Niketche

Niketche Paulina Chiziane




Resenhas - Niketche


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Lu_fll 01/12/2023

Nessa dança do amor, quem dança são as mulheres
Niketche, diferente do que pensava antes de ler a obra, tratasse sobre uma dança aprendida pelas mulheres do norte durante a iniciação, tem teor sexual de poder, sedução. Apesar do livro carregar em seu título a palavra poligamia e de fato ser retratada tal situação, a história narrava verdadeiramente a histórias das mulheres que habitam o hexágono amoroso, o marido que encontrasse em meio a elas, importa, mas ao mesmo tempo carrega a menor das questões. É um conto sobre uma caminho de autodescobrimento, sobre tornar-se ser humano, tornar-se mulher.
Rami, Ju, Lu, Sally e Mauá deixam de habitar o homem e passam a se tornar indivíduos, unindo-se, juntando suas forças.

É sem dúvidas uma narrativa profunda que fala sobre as estruturas de opressão de gênero, além do como que a colonização transformou o território moçambicano, criticando as tradições e demonstrando que as estruturas corroboram os organismos de poder, ensinando homens a habitar esmagando as mulheres.

Isso que escrevo é apenas 1% do que há na obra, é uma leitura cativante e enriquecedoram. Sinto que preciso reler várias vezes até compreender a obra como um todo, ao tempo que sintia precisar ir devagar, degustar a leitura, em tempos que sentia uma súbita necessidade de correr para ligar pontos e não esquecer dos fatos. Sem dúvidas vou precisar reler, ver sobre outras perspectivas.

Leiam a obra, que não irão se arrepender.
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Ana Sá 29/11/2023

Mulheres moçambicanas, no plural
"Niketche - Uma história de poligamia" (2002), da moçambicana Paulina Chiziane, narra a história de Rami, uma mulher do Sul de Moçambique que descobre nas injustificadas ausências do marido Tony a existência de outras quatro "esposas" por ele mantidas. E aqui faço uso das aspas pois a condição dessas mulheres diz muito sobre a riqueza do panorama histórico-cultural que fundamenta o romance:

Se interpretadas à luz da monogamia de viés cristão trazida-imposta pela colonização portuguesa ao Sul do país, tais mulheres poderiam ser chamadas de "amantes", entretanto, sob o prisma da poligamia trazida-imposta pela ocupação árabe ao Norte, elas seriam também suas "esposas". Em síntese, nas palavras da própria Rami, Tony, sendo um homem do Sul e oficialmente comprometido com um relacionamento monogâmico, "faz imitação grotesca de um sistema que mal domina".

A ideia de uma "imitação grotesca da poligamia" anuncia o ponto forte do livro: fugindo de dicotomias simplificadas, a obra não faz uma distinção entre "bom" e "ruim" ao contrapor monogamia e poligamia. Ao contrário, é "grotesca" a postura de Tony pois, conforme é mostrado no livro, tradicionalmente poligamia não é bagunça, mas um modelo/arranjo familiar com regras próprias, no qual, por exemplos, não se admite a ideia de filhos ilegítimos (e portanto desamparados), havendo, inclusive, margem para uma (pequena) lógica matriarcal.

Mas, Ana, então esse romance celebra a poligamia?
Como eu disse, não necessariamente (ou bem pelo contrário?).

O livro de Paulina tem a força e a complexidade que tem justamente pelo modo como contradições e ambiguidades são tratadas ao longo de toda a narrativa, o que reflete/desenha retratados históricos próprios dos impasses entre tradição e modernidade/pós-colonialidade em Moçambique. A autora é genial ao lidar com esses embates e trânsitos histórico-culturais! E é por isso que ao mesmo tempo em que passam a se valer da poligamia e de outras tradições em favor próprio, as personagens femininas levantam questionamentos como: "Poligamia é destino de homem e castidade é destino de mulher" ou "Em matéria de presença, um marido polígamo é tal e qual um amante".

