levy tece com delicadeza as tramas de encontros capazes de mover e estancar. "

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788501096197
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Thiago Barbosa Santos 05/03/2018

Desaguando por caminhos diversos
"Dois Rios" é um título bastante apropriado para o livro de Tatiana Salem Levy. É a história de duas vidas que nascem unidas mas que tomam caminhos completamente diferentes. É um livro também sobre o destino. Como, em muitos momentos, ele parece estar traçado, não importa o esforço que se faça para fugir dele, ou como pequenos acontecimentos são fundamentais para desviar o curso dos acontecimentos.

Antônio e Joana são irmãos gêmeos. Na infância, eram muito unidos, acumulavam promessas de nunca se separar. Eles faziam tudo juntos, até que um dia esse elo se desfez, e eles se afastaram completamente, se tornam quase estranhos um para o outro. "Dois Rios" é dividido em duas partes, cada uma narrada por um dos irmãos e, com isso, o leitor observa o ponto de vista de cada um sobre esse distanciamento.

Os dois costumavam passar as férias em Dois Rios, na casa dos avós. Em uma dessas temporadas, o pai morre de infarto no Rio de Janeiro e as crianças ficam sabendo somente quando ele já estava enterrado. O trauma, que deveria uni-los ainda mais, os afastou. A mãe deles sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). A família reside em Copacabana. Aparecida anda pelo calçadão pisando apenas nas pedras pretas, lava demasiadamente as mãos com sabonetes diferentes, abre e fecha a porta várias vezes ao chegar em casa, etc. Antônio não suporta essa rotina familiar e, assim que se torna adulto, cai no mundo, viajando por vários países exercendo o ofício de fotógrafo. Resta para Joana a missão de ficar presa àquele ambiente, abrir mão da própria vida para cuidar da mãe.


Na primeira parte do livro, encontramos uma Joana impaciente com a situação da mãe, mas cuidadosa. Vemos uma mulher amargurada com o irmão, procurando entender por que ele se afastou dela, por que foi embora e abandonou a família. Em um dos passeios pela praia, ela conhece uma francesa, a Marie-Ange, que mora em um vilarejo no país dela e viajou para realizar o sonho de conhecer o Rio.


As duas se apaixonam, começam a se relacionar e Marie-Ange passa a se tornar a salvação do tédio para Joana, a pessoa que chegou para tirá-la daquele mundinho, fazê-la se abrir para o mundo. Antes de embarcar para o Brasil, a francesa teve que tomar uma importante decisão: viajar ou ficar em casa para estar próxima da avó, que está à beira da morte? Imagine se ela tivesse optado por permanecer? As duas não teriam se conhecido.


A narração termina com o irmão voltando para uma breve visita e a irmã decidindo inverter os papeis. Agora é ele quem fica e ela embarca com a namorada para a França. Marie-Ange a leva para conhecer sua terra natal, Córsega, um pequeno vilarejo de pescadores. Depois de alguns dias de convivência, Marie-Ange embarca para pescar e não volta mais.


A segunda parte do livro começa com o sumiço de Marie-Ange, até pensamos que é uma continuação da primeira metade da obra, mas é aí que o livro dá a grande virada e surpreende. Quem está aflito com o sumiço da Marie-Ange é o irmão de Joana. É aquela questão do destino que retratamos. A narração de Antônio é uma outra possibilidade para a história. Marie-Ange desiste da viagem para o Brasil para ficar próxima da avó, que está à beira da morte. Ela não conhece Joana, mas conhece Antônio, o irmão dela, que vive pelo mundo a fotografar. Os dois se apaixonam, engatam um namoro e vão para o vilarejo onde os familiares dela residem.


Em uma saída para pesca, Marie-Ange não volta mais. Antônio fica louco, mas não consegue sair do vilarejo esperançoso de que um dia ela possa voltar. Entre sofrimentos e divagações, ele passa a limpo sua história familiar. Descobrimos que ele se apaixonou pela própria irmã bem no dia em que o pai morreu. Seria um castigo divino? Sentindo-se culpado, optou por cortar laços com a irmã, se afastar e correr mundo.

