Doutor Fausto

Doutor Fausto Thomas Mann




Resenhas - Doutor Fausto


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Gley 30/11/2009

Muito extenso para o que tem a dizer.
Thomas Mann, neste livro, parte de um pressuposto interessante (para a época, hoje está batido): uma releitura do tema de Fausto e seu pacto com o diabo inseridos em um período histórico recente.

O problema do livro consiste no timing do autor, que conta a história de maneira morosa, ao estilo alemão vigente (anos 40). O contraponto entre uma Europa conturbada (principalmente na Alemanha) e a alegoria do acordo com o demônio ficam evidentes em menos de um quarto do romance, e daí as idéias que são desenvolvidas não são suficientes para manter a atenção do leitor, haja vista que o desenrolar da trama parece bastante previsível.

Parei de ler na metade, para quem quiser ir além, boa sorte. Se a conclusão valer a pena, é favor me informar para que eu possa tentar de novo com mais esperança.
Tizo 07/12/2012minha estante
A melhor parte da obra é justamente a segunda metade. Acho que o livro cobra do leitor muita atenção na primeira metade e devolve uma história surpreendente na segunda parte. O capítulo da conversa com o demônio é sensacional.


andré 13/04/2013minha estante
Cara, vc deixou escapar toda essência da obra. Primeiro Mann não faz um releitura do Fausto, ele cria um Fausto totalmente oposto aos modelos originais. Segundo, o timing dele em não está de acordo com os da sua época, porque a sua época foi marcada justamente pela busca de uma forma de expressão, então não existia um sistema definido em nenhuma arte. E a forma morosa, a forma lenta, é proposital, justamente para ironizar o intelectualismo e racionalismo da época, que é o que o autor faz, alem de concentrar no campo do monologo, que ao mesmo tempo é dirigido ao narrador e ao leitor (o que é muito foda) a trama. E precisa ser longa, pq o romance platônico homossexual na obra é um pano de fundo para o verdadeiro tema: a decadência da Alemanha Nazista. A parte realmente difícil da obra é só a da teoria musical, que permeia a obra inteira, mas mesmo isso tem um motivo, que é a ironização de uma época, como já disse. A história de um livro é só 50% da obra, o que torna literatura arte é o elemento plástico, o trabalho com a palavra, aquilo que vc chamou de batido em um autor cuja primeira peculiaridade é a inovação paradoxal, no sentido que ele jamais abandonou a natureza romanesca clássica.




