O Decamerão

O Decamerão Boccaccio




Resenhas - Decamerão


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Fernandes83 04/06/2021

Calhamaço
Eu estava muito animada com esse livro, por ser um clássico, pela época que foi escrita, mas confesso que desandei... O livro é leve, divertido, apesar da época em que foi escrito, tem várias alfinetadas na Igreja, na corrupção, na tal vida santa, nos homens e mulheres infiéis... A questão, é que sinto que algumas histórias se repetem, os temas das novelas, ou personagens são semelhantes e, isso em muito desanima no andamento do livro. Porém, foi escrito em uma época tão passada, com um conhecimento de mundo extremamente diferente ao que se tem hoje, por isso vale relevar e repensar a forma de se encarar esse clássico e imponente livro. Não dá pra dizer q a leitura é fluida porque depende da novela que estamos lendo, porém, pode-se dizer que vale a pena dar uma espiada nesse calhamaço.
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Saulo 30/04/2021

Divertido mas repetitivo
O clássico de Bocaccio que revolucionou a literatura conta sobre um grupo de 10 jovens (7 mulheres e 3 homens) de Florença, se reúnem fora da cidade para fugir dos horrores da peste negra.

O livro conta um pouco da rotina nestes dias, mas o foco é nas novelas que eles se reúnem para contar e se divertir.

Neste primeiro volume temos 5 jornadas onde cada um narra uma novela. Alguns destas jornadas tem temas específicos e outras não. Temos novelas de humor, traição, romance. Sendo muito deles bem divertidos. Destaque para a segunda jornada, que teve os contos que mais gostei.

Como já dito, muitos destas novelas criticam abertamente a igreja católica e a nobreza da época, mas também podemos ver muito da cultura da nobreza da época, que é bem controverso.

O ponto negativo vai para a repetição que alguns temas que não gostei tanto, em especial a quarta jornada que achei bem chatinha. Como são muitas novelas, algumas são repetitivas e parecem até iguais.

Gostei muito do livro, do modo que a linguagem é usada e achei ótima a tradução de Raul de Polillo. A edição da Nova Fronteira é linda e muito bem feita.
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 07/02/2021

Por Eric Silva para a 4ª Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo
10 de janeiro de 2021, Ano da Itália

Cercados pela desolação provocada pela peste bubônica (negra) que matara grande parte da população florentina e dizimara um terço da população europeia , dez jovens de classes abastadas afastam-se da cidade e por quinze dias se dedicam ao lazer e à narração de cem pequenas histórias contadas ao longo de dez jornadas (dias). Livro que influenciou grandes nomes das artes a exemplo de Vivaldi e Molière, O Decamerão não é apenas uma obra que marca a fundação da narrativa moderna , como um testemunho escrito com humor e muita ironia e que documenta uma época na história da Europa e um retrato cultural, cotidiano e social de uma sociedade que migrava do feudalismo em direção a consolidação da burguesia.

Confira a resenha completa do primeiro livro da IV Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo que no ano de 2021 homenageia a literatura italiana.


site: https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html
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Edna 13/01/2021

Atemporal
Durante a Peste Negra no Século XIII  devido ao alto índice de vítimas e a epidemia incontrolável, 10 jovens 07 garotas e 03 rapazes resolveram se isolar nas Montanhas em um Castelo a intenção  de fugir da mortandade, já que inúteis seriam e até poderiam ser exterminados pela Peste como e só contariam hoje numa estatística trágica de 200 milhões de vítimas.

Durante a jornada deles foram escolhidos líderes reis e rainhas semanalmente e durante cada jornada  cada membro contava uma novela totalizando 100  novelas  muitas  de fatos outras baseadas e lendas com temas fortes como traição, sexo, hipocrisia da igreja,  roubo, comicos e trágicos contados de forma leve e descontraída  na forma dos contos das Mil e uma noites e Xerezade do Ocidente.

As histórias exercem em nós um poder
reflexivo em que voce tem uma nítida certeza da fragilidade humana em qualquer época e que ninguém está imune.

Surpreendente e Atemporal

#Bagagemliteraria
#Decamerão
#Resenhaednagalindo
#Bookstagrammer
#Sejaleveleia
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lete 02/01/2021

Um classico
Tinha vontade de conhecer, na verdade não me impressionou muito , mesmo sabendo de sua importância e tempo. Gostei de ter lido
Racestari 29/03/2021minha estante
A leitura flui?




