Julio.Argibay 05/06/2019
Goethe
Dr Fausto é um livro clássico de Thomas Mann (autor de: A Montanha Mágica) muito erudito, que exige muita atenção, ele esmiúça tecnicamente cada tema abordado e pode ser cansativo. Essa obra está incluída entre os 50 mais importantes da literatura ocidental. Logo no início da leitura resisti a continuar lendo, olhei outros livros, voltei, li mais um pouco, depois vi uma resenha a respeito e finalmente no terceiro dia resolvi arriscar, ainda bem (mas confesso dá muito trabalho). O escritor inicia sua trama abordando o período da infância de um amigo, ocorrida numa propriedade no campo, uma espécie de granja ou quinta, num vilarejo chamado Buchel ou Oberweiler, localizado na Alemanha. Ele relata a existência de uma árvore no meio do pátio, onde os moradores convergiam para socializarem durante o dia. Eu acredito que o tema da estória seja o mito de Fausto de Goethe, mas até o momento ainda não foi abordado esse tema, mas o autor já foi citado no texto (acertei, é isso mesmo). Os pais de Adrian, os Leverkuhn, são descritos nesse momento, assim como Georg, irmão mais velho e herdeiro da propriedade. Nesse início da trama o autor/narrador da estória dialoga com o leitor, prepara ele para o que vai ser contado, se desculpa pelo que foi escrito e se o que foi escrito realmente foi necessário (lembro que Machado de Assis em sua trilogia, utiliza muito esses recursos, ou seja, o uso desse recurso, ou seja, de ficar mais íntimo do leitor). Em 1895 Adrian foi estudar na cidade de Kaisersaschern, e ficou hospedado na casa de um tio, artesão de instrumentos musicais. Nesta fase ele começa a se interessar por música, então o tio contrata um professor, Kretzschmar para acompanha-lo. Nesse trecho, fala-se bastante a respeito da música clássica e de religião (tudo muito técnico e erudito, bem difícil de acompanhar, é bem especializado mesmo). O tempo passa e os dois amigos se mudam e vão estudar em outra cidade. No início desse período eles se interessam por filosofia e religião em Halle. A saber, a unidade dialética do bem e do mal, matéria ensinada por um professor, íntimo dos dois personagens. O interesse pelos estudos teológicos diminui e Adrian vislumbra a possibilidade de ser músico. Diante dessa vontade ele se matricula em outra universidade e seu amigo, narrador dessa estória, se alista no exército. Já em Leipzig ele continua compondo e desenvolvendo seu trabalho. Aqui temos um novo pano de fundo que e a guerra - o narrador fala sobre o ataque de um submarino alemão a dois navios um deles é brasileiro e outro inglês. Além da invasão russa a leste, a perda da Sicília para os aliados, a guerra em solo alemão já preocupa a todos. Agora temos religião, música e guerra. Adrian segue com alguns amigos de férias, oportunidade que ele tem para conversar e filosofar. Em meio a isso há uma passagem que corrobora com aquela ideia inicial do mito do Fausto. Outra coisa, o narrador naquela interação com o leitor informa sobre a maneira como é contada a estória: o tempo atual do leitor, o tempo do narrador e o tempo histórico (a coisa vai se complicando). Nesse período, o narrador e Adrian conheceram muitos amigos e se divertiram bastante, mas a Alemanha foi derrotada na guerra e essa boa vida sofre alguns revezes. Concomitantemente, Adrian passa períodos de muita enxaqueca e mal estar. Depois de um tempo, ele casou e teve um filho , uma vida aparentemente normal. Será? (Talvez eu esteja escondendo algo). Agora vamos finalizar nossa resenha. Nosso personagem faz um importante desabafo aos seus amigos, explicando como foi sua vida até este momento. Este fato é uma ruptura de toda a trama. Todos ficam surpreendidos e Adrian volta para casa dos seus pais e fica sob cuidados de sua mãe. Será que há uma analogia entre a vida de Adrian e a própria Alemanha? (Fico aqui pensando com os meus botões, acho que sim). Boa sacada...