O Amor nos Tempos de Cólera

O Amor nos Tempos de Cólera Gabriel García Márquez




Resenhas - O Amor nos Tempos do Cólera


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Valério 08/02/2018

A melhor história de amor da literatura
O amor nos tempos do cólera não tem o arrebatamento dos romances best seller. Não tem as cenas de sexo selvagem que tanto cativam nas histórias apimentadas de hoje.
Mas este livro tem a genialidade de Gabriel Garcia Márquez. Tem o amor perseverante, mais resistente que paixões desenfreadas. Tem o orgulho engolido, tem a perseverança que apenas amores verdadeiros tem (e esse amor verdadeiro não existe na maioria dos casais, que na verdade só veem no outro o seu passaporte para a felicidade).
Um amor que dura mais de 50 anos. E está limpo e novo como nunca quando chega a sua hora.
Um amor que não carrega a mágoa do passado, mas vive toda a intensidade do pouco que lhe resta.
A devoção silenciosa e resignada de Florentino Ariza é uma lição para todos nós.
A espera resoluta, a certeza de que o que lhe foi reservado pode demorar, mas vem.
Uma vida em compasso de espera, vivendo tudo o que muitos considerariam uma vida deliciosa (Florentino, surpreendentemente, se torna o mais convincente Don Juan, sem sequer fazer qualquer esforço). Mas que para Florentino de nada valia, uma vez que Fermina Daza não podia ser sua.
Um dos melhores livros que li em minha vida, Gabo consegue traduzir a grandeza do dia a dia, da teia que compõe a vida juntando cada pequenos fragmentos de tempo e acontecimentos corriqueiros para montar o quebra-cabeças que só é visível quando se termina de montar.
Sófocles disse 450 anos antes de Cristo, em "Édipo Rei": "Assim, não consideremos feliz nenhum ser humano, enquanto ele não tiver atingido, sem sofrer os golpes da fatalidade, o termo de sua vida"
Pois com Florentino podemos dizer : "Assim, não consideremos infeliz nenhum ser humano, enquanto ele não tiver atingido, sem alcançar o que lhe é mais valioso, o termo de sua vida"

Saibamos então viver como Florentino, aguardando o momento da felicidade. E não o estragando por causa da espera.
Shai 08/02/2018minha estante
acho que você comentou em um livro do Gabriel Garcia que eu estava lendo a descrição desse livro ( comentou no cem anos de solidão) eu li o amor nos tempos do cólera e me peguei muitas vezes pensando sobre Florentino,o tanto que ele foi resiliente, mas sem deixar de aproveitar a sua vida, o tanto que ele cultivou esse amor por ela, mas também amando muito bem as mulheres que apareceram no seu caminho, o livro retrata bem a história real de um amor, sem aquele mito de que amando você é sempre feliz, mostra os conflitos dele, o quanto sua vida passou e como a dela se transformou sem glória alguma no que todos esperavam, pra mim fica evidente o que Vinicius fala quando diz '' o sofrimento é o intervalo entre duas felicidades''


Valério 08/02/2018minha estante
Adorei sua análise. Se não fez, deveria fazer uma resenha.
Florentino amou o verdadeiro amor incondicional, que nada espera em troca, que tudo suporta...


Flávia 10/02/2018minha estante
não veja o filme, se quiser manter essa imagem bonita do Florentino, Valério. o pintaram como um doente mental obsecado. Bom, ou veja e me digas o que acha. Vai que gostas.


Valério 11/02/2018minha estante
Eu já assisti, Flavia. Logo que foi lançado. Mas não me lembro de praticamente nada do filme. (Ainda bem. ?)


Flávia 11/02/2018minha estante
kkkkkkk eu tb assisti antes de ler. o filme é tão nada a ver que não atrapalhou minha experiência de leitura


Davi.Rezende 18/02/2018minha estante
Os roteiros de filmes são sempre ADAPTAÇÕES dos livros que os INSPIRARAM.


Flávia 18/02/2018minha estante
oi davi? tendi não. aliás nem entendi se era comigo que estava falando rs. vc quis dizer que um filme é baseado no olhar do artista (no caso, cineasta?), se for, super concordo. e no caso desta, o meu olhar não bateu com o produtor. agora se não, não entendi msm. não acho o filme ruim, só que no livro vejo um florentino, um homem apaixonado e paciente, eqto no filme vejo um que me daria medo caso se apaixonasse por mim. zulivre!


Valério 19/02/2018minha estante
Verdade, Davi. Livros sempre ficam devendo muito aos livros. Não conseguem traduzir as emoções que somente ao ler sentimos.
Gosto de enxergar da seguinte maneira: Em um filme, você VÊ o que acontece. Em um livro, você SENTE.
No caso do "amor nos tempos do cólera" acho que o filme ficou devendo um pouco mais do que geralmente ocorre. Assim como aconteceu com Flavia, o meu olhar não bateu com o do produtor...


Shai 19/02/2018minha estante
bom, vou me meter na discussão de vocês, em uma passagem rápida e pouco tempo p se aprofundar aos personagens, se for fazer um resumo da vida de Florentino, ele foi um leviano, bohemio, mulherengo, mas aprofundando, se via o quanto ele tinha carinho pelas mulheres que se envolverá, e principalmente o quanto ele teve paciênccia na espera, avaliando rápido a sua amada, temos uma mulher rabugenta que a todo custo o repele, mas o medo daquele amor de outrora, do tanto que foi avassalador e o tanto que a adoeceu, ela tinha uma postura firme, mas por não ter tido nenhuma escolha na sua juventude, em um tempo onde casamentos eram acordos, ela viveu tentando ser dona de si ( deixando claro ser a baronesa do seu lar) por não ter decidido as maiores questões de sua vida, o final do livro é apaixonante, ambos se esquecem de sua idade e vivem intensamente o que não puderam viver na sua juventude.


Shai 19/02/2018minha estante
voltando ao assunto que é o filme kkkk, não o vi, mas não imaginaria pintarem diferente o Florentino, ele viveu e aproveitou muito sua vida de espera, com uma esperança avassaladora de que pelo menos por um dia, ele a teria, se não deixaram pelo menos vestígios disso no filme, não retrataram nada dele.


Valério 19/02/2018minha estante
Gostei da sua análise, Shai.
Acho que Florentino viu na libertinagem a única forma de preencher o vazio da sua vida. E, até o fim, não conseguiu preenchê-lo como imaginava.
Eu, como homem, já tive meus momentos inglórios de rapinagem e atesto que a diversão que aí se encontra é momentânea e ilusória. A felicidade é mais facilmente encontrada no porto do que no balanço do mar.


Davi.Rezende 19/02/2018minha estante
Não assisti o filme nem li o livro, só expliquei que não tem sentido esperar o livro no cinema.


Flávia 19/02/2018minha estante
eu vi o filme bem antes de ler, davi. não gostei. um direito como espectadora. não tem sentido sua explicação. todo leitor assíduo tá careca de saber.


Flávia 19/02/2018minha estante
vc sabia que essa história tem base nos avós (?) do gabo, valério? isso tornou a leitura mto mais especial pra mim. ele foi muito relutante em ceder os direitos autorais por isso. daria uma unha pra sb o q achou da produção.


Flávia 20/02/2018minha estante
shai, qdo vi que aquele filme que eu havia visto tanto tempo atrás se baseara num livro de um renomado autor, tive que ler! não sei o valério, mas eu sou da turma que prefere o amor nos tempos do cólera à cem anos de solidão. que tb é mais que perfeito.