Julio.Argibay 05/06/2019

Goethe
Dr Fausto é um livro clássico de Thomas Mann (autor de: A Montanha Mágica) muito erudito, que exige muita atenção, ele esmiúça tecnicamente cada tema abordado e pode ser cansativo. Essa obra está incluída entre os 50 mais importantes da literatura ocidental. Logo no início da leitura resisti a continuar lendo, olhei outros livros, voltei, li mais um pouco, depois vi uma resenha a respeito e finalmente no terceiro dia resolvi arriscar, ainda bem (mas confesso dá muito trabalho). O escritor inicia sua trama abordando o período da infância de um amigo, ocorrida numa propriedade no campo, uma espécie de granja ou quinta, num vilarejo chamado Buchel ou Oberweiler, localizado na Alemanha. Ele relata a existência de uma árvore no meio do pátio, onde os moradores convergiam para socializarem durante o dia. Eu acredito que o tema da estória seja o mito de Fausto de Goethe, mas até o momento ainda não foi abordado esse tema, mas o autor já foi citado no texto (acertei, é isso mesmo). Os pais de Adrian, os Leverkuhn, são descritos nesse momento, assim como Georg, irmão mais velho e herdeiro da propriedade. Nesse início da trama o autor/narrador da estória dialoga com o leitor, prepara ele para o que vai ser contado, se desculpa pelo que foi escrito e se o que foi escrito realmente foi necessário (lembro que Machado de Assis em sua trilogia, utiliza muito esses recursos, ou seja, o uso desse recurso, ou seja, de ficar mais íntimo do leitor). Em 1895 Adrian foi estudar na cidade de Kaisersaschern, e ficou hospedado na casa de um tio, artesão de instrumentos musicais. Nesta fase ele começa a se interessar por música, então o tio contrata um professor, Kretzschmar para acompanha-lo. Nesse trecho, fala-se bastante a respeito da música clássica e de religião (tudo muito técnico e erudito, bem difícil de acompanhar, é bem especializado mesmo). O tempo passa e os dois amigos se mudam e vão estudar em outra cidade. No início desse período eles se interessam por filosofia e religião em Halle. A saber, a unidade dialética do bem e do mal, matéria ensinada por um professor, íntimo dos dois personagens. O interesse pelos estudos teológicos diminui e Adrian vislumbra a possibilidade de ser músico. Diante dessa vontade ele se matricula em outra universidade e seu amigo, narrador dessa estória, se alista no exército. Já em Leipzig ele continua compondo e desenvolvendo seu trabalho. Aqui temos um novo pano de fundo que e a guerra - o narrador fala sobre o ataque de um submarino alemão a dois navios um deles é brasileiro e outro inglês. Além da invasão russa a leste, a perda da Sicília para os aliados, a guerra em solo alemão já preocupa a todos. Agora temos religião, música e guerra. Adrian segue com alguns amigos de férias, oportunidade que ele tem para conversar e filosofar. Em meio a isso há uma passagem que corrobora com aquela ideia inicial do mito do Fausto. Outra coisa, o narrador naquela interação com o leitor informa sobre a maneira como é contada a estória: o tempo atual do leitor, o tempo do narrador e o tempo histórico (a coisa vai se complicando). Nesse período, o narrador e Adrian conheceram muitos amigos e se divertiram bastante, mas a Alemanha foi derrotada na guerra e essa boa vida sofre alguns revezes. Concomitantemente, Adrian passa períodos de muita enxaqueca e mal estar. Depois de um tempo, ele casou e teve um filho , uma vida aparentemente normal. Será? (Talvez eu esteja escondendo algo). Agora vamos finalizar nossa resenha. Nosso personagem faz um importante desabafo aos seus amigos, explicando como foi sua vida até este momento. Este fato é uma ruptura de toda a trama. Todos ficam surpreendidos e Adrian volta para casa dos seus pais e fica sob cuidados de sua mãe. Será que há uma analogia entre a vida de Adrian e a própria Alemanha? (Fico aqui pensando com os meus botões, acho que sim). Boa sacada...
Lipe 05/06/2019minha estante
Estou relendo Grande Sertão: Veredas, nosso fausto brasileiro. Sempre tive vontade de ler Doutor Fausto, mas sei que ele exigirá muita erudição e paciência de mim, por isso sigo resistindo.


Julio.Argibay 05/06/2019minha estante
Rssssss. Verdade. A hora chega.




Paula 25/10/2011

Foi uma leitura difícil, não que o livro seja ruim, mas talvez eu não seja uma leitora madura e é um livro longo que todo mundo resume numa linha: o homem que vendeu a alma ao diabo.
O livro é narrado pelo Zeitblom, que é amigo de infância do musico Adrian Leverkühn, contando sua vida, relações, doença e fatalidade, a época em que acontecem os fatos, sua carreira e sua musica. Também nos conta que Adrian vendeu a alma ao diabo para ter tempo de concluir sua "musica", que seria a frente de seu tempo e por isso, talvez, incompreendido. Sua ultima obra dele é "Lamentações de Fausto", onde depois de concluída, digamos que o tempo literalmente acabou.
A parte curiosa do livro é a conversação que ocorre entre Adrian e o diabo, onde o próprio diabo fala sobre porque ele esta oferecendo mais tempo ao Adrian e por qual motivo ele escolheu o Adrian. O que mais me tocou no livro foi à descrição da época, pois o professor Zeitblom passa pelas duas grandes guerras e escreve como ele lamenta e fica horrorizado com tamanha atrocidade, e de como a Alemanha foi arrastada pela degradação na mão de malucos.
Confesso que para compreender melhor o livro, procurei saber sobre a vida do autor e o contexto que esta inserida a obra, assim pude apreciar um pouco melhor.
Tizo 07/12/2012minha estante
O autor deixa no ar se ele realmente se vendeua ao Deonio ou se tudo não passva de efeitos colaterais da sua enfermidade, a saber Sífilis neurológica.




