Teleny, ou o reverso da medalha

Teleny, ou o reverso da medalha Oscar Wilde




Resenhas - Teleny, ou o reverso da medalha


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Carlos Nunes 14/02/2023

Wilde pornô????
Livrinho bastante curioso, cuja autoria ainda hoje é bastante debatida entre estudiosos. Oscar Wilde teria mesmo participado da autoria de TELENY? Quais trechos ou capítulos teriam realmente sido escritos por ele?
O enredo é bem simples: um jovem francês bastante rico, Camille des Grieux, sente-se atraído por um talentoso pianista húngaro, René Teleny. Inicialmente confuso e disposto a lutar contra essa paixão, vai cedendo aos poucos e acaba se entregando totalmente a esse relacionamento, passando a conhecer uma vida de prazeres e excessos, de uma outra sociedade totalmente à margem das convenções sociais, e da qual não tinha o menor conhecimento. É uma clássica história romântica sobre um casal apaixonado e as consequências dessa paixão em suas vidas, apenas com o detalhe de que se trata de uma relação homossexual.
A questão aqui é que, ao fazer a leitura, fica evidente de que se trata de uma obra bastante inconsistente - trechos memoráveis e lindamente escritos, enquanto outros vão ao fundo do poço da pura pornografia. Enquanto a história é desenvolvida de uma forma esteticamente elegante, com descrições elaboradas e sensuais, a maioria das cenas explícitas vão mesmo na contramão, não hesitando no uso de imagens e palavras chulas e até grotescas. Apesar de ser um romance homossexual, o livro também traz cenas de relacionamentos hetero, e o curioso é que essas cenas são ainda mais vulgares que as homossexuais, como se o amor entre pessoas do mesmo sexo fosse mais nobre ou o único verdadeiro.
Excluídos essas cenas explícitas e o fato de os protagonistas serem dois homens, é uma história de amor tradicional e com alguns exageros românticos, como sofrimentos exagerados, ciúmes doentios, longos e elaborados relatos de quão forte é o amor entre os dois, e como o destino inescapável interfere nessa relação, mas que também é bastante desagradável, por conta das várias cenas perturbadoramente pesadas, envolvendo estupros, orgias e suicídio. Enfim, uma leitura interessante, especialmente pela sua importância documental e pela curiosidade de se tentar descobrir onde está a pena do Wilde, mas que definitivamente não é para qualquer leitor.
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Rafael.Montoito 13/04/2020

Um livro "do babado"
Um livro polêmico por diversos fatores, seja por sua autoria contestada (acredita-se que não seja de Oscar Wilde somente, mas escrito em parceria com vários amigos seus) ou pela história pornográfica que, se ainda hoje chama a atenção por algumas descrições, à época deve ter causado um grande escândalo.
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O romance é a história do amor homossexual do nobre Camille Des Grieux pelo pianista René Telen. Vale ressaltar a qualidade da narrativa que, em nada, pode ser tomada como "menor" comparada ao gênero erótico que, na maioria das vezes, é tomado pejorativamente na literatura mundial.
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Ana 26/01/2019

Que livro! Que livro!
''(...) minha história, com palavras veladas, havia aparecido em todos os jornais. Era uma fofoca saborosa demais para não se espalhar imediatamente, como um incêndio.''

Um dos melhores livros que eu já li na minha vida, sinceramente, é uma humilde opinião pessoal, apenas.
Teleny ou o Reverso da Medalha chama a atenção por ser um dos primeiros (se não o primeiro) livros a tratar da homossexualidade, de um jeito muito explícito e protagonista em um livro erótico.
A versão da Editora Hedra diz na contracapa da obra, que o escrito é fruto dos esforços do círculo de amigos de Oscar Wilde, portanto eu entendi que Wilde não o escreveu sozinho. Fico imaginando em que cenário surgiu a idéia para a escrita de uma obra tão explosiva e rica em detalhes.
Apesar da alta voltagem sexual e incendiária, a escrita de Wilde é elegante como sempre, até mesmo ao citar as partes íntimas e os atos sexuais propriamente ditos, dos personagens.
O enredo trata do amor proibido e avassalador entre Camille e René Teleny; sendo o primeiro, um homem da sociedade, rico, enrustido, alguém que tenta não ser o que é. E o segundo, um boêmio, belo e desejado músico, idolatrado e assediado por homens e mulheres. Os dois se vêem pela primeira vez em um concerto onde Teleny se apresenta, e é amor à primeira vista.
O livro é narrado em primeira pessoa, e eu me senti verdadeiramente angustiada ao ler sobre todo o desespero de Camille, tentando esquecer e sufocar o amor que sentia por Teleny.
Mas Teleny começa a corresponder ardentemente ao amor de Camille, e foi uma verdadeira surpresa para mim, ler sobre os encontros sexuais dos dois de uma forma tão escancarada e explícita. Certamente um livro e tanto, uma prosa elegante marcada pelo decadentismo de fins do século XIX.
Gostaria de agradecer imensamente ao tradutor, Francisco Innocêncio, e a Editora Hedra por trazer aos fãs brasileiros de Wilde esta obra.