Éverton 31/12/2020

Cem histórias divertidíssimas
Dez jovens saem de casa para ficarem reclusos enquanto o lugar onde moram enfrenta uma pandemia. O que fazer quando se está isolado de quase tudo? Pois bem, Boccaccio nos dá uma excelente narrativa onde estes dez jovens resolvem passar seus dias se divertindo como podem e contarem histórias para se entreterem. É um livro longo com várias histórias (cem ao todo), mas todas as histórias são muito interessante. Boccaccio com suas histórias cheias de sátiras e sacarmos nos mostra um pouco como era a vida e a sociedade daquela época.
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bobbie 18/10/2020

Uma jornada de dez dias pela Xerazade do ocidente.
O decamerão significa "jornada de dez dias", que é o que acontece ao longo deste grande tomo de quase 1300 páginas (a minha edição, embora compartilhe da capa aqui cadastrada, consta com 1263 páginas). A história é simples: a Florença do século XIII se vê assolada pela Peste Negra. Com a morte por todos os lados, sete moças se refugiam numa igreja, onde tomam conhecimento de três rapazes e, juntos, fogem da cidade a fim de preservar suas vidas da doença mortal e altamente contagiosa. Refugiam-se em um castelo e decidem estabelecer uma rotina que lhes permita entreter-se ao mesmo tempo em que esperam pela passagem da epidemia. A rotina consiste em, a cada dia, coroar uma rainha (ou rei) entre eles, cuja designação será escolher um tema que cada um deverá respeitar para contar uma história (ou, nas palavras deles, uma novela). Além disso, fazem suas refeições diárias, jogam e brincam como melhor lhes apraz a alma e cantam canções conforme designadas pela rainha - ou rei - do dia. O livro, portanto, é dividido em dez partes, cada qual contendo dez novelas narradas por cada um dos quarentenados (pois até a rainha ou o rei devem novelar). A partir daí tece-se uma colcha de retalhos de costumes, hábitos, personagens históricos (muitos dos quais referenciados através de notas) que se envolvem em tramas de sexo, traição, engodo, malandragem etc. Não ficam de fora nem mesmo personagens do clero. Muitas histórias, de acordo com as notas da edição, podem ter sido factuais, ainda que acrescidas de uma pitada de fermente para adornar o volume. Há também muitas referências a figuras mencionadas em A divina comédia, de Dante. Apesar de tratar-se um livro extenso, escrito há sete séculos, a tradução deste volume esmera-se pelo uso de uma linguagem que preza a compreensão e a fruição, ao mesmo tempo em que não desrespeita o italiano de Boccaccio. Além disso, o livro não se torna cansativo justamente por estar dividido em 100 novelas menores, não correlatas, que podem ser lidas em intervalos de tempo razoáveis.
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ffearful 27/06/2020

Um excelente livro!
Simplesmente fantástico! Não é à toa que Boccaccio é considerado o pai da prosa italiana e, juntamente com Petrarca e Dante Alighieri, expoente do Renascimento Italiano. Há tempos ansiava por essa leitura. Aconteceu dela me ser oportuna, devido à pandemia do Corona Vírus, nisso, afirmo que: decorridos séculos após a escrita de O Decamerão (Príncipe Galeotto), seu objetivo principal, até mesmo único, foi mantido, o entretenimento dos ociosos. Levando em consideração o contexto em que as novelas foram escritas (contadas, Boccaccio, afirma apenas ter escrito), são sensacionais, além de ser um quadro perfeito da sociedade da época, seja no aspecto político, social ou econômico. Me diverti horrores, dei boas gargalhadas. Em, "Conclusão do autor", temos a cereja do bolo desse grande clássico da literatura italiana. Indico muito!

A edição que eu li, foi a da Nova Fronteira, embora seja linda e até "luxuosa", a revisão do texto deixou algumas arestas.
Naiana 05/12/2022minha estante
Li essa edição da Nova Fronteira também, você foi gentil, há alguns erros que a revisão deixou passar que doem e quase me fizeram abandonar a leitura.