Por falar então nas personagens femininas de Paulina, eu considero que "Niketche" nos convida a descolonizar a nossa visão essencialista e universalista de “mulher africana” e de "patriarcado". Digo isso não só devido ao fato de a própria escritora se negar a aceitar o rótulo de “feminista” tal qual ele é definido pelo eurocentrismo, mas porque aqui somos brilhantemente apresentadas a "mulheres moçambicanas" em sua diversidade de vivências e de perspectivas. Quem diz que esse é um romance sobre “a” mulher africana e contra "o" patriarcado não entendeu muita coisa! A relação que Rami passa a ter com as demais esposas-amantes de Tony, a maior parte delas nascidas no Norte, e não no Sul, traz à narrativa feminismos plurais decorrentes de um incessante exercício de alteridade.

Não por acaso "Niketche", em Moçambique, é justamente uma dança coletiva e circular, servindo, pois, de alegoria para as aproximações e os distanciamentos que marcam o encontro das figuras femininas do romance. São mulheres que vão se descobrindo melhor a partir do que veem e do que não veem de si umas nas outras. O continente africano é plural, Moçambique é plural, e essas mulheres só existem no plural. Como bem disse Grada Kilomba em "Memórias da Plantação": "Aplicar a noção clássica de patriarcado a diferentes situações coloniais é insatisfatório. (...) O modelo do patriarcado absoluto foi questionado por feministas negras".

Eu poderia escrever pelo menos mais duas resenhas em continuação a esta aqui. Para além do que já descrevi, eu posso mencionar, por exemplo, que o humor e a ironia de Paulina são um deleite! Os temas complexos e sensíveis que são abordados do começo ao fim não impedem a autora de nos fazer gargalhar em muitos passagens! Impressiona que uma obra que toca tantos tipos de violência contra a mulher consiga ter momentos de leveza e graça, muito a partir da transgressão e da usurpação das tradições patriarcais sagazmente realizadas pelas personagens centrais. Aliás, aqui as mulheres não se resumem à condição de vítimas e eu andava sentindo falta disso na literatura atual! Elas também são agentes, e pra garantir a nossa gargalhada, às vezes elas são verdadeiras agentes do caos!

Eu sei que algumas leitoras dizem não ter gostado tanto assim de "Niketche" por causa da escrita bastante lírica-doce ou então por causa da circularidade/repetições narrativas. Entendo que gosto é gosto, mas pra mim esse tom ora poético demais, ora caótico demais reflete com coerência o interior igualmente doce-amargo da nossa protagonista Rami! Digo mais: como não se apegar a uma personagem que nos traz divagações do tipo: "Para as mulheres o eterno conselho é: segura, fecha, cobre, esconde. Para os homens é: larga, voa, abre, mostra". /// "Estou desesperadamente a pedir socorro e respondem-me com histórias de macho".

Vale lembrar que em 2021 Paulina Chiziane recebeu o Prêmio Camões e eu acho é pouco! Paulina não se aceita nem como "feminista" nem como "romancista" e me parece que o faz devido à insuficiência de categorias/rótulos eurocêntricos para definir sua escrita. De fato, nos faltam palavras para definir Paulina Chiziane e eu espero que ela seja mais e mais lida, até que nos brotem adjetivos que façam jus ao que ela nos entrega em obras como "Niketche". A literatura moçambicana não se resume a Mia Couto e que bom que começamos a nos dar conta disso!

Obs.: para falar em escritoras moçambicanas, no plural, eu não poderia deixar de indicar o belo livro "Sangue negro" (ed. Kapulana), da poeta Noémia de Sousa, que é tão reverenciada pela Paulina em suas entrevistas.
JurúMontalvao 30/11/2023minha estante
???
mt interessante


Carolina.Gomes 01/12/2023minha estante
Ah! Q bom! Quero tanto ler e tinham me desestimulado. Confio em vc.


Ana Sá 01/12/2023minha estante
Carolina, como eu mencionei, tem mta gte msm que reclama de ser um livro arrastado/enrolado e/ou meloso... Eu entendo bem essa sensação, mas de fato pra mim não incomodou nem prejudicou a leitura!

Não sei como seria pra vc, mas eu adoraria descobrir! haha Seus comentários são igualmente ótimos quando você desgosta de um livro! haha


Ana Sá 01/12/2023minha estante
Obrigada, Juliana ??




