Talita 28/01/2022
Um livro bastante esquecido do autor no qual já seria possível observar as características marcantes da sua obra mais famosa: Macunaíma.
No livro, iremos conhecer a história de Fräulein (senhorita em alemão), a qual possuía uma profissão comum para o período da história brasileira em que se passa a narração do livro: ela era uma "professora do amor", responsável por iniciar a vida amorosa e sexual dos jovens da classe média brasileira.
A partir disso, também acompanharemos a rotina da família de Carlos (o jovem aprendiz de amor), a qual se mostra uma típica organização familiar de classe média do início do século XX, com todas suas hipocrisias e tabus.
O livro ainda possui outro personagem digno de nota: o narrador da história, o qual em semelhança com os narradores de Machado de Assis, tece críticas e comentários em relação ao comportamento dos personagens, que poderiam muito bem ser comportamentos do próprio leitor do livro. O narrador faz parte da história e seu papel deixa o texto muito mais interessante.
Alguns pontos que chamam atenção no livro são: A experimentação textual de Mário de Andrade, que buscava escrever algo que mostrasse a "linguagem brasileira", ou seja, fugindo de cópias de histórias tradicionalmente vindas dos modelos estrangeiros. Além disso, o autor também demonstra sensibilidade ao discutir o papel da mulher na sociedade da classe média da época, fazendo sutilmente críticas aos comportamentos hipócritas do período. Por fim, o desfecho que o autor dá a história, mostrando como os filhos tendem a se tornar semelhante aos pais, é digno de reflexão.
Pessoalmente gostei bastante do livro, a linguagem é acessível, o livro é curto e, mesmo assim, carrega importantes críticas.
Indico para quem, assim como eu, quer conhecer um pouco da obra de Mário de Andrade.