Emanuele 25/05/2020

Primeiro volume
O box da nova fronteira é composto de 2 volumes. Este é o primeiro.
É uma edição bem bonita, prazerosa de se ler.
Apesar de ser um livro famoso eu não tinha muita ideia da forma como fora organizado.
Em síntese são 10 amigos (7 mulheres e 3 homens) que, fugindo da peste em Florença se refugiam em ligares diversos da região, normalmente castelos desabitados e, para passar o tempo se reúnem para ?novelar?.
Cada membro do grupo é o ?rei? de tempos em tempos, sendo o líder que conduz o grupo e organiza a rotina. Ao final do reinado elege o próximo ?soberano?. Em cada reinado cada membro conta uma história. São 10 membros, a cada reinado 10 histórias, daí vem o nome do livro (originalmente sem título), Decamerão.

É um livro secular mas com uma linguagem tranquila, com histórias interessantes, engraçadas, um jeito muito bacana de se conhecer mais sobre a idade média em relação aos costumes, hábitos, relações... é uma leitura que está me agradando bastante.

Vamos ao segundo volume!
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jota 30/03/2020

Dez dias, cem histórias...

Giovanni Boccaccio (1313-1375) é um dos mais importantes autores do Trecento (período inicial do Renascimento italiano) juntamente com Dante Alighieri (1265-1321) e Francesco Petrarca (1304-1374). Sua obra mais famosa é Decamerão (ou Decameron), escrita entre os anos de 1348 e 1353. Ela se desenrola numa vila isolada de Florença durante dez dias, ou dez jornadas, conforme os vocábulos do grego antigo “deca” e “hemeron”. Nesse período sete moças e três rapazes, fugindo da devastadora peste negra que assolava a Europa desde 1340, passam muitas horas contando histórias perfazendo uma centena delas, dez por dia, cada jovem narrando uma diariamente. De um modo geral são narrativas curtas, de poucas páginas e algumas podem ser consideradas simples anedotas, nem sempre lá muito engraçadas, espirituosas talvez. É o caso das novelas da Sétima Jornada, quase todas extremamente curtas.

Para Edoardo Bizzarri, autor da Introdução à Leitura de O Decamerão (edição 2018, Nova Fronteira): “As novelas de O Decamerão apresentam os mais diferentes tipos de narração; vão do conto complexo, rico de enredo, à simples anedota e à piada; obedecem às mais variadas inspirações, do cômico ao trágico, do burlesco ao heroico; tratam dos mais diferentes assuntos. Tanto é assim que nelas se reflete toda a sociedade contemporânea, nos seus múltiplos aspectos, do plebeu ao cavalheiresco, da burguesia culta àquela exclusivamente mercantil.” Certo, é isso mesmo, mas o conjunto das narrativas me pareceu meio desigual quanto ao interesse que pode despertar no leitor comum para prosseguir a leitura até o final do volume. Afinal de contas, são cem histórias, muita coisa. É verdade que não há nenhuma narrativa enfadonha, mas algumas parecem um tanto ingênuas, com muitas coincidências e desfechos resolvidos de modo rápido, homens e mulheres que se apaixonam perdidamente, sem remorso por traírem seus cônjuges ou noivos, raptos de donzelas e esposas, religiosos entregues ao sexo etc. A se levar ao pé da letra as histórias de Boccaccio, parece que a Idade Média de seu tempo não foi tão entrevada assim, teve muita diversão...

Uma característica bastante acentuada nos textos de Boccaccio é que os religiosos são quase sempre mostrados em ângulos desfavoráveis: são lascivos, hipócritas, desonestos, apegados a bens materiais, pecadores, o que tornou a obra suspeita entre as autoridades católicas. Na Décima Novela da Nona Jornada, um padre, “Donno Gianni, por instância do compadre Pedro, faz o feitiço destinado a transformar sua esposa em égua; quando vai para aplicar a cauda, o compadre Pedro, dizendo que não quer cauda, arruína o efeito todo da mandinga.” No filme homônimo de Pier Paolo Pasolini, rodado em 1970 e baseado em nove histórias do livro, essa novela foi muito bem transportada para a tela e provoca risos no espectador. Ela é apenas um dos textos em que Boccaccio fustiga os religiosos, há vários outros. Veja abaixo um trecho da Terceira Novela da Sétima Jornada em que “O frade Rinaldo deita-se com a comadre; o marido encontra-o na alcova com ela; e ela e o frade fazem-no crer que estavam encantando os vermes do afilhado.” Boccaccio escreve:

“Ah! Vitupério deste mundo arruinado! Esses frades não se envergonham de aparecer gordos, de aparecer com rostos corados, de aparecer efeminados em suas roupas e em todas as suas coisas; e eles não o fazem como as pombas, e sim como procedem os galos cheios de empáfia, de crista erguida e peito empolado; e isto é ainda pior. Deixemos de lado a circunstância de eles terem suas celas repletas de frascos, de pomadas e de unguentos; nelas abundam as caixinhas cheias de doces, as ampolas e as pequenas garrafas contendo águas cheirosas e óleos aromáticos; abundam os garrafões de malvasia, de vinhos gregos, bem como de outros vinhos; tanto é assim que tais celas nem parecem mais celas de frades, e sim lojas de especiarias, ou casa de unguentários, àqueles que as contemplam.”

Mesmo com toda sua crítica aos membros da igreja católica as histórias de Boccaccio sempre foram apreciadas pelos leitores (ou ouvintes) desde sua época, quase seiscentos e setenta anos atrás, senão não seriam tão conhecidas ainda hoje em dia. Grande parte delas traz, entre vários temas tratados, episódios amorosos, eróticos, aventureiros e casos pitorescos com tons dramáticos ou cômicos etc. Alguns críticos acham possível que Boccaccio tenha influenciado autores ingleses como Geoffrey Chaucer (de Os Contos de Cantuária) e até mesmo Shakespeare. Impossível não recordarmos Romeu e Julieta, deste último, no enredo da Sétima Novela da Quarta Jornada. Vejamos: “Simona ama Pasquino; os dois se encontram juntos, num horto. Pasquino esfrega, nos próprios dentes, uma folha de salva; e morre. Simona é presa; e, desejando mostrar ao juiz como foi que Pasquino morreu, também esfrega nos dentes uma daquelas folhas; e, semelhantemente, morre.” Esta é apenas uma de algumas histórias ditas tristes, de amores impossíveis ou finais trágicos, que encontramos no volume. Mas a maioria termina bem ou de modo engraçado, destaque-se.

Algumas novelas dariam, não sei se ótimos filmes, mas certamente alguns roteiros bastante movimentados. É o caso da Sétima Novela da Segunda Jornada, num resumo do próprio Boccaccio: “O sultão da Babilônia põe uma filha em viagem, para ela se casar com o rei do Garbo. Através de numerosas peripécias no decorrer de quatro anos, a moça cai nas mãos de nove homens diferentes, em lugares diversos. Finalmente, restituída ao pai, ainda como pucela [donzela, virgem], vai a moça para junto do rei do Garbo, como tencionara antes, para ser sua esposa.” Esta, como as demais histórias, até mesmo as bem curtas, são abertas com uma pequena sinopse onde Boccaccio as resume e antecipa o final. Melhor não ler as sinopses, portanto.

Já que se falou em Pasolini acima, o diretor italiano filmou algumas dessas novelas, nove dentre as cem, especialmente aquelas em que podia exibir cenas de nudez e sexo (como quase sempre fazia em suas obras) ou com alguma comicidade. De certo modo ele conseguiu captar um tanto do espírito da obra boccacciana sem alterar muita coisa na versão do texto para a tela. Ver o filme pode ser útil para quem não pretende encarar o texto volumoso mas deseja conhecer um pouco desse importante autor florentino. A Primeira Novela da Terceira Jornada teve sua transposição fiel para o cinema com a história de “Masetto de Lamporecchio [rapaz forte e bem apessoado que] faz-se mudo e torna-se hortelão de um convento para mulheres; e elas competem entre si para se deitarem com ele”, nas palavras do próprio Boccaccio. Temos aqui a combinação perfeita de erotismo (ou sexo mesmo) com a pesada crítica aos religiosos de sua época – como já foi destacado antes -, no caso freiras sacanas que tornam possível a realização de um “milagre”.