Isabela.Felizardo 28/11/2023

Niketche
A proposta é totalmente diferente do que estou acostumada, até porque o contexto faz parte de uma cultura completamente diferente da minha. a história é bem movimentada e os sentimentos da personagem narradora são bem descritos, mas eu acho que é muito enrolado. claro que precisa mostrar tudo o que a Rami sente e o que acontece em volta dela e eu adoro o jeito que a autora escreveu, mas, pro meu gosto, é demorado de mais.
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Aline 26/11/2023

Assim, assim...
Como explicar o meu sentimento com essa leitura? Acho que eu esperava mais...
Talvez o livro tenha se proposto a várias e muito profundas discussões, e findou por se perder um pouco! Ou simplesmente eu gostaria de um outro desfecho para a história!
De todo modo, achei importante ter lido e aprendido um pouco sobre Moçambique, sua cultura, suas diferenças regionais.
Em suma, é uma leitura válida, mas me deixou meio frustrada.
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Vênus 26/11/2023

Niketche
Essa leitura, foi tudo aquilo que eu não esperava. Comecei meio confusa, depois dando risada e no meio pro final triste e entendendo como as coisas funcionam em uma realidade diferente da minha, o tal do choque cultural e de ideias. É um livro EXELENTE, que eu facilmente recomendaria pra quem gostou também de "É assim que acaba".
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GermanoAraujoSampa 25/11/2023

Leitura necessária. Obra nos traz reflexões preponderantes sobre o machismo estrutural e a condição da mulher em Moçambique.
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Juliene 13/11/2023

Esse livro é maravilhoso.
Esse livro é uma das minhas melhores leituras do ano! Ele é muito sobre o papel da mulher, muito sobre a cultura, sobre as marcas do colonialismo e principalmente como a mulher foi afetada por isso. Sobre a união de mulheres que vivem um mesmo contexto. É um livro necessário de uma escrita muito linda.
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BcFaber 10/11/2023

Ai, Rami. Mesmo sendo homem, sofri com você as dores dessa sociedade machista e patriarcal. Rami, você foi forte até nas suas fraquezas. Vou sentir saudades tuas, Rami! Boa sorte na sua vida, ficarei torcendo por você. Livro fantástico.
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Andre.Pithon 02/11/2023

Como a primeira autora moçambicana a publicar em seu país, Paulina Chiziane carrega um papel culturalmente muito importante, e acredito (no pouco que minha opinião aqui vale), que este livro é fortemente representativo dessa voz. Niketche é um mergulho na cultura de Moçambique, em suas tradições e vivências, e permite o contato com uma sociedade distante e distinta, mas que inevitavelmente ainda divide problemas com a nossa, a posição precária da mulher sendo em Moçambique permitindo uma reflexão sobre seu papel geral.

O livro possui uma voz forte, poética, que constantemente se perde em digressões introspectivas, com a personagem lutando com suas crenças e sentimentos durante todo o decorrer do livro. Rami, a protagonista, descobre que o marido está lhe traindo, vai atrás da amante para tirar satisfação, e descobre que não existe apenas uma amante, mas quatro. Todas eventualmente se unem em um sindicato poligâmico, impondo suas vontades, unindo-se como mulheres, usando o instituto da poligamia como uma arma precária contra um homem (e uma sociedade) que lhes nega amor, respeito e companheirismo.

Alguns momentos são bons, existe uma lenta inversão de poder e aquisição de autonomia que, mesmo sofrida, é boa de ver, a obra caminha para uma conclusão de resistência e de revolta, através das armas disponíveis, sejam quais forem.