Por fim, cansado de esperar pela amada no vilarejo, resolveu voltar ao Rio disposto a estreitar laços novamente com a irmã. Ao chegar, a mãe lhe conta que Joana viajou com uma amiga.
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Paty 21/01/2014

Dois rios que, independentemente do seu percurso, se uniram na plenitude do mar.
Arsenio Meira 28/01/2014minha estante
Então, eu vou tratar é de tomar banho nesse mar. Já encomendei o romance. Resenha: Poesia & síntese. bjo




Alexandre Kovacs / Mundo de K 23/11/2012

Tatiana Salem Levy - Dois rios
Editora Record - 224 páginas - Lançamento 2011.

Com este último romance, Tatiana Salem Levy enfrenta o desafio de superar a sua excelente estreia com "A Chave de Casa" que ganhou o prêmio São Paulo de Literatura, autor estreante em 2008. O livro é dividido em duas partes, narradas em sequência por Joana e Antônio, um casal de irmãos gêmeos, cada um com seu próprio ponto de vista, partindo de um evento trágico comum da infância, a morte precoce do pai quando eles tinham apenas doze anos. Enquanto a visão de Joana é mais centrada na história da família e no seu relacionamento com a mãe (um ponto semelhante com "A Chave de Casa") que ela não abandonou após a morte do pai, a narrativa de Antônio é mais individualista, centrada nas suas experiências de fotógrafo em outros países. Existe, no entanto, um elo que une as duas histórias, a francesa Marie-Ange por quem os dois irmãos se apaixonam em épocas e lugares diferentes. A transição entre a abordagem feminina e masculina de uma mesma paixão é um truque explorado pela autora.

Outro ponto em comum entre as duas narrativas é o mar, elemento lírico muito forte no romance, seja em Ilha Grande, no vilarejo de Dois rios, na primeira parte narrada por Joana, ou na ilha de Córsega, onde Antônio vive sua aventura com Marie-Ange. A francesa representa a salvação para os dois personagens, tanto para Joana que se liberta das responsabilidades e sofrimento acumulado com a mãe, quanto para Antônio que faz o caminho inverso, buscando entender os motivos da sua partida e separação da irmã. Na verdade, os dois irmãos não conseguem esquecer a pureza do amor que sentiram um pelo outro durante a infância, bruscamente interrompida após a morte do pai. Cada um, à seu próprio modo, recorda com alguma culpa os momentos que passaram juntos em belas imagens capturadas pela prosa forte de Tatiana Salem Levy.
Dana 03/03/2017minha estante
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Prisi 13/03/2015minha estante
Pois é! Eu achava que era uma continuação. Tipo, primeiro Antonio foi quem viveu com a Marie-Ange e depois foi a vez da Joana viver com ela. Mas aí entra a questão da avó que estava morta e depois não mais (?). E também me incomodou essa repetição. Fora que a narrativa de Antonio começou bem, okay, mas chegou uma hora que ele remoía tanto que se tornou cansativo pra mim. A parte de Joana fluiu melhor.




Marcelo Souza 04/04/2012

Dois Rios
O livro é bom. É uma experiência realmente problemática descrever duas visões paralelas acerca da mesma situação, ainda mais se a situação foi compartilhada diretamente pelos dois 'narradores', o que é o caso do romance.

Além disso, acho que a história é uma boa construção sobre a questão da perda e do luto, em suas diversas implicações, que são muito exploradas pela autora.

Entretanto, no final me pareceu que a história poderia ter sido contada em menos de 150 páginas e não nas 220 que o livro tem. Acho que há um excesso de narração, em certos momentos. O que é um risco quando se trata de romances. Mas nesse caso poderia ter sido minimizado. Não apaga o brilho de alguns trechos, mas fica a ressalva.
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