João 20/10/2021
"Não pertença a outrem quem pode pertencer-se a si próprio."
O volume ?a prática da psicoterapia? é composto por nove textos, dentre eles publicações e conferências. Apresenta grandes reflexões, como é típico do autor, mas em alguns pontos pode ser repetitivo (por se tratar da junção de textos de épocas diversas).
Jung aborda temas importantes, tais como a necessidade inquestionável de que os terapeutas passem por análise, já que a personalidade do analista apresenta um enorme papel no sucesso terapêutico, mais até que o método utilizado.
Sobre o método, a técnica, ele apresenta como deve ser reconhecido que, como a individualidade é múltipla, a psique é extensa, nada mais natural que se haver diversas formas de compreendê-la. Duas visões aparentemente antagônicas podem e, há dados empíricos que comprovam, que são válidas.
Num dos últimos textos, ?psicoterapia e atualidade?, Jung discute a respeito de individualidade x coletividade, apontando que um dos grandes méritos do cristianismo foi a de reconhecer que todo sujeito é digno de possuir uma alma imortal.
O trabalho psicoterapêutico, laborioso e realizado com apenas um sujeito no contexto do consultório particular, pode parecer não alcançar grandes resultados considerando-se o macro do coletivo, mas Jung aponta que apenas através desse trabalho individual é possível que se constitua um Estado formado por uma massa consciente.
?E, na medida em que estamos convencidos de que o portador de vida é o indivíduo, se conseguirmos que pelo menos uma única árvore dê frutos, ainda que mil outras permaneçam estéreis, já teremos prestado um serviço ao sentido da vida.?