Nina 19/11/2023

Defesa da cultura e do humanismo burguês
Assim como em 'A montanha mágica', Mann se vale de uma história "trivial" para narrar os acontecimentos geopolíticos da Europa e de sua Alemanha do século XX.

Defensor do humanismo burguês, em suas próprias palavras, o autor intercala (e mescla) a narrativa do compositor Adrian Leverkühn, e seu pacto faustico, com a derrocada alemã pós Segunda guerra, mostrando como o espírito de um povo pôde ser capturado e manipulado ao ponto de desafiarem o mundo inteiro e perpetrarem indiziveis barbáries.

Foi uma leitura menos fluida e encantadora que 'A montanha mágica", mas as análises sociais e o desfecho ganharam meu coração.
AndrAa58 21/11/2023minha estante
Bela resenha ?




Andre.S 22/05/2023

Um livro muito longo,difícil e deveras chato. Segunda experiência minha com o autor, foi custoso conseguir chegar ao final. Não é meu tipo de livro.
Mateus 21/06/2023minha estante
Nossa, depois dessa análise perdi a fé em terminar de ler A montanha mágica. Talvez o autor n seja do meu estilo




Maria. 06/05/2021

4 estrelas pela fanfic gay Adrian x Serenus que eu criei na minha cabeça
nat 25/05/2021minha estante
gay feia




ReiFi 18/08/2010

Doutor - Fausto
José Reinaldo do Nascimento Filho

(16/08/2010)

TTerminei.

Se não me falha a memória faz quase dois anos que li A Montanha Mágica, e lembro-me que, concomitantemente à leitura dessa obra, estava cursando a matéria Teoria da História com um professor apaixonado por música ao ponto de embalar sua explanação ao som de violões ou de músicas clássicas, pois, segundo ele, a sala de aula era seu palco e os alunos os seus espectadores. Lembro-me ainda, e não tenho orgulho disso, Leonardo muito menos, que, certa feita, o Teórico, vendo-me debruçado sobre a “Montanha”, dirigiu-se até mim, e fez a seguinte pergunta: Esse livro não é muito complicado para você, não, meu filho? Eu respondi: Humm, mas eu tento professor. Passados dois anos voltei à leitura de mais uma obra de Thomas Mann, mas dessa vez, e juntamente com o término da leitura, a certeza de que, se me fosse feita a pergunta anterior, a resposta teria sido diferente: Sim, Doutor Fausto é muito complicado para mim (ainda).

Há um ano comprei o livro O Poder Simbólico, de Pierre Bourdieu, e lembro-me...

Para saber mais acesse:
http://catalisecritica.wordpress.com/2010/08/18/doutor-fausto-thomas-mann/#comments
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Danilo 09/10/2011

No início do livro quase não há drama, quem não entende de teoria musical sofre bastante. Isso por quase 350 páginas. Depois o livro fica muito interessante com a volta ao Fausto de Goethe. Recomendo aos que curtem e conhecem música erudita e aos mais dedicados.

Adrian Leverkühn. Não sei porque mas nunca esqueci esse nome.
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Francisco 15/04/2012

Trata-se de um 'tour de force' da criação literária diante da criação musical, a questão da criação artística, tema tão caro às obras de Thomas Mann aqui aparece de uma forma desafiadora e genial. Não imagino uma leitura desse romance ser proveitosa sem conhecer um mínimo de história da música ocidental.
Apesar de essa ser uma obra da maturidade, ainda acho que o melhor de T.Mann está na 'Montanha Mágica',obra que traz personagens como Naphta e Settembrini e cuja narrativa cheia de ensinamentos humanistas me apaixonou no sentido pleno da palavra.
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Ze Moderno 11/08/2012

Um compositor e seu país se entregam ao mal
É um livro sobre o espírito criador. Esse espírito que não apenas vagueia nas alturas da idealização e nas substanciais criações de seus antepassados, mas que também desce nas camadas sujas e demoníacas de nossa existência. Para a personagem principal essa oscilação acaba sendo trágica, assim como para o povo alemão. A "profundidade e a forma", características apenas da Alemanha, nação de riqueza cultural acima das outras, fraquejam diante do vulgar e do sórdido. A bestialidade primitiva, tão presente nos países sem Cultura com C maiúsculo (Brasil e os outros 99%) ganhou impacto maior na Alemanha na primeira metade do século XX, mas por que? Para Adrian, Thomas Mann encontra uma resposta; para a Alemanha, só a lamentação.
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Paulo 08/03/2024

Literatura de primeira grandeza
Publicada em 1947, a versão de Fausto de Mann se passa na Alemanha, no período que vai desde o nascimento de Adrian Leverkühn, em 1885, até o fim da Segunda Guerra Mundial.
Serenus Zeitblom, doutor em filosofia, católico, erudito, modesto e moderado, narra sua convivência com Adrian Leverkühn, um gênio musical, misantropo, melancólico e de manifesta frieza.

