Carous 23/03/2018Não sou capaz de opinar...O tombo demora, mas ele sempre vem!
Após uma sequência de clássicos que temia ler e encontrar algumas crenças ultrapassadas e problemáticas, mas li mesmo assim e com profundo alívio vi que estava enganada, esbarrei com esse, ironicamente escrito mais recentemente que os outros, que trouxe alguns assuntos bem controversos e que me incomodaram muito.
Eu o avaliei porque meus dedos coçam se não fizer isso, mas eu não sei se gostei ou não da leitura. Só sei que gostaria de ter sido avisada de antemão do conteúdo do livro.
A história principal eu sabia qual era e tivesse visto a adaptação toda, talvez conhecesse o suficiente para dispensar o livro por causa de certos assuntos. E certamente minha curiosidade para conhecê-la teria sumido.
Eu gostei da Tita mais do que podia imaginar. Apesar de ter uma mãe durona que infernizou sua vida e colocou sua felicidade em cheque, Tita a contestava e peitou a tradição - ridícula, diga-se de passagem - de não poder casar para cuidar da mãe por ter a infelicidade de ser a caçula.
Do Pedro... ele teve algumas atitudes questionáveis e não me refiro a decisão de casar com uma das irmãs de sua amada para ficar mais próximo de Tita. Então eu fui desejando mais e mais que ela encontrasse a felicidade em outra pessoa ou percebesse que sozinha estava muito bem.
O livro tem um toque de magia e sensações provocadas pelas receitas que a personagem principal preparava na cozinha e que era influenciada por como se sentia - e por vezes tinha efeito afrodisíacos nos demais.
Como escrevi, Mãe Elena era uma praga. Por vezes sentia ódio do comportamento dela com a filha, dos maltratos e por se apegar a uma regra tão estúpida. Mas também sentia vontade de chorar diante de tanta maldade que ela cometia contra Tita. Se você tem um relacionamento problemático (ou violento) com seus pais, sugiro ficar longe desse livro porque pode acionar seu gatilho.
Se violência sexual também é um assunto sensível a você (como é comigo) também se afaste do livro. Diante do que existe no mundo, até não tem muita ênfase. Ainda sim, me senti mal.
Sim, eu levei em consideração à época da publicação do livro e a que se passa o livro. Não diminuiu em nada o incômodo que senti diante disso ou em outras cenas tão, tão problemáticas disfarçadas de gestos de amor.
E eu entendo que o foco era no amor entre Tita e Pedro, mas Laura Esquivel podia ter judiado menos da Rosaura. Mesmo ela tendo herdado a mesma mente tacanha da mãe.
Tiro meu chapéu pro tradutor dessa edição pelo cuidado com as notas bem explicativas sobre os ingredientes tipicamente mexicanos. E pela frieza da Laura Esquivel de criar uma história com tanto empecilho e sofrimento. Eu provavelmente na segunda página já teria desistido de manter essa decisão.