Valério 20/02/2018minha estante
Flávia, na época do lançamento do filme, eu já tinha lido o livro. E me lembro vagamente que Gabo disse que o filme ficou exatamente como ele imaginava. Mas atenção: Não confio em minha memória. Portanto, não o faça também.
E não sabia (ou não lembrava heheheh) que era baseada em seus avós.


Valério 20/02/2018minha estante
E para desvendar: Cem anos de solidão para mim entra em uma virtual lista dos 10 melhores livros de todos os tempos.
Mas "O amor nos tempos do cólera", por sua vez, é a maior (e melhor) história de amor da literatura.
Então a disputa é muito difícil, por se tratarem de livros diferentes.
É como se me perguntar qual é melhor: Memorial do convento (Saramago), Guerra e Paz (Tolstoi), Em busca do tempo perdido (Proust) ou Cem anos de solidão (Garcia Marquez). Não dá para dizer qual é melhor. São diferentes. E cada um é melhor dentro da sua concepção.
Ou como perguntar: Qual é melhor: Um Rolls Royce ou uma Ferrari...
São incomparáveis entre si para definir qual o melhor.


Flávia 20/02/2018minha estante
ah, acho comparável, são dois livros do msm autor... mas enfim. esse livro ganhou um significado especial pra mim qdo viajei pra cartagena (adoro fazer esse tipo de coisa a seguir) e me sentei no banco em que florentino comia rosas, e ali o reli. enfim, acho que meu apego é maior a este pq sempre me quedo mais qdo a obra ficcional é inspirada em fatos. outro que minha opinião não bate com a crítica sobre sua obra máxima é tolstoi, prefiro anna à guerra e paz, mas gosto de ambos. enfim, se bem que nem há necessidade de tal comparações, né? já que pra se gostar de um não é preciso desgostar do outro. coloquei um (?$ sobre os avós do gabo pq agora não me recordo se são mesmo os avós ou seus pais. teria de dar uma googleada pra saber. que bom que ele gostou do filme! saramago tb gostou de ensaio sobre a cegueira (que gostei tb, mas...) que, naturalmente, não tem a densidade do livro.


Flávia 20/02/2018minha estante
por fim, eu tb colocaria cem anos num top 10 de livros mais impecavelmente escritos. mas tive experiências de leitura diferente com cada um, o que torna minha preferência subjetiva e bem pessoal. em um, vi a perfeição, noutro, a emoção.


Flávia 20/02/2018minha estante
corrigindo, valerio. é a história de seus pais.


Valério 20/02/2018minha estante
Resumiu bem: em um, a perfeição. Em outro, a emoção.
Em relação a Tolstoi, quando digitava, fiquei em dúvida se citava Anna ou Guerra. heheheh. Mas acho Guerra e Paz um livro mais completo.


Shai 20/02/2018minha estante
Flavia, vou para Colômbia final do ano e você me deu uma baita luz de algum momento épico para fazer lá, obrigada!!
cem anos de solidão é um livro maravilhoso tmb!!


Flávia 20/02/2018minha estante
ah shai, não deixe de fz isso, é mágico! e me foi mais barato que ir pro nordeste, por ex! reli no original, em três noites, sentada no banquinho do florentino, na praça onde gabo tinha uma casa (fica no centro histórico) por ter ganho o nobel de literatura. cartagena é incrível, só os ambulantes é que torram um pouquinho. há que se fazer cara de má e dizer um não bem enfático.
valerio, desculpe o abuso do seu post. rs.


Flávia 20/02/2018minha estante
ah, valerio, minha preferência por anna vem apenas pelo fato de eu não entender patavinas de esquemas de guerra, então boiei um pouco. em anna consegui abstrair melhor. tai dois livros que qro mto reler...


Valério 20/02/2018minha estante
Flavia, não é abuso nenhum. Satisfação minha ler suas impressões.
Guerra e Paz vi como um compêndio sobre estratégias de guerra, sobre psicologia, sociologia, filosofia, teologia, etc...


Flávia 20/02/2018minha estante
sim, é um livro bastante completo. mas tolstoi consegue ser profundo até mesmo em suas novelas. também gosto mto de a morte de ivan ilich. a última frase do livro ficou marcada a ferro em minha memória.


Valério 21/02/2018minha estante
Eu escrevi sobre Guerra e Paz e pensei imediatamente em "A morte de Ivan Ilicht". Esse livro tem uma filosofia tão aprofundada que penso que a maioria dos que o lerem não a captarão.
Adoro esse.
E também "Felicidade conjugal".
E também "Padre Sérgio".
Tolstoi sempre nos fazendo pensar no sentido da vida, em valorizar o que importa e abandonar a futilidade e a vida mundana. A busca por uma vida ascética.
Tolstoi é foda


Flávia 21/02/2018minha estante
sim! li padre sergio. me falta ler felicidsde conjugal e ressurreição, de seus gdes romances. tenho tb todos os contos. pena q nenhuma editora relançou ressurreição (ou to falando besteira? vou adorar se estiver).


Valério 21/02/2018minha estante
Li Ressurreição não tem muito tempo, acredito que há uns dois anos atrás. A edição que tenho é da CosacNaify. Mas a Cia das Letras relançou vários livros do Tolstoi. Quem sabe não relance Ressurreição também? Há Ressurreição em formato kindle. Não sei se gosta. R$ 5,99.


Flávia 21/02/2018minha estante
eu amo kindle, já paguei mais caro em ebook pela vantagem de "receber" o livro na hora. acompanhava uma trilogia do mia couto e comprei o ultimo volume qdo do dia do lançamento em moçambique! já o li e ainda ñ foi lançado no brasil. acho super vantajoso... mas queria da cosac pela tradução. vou esperar pra ver se a cia das letras lança.




Natalie Lagedo 07/02/2017

Tentei reconciliar-me com García Marquez após a grande frustração de Cem Anos de Solidão. Foi melhor do que eu esperava e pior do que os amigos comentaram. O Amor nos Tempos do Cólera é um bom, não estupendo livro. Inicialmente, gostei bastante das graças, da forma engraçada como conta os fatos banais da velhice do casal Fermina Daza e Juvenal Urbino. Parecia que ele anotou tudo o que é comum nas pessoas depois de uma observação apurada. O triste é que isso não se manteve ao longo das páginas, pois cada vez mais o autor se distancia do real e cria situações fantasiosas que pretendem passar como normais, corriqueiras.

Florentino ama Fermina, que o corresponde e relacionam-se por meio de cartas. De repente, ela descobre, como num passe de mágica, que não o ama. Ele então passa toda a vida alimentando a esperança de ficarem juntos e dedica todos os passos de sua existência a essa resolução. Nesse ínterim, ela casa com o doutor Urbino, homem prático e sensato, e constitui um relacionamento duradouro. Após a morte do esposo o antigo apaixonado volta às investidas, as quais ela cede.

O sentimento de Florentino Ariza não é amor, é obsessão. Não entendo como alguém consegue apiedar-se dele, mas esse é um dos encantos da literatura: despertar sensações completamente diferentes nas pessoas. Também não fiquei cativada por Fermina. Pelo contrário, a personalidade intransigente dela em vários momentos me levou a aversão. Somente o doutor Urbino é coerente, e é a personagem que Gabo foi capaz de imprimir maior veracidade na composição do caráter e nas atitudes.