Com esse artifício, Mann insere o leitor em um plano temporal tridimensional: o do romance propriamente dito, que vai basicamente da primeira à segunda guerra, da vida do narrador Serenus, que escreve a obra no final da segunda guerra, e o do leitor, quando este lê o livro.

Diferentemente da obra prima goethiana, na qual o demônio Mefistófeles participa ativamente da trama, aqui a atuação do diabo é indireta: há somente em um registro escrito de próprio punho por Adrian, no qual ele narra suposto encontro que teria tido para selar o pacto macabro e, ao final do livro, quando Adrian relata a seus amigos que sua obra musical fora obra do demônio. É possível até mesmo questionar se o encontro fatídico realmente ocorreu ou se foi obra de alucinação febril ou loucura do compositor.

O pacto estabelecido entre o diabo e Adrian supostamente foi o seguinte: 24 anos de tempo genial para composição musical, mas sem poder amar outras pessoas, em troca da alma para o Inferno.

A história narra os momentos de criação artística de Adrian, sua amizade com seu narrador e a vida de outras personagens secundárias, perfazendo uma crônica da Alemanha do entre guerras.

Há todo um paralelismo entre a personalidade do narrador Serenus e a de Adrian, entre a modéstia e o narcisismo, o equilíbrio e a audácia, a razão e o irracional, e a própria situação alemã vivida entre guerras que culminou no nazismo.

Adrian simboliza a arte pela arte, desprovida de qualquer embasamento transcendente, a apostasia que levou à derrocada alemã. Faleceu louco, acometido de sífilis, como Nietzsche.

Literatura de primeira grandeza.

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Nadiny Prates 29/08/2016

Acho que um questionamento que perdura na cabeça de muitos, é como a Alemanha, um país de mentalidade humanista, e terra de grandes intelectuais, foi capaz de cometer e permitir tanta atrocidade e barbárie, levando a morte de 6 milhões de judeus da forma mais horrenda que se possa imaginar.Em Doutor Fausto, Thomas Mann tenta responder essa questão. A história é narrada por Serenus Zeitblom amigo de infância de Adrian Leverkühn, um compositor, que vende a alma ao diabo em troca de 24 anos de intensa criatividade musical, mas o preço a ser pago ainda em vida, é a perda de sua humanidade, incapacidade de amar as pessoas. É uma clara alegoria a ascensão do Terceiro Reich e da renúncia da Alemanha à vida, liberdade e o amor, como se tivesse feito um pacto demoníaco. O livro contêm dois tempos narrativos. Entre 1942 a 1945, onde Serenus começa a escrever a biografia do Adrian.E os anos anteriores a essa data, onde desenrola os fatos.Portanto, há umas digressões, onde o narrador relata os acontecimentos da guerra que está se desenrolando ao seu redor. A medida em que acompanhamos a vida, apogeu e a tragédia do protagonista, também acompanhamos a história e a derrocata da Alemanha na guerra, em um brilhante paralelo que o Thomas Mann faz. Em diversas passagens, o autor reconhece a culpa alemã pelas atrocidades que cometeu, e de certo modo crítica àquelas pessoas que sabiam que as coisas estavam tomando um rumo sombrio e nada fizeram.Brilhante!!Recomendo fortemente, extremamente e veemente rsr a leitura desse livro, maravilhoso em todos os aspectos, os capítulos finais é de tirar o fôlego e nos deixar extasiados.Sim a narrativa é um pouco complexa, tem uma escrita bem erudita e teorias musicais, que para quem é leigo no assunto como eu, pode ser difícil de entender, mas vale a pena vencer essa barreira.

site: https://www.instagram.com/sejalivro/
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