Lincha tarado

Lincha tarado Dalton Trevisan




Resenhas - Lincha tarado


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Miguel.Angelo 29/12/2020

Trevisan!
Dalton é seu próprio adjetivo. A inventividade e a capacidade de criar sátiras dos ditos cidadãos de bem é surreal. Leitura sempre visceral e acelerada.
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Anna Azevedo 22/06/2015

#VivaDalton
Dalton é o mais ativo dos contistas brasileiros. À exceção do romance A Polaquinha, de 1985, a obra do curitibano se faz sobre os livros de contos. Dentre mais de quarenta títulos lançados ao longo de sua carreira, optei por um que se exibe ousado desde a capa até a última frase: Lincha Tarado, de 1980.

No livro, Dalton instiga o leitor com aquilo que faz dele um dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa: o realismo arredio, esboçado em uma prosa concisa e irresistível. A insensatez das relações humanas – das mais pervas às puritanas – bem como o universo “desgracido” tipicamente daltoniano, das prostitutas frias, das mulheres frígidas, dos velhos fracos por meninas, estão presentes na coletânea. Trata-se de um texto transgressor, destituído de idealizações ou de qualquer romantismo barato, que se expõe na frieza da realidade ordinária. Um livro em consonância com a obra, distinta pela revelia aos padrões culturais dominantes. Um livro em dissonância com os olhares moralistas que pululam redes sociais e nas esquinas da “Curitiba que eu viajo“. Lincha tarado, (re)lincha “família brasileira”.

Os textos reservam clara identidade narrativa entre si. O enredo vai se completando a cada novo conto sobre Maria, João e André, sustentando um eixo narrativo central intercalado por pequenas tramas adjacentes. “Todas as histórias – a mesma história e uma nova história”. Nesse sentido, Lincha Tarado pode funcionar tal qual uma novela dividida em capítulos. Os contos parecem repetir-se em ecos contínuos; em verdade, as repetições vão revelando novas pistas, que fazem com que o leitor descubra outras camadas de interpretação a partir de detalhes acrescidos à trama. O efeito de redundância criado por Dalton revela uma visão mais abrangente dos personagens e dá ainda mais impacto ao discurso.

Desde sempre e para sempre, a transgressão aos modelos da prosa tradicional (tanto em relação à linguagem, como em relação às temáticas e abordagens) e também da sociedade tradicional é a espinha dorsal da literatura de Dalton. Na voz de um narrador esquivo, à margem, sua obra escarra a vida privada, sem excesso, sem comédia, sem pudor, sem juízo de valor. Lincha Tarado é assim. O Vampiro de Curitiba é, pois, assim. Assim é Dalton Trevisan.

Durante pouco mais de um ano, fui vizinha do mais importante dos nossos autores. Poucos passos separavam o meu apartamento da sombria fachada daquela esquina entre a Amintas de Barros e a Ubaldino do Amaral. O Alto da XV, eu e o vampiro, unidos pelas mesmas ruas, calçadas, sirenes. Todos os dias, meu caminho cruzava seu reduto, naquela esperança tímida de flagrá-lo, descobri-lo. Nada. A mim, Dalton Trevisan revelou-se de outras formas, na plenitude de sua criação literária. Encolhido em seu espaço, agigantado em suas páginas, “o autor não vale o personagem“; não é preciso vê-lo para que se faça protagonista desta famigerada Curitiba perdida. Em sua obra, Dalton vive. #VivaDalton

site: http://www.aescotilha.com.br/literatura/contracapa/vivadalton/
Erika 21/09/2016minha estante
Adorei sua resenha!




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