Dois rios

Dois rios Tatiana Salém Levy




Resenhas - Dois Rios


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ogatoleu 23/02/2024

"Porque a gente só busca o sentido quando ele deixa de existir."
/ um rio /

A vila de Dois Rios, no Rio de Janeiro, possui um rio chamado Dois Rios. Como se isso aí já não fosse aguado o suficiente, existe ainda mais um fato curioso sobre o rio Dois Rios: ele desagua no mar. A autora Tatiana Salem, sabendo disso tudo, constrói a partir daí a trama de seu livro. É uma premissa do simbolismo que permeia todas as páginas, e saborear essas alegorias foi a minha parte favorita do livro.

Joana e Antônio são irmãos gêmeos que carregam em si uma grande ambivalência. Assim como o rio Dois Rios contém em si um rio e dois ao mesmo tempo, Joana e Antônio ecoam essa contradição. São unha e carne, e mesmo quando se desunem estão irremediavelmente ligados. O livro se divide em duas parte, uma para cada gêmeo.

Em "Joana", Marie-Ange decide viajar da França para o Brasil, onde Joana a conhece e se apaixona por ela. Em "Antônio", Marie-Ange fica na França, onde se envolve com Antônio. As duas histórias acontecem em realidades paralelas, mas como os dois rios que correm num rio só, possuem pontos de confluência.

Marie-Ange é como o mar, inconstante e cheia de vida. Vai separando as histórias dos irmãos como o mar os separa em continentes, mas assim como o mar, também é um elemento de ligação. Gera fascínio, mas é preciso cuidado para não ir fundo demais nesse deslumbramento.

/ dois rios /

Agora, um ponto de vista bem particular: "Dois rios" é um bom livro, mas não me marcou muito. Não é bem o tipo de leitura que lembrarei por meses a fio.

A parte "Joana" nos introduz vários novos fatos. Nele conhecemos a mãe de Joana e suas lutas diárias com o TOC, a relação conturbada entre irmãos, o passado da família (incluindo aí uma breve discussão sobre a ditadura militar), a personalidade de Marie-Ange...

Na parte "Antônio"... bem, é basicamente tudo de novo. Um ou outro fato novo surge, mas nada além do esperado.

Talvez a minha maior queixa com "Dois rios" seja justamente sobre essa simetria entre as duas metades. O simbolismo disso tudo fica bem redondo com a proposta do livro, e eu aprecio isso. O problema é que, em termos de enredo, da leitura na prática, a segunda parte fica bem arrastada e repetitiva.

site: instagram.com/ogatoleu
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