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@fabio_entre.livros 01/03/2016

O reverso da medalha... e do decadentismo puritano

Que Oscar Wilde foi um autor polêmico, tanto por sua vida extravagante quanto por sua obra, ambas marcadas por elementos, fatos e acusações de homossexualismo, isso não é nenhuma novidade. Entretanto, se nos seus textos (particularmente em sua obra-prima “O retrato de Dorian Gray”) as referências homoeróticas se dão de forma “velada”, subentendida – e mesmo assim, o suficiente para crivar o romance de acusações de imoralidade – , em “Teleny” o conteúdo homossexual é tratado de modo explícito e direto.
É preciso, porém, antes de qualquer coisa, deixar claro que não existem provas de que Wilde seja o autor de “Teleny”; pelo menos não sozinho: recorde-se que o livro foi publicado anonimamente, pois para a sociedade puritana da época, o conteúdo do livro seria demasiadamente escandaloso e imoral. O mais certo é que a obra tenha sido escrita, por assim dizer, a “muitas mãos”, isto é, por um grupo de amigos de Wilde, e que ele tenha concebido partes da história e feito a revisão final. De qualquer forma, diversos elementos da obra wildiana se encontram em “Teleny”: a ironia, a denúncia à hipocrisia social, a crítica sarcástica e a linguagem dotada de um sentimentalismo intenso e retórico.
O romance traça a história do jovem Camille e sua paixão arrebatadora pelo pianista húngaro René Teleny; mesmo sabendo da sua condição sexual desde a infância, Camille mantém seus desejos reprimidos até que tudo vem à tona ao conhecer Teleny. O músico corresponde aos sentimentos de Camille e logo eles se tornam amantes. Embora com um tom romântico e sensível durante a maior parte da obra, o livro não soa piegas; ao contrário, ele é abertamente erótico (essa edição faz parte de uma coleção de clássicos eróticos organizada pela Hedra), com descrições detalhadas de felação, masturbação, sodomia e orgias. Aliás, o livro não descreve apenas atos sexuais homoeróticos: há diversos momentos de sexo “convencional”, como a visita de Camille a um bordel, as narrações de suas primeiras aventuras sexuais com mulheres e certo acontecimento com desdobramentos trágicos no final do livro.
O universo sexual apresentado na obra é decadente (um exemplo disso é a morte ocorrida no bordel, a qual a “plateia” assiste indiferente), enquanto, paradoxalmente, em uma das “sessões privadas” do pintor Briancourt (amigo de Teleny), figuras notáveis da sua sociedade puritana, algumas inclusive conhecidas por sua religiosidade pública, marcam presença constante, sem pudores. Finalizando, digo que “Teleny” vai além do romance erótico: o seu próprio desfecho fatalista funciona como uma crítica ao conservadorismo e à moralidade hipócrita da sociedade à qual os personagens pertencem. Uma leitura muito válida, com a essência de Wilde, mesmo que a coroa de louros, nesse caso, não pertença exclusivamente a ele.
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felix.perini 15/09/2010

Teleny, ou O Reverso da Medalha começou como um livro muito atraente. A forma como o autor (ou os autores) descreveu os personagens os tornaram bem nítidos em minha mente, e até apaixonantes, como no caso de Teleny, o pianista húngaro que é adorado durante todo o romance, independente de suas ações.

O livro baseia-se em pequenas estórias e núcleos distintos - de revelações do passado até lembranças com o amado Teleny - que vão formando os acontecimentos narrados por Camille, o nobre rapaz que se apaixonou enlouquecidamente pelo misterioso pianista. Eles se envolvem em uma paixão admirável até alguns acontecimentos cheios de suspense te chocarem com o desenrolar da coisa.

Posso dizer que o livro foi salvo por essas estórias, e tornou-se querido para mim por conta delas, e não pelo fim. Na minha opnião, foi um pouco decepcionante, mas não a ponto de me fazer condenar toda a obra. Mas para aqueles que gostam dos pequenos detalhes esclarecidos e todas as tramas perfeitamente desenroladas, não recomendo. É uma ótima leitura, envolvente, mas te deixa "Nossa, me diga que tem uma continuação" ao terminar.
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