Mau_Caetano 11/02/2024
O vício que leva a ruína
?Isso devia acontecer: uma vez nesse caminho, pessoas semelhantes descem como, de trenó, uma ladeira coberta de neve, cada vez mais depressa?
O livro narra a história de um preceptor (espécie de tutor) de uma família da alta aristocracia russa. Situada na cidade fictícia na Alemanha, conhecida pelos seus cassinos.
A obra apresenta forte inspiração na vida de Dostoyvéski, que já foi consumido pelo vício em apostas na sua vida. Acredito que isso acrescente bastante para a narrativa do livro, uma vez que é um ex-apostador narrando a vida de um atual apostador.
O livro é narrado na forma de diário do personagem principal, Alexei. Sendo assim, o que é um mistério para o narrador, também será um mistério para o leitor.
A leitura não é difícil, mas a descreveria como complexa, muito por causa do tempo em que foi escrito. Por uma, o livro tem diversos trechos em francês, algo comum na literatura da época, mas não deixa de dificultar o livro. Porém, tudo está devidamente traduzido em notas de rodapés.
Por outra, como uma parte central da trama do livro envolve apostas, o leitor pode acabar ficando perdido no meio dos tipos de moedas e seus valores (fredericos, francos, etc?). Mas, como eu disse, isso é mais um ?problema? de época do que da própria escrita.
Eu gostei bastante da prosa desse livro, ela é fluida e prazeroso de ser lida. A minha única crítica ao livro em si é o seu começo.
Existem alguns mistérios na trama e, assim como Alexei, não sabemos a respostas deles. Acho a narrativa de irmos descobrindo com Alexei algo maravilhoso.
Porém, a introdução do livro acaba sendo confusa. Alexei é o preceptor dessa família, somos introduzidos a ela como se já conhecemos todo mundo, jogados na narrativa. Entretanto, seria melhor se tivesse uma introdução mais detalhada da família, para que o leitor não fique tão à esmo.
Uma outra crítica pontual, que não interferirá na nota, é o prefácio. Algo muito comum, mundo afora, nos prefácios de literatura russa é narrar toda a história do livro. Já sabendo disso, não o li antes de ler o livro. Mas fica a minha dica, não leia o prefácio antes do livro.
Dou, ao fim, 4.5/5, apenas pela falta de introdução dos personagens centrais a trama. De resto, gostei bastante do livro.
4.5/5