Pabline 16/02/2013
Amigas Entre Livros: Cândido ou o Otimismo
http://amigasentrelivros.blogspot.com.br/2012/12/resenha-candido-ou-o-otimismo.html
Desde um bom tempo, quando li pela primeira vez a frase “Posso não concordar com nenhuma palavra que você diga, mas defenderei até a morte o direito de você dize-las”, eu fiquei encantada com o autor. Obviamente o autor é Voltaire, um filosofo francês. Mas até pouco tempo, nunca havia lido uma obra sua, li mais foi textos de outros autores falando de seus pensamentos, sua filosofia... Nunca algo realmente dele. E o Cândido ou o Otimismo foi o primeiro contato que tive com esse filosofo sarcástico, corajosos e cheio de marra.
Esse livro se centra principalmente numa critica que Voltaire faz às ideias de Leibniz, onde mostra que o otimismo de sua filosofia “vivemos no melhor dos mundos possíveis”, não lhe convence muito.
“- O que é o otimismo?, disse Cacambo.
- Ai de mim!, disse Cândido. É a louca paixão de sustentar que tudo está bem quando está mal.” (Página 75)
O protagonista se trata de Cândido, um rapaz ingênuo nos assuntos da vida, que tinha como mestre o Pangloss, que era um aguerrido defensor dessa filosofia cujo Voltaire critica. Ao longo do livro, Cândido passa por vários e vários infortúnio, mas seu principal intuito é viver feliz com sua amada Cunegunda. O livro não deixa de ter um certo romance, apesar de isso não ser o foco.
Cândido faz uma verdadeira viajem ao mundo, saindo da Alemanha, indo pras Américas, até uma passada no Eldorado ele deu, chegando até à Constantinopla. E ao longo dessas viagens, além de conhecer muitas pessoas, e se decepcionar com muitas delas, ele passa por muitas provações, por uma desgraça maior que a outra, e em meio disso, ele começa a se perguntar se a teoria defendida por seu mestre, e que até então acreditava, realmente é verdadeira. Mas quando chega a Eldorado, essa cidade lendária, e ver que lá tudo é bom, que as pessoas não se odeiam, não há crimes e tantas outras mazelas das cidades grandes, então entende que lá, essa filosofia se aplica. Percebemos as metáforas lançada por Voltaire, já que Eldorado realmente nunca existiu.
“- Existe portanto o bem, replicou Cândido. - Pode ser, disse Martinho, mas não o conheço” (Página 81)
Voltaire tem um humor bem, não sei se a palavra certa seria acido, mas ele dá umas boas apunhaladas em seus críticos que são daquelas de doer o fígado, e isso me tirou uns risos. O humor que Voltaire se utiliza é um humor inteligente, então é preciso que esteja atento a ele, senão passa despercebido.
“- Certo! Meu caro Panglaoss, lhe disse Cândido. Quando você foi enforcado, dissecado, coberto de pancadas, e remava nas galés, ainda assim continuava pensando que tudo ia da melhor maneira possível? - Mantenho meu sentimento original, respondeu Pangloss, pois enfim sou filósofo: não convém que eu me desdiga.” (Página 124)
Um livro curtinho, se você se sentar numa tarde, dá de o ler nela mesma. A linguagem é bem acessível, e sua filosofia, meio que pessimista em relação à condição humana, é bem interessante, pois ele está o tempo todo criticando a acomodação em relação à vida... Só porque aconteceu algo não quer dizer que era para ser assim, que na verdade, essa coisa seria o melhor a ter acontecido. Há muito mais por trás disso, pode haver pobreza, ganancia, a vida está cheia de injustiças, só porque elas existem não quer dizem que não podemos fazer nada sobre, não quer dizer que assim seria o melhor dos mundos... Atitudes precisam ser tomadas.
Com certeza pretendo ler outros livros de Voltaire, um cara que só me deixou mais curiosa pela sua história.
“... Martinho concluiu que o homem nascera para viver nas convulsões da inquietude ou na letargia do tédio” (Página 138)