A ambientação parece não ser um detalhe que preocupou G.G.M, mas podemos ter uma noção dos lugares dentro dos diálogos e pensamentos. A transição rápida entre a fala do narrador e dos personagens é um ponto positivo, já que é feita de maneira quase imperceptível e não compromete o entendimento. No mais, considero uma leitura despretensiosa.
Ana 07/02/2017minha estante
frustração com cem anos? então Marquez e vc são irreconciliáveis. Eu acho esse um livro menor dele, mesmo sem contar o cem anos. Crônica da morte anunciada, por exemplo, é mais brilhante na forma.


Ana 07/02/2017minha estante
tava vendo aqui que dei 3 estrelas também, mesma nota do memória de minhas putas tristes. Pra mim os dois são meio equivalentes dentro da obra do Marquez. Já pro cem anos me faltam estrelas ... rsrs


Natalie Lagedo 07/02/2017minha estante
Acho que somos irreconciliáveis sim, Ana. rs


Natalie Lagedo 07/02/2017minha estante
Às vezes me sinto um peixe fora d'água: todo mundo ama esse homem, menos eu. :)


Ana 07/02/2017minha estante
hmm, eu amo cem anos e o crônica da morte anunciada, o resto é só bom, quando é.


Ana 07/02/2017minha estante
e vc com Marquez e eu com Coetzee. Me sinto tão estranha por não gostar que vivo dando novas chances pra ele, que nunca se redime totalmente rsrs.


GilbertoOrtegaJr 07/02/2017minha estante
Tente ler o crônica de uma morte anunciada, é um dos melhores livros que li na vida


Natalie Lagedo 07/02/2017minha estante
Vou ler sim, pois como você disse, Ana, me sinto estranha ao ponto de dar nova chance pra tentar comprovar minha "normalidade".


Dan 18/02/2017minha estante
Natalie. Pq cem anos de solidão foi tão traumático para vc?


Natalie Lagedo 18/02/2017minha estante
Achei muito chato e inverossímel. Não engoli a estória.


Ana 18/02/2017minha estante
Natalie, então vc não gosta de realismo fantástico em.geral?


Ana 18/02/2017minha estante
Tem um autor colombiano atual que detesta o Márquez. Efraim Medina Reyes


Natalie Lagedo 19/02/2017minha estante
Isso mesmo, Ana.


brito 27/03/2017minha estante
Eu gostei tanto de cem anos de solidão, mas tantooo que acabei colocando o nome da minha filha de Amaranta.




Arsenio Meira 06/10/2013

Quem merece amor

A minha crença pessoal e ferrenha de que a arte literária, por ter uma relação estreitíssima com a subjetividade tanto do artista quanto do leitor, somente consegue firmar a ponte do entendimento no momento certo para que ambos os pólos dessa relação miraculosa possam compreendê-la. Ou, colocando as coisas de outro modo, tudo — mas principalmente a arte — tem seu momento certo e preciso para operar magia.

Quando comecei a ler "Cem Anos de Solidão" pela primeira vez (há mais de treze anos), posso afirmar que já reconhecia a boa literatura, mas minha compreensão do texto não passava dessa secura analítica, e por isso (lembro bem) resolvi deixá-lo de lado temporariamente e esperar uma outra oportunidade, que não tardou em acontecer. Mas não vou falar de "Cem Anos de Solidão", claro. O intróito serviu como gancho para explicar por que, antes mesmo de terminá-lo, já tinha comprado "O Amor nos Tempos do Cólera."

Agora que o reli, lembrei que foi a primeira frase do livro que me fisgou, fez sua leitura uma obrigação sentimental — “Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados”. Foi um baque de olhos arregalados e depois alguns passos resolutos ao caixa da livraria. O livro é uma longa e intensa poesia em forma (quase não disfarçada) de prosa. Não é simplesmente uma estória de amor mal resolvido, ou de tantas formas de amor quanto possíveis e reconhecíveis. É uma verdadeira epopeia sobre as relações humanas, lindas, brutas e delicadas, enaltecedoras e humilhantes.

Florentino Ariza, mais que um homem determinado a passar décadas medindo os passos para conquistar Fermina Daza, contra todos os percalços que a vida ou a sua própria amada impunham contra ele, é, no fundo, todos nós.

Quem nunca escreveu cartas de amor que nunca acabaram sendo enviadas? Quem nunca procurou em outras camas o calor que sonhava encontrar na única impossível? Quem nunca sentiu o aperto de ser frio e obstinadamente ignorado justamente pela pessoa por quem vertemos nosso encantamento? Quem nunca chorou de desilusão?

Florentino Ariza se apaixonou por Fermina Daza (a quem nunca havia sequer tocado) ainda na adolescência, e o namorico à distância dos dois, recriminado com pavor pelo pai dela, durou anos de persistentes cartas e mensagens de devoção.

Quando Fermina Daza, tempos depois, dá-se conta de que o amor que julgava sentir era inventado, e se alimentava de ilusão imaginada, repele energicamente seu pretendente, que, a partir de então, teve que esperar por exatamente cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias para propô-la em casamento. Na primeira noite após o enterro de seu marido.

Mais que uma dor de cotovelo prolongada, a espera de Florentino Ariza é o fio condutor de sua vida, e a estória é tão poderosa principalmente porque nunca, em todos aqueles anos e ainda depois de outros, ele fraquejou. Acordava e dormia todos os dias com a convicção inabalável de que teria Fermina Daza junto a si. Não, mais do que isso: sua mocidade, vida adulta e boa parte de sua velhice foram somente uma preparação, estóica, comovente e profundamente apaixonada, para o dia em que Fermina finalmente o aceitasse.

É a partir daí que García Márquez, gênio latino-americano da literatura fantástica, desenovela seu texto fluido, carinhoso, e nos confia as amarguras e delícias do amor. Aquele surgido da admiração, da amizade, da necessidade, das dores, da força do sexo, da solidão. O amor que é um convite ao mundo pessoal de cada um de nós. O livro é uma homenagem ao que há de mais humano e nobre, numa narrativa que nunca se permite descambar para a tristeza sentimentalista ou tormentosa; é sempre sensível e tocante, mas sobretudo leve.

Quem nunca se apaixonou, que atire a primeira pedra. "O Amor nos Tempos do Cólera" é o amor de sonho que parece faltar no árido tempo presente, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor condena à solidão e ao esquecimento.

Aos apaixonados, aos que querem se apaixonar, ao que não correspondem às paixões que lhes são devotadas: recorram às lições de humanidade do professor García Márquez e procurem reconhecer que sempre haverá um Florentino Ariza, calado e esperançoso, reluzindo no olhar de quem merece amor.
Renata CCS 07/10/2013minha estante
"'O Amor nos Tempos do Cólera' é o amor de sonho que parece faltar no árido tempo presente, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor condena à solidão e ao esquecimento." Lindo e perfeito!


Arsenio Meira 07/10/2013minha estante
Renata, obrigado pela generosidade do seu comentário e elogio. Não é à toa que o Garcia Marquez é antológico. Abraços


Gina.Castello 26/05/2017minha estante
Resenha perfeita....cheia de poesia!


Thiago 21/07/2017minha estante
Saudoso Arsênio! Sempre uma emoção qdo encontro resenhas desta alma iluminada que nos deixou cedo demais.


Alvinho 07/05/2020minha estante
Bela resenha!


Ricardo 13/06/2020minha estante
Excelente, conseguiu extrair do livro sua essência.


Douglas 18/09/2020minha estante
Sensacional. Depois dessa resenha, coloquei o livro na minha lista de leitura.