Vi no IMDb que essa mesma novela sozinha ganhou em 2017 um longa-metragem canadense, The Little Hours, cujo título brasileiro ficou sendo A Comédia dos Pecados, mas que não foi muito bem avaliado por críticos ou espectadores. Boccaccio até que foi bastante levado ao cinema e isso desde o início do século passado. Em 1910, na própria Itália, foi rodado um curta-metragem contando as aventuras de “Andreuccio de Perúsia, [que] indo a Nápoles, a fim de comprar cavalos, é surpreendido, numa noite, por três graves acidentes; escapando com vida de todos, regressa à própria casa com um rubi.” Essa história é a Quinta Novela da Segunda Jornada e também está no filme de Pasolini, num de seus episódios mais engraçados. Bem, mas era para falar do livro, não tanto de filmes, não é mesmo?

Lido entre 06 e 29/03/2020. Minha avaliação da leitura: 3,5.
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Henrique Fendrich 11/09/2019

Decameron e o fim de toda a lei
Salta aos olhos, ao longo das novelas de “Decameron”, o péssimo conceito que Giovanni Boccacio faz dos sacerdotes e líderes religiosos em geral. Os que apresenta ao leitor, certamente colhidos a partir de exemplos reais, estão muito longe de viver uma vida em santidade e voltada à espiritualidade. Ao contrário, entregam-se a vícios, são corruptos, avarentos e, sobretudo, lascivos. Na melhor das hipóteses, são ignorantes. Não demonstram um grande respeito ao sagrado e, por vezes, inclusive o usam de maneira a favorecer seus próprios apetites carnais.

Mais do que a revelação da hipocrisia de sacerdotes no período medieval, no entanto, o que chama a atenção nas novelas de Boccaccio é que isto não representa uma ruptura na fé dos personagens. Todos tinham tais líderes em péssima conta, mas nem por isso deixavam de acreditar no Deus por eles pregado. É em uma igreja que os personagem se encontram, em meio à peste que grassava a Europa. E, mesmo depois que decidem partir para um local isolado, continuam a guardar os dias santos e a assistir os ofícios divinos. Fazem, pois, uma interessante separação entre os guias espirituais e a realidade divina.

Em verdade, parecem acreditar que a religião enquanto instituição não é mais do que um empecilho para a volúpia do amor. E, para que esta se realize, estão justificadas, inclusive diante de Deus, todas as desonestidades possíveis. O livro, afinal, mais do que amor ou fé, é composto por burlas, e um final feliz é aquele em que a burla funciona ou não deixa suspeitas. É como se os personagens dessem um sentido absolutamente carnal à palavra de que o fim de toda lei é o amor. Uma vez que este amor se concretize, independente dos meios, consideram impossível que não estejam fazendo a vontade de Deus.

São indomáveis os seus desejos e, na maioria das histórias, não há quem consiga vencer a si mesmo. Não admira que seja assim no ambiente em que os próprios sacerdotes não dão exemplo de que seja possível refreá-los. É curioso que nem toda a corrupção do clero tenha sido suficiente para diminuir a força da igreja – talvez seja como disse o judeu convertido de uma das novelas: se ela continua, apesar de todo o esforço dos homens para que pereça, então deve ser mesmo obra do Espírito Santo.
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Bete.Nogueira 10/03/2019

A humanidade em contos bem-humorados
Escrito no século XIV por Giovanni Boccaccio, Decameron, ou Decamerão, dependendo da tradução, é um livro que reúne 100 novelas (ou contos) com personagens italianos que vivem situações eróticas, aplicam golpes, dão lições em mentirosos e satirizam o comportamento de religiosos. O autor usar o horror da Peste Negra como justificativa para reunir dez jovens em um castelo afastado da cidade e, assim, iniciar as “jornadas” diárias, em que cada amigo deve contar uma história.

Na introdução de Decameron, é descrita a situação em Florença com a chegada da epidemia, dos sintomas ao comportamento das pessoas, além do que se via nas ruas com o passar dos dias. Dali, parte-se para uma igreja, um dos lugares de refúgio do povo, onde sete amigas de origem abastada decidem se isolar daquela situação, e convidam três rapazes para acompanhá-las. Nesse escapismo à tragédia que assolava a Europa, a cada dia um é escolhido como o novo rei ou a nova rainha, que determina, entre outras coisas, o tema da jornada do dia, utilizando o tempo livre para se divertir com os relatos dos amigos.

