André Vedder 14/02/2022
Persistência e paciência
Debaixo do Vulcão não é um livro de fácil leitura. Ele cansa. Ele desanima. Ele enjoa. Mas não desista, pois nesse cansaço vive uma bela obra literária.
Minha experiência de leitura foi lenta, pois a escrita do autor é desalinhada, desconexa e cheia de divagações de seus personagens. O enredo gira em torno do Cônsul britânico, que vive no México e sofre de alcoolismo e a história toda se passa praticamente um um dia, envolto em muita bebedeira.
É um livro para se ler em pequenas doses, sem pressa, e persistência. Em muitos momentos achei enfadonho, mas aos poucos fui percebendo sua grandiosidade, principalmente ao final da obra.
"Acho que sei muito sobre sofrimento físico. Mas este é o pior de todos, sentir a alma morrendo. Me pergunto se é porque esta noite minha alma realmente morreu que sinto no momento algo como paz."
"Nossa, como é vazio e sem sentido o mundo! Dias preenchidos com momentos baratos e sem brilho se sucedem, inquietos, e em seguida noites assombradas, numa amarga rotina: o sol brilha sem brilhar e a lua nasce sem luz. Meu coração tem gosto de cinzas e minha garganta está apertada e cansada de chorar. O que é uma alma perdida? É uma alma que se desviou do caminho verdadeiro e tateia no escuro por lembranças..."