Josy 17/11/2020minha estante
Essa é a resenha mais linda e sensível que já li sobre esse livro. Estou encantada! Parabéns! ?


Maikon 16/01/2021minha estante
Fera, texto muito bom, embora seja um plágio.
Segue o texto original:

Confesso que só terminei de ler um García Márquez há dois meses. Para não precisar desculpar-me, devo esclarecer a minha crença pessoal e ferrenha de que a arte, por ter uma relação estreitíssima com a subjetividade tanto do artista quanto do ?espectador?, somente consegue firmar a ponte do entendimento no momento certo para que ambos os pólos dessa relação miraculosa possam compreendê-la. Ou, colocando as coisas de outro modo, tudo ? mas principalmente a arte ? tem seu momento certo e preciso para operar magia.

Quando comecei a ler Cem Anos de Solidão pela primeira vez (há mais de dois anos), é claro que reconhecia a boa literatura, mas minha compreensão do texto não passava dessa secura analítica, e por isso resolvi deixá-lo de lado temporariamente e esperar uma oportunidade. Esta surgiu há uns três meses, no meio de um período turbulento em minha vida. E o milagre aconteceu.

Mas não vou falar de Cem Anos de Solidão, claro. O intróito serviu como gancho para explicar por que, antes mesmo de terminá-lo, já tinha comprado O Amor nos Tempos do Cólera. Foi a primeira frase do livro que me fez sua leitura uma obrigação sentimental ? ?Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados?. Foi um baque de olhos arregalados e depois alguns passos resolutos ao caixa da livraria.

O livro é uma longa e intensa poesia em forma (quase não disfarçada) de prosa. Não é simplesmente uma estória de amor mal resolvido, ou de tantas formas de amor quanto possíveis e reconhecíveis. É uma verdadeira epopéia sobre as relações humanas, lindas todas, brutas e delicadas, enaltecedoras e humilhantes. Florentino Ariza, mais que um homem determinado a passar décadas medindo os passos para conquistar Fermina Daza, contra todos os percalços que a vida ou a sua própria amada impunham contra ele, é, no fundo, todos nós.

Quem nunca escreveu cartas de amor que nunca acabaram sendo enviadas? Quem nunca procurou em outras camas o calor que sonhava encontrar na única impossível? Quem nunca sentiu o aperto de ser fria e obstinadamente ignorado justamente pela pessoa por quem vertemos nosso encantamento? Quem nunca chorou de desilusão?

Florentino Ariza se apaixonou por Fermina Daza (a quem nunca havia sequer tocado) ainda na adolescência, e o namorico à distância dos dois, recriminado com pavor pelo pai dela, durou anos de persistentes cartas e mensagens de devoção. Quando Fermina Daza, tempos depois, dá-se conta de que o amor que julgava sentir era inventado, e se alimentava de ilusão imaginada, repele energicamente seu pretendente, que, a partir de então, teve que esperar por exatamente cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias para propô-la em casamento. Na primeira noite após o enterro de seu marido.

Mais que uma dor de cotovelo prolongada, a espera de Florentino Ariza é o fio condutor de sua vida, e a estória é tão poderosa principalmente porque nunca, em todos aqueles anos e ainda depois de outros, ele fraquejou. Acordava e dormia todos os dias com a convicção inabalável de que teria Fermina Daza junto a si. Não, mais do que isso: sua mocidade, vida adulta e boa parte de sua velhice foram somente uma preparação, estóica, comovente e profundamente apaixonada, para o dia em que Fermina finalmente o aceitasse.

É a partir daí que García Márquez, gênio latino-americano da literatura fantástica, desenovela seu texto fluido, carinhoso, e nos confia as amarguras e delícias do amor. Aquele surgido da admiração, da amizade, da necessidade, das dores, da força do sexo, da solidão. O amor que é um convite ao mundo pessoal de cada um de nós. O livro é uma homenagem ao que há de mais humano e nobre, numa narrativa que nunca se permite descambar para a tristeza sentimentalista ou tormentosa; é sempre sensível e tocante, mas sobretudo leve.

Quem nunca se apaixonou, que atire a primeira pedra. O Amor nos Tempos do Cólera é o amor de sonho que parece faltar nos áridos tempos atuais, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor nos condena à solidão e ao esquecimento. Aos apaixonados, aos que querem se apaixonar, ao que não correspondem às paixões que lhes são devotadas: recorram às lições de humanidade do professor García Márquez e procurem reconhecer o Florentino Ariza que habita, calado e esperançoso, dentro de suas almas.

Aline Arroxelas
lido em Jan. de 2004
escrito em 22.01.2004



Alicia.Caldeira 22/09/2021minha estante
Essa, sem dúvida, é a resenha mais linda que já li. Digna de "O amor nos tempos do cólera". Incrível!


oliv_mel 27/05/2023minha estante
Que coisa linda essa resenha! Senti mais vontade ainda de ler? em breve retorno.


MEKRIEGER 30/09/2023minha estante
E uma leitura magnífica, Gabriel Garcia Marques foi um dos maiores autores latinos




Ana Sá 26/12/2021

"Tinha sabonete sim" [Da minha série: resenha que não é resenha!]
Há muitas resenhas deste livro, então não me dei ao trabalho de escrever uma. Mas acabou que a leitura me marcou, e assim surgiu esta quase crônica...

"ninguém vai te avisar, mas casamento é feito de amor, respeito etc., mas também é feito de CPI. a gente promete amar "na saúde e na doença", mas o que ninguém te diz é que a gente vai precisar amar "na saúde, na doença, e na briga do sabonete". ou na briga da toalha, ou na briga da ordem das coisas na geladeira. 

em "amor nos tempos do cólera", um dia faltou sabonete no banheiro. ou Urbino disse que faltou, enquanto Fermina jurava que não faltou. e assim, instaurada a CPI do sabonete, lá estavam os dois a "pastorear rancores". Urbino abraçado na sua necessidade de ter razão, Fermina tomada pela certeza de que ele mentia para atormentá-la. o fim da CPI se deu quando a saudade do amor tranquilo gritou aos ouvidos de Urbino. rendido, ele disse baixinho: "me deixa ficar aqui [na cama]... tinha sabonete sim!". 

ninguém vai te avisar, mas o certo seria "prometo amar-te e respeitar-te, no sabonete sim e no sabonete não". mais do que chegar ao tal amor que ninguém nunca viu, casar é ir percebendo que se joga o jogo de um com o outro, e não de um contra o outro. ninguém vai te avisar, mas você vai encenar brigas ridículas na lua de mel, e depois disso mais algumas também. ridículas, mas que aos seus olhos e estômago terão peso de vida ou morte, como se do lugar correto do pano de prato dependesse o eixo terrestre. como bem retratou Gabo, existem prazeres perigosos no amor doméstico. e o vício em ter razão é dos primeiros.

não sei se alguém te avisou, mas eu estou avisando. morar junto é montar o álbum de família, mas é também colecionar intrigas. e no meio delas guardar na memória, e no coração, os sussurros de "me deixa ficar aqui...". e ir ficando. porque se a gente não se perde, o pano, a toalha, o sabonete, os potes na geladeira, tudo encontra seu lugar.

... "me deixa ficar aqui [na cama]... tinha sabonete sim!", anotou o relator da CPI."
Joao 26/12/2021minha estante
Resenha sensacional, Ana!!


Margô 26/12/2021minha estante
Impressionante, é que gostei muito mais da obra, Amor em tempo de Cólera" do que, Cem de Solidão, que é o carro chefe de Gabriel Garcia Márquez...rsss


Paloma 26/12/2021minha estante
Esse livro é maravilhoso. Adorei sua crônica, Ana.