Muitos dos eventos são um pouco circulares, e os mesmos acontecimentos repetem e repetem até se firmarem, situações paralelas repetitivas poderiam ser reduzidas sem perdas para a narrativa geral, um tema central poderoso que por vezes reforça demais seu tema ao ponto do cansaço. A narrativa introspectiva também circula tempo demais nos mesmo sentimentos, letárgica e repetitiva. É um livro de forte peso social e cultural, marcando tradições moçambicanas, mas que se alonga um pouco demais e perde muito rapidamente o fôlego dinâmico e cativante dos primeiros capítulos, engatinhando até um final que perde impacto por demorar em demasia para chegar.
Rayanna14 02/11/2023minha estante
Eu to lendo "balada de amor ao vento" dela, e to gostando muito


Andre.Pithon 02/11/2023minha estante
Está na minha lista, pretendo ler eventualmente! Esse foi um primeiro contato ótimo com a obra




Patty Lima 29/10/2023

Comecei a leitura com "o pé atrás" acreditando que não gostaria. Enganada pela sinopse. Porém é uma leitura riquíssima, envolvente do início ao fim. O que há de riqueza cultural de norte a sul da África não cabe numa resenha. Além disso o desfecho é o mais imprevisto possível. Quanta beleza a Chizziane produziu aqui.
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Joana L. N Rocha 27/10/2023

Ao futuro leitor: ler este livro é um exercício
Ler este livro é um exercício de duas coisas: Empatia e respeito.

Empatia ao sofrimento alheio. E respeito à cultura alheia. Digo isto porque, durante toda a leitura, tive de praticar isso. Colocar-me no lugar de uma mulher negra e africana, que sofre pelas adversidades da vida: algo que não é difícil; é muito fácil se colocar no lugar não só de Rami, mas das outras quatro esposas. E, também, tive de entender, compreender e respeitar muitas tradições e hábitos que se diferem, e muito, com a nossa cultura (por exemplo, o fato da viúva ter de se "deitar" com o irmão do marido morto).

Sendo bem franca, não é um livro que leria. Não me considero conservadora, mas quando o assunto é sobre poligamia, torno-me uma mulher idosa arcaica e retrógrada (não me orgulho disso, estou tentando me "desconstruir"). Contudo, é leitura obrigatória da Unicamp, então tive de ler... E obrigada, Unicamp! É um livro que vai muito além desse tópico de um homem e várias esposas, é um verdadeiro estudo sobre a mulher e sua posição na sociedade, ainda mais a sociedade de Moçambique.

Há toda reflexão acerca da população feminina e seu papel na vida, na relação entre elas e com os homens. Toda uma desconstrução psicológica, especialmente de Rami, e depois uma construção, mostrando ao leitor, peça por peça, da psique de uma mulher que, desde o nascimento, é tratada como inferior. Não só a protagonista, mas todas as mulheres, inclusive as coadjuvantes. Como nós, mulheres, somos tratadas como subalternas e palanque aos homens, como a tradição nos obriga a servir ao sexo masculino, e como a tradição atua como grilhões.

Somos carne, somos osso que deve ser roído, senão pelo marido, por outro homem; não podemos estar livres porque não nascemos para ser livres, nascemos para sermos usadas na juventude e descartadas na velhice: essa é a visão da sociedade. Aqui, a visão da sociedade moçambicana. E é nesse contexto que Rami e as outras quatro esposas (Ju, Lu, Saly e Mauá) lutam contra essa visão e com os próprios sentimentos de inveja e ciúmes, e encontram a força interior.

Passamos raiva ao longo do processo, como leitor? Sim, mas essa caminhada de redescoberta não é doce e prazerosa mesmo. É uma estrada amarga e de espinhos, perfuram os pés e açoitam as costas. E o livro exprimiu isso de forma incrível.

Tenho muitos outros elogios, mas vamos nos ater aqui.

Se assim como eu, você está aqui por causa do vestibular: leia de coração aberto, permita-se sentir a experiência. A Unicamp não escolheu essa obra a toa.

Se você está aqui por outra razão: leia.
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mel! 24/10/2023

Achei o livro muito repetitivo. acho que podia ter umas 30 páginas a menos sem a enrolação. tirando isso, a história é legal, e foi interessante conhecer ritos diferentes dos que eu vivo como brasileira.
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Lets 23/10/2023

Leitura que tem sua importância, porém não gostei da escrita! As descrições eram toscas e me dava preguiça o tom meio poético (que eu achei brega) durante o livro
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Xitzu 23/10/2023

Li esse livro por causa do vestibular da UERJ e eu adorei. Toda essa questão de clones, sentimentos, tópicos relacionados a sexualidade, muito bom de verdade!
A UERJ nunca decepciona!!
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