Fernanda.Caputo 15/01/2024
Os homens se parecem mais com seus tempos que com seus pais
No começo, talvez pela tradução (essa edição do Clube de Literatura Classica é feita pelos irmãos Guerra, em português de Portugal), não me pegou muito.
Mas, conforme fui lendo e me acostumando, simplesmente não consegui largar.
A postura dos dois jovens estudantes, Arkádi e Bazárov, de superioridade em relação aos pais é tão, tão atual!
A cena em que Arkádi tira um livro de Púchkin das mãos do pai e o substitui por algo que julga mais adequado é emblemática.
Bazárov, especialmente, acha-se um Deus: "Tu, meu amigo, continuas parvinho, ao que vejo; os Sítnikov deste mundo são necessários. Percebes? Preciso desses idiotas. Não são os deuses que cozem os potes!".
Confesso que ao longo do livro achei Bazárov absolutamente detestável, mal educado e arrogante. No entanto, ao final, comecei a sentir um pouco de piedade. Vazio e triste, isolado em seu pedestal autoconstruído. O romantismo que ele tanto desprezou, é necessário.
É uma leitura esplêndida. Recomendo muito!