Stella F.. 26/12/2021minha estante
Parabéns!


Jeane Nunes 26/12/2021minha estante
Adorei sua crônica , Ana ? Fiquei com vontade de lê-lo .


dani 26/12/2021minha estante
Que resenha fofa! Amei!


Julia Mendes 27/12/2021minha estante
Ana, já disse que adoro ler tudo que você escreve?! E choro de rir! ??


be_mim 27/12/2021minha estante
Depois de ler tua resenha minha vontade de ler esse livro aumentou mais ainda. Tu escreve muito bem, Ana! :)


Carolina.Gomes 27/12/2021minha estante
Adorei! Lerei em 2022. Gostei muito de 100 anos, mas muita gente prefere esse.


Dani 03/03/2023minha estante
Hahahahahaha o sabonete kkkk


DIRCE 13/03/2023minha estante
Estou revisitando esse livro. Amei sua colocação CPI do sabonete. Estou na página 113 e um sorriso persiste nos meu lábio até o presente momento da leitura. O Gabo, era positivamente , um brincalhão. Adorando. Tenho que concordar com o meu marido que diz que o bom da velhice é que , na maioria das vezes, um repeteco é como se fosse a primeira vez. Pouco me lembro da estória e da narrativa deliciosa do Gabo.
Adorei sua resenha da série resenha que não é resenha.




Renata CCS 11/07/2013

Separados por cinqüenta e três anos, sete meses e onze dias.

"Com o decorrer dos anos ambos chegaram, por caminhos diferentes, à conclusão sábia de que não era possível viverem juntos de outra maneira, nem amarem-se de outra maneira: nada neste mundo era mais difícil do que o amor."

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA é um incrível e irresistível romance que trata do amor, da velhice e da morte. Ambientado no Caribe, século XIX, na época em que o cólera era uma ameaça invisível, Florentino Ariza conhece Fermina Daza quando tem ainda seus 19 anos e ela 15, compartilham de um noivado às escondidas que durou 3 anos de correspondências cheias de juras de amor. Ele, um simples empregado dos correios, sem atrativos físicos, sem dinheiro, jurou seu amor eterno, mesmo depois que ela, moça rica, bonita e de temperamento forte, num encontro após a volta de uma viagem que foi obrigada pelo pai a fazer para se separar de Florentino, percebe que estivera enganada, que aquele homem que via, depois de tantas cartas trocadas, nada tinha do que sonhava em um pretendente. E mesmo quando ela casa-se com o médico Juvenal Urbino, o amor de Florentino Ariza persiste e espera 53 anos, 7 meses e 11 dias - quando seu rival morre - para ter novamente seu grande amor. E é sobre os percalços do caminho, de mais de meio século, desde a juventude até a velhice, que o livro discorre, passando pelo amor romântico e seus dramas e pelo amor cotidiano e suas banalidades.

A narrativa de Gabriel García Márquez por si só já é o grande atrativo do livro. Seu bom humor, sua crítica ácida, sua poesia e a delicadeza na forma que aborda o tema amor nos prendem a atenção e nos fazem apaixonar pelos personagens. É incrível como ele muda o foco da cena de um parágrafo a outro, transportando o personagem ao passado e logo de volta ao presente, em uma transição que o leitor não sente, tamanha a sensibilidade na abordagem dos temas. Conta a história de forma leve e arrebatadora, simples porém comovente, sem a menor pressa, nos divertindo e emocionando.

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA sustenta-se sobre a plenitude dos amores eternos, o arrebatamento das paixões adolescentes, os tormentos juvenis e a possibilidade de encontrar o amor na serenidade da velhice. Amores que, em qualquer época, enfrentam comentários frívolos e preconceituosos.

Este belíssimo romance, desafiador das convenções sociais, para mim se revelou um verdadeiro hino ao amor incondicional, total, eterno, persistente, e o mais marcante: amor que não tem idade.
Bruno 05/06/2013minha estante
Linda resenha, Renata.

Já coloquei na estante para ler em breve, provavelmente este será meu primeiro "Garcia Marquez" (vergonhosamente ainda não li nenhum mas sou morto de curiosidade).

Abraço!


Renata CCS 18/06/2013minha estante
Leia sim Bruno! Vc vai gostar muito! abraços.


Ladyce 02/07/2013minha estante
Boa resenha!


Ana Maria 30/07/2013minha estante
Sua resenha dá vontade de ler - e, como não, amar!


Helder 05/09/2013minha estante
Este é um dos livros mais bonitos que já li. Romântico de verdade. Sem pieguices!


VICKY 17/09/2013minha estante
Eu me encantei com Florentino Ariza, ele é sim um rapaz inocente e apaixonado, e justamente isso traz um certo encantamento sobre sua vida.


Arsenio Meira 07/10/2013minha estante
É bacana demais compartilhar com os leitores as impressões de um livro que nos toca, Renata. E você o fez, com tal paixão e motivação que convenceriam até mesmo quem não gosta do velho Gabo. Abraços


Renata CCS 09/10/2013minha estante
Assim é o querido e único Gabo: às vezes realista, em seguida fantástico, outras vezes absurdo, e quase sempre tempera suas narrativas com estes 3 ingredientes, entre outros. Gênio!


Margot 17/03/2015minha estante
Ainda não li nada de Garcia Marquez, mas agorinha mesmo vou colocar "O amor nos tempos do cólera" e "Cem anos de solidão" na minha estante.
Bela resenha, parabéns!.
Abraço!


Rapha Écool. 28/11/2023minha estante
Que resenha maravilhosa, peguei ele no meu kindle e vou ler em seguida!




DihMoraes 22/01/2021

Meu preferido do Gabo.
Quando li "Amor nos tempos do Cólera" pela primeira vez eu tinha apenas 17 anos... Hoje com 24 reli e percebi que sou apaixonada por esse livro.. Talvez pq eu me encaixe no enredo de amor não correspondido ou pq sou uma jovem de 84 anos kkkkk.
Josana.Baltazar 22/01/2021minha estante
Lembro de ter gostado muito, mas haja tempo para revermos tudo que gostaríamos


DihMoraes 22/01/2021minha estante
Queria ter o Vira Tempo da Hermione e controlar o tempo kkk


Josana.Baltazar 22/01/2021minha estante
Seria excelente


Mateus.Ramos 22/01/2021minha estante
Acabo de terminar a leitura e é uma leitura esplêndida, até agora estou tentando entender os meus sentimentos em razão dessa linda história.


DihMoraes 22/01/2021minha estante
Eu não sei tu, mas eu senti pena do Florentino.. Diversas vezes me vi nele. Chorei e ri.. Senti raiva e ciúmes. Tudo isso e mais um pouco. Kkk


Mateus.Ramos 23/01/2021minha estante
Tem uma resenha que fala justamente isso, que Florentino somos todos nós. Gabo relata a vida cotidiana com maestria, difícil encontrar alguém que não se identifique.


DihMoraes 23/01/2021minha estante
Você teria o link? Adoraria ler. ?


Mateus.Ramos 23/01/2021minha estante
É no próprio Skoob, é a primeira resenha que aparece, foi feita a 7 anos atrás.


DihMoraes 23/01/2021minha estante
Beleza




Wall-e 26/12/2009

Minha estréia de Garcia Marquez
Foi minha primeira leitura de Garcia Marquez. Confesso que ao iniciar a leitura estranhei o estilo meio poético e muito descritivo. Folheando o livro o que me mais me chamou atenção foi a falta de diálogo entre os personagens.