Na linda edição que eu li, do Círculo do Livro de 1990 e com tradução de Torrieri Guimarães, são 580 páginas que se lê sem cansaço. Pelo contrário: das histórias trágicas às mais ingênuas, estão ali situações universais, fraquezas e astúcias de personagens que ainda estariam por aí: as tramoias que às vezes dão certo, mas outras que dão errado porque a vítima se mostra mais esperta do que outro; acertos de casamento; a ingenuidade que está tanto no simplório como no homem instruído; e um constante “clamor do sexo”, com situações que envolvem adolescentes, adultos de todas as idades, libertinos e religiosos. No final, quase todos felizes, como se tivessem cumprido a tarefa de mais um dia demonstrar o que é ser humano, capaz de passar por cima de regras e da tradição em nome do instinto.

Giovanne Bocaccio (1313-1375) viveu na região da Toscana, e sua obra foi escrita no dialeto local. Decamerone, no original, vem do grego “deca hemeron”, ou dez jornadas. Ao retratar as mulheres, muitas vezes, em pé de igualdade com os homens quando o assunto é o desejo carnal, o livro rompe com a moral vigente até então, na Idade Média, período da História que termina justamente com a Peste Negra. Por esse e outros aspectos, é considerado pelos estudiosos como o primeiro livro realista.

Especula-se que algumas histórias reunidas por Boccaccio já faziam parte da tradição oral, outras são apontadas como adaptações de antigos escritos. Tanto que algumas situações nos parecem familiar, como a novela em que dois amigos fazem um trato que obriga aquele que morrer primeiro a aparecer para o outro e contar o que viu do lado de lá. A graça está em como o autor termina essa e outras histórias, que podem ter sido contadas antes e que muitas vezes foram adaptadas depois, por diversos autores.

"Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano (...) de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença (...), sobreveio a mortífera pestilência", narra Boccaccio. A epidemia levou muitos, mas Masetto, Andreuccio e outros personagens passaram a perna em homens, mulheres e na dona Morte.

site: http://memorialaereo.blogspot.com/2019/03/decameron-humanidade-em-contos-bem.html?m=1
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Deghety 12/09/2017

Decamerão - Giovanni Boccaccio
Florença, meados do século 14, durante a peste que assolou a Europa, matando milhares de pessoas e fazendo com que cidades fossem quase que totalmente abandonadas, 10 nobres jovens, 7 mulheres e 3 homens, criam uma espécie de sociedade alternativa nas cercanias florentinas.
Durante 10 dias cada membro dessa sociedade era incumbido de contar uma novela com um tema específico declarado pelo rei ou rainha, reinados estabelecido entre eles, numa hierarquia rotativa.
Esses contos, ou novelas, abordavam temas como charlatanices religiosas, lições de moral, tragédias, romances, humor, atitudes nobres e infidelidade, muita infidelidade, todos narrados com excelência.
Essa obra de Boccaccio é interessante por vários aspectos:
Contexto histórico, a indiscutível qualidade, a beleza das narrativas e personagens espetaculares, que usam inteligência e sagacidade em certas resoluções nas novelas, sobretudo em justificativas para as infidelidades, de deixar qualquer um boquiaberto.
Outra coisa que chamou a atenção foi o fato de já haverem leitores sensíveis naquela época. Boccaccio, tanto na introdução como na conclusão, se defende contra isso, dizendo até para deixarem de lado certas novelas e diz:
"...elas não vão correr atrás de ninguém, para serem lidas...".
Em outro ponto, diz:
"Todas as novelas trazem, no início, a fim de que ninguém se engane, a indicação do que elas possuem em seu contexto."
O que ele chama de indicação eu chamo de puta spoiler rsrs.
Mas enfim, muitas dessas novelas são incríveis e o aconselhável seria aprendermos a recontá-las em rodas de amigos, como fazendo com piadas, já muitas delas possuem um requintado humor e outras, como disse lá no início, lição de moral, que essa geração anda precisando.
Se você chegou até aqui, muito obrigado pela atenção e um excelente dia.
Nanda 27/09/2017minha estante
Um dos meus livros favoritos! :)


tatielma 23/05/2018minha estante
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Deghety 24/05/2018minha estante
?


tatielma 27/05/2018minha estante
Acho que meu comentário deu erro, pior que não lembro o que comentei...


Deghety 29/05/2018minha estante
Kkkkkkk




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