marianastasca 01/06/2023
Os sintomas do amor são os mesmos do cólera
Li ?O amor nos tempos do cólera? no início da pandemia, quando não sabíamos quanto tempo ela iria durar e o medo do futuro pesava no ar, dificultando a respiração.
À época, vivia as fagulhas internas causadas pela paixão avassaladora. Eram meus primeiros meses de namoro.
A narrativa de Gabo, nesse cenário, tomou contornos especialmente encantadores.
O livro conta a história de um amor perene nutrido por Florentino Ariza por mais de 50 anos, sobrevivente ao tempo, à distância e aos rumos dados pelo destino à vida de sua amada Fermina Daza.
O romance, embora sutil, é grandioso e arrebatador, revelando a beleza do amor maduro, que é puro, sereno e incondicional.
A sensação, durante toda a leitura, é de que estamos envoltos por uma brisa morna de uma tarde primaveril. Parte disso, para além da potência dos sentimentos causados, liga-se ao fato de que a trama é ambientada numa fictícia Cartagena.
Datando da transição entre os séculos 19 e 20, Gabo brinca com o título eleito, já que, neste período, a Colômbia enfrentou severas guerras civis e o país, pobre, sofreu epidemias de cólera em razão da precariedade sanitária. Fica, então, o questionamento: é possível amar em tempos de guerra e doença?
Eu tenho certeza que sim. Pois, fazendo das palavras de Gabo as minhas, ?os sintomas do amor são os mesmos do cólera?.
@tascadoslivros