Mas foi só vencer a barreira inicial e fui me deixando envolver pela obra e pela maneira como a estória ia sendo contada. O interessante é que justamente a falta de diálogo permite que o autor detalhe em toda as formas o sentir de cada personagem. Embarcamos numa viagem de paixões platônicas, paixões efêmeras, amores impossíveis, amores arranjados, amores carnais, traições, perdões e quase tudo que envolve um relacionamento entre homem e mulher.

A paixão platônica entre Fermina Daza e Florentino Ariza se passa no século XIX mas não podia ser mais 'atual'. Sim porque eles se conhecem apenas 'virtualmente'(e de vista) e usam a tecnologia inovadora da época (telégrafo) para dar vazão a seus sentimentos... até o dia do tão esperado encontro! Parece algo que você conhece?

Ok, mas isso é apenas o início de tudo. O autor nos conduz com maestria ao longo de toda uma vida desses vários personagens. Confesso que no final cheguei a sentir uma certa nostalgia, como se tivesse sido eu quem tivesse envelhecido e não os personagens.

É uma leitura para os românticos de carteirinha. Não espere uma estória movimentada e de ação ou suspense porque o que você vai encontrar aqui é intenso, mas envolve apenas o coração.

Uma ótima leitura!
Erika Valentim 01/01/2012minha estante
Já comecei a ler 2 vezes e parei. Mas depois que li sua resenha vou recomeçar.


Márcia 04/01/2012minha estante
Tô começando a ler hoje e seu comentário me animou bastante.Já li" cem anos de solidão " e achei bem mais difícil de ler devido ao enorme nº de personagens.


Amanda Ladislao 06/03/2013minha estante
Estou começando a ler


Matheus 20/03/2013minha estante
Cara, brincou né? "Para os românticos de carteirinha"? O estilo dele inclusive tende mais para o jornalístico realista (que alguns chamam de 'Realismo Fantástico')! Garcia fala que os sintomas do amor são parecidos com o do cólera! - caganeira, portanto. Isto que é o genial: a estória tem partes tão grotescas que ninguém leria se outro autor escrevesse mas, a prosa de Garcia é tão foda que ele, e só ele, consegue contar de um jeito 'light' tudo isso!


Renata CCS 26/06/2013minha estante
Interessante a sua referência sobre a falta de diálogos no livro. Realmente, a narrativa de García Márquez por si só já é o grande atrativo do livro. Seu bom humor, sua crítica ácida, sua poesia e a delicadeza na forma que aborda o tema amor nos prendem a atenção e nos fazem apaixonar pelos personagens.
Uma bela resenha!


Bibi 03/05/2014minha estante
É um livro que descreve o amor com uma perspectiva realista, e isso é genial. Achei esse fato bem semelhante a Jorge Amado, mais alguém acha?


Flávia 23/09/2015minha estante
é uma leitura para não romanticos tb, colega. O amor é descrito com tanta verdade que até os mais céticos em relação ao amor podem se apaixonar (eu).


Carol 18/04/2023minha estante
Gente, alguém que leu esse livro e não curtiu? Estou me sentindo um peixe fora d'agua lendo as resenhas e vendo a maioria aclama o livro e estou me questionando: Será que li errado? Pois meu Deus! levei 4 meses pra finalizar esse livro e não consegui me conectar de jeito nenhum com a história e personagens :(




Arthur 19/09/2021

Amores lidos em tempos de pandemia
Embora o título sugira um enredo envolvendo uma história de amor, O amor nos tempos do cólera é uma história de amores. Dos complexos aos simples. Dos obsessivos aos desapegados, Gabo passeia pelos meandros desse sentimento fascinante.
A destacar, sempre, a escrita de García Márquez: extremamente rica em detalhes sem ser cansativa. Variando do drama à comédia e ao absurdo de forma tênue.
Existem diálogos muito bons e aquele que se propor a essa leitura não se arrependerá.
Única ressalva que faço é que, tal qual em Cem anos de solidão, ler as passagens que envolvem relações amorosas/sexuais entre adultos e adolescentes me causou algum incômodo.
Enfim, um clássico.
Paloma 20/09/2021minha estante
Li recentemente Do Amor e Outros Demônios, e o "amor" entre uma criança e um adulto me incomodou demais. Não sei se ele queria passar algo da época (era séc XVIII eu acho) ou se era naturalizado msm.


Paloma 20/09/2021minha estante
Eu sei que é comum na literatura (e na realidade né) dos séc passado homens mais velhos e mulheres jovens, mas crianças é demais!


Arthur 20/09/2021minha estante
Pois é, Paloma. Para mim sempre parecerá algo bastante pesado. Não sou um especialista (longe disso), mas parece ser um tema recorrente nos livros do Gabo.


Paloma 20/09/2021minha estante
Hum. É uma pena. Mas faz parte. O importante é a gente reconhecer que é problemático. E apreciar o resto da obra ?


Thiagookling 04/11/2022minha estante
Cara, pois é. Assim como você bem disse numa réplica, estou longe de ser um especialista, mas foi algo que me torceu as tripas. Entendo o contexto da época em que se passa, mas não é o contexto no qual foi escrito, e aquela relação quase ao fim se fez muito desnecessária no contexto da obra.




spoiler visualizar
Henrique Fendrich 27/08/2020minha estante
Que rigorosa. Esse você colocaria no "leituras adicionais" em "O livro da literatura" =D .


Maria 27/08/2020minha estante
Data Máxima Vênia, dei cinco estrelas,talkey? O que mais você queria? Coraçãozinho é para Cem Anos de Solidão.


Henrique Fendrich 27/08/2020minha estante
Estou lendo agora um García Márquez da Indonésia. "A beleza é uma ferida" é o nome do livro. Tem vários casos de influência do Gabo lá na Ásia.


Maria 27/08/2020minha estante
Deve ser lindo.


Disotelo 13/04/2021minha estante
Nunca tinha ouvido falar desse livro do Llosa, mas sua comparação despertou minha curiosidade :)




Polly 17/02/2021

O Amor nos Tempos do Cólera: não falta nada (#158)
Meu primeiro Gabriel Garcia Marquez foi Cem Anos de Solidão. Não vou mentir, foi uma leitura difícil, no entanto, sem deixar de ser prazerosa. Uma longa linha temporal, personagens de nomes repetidos e uma paragrafação peculiar (os parágrafos às vezes duram mais de uma página, só não é pior que Saramago) são um grande desafio para uma leitora enferrujada como eu era há cinco anos atrás. Depois de todo esse tempo, e carregando a bagagem literária que carrego hoje, tenho que dizer que não foi, exatamente, uma boa ideia conhecer Gabo por Cem Anos de Solidão. Eu, na realidade, deveria ter começado por O Amor nos Tempos do Cólera; talvez, eu não tivesse passado tanto tempo para ler de novo esse autor maravilhoso.

O Amor nos Tempos do Cólera nos conta a história do amor desencontrado de Florentino Ariza e Fermina Daza. Os dois amantes tardios se conhecem na adolescência, quando Florentino se apaixona perdidamente, à primeira vista, por Fermina. Embora ambos correspondam aos sentimentos um do outro por um tempo, a intensidade maior desse sentimento sempre virá de Florentino. Será assim durante toda a vida, pois ele espera a amada até a velhice, ocasião em que esse amor terá, finalmente, a chance de acontecer.

Não dá para contar muito mais do que isto da história. Acho que estragaria a experiência. O Amor nos Tempos do Cólera não tem bem uma cronologia linear: ele começa do fim, vai para o começo e depois volta para o primeiro para nos dar um desfecho digno de uma história do Gabo. Mas, apesar de toda a magia da escrita, Gabriel Garcia Marquez nos fala sobre a vida, sobre a realidade, mesmo aqueles fatos sobre os quais a gente não costuma falar: o amor na velhice; o exagero no amar (que, no fundo, no fundo, não é amor); o desapaixonar-se; o amor construído aos poucos, que é o único que permite serenidade para viver; o luto. Gabo nos entrega tudo. Não falta nada.

A história é belíssima, uma prosa poética, eu diria. Porém, devo confessar que por grande parte do texto não consegui simpatizar com seus protagonistas. Florentino é dado ao exagero e idealiza demais o amor. E se tem uma coisa em que acredito é que a idealização nos impede de viver de fato. A realidade nunca será tão boa como as nossas idealizações, entretanto, nada é mais nosso do que ela. Já Fermina, no momento da leitura, pareceu-me indiferente demais por boa parte do livro. Agora, depois de refletir por alguns dias sobre a história, vejo que, na verdade, Fermina Daza sempre foi fiel a si mesma. E não há nada mais importante do que isso, não é? Tanto que, ao longo do livro, ela foi me conquistando e, no final, eu já achava que ela era areia demais para o caminhãozinho do Florentino (risos).

Enfim, um livro incrível com aquele jeitinho latinoamericano precioso de escrever. Como falei antes, no enredo, não falta nada. Dificilmente não dá para não gostar. Sério. E se você tiver querendo começar a ler Gabriel Garcia Marquez, talvez, ele seja melhor do que Cem Anos de Solidão. Pelo menos, é o que eu acho. Já estou doida para ler meu próximo Gabo. Qual você me indica?
Carlos Nunes 17/02/2021minha estante
Resenha maravilhosa, parabéns! Esse foi meu primeiro Gabo, ainda não li CEM ANOS.


Josana.Baltazar 20/02/2021minha estante
Oi, sugiro memórias das minhas putas tristes


Josana.Baltazar 20/02/2021minha estante
Só li esses três, li Catedral que achei que era dele, mas não estou localizando


Josana.Baltazar 20/02/2021minha estante
É conversa na Catedral do Mario Vargas losa, desculpa


Polly 20/02/2021minha estante
Já ouvi falar muito bem de Memórias das Minhas Putas Tristes. Acho que vai ser ele mesmo o próximo. Obrigada!




Felipe.Tavares 09/07/2015

Obra prima
Simplesmente a mais bela história de amor que alguém poderia escrever. Dores, amores, esperança, persistência...Gabo nunca enxergou o mundo da mesma forma que nós e, essa foi, na minha opinião, sua obra máxima.
Flávia 08/09/2015minha estante
Tb prefiro este a cem anos de solidão; perfeito!


Laíza 18/07/2017minha estante
Perfeito! A descrição da noite de sexo deles já velhos, cena honesta, amei!


Felipe.Tavares 18/07/2017minha estante
Essa cena é incrível mesmo, acredito que nunca irei ler algo tão maravilhoso na vida!
Até o filme sobre ele vale a pena, já viu?


Laíza 18/07/2017minha estante
Ainda não assisti ao filme, medo de estragar a áurea do livro rs. Mas vou procurar.




Luísa Coquemala 12/03/2017

Isso não é bem uma resenha
Desde que eu comecei a ler Proust, tenho lembrado das coisas mais inusitadas - e, em grande parte das vezes, repensado e entendido melhor todas elas. E acho que tenho olhado de outra maneira para a vida, para a literatura (a bela relação entre elas).
E hoje eu tive mais um desses estalos.
Eu estava fazendo café de manhã e, de algum lugar não muito longínquo, um cheiro de comida invadiu a cozinha. Lasanha. Eu tive certeza de que aquele cheiro só poderia ser de lasanha. E então, sem que eu quisesse ou esperasse, minha memória involuntária falou mais alto e a imagem do meu avô paterno veio à mente. Isso porque ele fazia a melhor lasanha do mundo aos domingos - não esquecendo, é claro, do molho verde que ele levava aos churrascos lá em casa.
Como disse, acho que ando propensa a essas coisas por estar lendo Proust. Não sou muito dada a pensar no meu avô. Aliás, sequer éramos pessoas muito próximas - eu, na minha adolescência, achava meu avô muito duro, rude até. Ou, se quiserem, não conseguia entendê-lo, entrar na sua cabeça, me colocar no seu lugar (a famosa empatia).
A seguir, nova surpresa: associações. Esses dias foi aniversário do Gabo, não foi? Meu avô adorava Gabriel García Márquez. Inclusive, foi ele, em 2008, me vendo sofrer por ter levado um belo de um pé na bunda, que veio, com os chinelos arrastando, depois de ter feito um cigarro ("o que faz mal é o papel"), e me emprestou O amor nos tempos do cólera. Foi esse livro o responsável por me ensinar algo que Alice Walker também me recordaria esses dias: nosso coração tem que ter sabedoria pra aceitar as coisas que a gente não pode mudar.
O amor nos tempos do cólera foi uma das minhas primeiras fixações literárias. A meu ver, poucos autores sabem contar uma boa história de amor. Mas Gabo, além de todas outras qualidades, sabe contar as melhores histórias de amor.
Gostei muito do livro e risquei ele inteiro. Resultado: não queria devolvê-lo. Meu avô, insistente, ligava lá em casa perguntando sobre o livro e eu mentia que ainda não tinha terminado, que ainda queria reler algumas passagens. Até que um dia ele apareceu na porta de casa pedindo o livro de volta. E lá se foi ele com o livro, me deixando com o coração apertado. Eu não entendi aquela atitude, assim como não compreendia meu avô quase que por inteiro.
O tempo passou. Meu avô se foi em 2013, apenas algumas semanas depois de eu ter entrado na faculdade. Depois que ele se foi, minha avó (talvez em um daqueles atos extremos, na tentativa de esquecer) me deu todos os livros guardados na biblioteca da sua casa. Florentino Ariza voltava pra mim, com todas minhas anotações, com seus sofrimentos e aquela cena inesquecível onde toca ainda uma vez a balada do sofrido amor - "com a inabalável decisão de não voltar nunca mais".
Foi só dois anos depois da morte do meu avô que eu comecei a ler Cem anos de solidão - o Gabo preferido de meu avô. A edição está bem surrada, a capa recolocada com um durex. Dentro, uma genealogia dos Buendía feita pela minha avó. "É sempre muito útil", ela diz. Enquanto eu lia as primeiras páginas de Cem anos de solidão, um emoção estranha tomou conta de mim. Chorei no começo, na execução de Aureliano, com as borboletas amarelas voando enquanto o casal se amava.
Só hoje, com esse cheiro de lasanha, é que eu entendi o porquê de ficar tão emotiva lendo Cem anos de solidão, ou ao ver o trailer do documentário sobre a vida de Gabo, ou há duas semanas atrás, quando meu pai, para puxar assunto, perguntou se eu já tinha lido Cem anos de solidão.
Só então eu entendi o meu avô.
Apesar de fechado, o olhar dele sempre foi brando. É uma das boas lembranças que eu guardo. E talvez ele, depois de sofrer na vida, depois de perder um filho, quisesse, na verdade, me ensinar uma lição. Talvez quisesse que eu lesse O amor nos tempos do cólera e me apegasse ao livro para, então, tirar ele de mim. Para que eu entendesse, como Florentino Ariza, que, às vezes, as coisas e as pessoas que a gente ama simplesmente vão embora. Que não adianta bater o pé. Resta tentar entender, tirar algo bom da experiência - por mais dolorosa que ela seja. Não estar mais com o livro, mas fazer de tudo para manter a lição dele viva dentro de você.
Depois de todos esses anos, tenho os dois livros aqui comigo, para eu ler quando quiser. E ambos sempre me ensinam coisas novas - mesmo que eu só passe os olhos pelas partes grifadas. Mas são, acima de tudo, o canal para eu entender aquela figura estranha do meu avô e o que ele poderia estar querendo me dizer, com os olhos, enquanto fazia algumas coisas que eu, na minha ingenuidade, considerava duras demais.
Incrível como a gente pode conhecer as pessoas lendo os livros preferidos delas.
André Fellipe Fernandes 17/08/2017minha estante
Que texto lindo e bem escrito!


Jéssyca 23/10/2017minha estante
Meu Deus... Lindo! ??


Helder 03/10/2018minha estante
Meu Deus! Que texto lindo.


vera 09/09/2019minha estante
Texto lindissimo! Parabens!




Chelly @leiodetudo 07/07/2021

Vamos falar sobre amor?
Mas vamos falar do sentimento amor. E não de romance. Não de paixão. Não daquela coisa que estamos acostumados a confundir com amor.
.
Esse livro é sobre a vida de Fermina e Florentino Ariza em diversos momentos e situações da vida. O amor é um personagem que aparece não só entre o casal, mas em diversos outros personagens. É uma história do Amor enquanto sentimento e todos os seus aspectos bons, ruins, engraçados, ardilosos e possessivos.
.
.
?A escrita é uma delícia e poética. A história se inicia no presente e vamos voltando ao passado aos poucos. É um livro bonito, mas que dificilmente vai te fazer chorar. Eu, pelo contrário, ri em diversas situações. ?????
Mel Fernandes 07/07/2021minha estante
Ah poxa... tô em dívida com Gabo...


Chelly @leiodetudo 07/07/2021minha estante
Dividida por quê, Mel?


Mel Fernandes 07/07/2021minha estante
Em dívida. Porque comecei Cem anos de solidão e não consegui retornar ainda.


Chelly @leiodetudo 08/07/2021minha estante
Ah tá ???




Rafa 01/09/2014

O amor com os sintomas do cólera
Uma tipica história de amor contada por Gabriel Gárcia Marquez, acostumados a viver em uma sociedade capitalista com as idas e vindas de amores passageiros, Gabriel Garcia Marquez nos surpreende com uma história de amor de uma vida inteira

Personagens principais: Fermina Daza, Juvenal Urbino, Florentino Ariza.

Florentino Ariza estava sempre se relacionando com diversas mulheres, mas seu coração estava o tempo todo com Ferminza Daza. Convencido que perdera a mulher da sua vida para um jovem médico, de boa fama,decidi também ser um homem rico de boa fama mas não para si, sempre pensando no dia que conquistará o coração de Fermina Paza.

Caracterizado por ser uma pessoa feia e de bom coração, é sempre caracterizado por ser um cara que tudo que se escreve tem uma realidade de poemas de amor, pelo simples fato de viver pensando no seu amor por Fermina Daza.

Fermina Daza casa-se com Juvenal Urbino, tem filhos mas Florentino Ariza continua sempre presente em todos os lugares que frequenta, principalmente por viverem em uma cidade com poucos habitantes.

Gabriel Garcia Marquez nos relata a história de amor unilateral(até certo tempo) que dura uma vida inteira.

Trechos - " Lembrou a ele que os fracos não entram jamais no reino do amor, que é um reino impiedoso e mesquinho, e que as mulheres só se entregam aos homens de ânimo resoluto, porque lhes infundem a segurança pela qual tanto anseiam para enfrentar a vida.” p.86

" – Responda a ele que sim – disse.– Ainda que você esteja morrendo de medo, ainda que depois se arrependa, porque seja como for você se arrependerá a vida inteira se disser a ele que não.” p.94
Keylla 07/09/2014minha estante
Gostei da resenha. Muito bem comentada!


Silvana Barbosa 21/02/2015minha estante
Li "cem anos de solidão" muito tempo atrás e é um dos meus livros favoritos , mas não li mais nada do autor....Mas agora acho que vou procurar este também .


Rafa 30/03/2015minha estante
Leia Silvana, vai adorar!


Nil 19/04/2015minha estante
Eu li Cem anos de solidão e O amor nos tempos do cólera e ambos são magníficos! Mas O amor é o meu preferido, acho que por ser uma história de amor. Bela resenha!




regifreitas 05/07/2020

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA (El amor en los tiempos del cólera, 1985), Gabriel García Márquez; tradução Antonio Callado.

São muitos os clássicos da literatura aclamados como grandes histórias de amor, mas que retratam esse sentimento pelo lado seu lado mais doentio, obsessivo e trágico. Vide ROMEU E JULIETA, a clássica história de dois adolescentes que vivem um relacionamento relâmpago, tornando-se um paradigma dos amores contrariados. OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER, considerada a primeira produção da escola Romântica, conta a obsessão do protagonista por uma mulher comprometida. O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, DOM CASMURRO, SÃO BERNARDO, não faltam exemplos para ilustrar a questão dos amores obsessivos. Nascida da genialidade de Gabo, O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA também pode incluir-se nesse rol de obras.

O que esses romances trazem de extraordinário, e o que os torna clássicos, é a construção dos personagens. São seres complexos, por vezes perturbados, que dedicam suas vidas, forças e ambições para a concretização do desejo e/ou da posse do objeto afetivo. Contudo, não podem ser reduzidos a lindas histórias de amor ou de confirmação de como é poderoso esse sentimento que literalmente consome amados e amantes. Eles retratam personalidades fascinantes, mas o sentimento que estas carregam ao longo dos anos não pode ser considerado algo absolutamente saudável.

É o que acontece com Florentino Ariza. Ele se apaixona por Fermina Daza ainda na juventude e, mesmo suportando uma longa espera de mais de cinquenta anos, sonha com a reconquista do “amor” dessa mulher. Florentino acaba nos despertando um misto de compaixão e raiva. Até porque conhecemos os pensamentos de Fermina e, exceto por um breve momento da adolescência, esse sentimento não foi recíproco durante todo o tempo que Florentino se consumiu por ele.

É magnífico enquanto obra literária! Na vida real, Florentino careceria de uns bons anos de terapia.

Para o Desafio Livros & Sabores de junho: Colômbia.
Silvana (@delivroemlivro) 05/07/2020minha estante
"Florentino Ariza, por outro lado, não deixara de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias."


Marta Skoober 06/07/2020minha estante
Um desses livros que geram imensas expectativas.


regifreitas 07/07/2020minha estante
no meu caso foi uma releitura. tinha lido no final da adolescência, logo após o Cem anos de solidão, mas não tinha me pegado tanto. mas é ótimo. mesmo assim, o Crônica de uma morte anunciada ainda está na frente na minha preferência.


Marta Skoober 07/07/2020minha estante
Eu tenho ele, acho que já tem uns 15 anos ou mais. Nunca li, já comecei algumas vezes, mas acabo deixando pra lá. Não que seja ruim, mas acabo desviando para outras leituras...




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